Saúde. Educação para evitar problemas com a sexualidade infantil


Século XX. Papai passa o dia trabalhando. Mamãe em casa. Cenário perfeito de um ambiente saudável para desenvolver a sexualidade infantil. Mamãe tem tempo de sobra para acompanhar todos os passos e etapas dos filhos. Certo? ERRADO!

Sobrava tempo. Mas faltava informação, comunicação. A mamãe do século XX não foi informada e educada sobre sexualidade, sendo assim impossível transmitir aos filhos o acompanhamento adequado. Quando muito se esperava a criança entrar na adolescência para provocar a “difícil conversa sobre sexo” com os filhos. Informações vazias e limitadas, muitas vezes munidas de elementos repressores, preconceito, herança de experiências dos pais transmitidas de forma punitiva.
Primeiro erro: esperar a criança crescer. As pessoas pensam no sexo como algo que ocorre depois do ingresso na adolescência. Não é verdade. A maioria começa a ter sensações sexuais ainda quando bebê. À medida que o cérebro infantil cresce e se torna mais complexo, o mesmo ocorre com a capacidade de se ter fantasias sexuais que incluem os outros. Os pais, em geral, contam a seus filhos coisas como se comportar, fazer bem sua higiene, mas raramente mencionam que os genitais poder ser fonte de sensações agradáveis. Como resultado, as crianças aprendem que não há problema em buscar nos pais o conhecimento sobre qualquer coisa, exceto assuntos sexuais.
Um dos resultados óbvios do silêncio dentro da família é que as pessoas aprendem a não falar de sexo. Só isso já é um grande obstáculo para uma vida sexual saudável e satisfatória na fase adulta. A vergonha e o medo também crescem quando há silêncio sobre sexo. O que não pode ser discutido abertamente – sequer nomeado ou reconhecido – os filhos supõem que deve ser algo ruim ou vergonhoso.
Século XXI. Papai passa o dia todo trabalhando fora. Agora mamãe também. E à noite, não raramente, os dois estão em sala de aula tentando sobreviver ao feroz e concorrido marcado de trabalho. Tempo de menos. Conhecimento e informação demais? Nem sempre. Na era da informação abundante e acessível é até difícil o que fazer com ela. Separar as fontes confiáveis, absorver o que realmente importa e o mais difícil: saber transmitir aos filhos uma orientação sexual saudável, honesta e natural.
Segundo erro: negar aos filhos uma orientação sexual gradual e saudável. Ou orientá-lo de forma repressiva. Há muitas razões possíveis para o fracasso dos pais em conversar com os filhos sobre sexo: os pais podem pensar que trazer à baila o assunto sexo pode incentivar os adolescentes e experimentar precocemente, ou eles mesmos carecem de informações sobre a sexualidade humana. Informação não acelera o processo. Na Suécia, onde as crianças têm acesso à orientação sexual desde cedo a taxa de gestações em adolescentes é um sexto daquela constatada dos EUA, além de iniciarem a vida sexual mais tarde.
Na falta de informações explícitas dos pais sobre sexo, muitas crianças aprendem ao acaso com seus pares, colegas – um caso do ignorante sendo levado pelo desinformado - ou na cultura que os rodeia, como a mídia, internet e babás.
Terceiro erro: achar que a qualidade do tempo supera a quantidade, deixando seus filhos em mãos despreparadas quanto à sexualidade infantil. O que acontece nas 8 ou mais horas em que seu filho está apenas na companhia de babás? Preparar comida, dar banho, brincar e cuidar de seus pertences não dá à babá a qualificação para acompanhar as diversas sensações, dúvidas e atitudes que seu filho tem em relação ao sexo. Ela está preparada para conversar com a criança se esta tocar o próprio corpo? Ou para responder as inúmeras dúvidas saudáveis e naturais na sua ausência? Infelizmente, o mais provável é que, a cada toque da criança em seu corpo, ela seja repreendida com palavras ou até palmadas, promovendo um bloqueio e associação do ato como algo vergonhoso, feio e ruim. As perguntas também são rebatidas com as piores respostas: “Você não pode falar sobre isso”; “Isso é pecado, você vai pro inferno!”; “Se sua mãe souber você vai apanhar”.
O despreparo de babás para o desenvolvimento sexual infantil é uma realidade que promove adolescentes minados de curiosidades, em guerra hormonal, temerosos em buscar informações nos pais. Assim que a ausência dos pais se faz inevitável, é imprescindível que a babá seja uma fonte confiável não apenas de cuidados básicos, mas também de informação, confiança e carinho. Seu filho pode estar limpo, cheiroso, arrumado, bem alimentado e fisicamente bem quando você chegar em casa, mas sua saúde mental e emocional também tem que ser acompanhada de perto. Não é difícil investir no preparo da pessoa que o substitui na vida de seu filho. Se você acha que educação custa caro, experimente optar pela ignorância.

Fonte: http://www.45graus.com.br/pontog

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