Saúde. Drogas na gravidez

Estou ótima, não posso usar alguma coisa só de vez em quando?

Tudo bem que tem um bebezinho crescendo aí na sua barriga, mas, mesmo assim -- pensa você --, a vida continua e, de vez em quando, dá aquela vontade de badalar e curtir as coisas de sempre com os amigos, incluindo as eventuais drogas recreativas que apareçam pelo caminho.


Sim, você tem toda razão que a "vida continua" e já se sabe há muito tempo que gravidez não é doença ou motivo para as mulheres ficarem isoladas ou de cama. O problema é que tudo que entra no seu corpo passa para o nenê através da corrente sanguínea e da placenta, principalmente substâncias químicas.

E o bebê acaba sendo um consumir de drogas também, mesmo sem ter feito essa escolha. Ele é muito pequenininho para isso, os efeitos das substâncias no corpo e especialmente no cérebro dele podem durar para sempre.

"Se você faz parte de um grupo que bebe muito e usa drogas, às vezes tem que fazer a opção de se afastar", recomenda a psicóloga Mônica Lazzarini Ferreira. "A futura mãe precisa investir na saúde da família como um todo e no ambiente em que a criança crescerá."

Isso inclui também o cigarro, motivo pelo qual os especialistas aconselham as futuras mães a parar de fumar.

Aí pode vir alguém e dizer para você que maconha é uma planta, uma substância da natureza que não vai fazer mal nem para você e nem para o seu filho. Só que o que as pesquisas mais recentes mostram não é bem assim.

Por mais que o filho de uma mulher que usou drogas nasça com a aparência normal, o comportamento da criança poderá não ser normal, nem na fase de bebê nem mais para a frente, quando já tiver idade de frequentar um colégio, segundo um estudo sobre uso de drogas por adolescentes na gravidez da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Crianças cujas mães consumiram maconha durante a gravidez tenderam a ser mais irritadas, mais impulsivas e menos atentas -- características que podem comprometer, e muito, a vida escolar, profissional, emocional e social de qualquer pessoa e de qualquer família.

Toda droga tem o mesmo efeito na gravidez?

Veja a seguir alguns dados mais específicos sobre os efeitos que outras substâncias tóxicas podem ter na gestação e no feto:

Cocaína:
A cocaína é um poderoso estimulante do sistema nervoso central e seu uso na gravidez pode causar problemas bem graves e, em certas casos, irreversíveis. No primeiro trimestre, pode aumentar as chances de um aborto espontâneo e nos últimos meses, de um parto prematuro.

Além disso, pode levar a placenta a se separar da parede uterina antes da hora do parto -- uma condição conhecida como descolamento de placenta, que provoca forte sangramento e pode ser fatal tanto para a mãe como para o bebê.

A maior parte dos bebês expostos ao uso de cocaína antes do nascimento não necessariamente terá uma anomalia, mas pesquisas indicam que correm sim mais riscos de isso acontecer (e os riscos são maiores conforme a frequência com que a mãe consome a droga). Algumas das anomalias associadas à cocaína são defeitos cerebrais, no rosto, nos olhos, coração, intestino e órgãos genitais do bebê.

Outro problema é que filhos de usuárias muitas vezes passam por crises de abstinência da droga, tendo maior dificuldade para ser confortados e se assustando ao menor toque ou barulho. Esse tipo de complicação pode durar de oito a dez semanas depois do nascimento ou até mais.

O que não sabe ainda é ao certo é qual a quantidade de cocaína que gera tais consequências, daí os médicos serem enfáticos sobre as gestantes pararem de vez com a droga para evitar sustos e frustrações no futuro.

Ecstasy:
De acordo com uma pesquisa do Serviço de Informações de Teratologia Britânico, uma instituição que analisa efeitos nocivos ao corpo de inúmeros substâncias, houve maior número de más-formações (especialmente de membros e coração) entre os bebês de consumidoras de ecstasy, especialmente se associado a outras drogas, do que de mães que não tomavam nada.

Heroína:
A heroína provoca diversos efeitos negativos no bebê em desenvolvimento, como menor crescimento fetal, nascimento prematuro -- cerca de metade dos filhos de mães viciadas em heroína nasce antes do tempo -- e até a morte mesmo antes do nascimento.

Crianças expostas à heroína durante a vida uterina costumam sofrer sintomas fortíssimos de crise de abstinência depois do parto, necessitando de tratamento que pode levar semanas. Entre os sintomas estão irritabilidade, desassossego e dificuldade de comer e respirar, e só especialistas no assunto são treinados para lidar corretamente e de maneira segura com esse tipo de situação.

Tem como parar?

Independentemente de você ser uma usuária casual de drogas ou fazer uso pesado delas, parar nem sempre é fácil, mesmo durante a gravidez. É uma decisão que exige coragem e muitas vezes uma mudança radical de estilo de vida por um bebê que você nem conhece ainda ou ama.

Por mais que a decisão seja exclusivamente sua, é sempre bom ter ajuda por perto nessas horas. Não deixe de comentar com o médico ou a enfermeira que acompanha seu pré-natal se você usou ou usa algum tipo de droga. Provavelmente vai dar vergonha de falar, mas lembre-se de que eles são profissionais que já viram coisa muito pior e são treinados para auxiliar e cuidar dos seus pacientes da melhor maneira possível.

Você certamente não será a primeira grávida nessa situação que eles conheceram e sua vontade de se informar mostrará o quanto você se importa com a saúde do bebê que está para chegar. Profissionais de saúde também têm o compromisso de não contar para ninguém o que é discutido dentro do consultório.

Se achar que não dá mesmo para se abrir com o médico, você pode conseguir ajuda confidencial na sua região através do serviço Viva-Voz da Secretaria Nacional Antidrogas, através do telefone 0800-5100015.

Pode ainda dar uma olhada nas seguintes organizações:

• Proad (Programa de Atendimento e Orientação a Dependentes da Unifesp): http://www.proad.unifesp.br/, em São Paulo.

• Promud (Programa de Atenção à Mulher Dependente Química do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP): http://www.promud.org/, em São Paulo.

• APCD (Associação Parceria contra as Drogas): 11 3063 1174, em São Paulo.

• Informações e locais de tratamento públicos e particulares: Site Álcool e Drogas sem Distorção ( http://www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein.

• Cetad (Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia): 71 3336 3322, em Salvador.

• Projad (Atendimento aos Usuários de Álcool e Outras Drogas do Instituto de Psiquiatria da UFRJ): http://www.ipub.ufrj.br/projad, no Rio de Janeiro.

E quem usou sem saber que estava grávida? Vai fazer mal para o bebê?

O primeiro passo é realmente não usar mais nada, para não correr mais risco nenhum, ainda que seja no finalzinho da gravidez. Não pense que agora já não vai fazer mais diferença. Faz sim.

Procure não ficar desesperada achando que seu filho vai nascer com mil problemas. A verdade é que não dá para ter certeza, por isso é tão importante fazer um pré-natal direitinho, com todas as consultas e ultrassons que forem pedidos.

Fonte: http://brasil.babycenter.com/pregnancy/antes-dos-20/drogas/

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