Sexo. Cólicas vs orgasmos

Dificuldade em atingir orgasmo é um problema que quase toda mulher sofre em algum período de sua vida. Para muitas, essa dificuldade é passageira, muitas vezes decorrente de um relacionamento infeliz com o seu parceiro ou de acontecimentos dolorosos e estressantes, tais como: perda de um ente querido, divórcio, desemprego, dificuldades financeiras, problemas de saúde, etc. Por outro lado, para outras essa deficiência é um fato constante em suas vidas, um bloqueio que as infelicitam e as impedem de ter uma boa qualidade de vida.


Freud, o pai da psicanálise, definiu felicidade como sendo a sexualidade e a sociabilidade natural, a espontânea satisfação pelo trabalho e a capacidade de amar. Portanto, feliz é aquela pessoa que funciona sexual e socialmente de forma natural, vê o seu trabalho como fonte de prazer e realização (tem tesão pelo que faz), e é funcional do ponto de vista amoroso (tem um estilo de vida amoroso).

Frigidez é um termo infeliz e impreciso porque sugere que a mulher é fria, uma geladeira, porque não responde a uma estimulação sexual. Muitos homens, devido à sua presunção e ignorância, pensam que uma mulher é fria quando não experimenta orgasmo. Em muitos casos, o que falta é uma boa estimulação por parte de muitos homens que são inadequados em suas manifestações sexuais e amorosas. Em grande número de casos, a incapacidade de muitas mulheres de expressarem ou gozarem da sexualidade poderia ser superada por um parceiro compreensivo e amoroso. Aliás, tudo na vida precisa de estímulos. O apetite precisa ser estimulado. A inteligência precisa ser estimulada. O amor, o sexo, a amizade, o companheirismo, precisam ser estimulados.

Somos movidos a estímulos. Portanto, seria mais correto falar dos graus variados de dificuldade de resposta sexual nas mulheres. Há mulheres que, apesar de não conseguirem atingir o orgasmo, tem desejo sexual, se excitam e, portanto, tem uma boa lubrificação vaginal. E, por esta razão, não é frígida.
Por outro lado, há as que não apresentam nenhuma resposta sexual, isto é, não tem desejo sexual, não se excitam e, evidentemente, não chegam ao orgasmo. Em contrapartida, há as que não tem nenhuma resposta sexual, por razões diversas, somente com um homem em particular, que em muitos casos é o marido ou o parceiro.

Quais são as causas dessas dificuldades sexuais?

São várias as causas. No entanto, alguns casos têm uma base orgânica. A mulher se excita sexualmente até certo ponto, mas o coito é impedido por algum problema doloroso na vagina, em geral uma zona de tecido cicatrizado ou uma lesão inflamatória. Certa vez, atendi uma paciente que dizia ter dificuldades de atingir o orgasmo e que isso a incomodava há muito tempo. Recomendei para que ela passasse por um ginecologista. É praxe em meu trabalho encaminhar uma pessoa com problemas sexuais a um médico para se descartar qualquer origem orgânica. Ao se submeter ao exame ginecológico, constatou-se que o seu problema sexual era, na verdade, devido a uma úlcera dolorosa no colo uterino. No entanto, na grande maioria dos casos, a causa da dificuldade sexual é de origem psicológica e emocional.

Problemas de relacionamento com o parceiro (mágoas, ressentimentos, ciúmes, sentimentos de inferioridade, rivalidades, insegurança, desconfiança, decepção, traição), valores morais, educacionais e religiosos rígidos, experiências traumáticas, dolorosas, decorrentes de abusos sexuais, estupros ocorridos no passado, seja dessa ou de outras vidas, podem ocasionar bloqueios sexuais. Gostaria de trazer aqui o caso de uma paciente que passou pela TVP (Terapia de Vidas Passadas) em meu consultório e que sofria de Anorgastia (dificuldade de atingir o orgasmo) em função de dores constantes.

Caso Clínico:
Dificuldade de atingir o orgasmo
Mulher de 28 anos, solteira.


Na entrevista inicial de avaliação, ela me disse: Entro em pânico quando vou ter uma relação sexual. Quando tenho uma relação é tão confuso... sinto dor. Quando estou para atingir o orgasmo, vem uma dor tão forte que começo a chorar. Agora estou com medo e não quero mais ter relações.

Ela me relatou também que costumava acordar de madrugada com cólicas abdominais agudas. Apesar da dores constantes, ela não via nenhuma ligação entre suas cólicas e sua dificuldade de atingir orgasmo. Particularmente, eu percebi que havia alguma ligação. Em seguida, perguntei-lhe o que mais ela sentia no relacionamento com os homens. Ela me respondeu: Eu me sinto presa. Não sei o porquê disso.

Na regressão eu pedi para que ela repetisse em voz alta várias vezes a palavra presa e lhe disse: A primeira coisa que lhe vier à mente após repeti-la, você fala. Ela me disse: Não posso me levantar e não posso me sentar. Será que ninguém vai me tirar daqui? É uma jaula do tamanho do meu corpo. Não posso me mexer. Estou agachada. É muito baixa para eu me levantar e muito estreita. Ele nunca me quis. Ele apenas queria me usar... me possuir.

A paciente regrediu para uma civilização primitiva. Descobriu que estava nessa jaula a mando de seu marido por tê-lo traído com outro homem. Nessa cultura a vida não era valorizada, e ele não se importava se o castigo a matasse. Ela estava nessa jaula havia dias. De repente a paciente começou a falar numa língua que nenhum de nós havia ouvido antes. Parecia ser uma língua num dialeto de alguma tribo africana. Pedi para que ela traduzisse o que estava falando. Ela me disse: “Dois homens estão me tirando da jaula agora... me levando para um lugar amplo na floresta. Um homem espera por mim... meu marido. Ele está me dizendo que o desonrei. Agora... Meu Deus, ele pegou um chicote e me espanca várias vezes!!!

A paciente agitou-se violentamente no divã do consultório. Enquanto ela contava suas experiências, vergões vermelhos começaram a aparecer no seu corpo. Fiquei impressionado com essa manifestação física de um incidente numa vida passada. “Eu imploro perdão, mas ele nem mesmo me ouve. Ele diz aos homens para me colocarem de volta na jaula. Estou de cócoras novamente e isso está me matando. A dor do abdômen é muito intensa. Eu a sinto toda noite. É a mesma dor que sinto de madrugada na vida atual. É por ficar de cócoras nessa jaula. Agora estou sendo levada para o meu quarto. Ele finalmente cedeu. Meu marido está dizendo para o outro homem, um médico: “Espero que isso ajude”! E o médico diz: “Nunca falha, nós só temos de cortar rapidamente para evitar a dor. Ela jamais se interessará por sexo”.

A paciente descreveu que sentiu uma dor aguda na área genital, uma dor que a fez desmaiar. Após esse incidente, ela me disse: “É noite. Estou vagando pelo quarto. Pego uma faca e a enfio no meu abdômen. Meu Deus... dói tanto!!! Agora, estou no chão, sei que estou morrendo. Estou pensando: ”Tudo que queria era ser amada. E o meu marido nunca me amou”.

O incidente cristalizou a desconfiança que ela sentia pelos homens. O momento antes do orgasmo tornara-se um fator traumático para ela. Após essa recordação de vidas passadas, pedi para que ela fosse para o período pré-natal (no útero materno) da vida atual. Seus pais estavam tendo uma relação sexual, mas a sua mãe achava a experiência repulsiva e dolorosa. Sua mãe estava pensando: “Você age como um animal. Só Deus sabe quanto tempo faz desde que tive prazer pela última vez”.

Foram necessários algumas sessões para ela se libertar das “amarras” dessa experiência no útero materno. Finalmente, após 8 sessões repassando essas cenas de hostilidade da mãe para com o marido, a paciente se libertou dos mesmos sentimentos de desconfiança e hostilidade que a mãe nutria pelo marido. A primeira relação sexual com orgasmo e sem dor ocorreu alguns dias depois dessa última sessão que ela reviveu quando estava no útero materno. A cólica abdominal da madrugada e a insistente infecção vaginal desapareceram também.

Ao tratar das dificuldades sexuais, pude constatar nos meus 23 anos de experiência clínica que não obtive êxito ao me utilizar da terapia tradicional. Por outro lado, os problemas sexuais estão entre os problemas que tenho visto serem resolvidos mais facilmente pela terapia de vidas passadas. Agora, quando os problemas sexuais são resolvidos mas a relação conjugal não melhora, nestes casos, deve-se trabalhar também a dinâmica do relacionamento do casal.

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