Cotidiano. A Satisfação da mulher adulta

A satisfação sexual de mulheres adultas, embora seja considerada de importância no discurso das próprias mulheres e de suas parcerias sexuais e afetivas, pouco aparece no discurso científico e técnico na psicologia, e mais especificamente nos estudo da sexualidade no Brasil.
Os autores buscaram pesquisar as associações de mulheres sobre a cessação das necessidades sexuais, aqui denominadas satisfação sexual. Um questionário, desenvolvido a partir de um estudo piloto, foi aplicado a 110 mulheres adultas de 25 a 40 anos com parceria sexual fixa na área metropolitana de São Paulo.
Embora os resultados apenas apontem formas cognitivas através das quais as mulheres podem se referir à satisfação sexual, os resultados obtidos são os que necessitam ser considerados para a interação primária sobre o assunto em níveis profissionais.
O fato mais importante surgido foi a associação de orgasmo e satisfação sexual, atingindo 80% das pesquisadas. O sentir-se atraída sexualmente pelo parceiro, apareceu em 74% das paulistanas. Os parceiros carinhosos são importantes para a satisfação sexual em 66% das mulheres e as carícias dos parceiros para 61%. As fantasias sexuais, com o parceiro sexual, ocorre em 50% das mulheres.
A satisfação sexual foi referida por 86% das mulheres pesquisadas, destas 15% não estariam satisfeitas sexualmente sempre. Devemos considerar que apenas as mulheres que responderam o questionário estão sendo consideradas (64%). Mesmo assim, surpreendentemente há um nível alto de satisfação sexual entre as mulheres adultas em São Paulo. As mulheres esperam mais dos seus homens atualmente, a maioria das mulheres não se sente mais uma propriedade, buscam sua satisfação, seja com fantasias sexuais, carícias e não apenas o ato da penetração.
A mulher leva um tempo maior para excitar-se, e para que isso possa ocorrer com as mesmas, esperam que seja por alguém que fundamentalmente as atraia sexualmente, que seja carinhoso e compreensivo, que as ame, não desejando mais serem vistas como meros objetos para a satisfação sexual masculina. Esperam que eles também possam ser o objeto do desejo delas e para isso acontecer pedem mais, exigem o orgasmo, afinal isso é uma vitória conquistada pela mulher dos tempos modernos.
Estão mais liberais com o tema sexualidade, e sentem-se mais liberais na cama com seus homens. O ato da penetração por si só quer dizer muito pouco para a mulher adulta, é apenas um complemento de um ato de amor, que para elas é fundamental "o amor".
Nessa pesquisa pode-se constatar, que a mulher adulta na metrópole paulistana, para atingir a satisfação sexual plena, depende muito da satisfação como indivíduo, que para a mulher é fundamental o relacionamento e a preservação do namoro, da sedução e das carícias envolventes do parceiro. A mulher precisa estar atraída pelo parceiro e sentir que o atrai. O sexo pelo sexo não parece ser a busca da maioria das mulheres.
A satisfação sexual precisa estar cercada de carícias e de parceiros carinhosos. Mais de um décimo das pesquisadas conhecem o caminho pelo qual os parceiros deveriam buscar facilitar a satisfação sexual delas. Muitas mulheres não têm nem consciência do que necessitam para a própria satisfação sexual. Outras podem não conseguir expressar-se adequada e eficazmente aos seus parceiros, ou sequer para uma pesquisa sobre a satisfação sexual.
A sexóloga Argentina, Maria Luiza Lerer, afirma que a mulher pode negar a si mesma as necessidades e vontades e relutar em partilhar-se com seu parceiro. Apenas pouco mais de um quarto das mulheres afirmaram a preferência sexual igual à do discurso sexual masculino em nossa cultura. A penetração, tão fortalecida e valorizada pelo homem no contexto sexual é deixada de lado pela maioria das mulheres.