1. O que Acontece com o Amor Após o Casamento?
Estávamos por volta de uns 12 mil metros de altitude, em algum lugar entre Buffalo e Dallas, quando o meu companheiro de viagem colocou a revista que lia na bolsa de seu banco, olhou em minha direção e perguntou:
— Que tipo de trabalho você faz?
— Sou conselheiro conjugai e dou seminários na área de família — respondi.
Ele me disse então que há muito tempo gostaria de fazer uma pergunta para um conselheiro conjugai, e aproveitaria para formulá-la a mim, naquela hora. E perguntou:
— O que acontece com o amor após o casamento? Desistindo de tentar tirar um cochilo, perguntei-lhe:
— O que exatamente você quer dizer?
— Bem, já me casei três vezes e em cada uma delas tudo era muito bonito até o enlace matrimonial. Em algum lugar, depois do sim, as coisas mudavam. Todo amor que eu imaginava que tinha por elas, e todo amor que elas pareciam ter por mim, evaporavam-se. Posso dizer que sou uma pessoa inteligente. Sou um empresário bem-sucedido nos meus negócios, mas não consigo entender o porquê dessa situação.
Continuamos, então, a conversar:
— Quanto tempo você ficou casado?
— O primeiro casamento durou cerca de dez anos. O segundo, três, e o último, seis anos.
— O amor evaporou-se imediatamente após o casamento, ou foi uma perda gradual?
— Bem, o segundo casamento já não deu certo desde o começo. Não entendi o que aconteceu. Pensei que nós realmente nos amávamos! No entanto, a lua-de-mel foi um desastre e depois disso jamais nos recuperamos. Tivemos um período de seis meses de namoro, um romance arrebatador. Estávamos realmente entusiasmados. Mas... foi só nos casarmos, para que nossa vida virasse uma batalha sem trégua. No primeiro casamento, tivemos uns três ou quatro anos bons, antes que o primeiro filho nascesse. Daí em diante ela deu toda sua atenção para a criança e parecia que não precisava mais de mim!
— Você disse isso a ela?
— Disse sim! Mas ela respondeu que eu estava maluco e não compreendia o que era ser uma babá 24 horas por dia. Reclamou, inclusive, que eu deveria ser mais compreensivo e ajudá-la mais. Eu tentei, mas parecia que não fazia diferença alguma. Daquela época em diante afastamo-nos ainda mais. Depois de certo tempo não havia mais amor, só indiferença. Concordamos que o nosso casamento se acabara.
— E seu último casamento?
— O meu último casamento? Eu realmente pensei que ele seria diferente! Já estava divorciado há três anos. Namorei 24 meses com minha esposa. Achei que realmente sabíamos o que fazíamos e pela primeira vez na vida senti que realmente amava alguém. Pensei que ela me amasse de verdade!
Ele prosseguiu:
— Acredito que jamais mudei depois do casamento. Continuei a dizer-lhe que a amava, da mesma forma que fazia antes de nos casarmos. Declarava o quanto ela era bonita e como estava orgulhoso de ser seu marido. Porém... apenas alguns meses após o casamento ela começou a reclamar. No início era de coisas pequenas, tais como o fato de eu não levar o lixo para fora ou não guardar minhas roupas. Depois, começou a agredir o meu caráter, ao dizer-me que não podia confiar em mim e acusou-me de ser-lhe infiel. Tornou-se totalmente negativista. Antes de nos casarmos ela nunca fora pessimista; pelo contrário, era uma das pessoas mais otimistas que já conheci. E essa foi uma das características que mais me atraiu nela. Ela jamais reclamava de alguma coisa. Tudo que eu fazia era maravilhoso. Bastou casarmo-nos, para que de repente eu não fizesse mais nada certo! Então gradativamente perdi meu amor por ela e fiquei magoado. Era óbvio que ela não me amava mais. Concordamos que não havia mais motivo para continuarmos juntos e nos separamos.
Ele fez uma pausa e continuou:
— Isso foi há um ano. Minha pergunta, então, é: O que acontece com o amor após o casamento? Minha experiência é algo comum? É por isso que temos tantos divórcios? Não dá para acreditar que isso tenha acontecido três vezes comigo! E aqueles que não se separam? Eles aprendem a viver com o vazio em seus corações, ou o amor permanece vivo em algum casamento? Se isso sucede, como é que acontece?
As perguntas feitas por meu companheiro de vôo são as mesmas realizadas hoje em dia por milhares de pessoas, sejam casadas ou divorciadas. Algumas são dirigidas a amigos, outras a conselheiros, a pastores, e outras apenas a si mesmos. Algumas respostas são dadas em vocabulário técnico de psicologia, e são simplesmente incompreensíveis. Outras vezes são levadas para o lado do humor. A maioria das piadas e frases contém alguma verdade, mas, de forma geral, é como oferecer aspirina a uma pessoa com câncer.
O desejo de ter-se um amor romântico no casamento está profundamente enraizado em nossa formação psicológica. A maioria das revistas populares possui pelo menos um artigo sobre como manter o amor vivo no casamento. Há uma infinidade de livros escritos sobre o mesmo tema. Televisão e rádio abordam esse assunto em programas e entrevistas. Manter o amor aceso em nossos casamentos é um assunto muito sério.
Mesmo com tantos livros, revistas e ajuda disponível, por que aparentemente tão poucos casais parecem ter descoberto o segredo de manter vivo o amor após o casamento? Por que um casal que assiste a um curso de comunicação e ouve as maravilhosas idéias de como melhorar o diálogo, volta para casa e não consegue colocar em prática os exercícios aprendidos? O que acontece, se depois de lermos um artigo do tipo “100 Formas de Expressar Amor a Seu Cônjuge” e colocarmos em prática umas três formas, que nos parecem mais adequadas, nosso cônjuge ainda assim não reconhece nosso esforço? — Desistimos das outras 97 formas e retornamos ao cotidiano de nossas vidas.
Devemos estar dispostos a
aprender a primeira linguagem
do amor de nossos cônjuges,
se quisermos comunicar o
amor de forma efetiva.
A resposta às perguntas anteriores é o propósito desta obra. Não desejo afirmar que todos os livros e artigos já publicados não ajudem. O problema é que não levamos em conta uma verdade fundamental: As pessoas falam diferentes linguagens do amor.
Na área da lingüística há alguns grandes grupos de idiomas: japonês, chinês, espanhol, inglês, português, grego, alemão, francês e outros. A maioria de nós aprende somente a língua de nossos pais e irmãos, nossa primeira linguagem, ou seja, nosso vernáculo. Mais tarde, podemos até aprender outros idiomas, mas em geral com mais dificuldade. Então surge o que chamamos de nossa segunda linguagem. Falamos e compreendemos melhor nossa língua nativa. Sentimo-nos mais confortáveis ao falá-la.
Mas quanto mais utilizarmos uma língua secundária, mais à vontade nos sentiremos para expressá-la. Se falarmos somente nosso idioma, e encontrarmos alguém que também só fale o seu (diferente do nosso), a comunicação entre nós será bem limitada. Será necessário apontar, murmurar, desenhar ou fazer mímica para comunicar a idéia que desejamos transmitir. Poderemos até nos entender, mas será uma comunicação bem rudimentar. As diferenças de linguagem fazem parte da cultura humana. Se quisermos ter um bom intercâmbio cultural, será necessário aprendermos a linguagem daquele com quem desejamos nos comunicar.
O mesmo acontece no âmbito do amor. Sua linguagem emocional e a de seu cônjuge podem ser tão diferentes quanto é o idioma chinês do inglês. Não importa o tanto que você se esforce para manifestar seu amor em inglês, se seu cônjuge só entende chinês; jamais conseguirão entender o quanto se amam.
O meu amigo do avião usava a linguagem das “palavras de afirmação” para sua terceira esposa quando disse a ela o quanto a achava bonita, o quanto a amava e o quanto se orgulhava de ser seu marido. Ele utilizava a linguagem do amor, e era sincero, mas ela não a entendia. Talvez ela procurasse o amor em seu comportamento, mas não o encontrou. Ser sincero não é o suficiente. Devemos estar dispostos a aprender a primeira linguagem de nosso cônjuge, se quisermos comunicar eficazmente o nosso amor.
Minha conclusão, após vinte anos de aconselhamento conjugai, é que existem, basicamente, cinco linguagens do amor. Em lingüística, um idioma pode ter inúmeros dialetos e variações. Semelhantemente, com as cinco linguagens emocionais básicas do amor, também há vários dialetos. Eles se encontram nos artigos das revistas, tais como: “Dez Formas de Demonstrar Amor à Sua Esposa”; “Vinte Maneiras de Segurar Seu Marido em Casa”; ou “365 Expressões do Amor Conjugal”. Não há dez, vinte, ou 365 linguagens básicas do amor. Em minha opinião, há somente cinco. No entanto, pode haver inúmeros dialetos. O número de formas de se expressar amor através da linguagem do amor é limitado apenas pela imaginação das pessoas. O mais importante é falar a mesma linguagem do amor de seu cônjuge.
Já se sabe há bastante tempo que no período da primeira infância uma criança desenvolve formas emocionais únicas. Por exemplo, há algumas que possuem um padrão muito baixo de auto-estima, ao passo que outras o têm muito elevado. Algumas desenvolvem padrões de insegurança, enquanto outras crescem sentindo-se seguras. Algumas se sentem amadas, queridas e apreciadas, e outras, mal-amadas, incompreendidas e desapreciadas.
As crianças que se sentem amadas por seus pais e amigos desenvolvem a linguagem do amor emocional, com base em sua formação psicológica única e também de acordo com a forma que seus pais e outras pessoas próximas lhe deram carinho. Elas falarão e entenderão sua primeira linguagem do amor. Mais tarde elas poderão aprender outras línguas para se comunicarem, mas sempre se sentirão mais confortáveis com o primeiro idioma que aprenderam. Crianças que não se sentem amadas por seus pais e amigos também desenvolverão uma primeira linguagem do amor.
O aprendizado dessa língua, porém, será distorcido e apresentará defeitos da mesma forma que alguém que recebe uma educação com falhas na gramática e desenvolve um vocabulário limitado. Essa limitação não significa que essas pessoas não venham a ser boas comunicadoras. Implica, sim, que terão de trabalhar mais diligentemente do que os que cresceram na atmosfera do amor saudável.
É muito raro que marido e mulher tenham a mesma primeira linguagem emocional do amor. Nossa tendência é falar nossas primeiras linguagens do amor e ficamos confusos quando nosso cônjuge não compreende o que desejamos comunicar. Expressamos nosso amor, mas a mensagem não chega compreensível porque, para eles, o que falamos é uma língua desconhecida. Aí se encontra o problema. O propósito deste livro é oferecer uma solução para esta questão. Por isso me empenhei em escrever esta obra sobre o amor. Uma vez que conheçamos as cinco linguagens básicas do amor e compreendamos a nossa própria, como também a de nosso cônjuge, então teremos a informação necessária para que coloquemos em prática as idéias dos outros livros e artigos.
Desde que você identifique e aprenda a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge, creio que terá descoberto a chave para um amor conjugai duradouro. O amor não pode evaporar-se após o casamento! Para mantê-lo vivo, a maioria de nós terá de aprender uma segunda linguagem do amor. Não podemos confiar somente em nossa língua pátria, se nosso cônjuge não a compreende. Se quisermos que ele compreenda o amor que lhe desejamos comunicar, devemos expressá-lo na primeira linguagem do amor.
2. Cultivando o Amor que Agradece
Amor é o vocábulo mais importante em qualquer idioma — e também o que mais gera confusão! Pensadores, tanto seculares quanto religiosos, concordam que este sentimento ocupa um papel central em nossa vida. Diz-se que “o amor é uma coisa esplendorosa” e “o amor faz o mundo girar”. Milhares de livros, músicas, revistas e filmes existem pela inspiração dessa palavra. Inúmeros sistemas filosóficos e teológicos estabeleceram um lugar de destaque para esse sentimento. E o fundador da fé cristã coloca o amor como a característica que deve distinguir seus seguidores.1
Psicólogos concluíram que sentir-se amado é a principal necessidade do ser humano. Por amor, subimos montanhas, atravessamos mares, cruzamos desertos e enfrentamos todo tipo de adversidade. Sem amor, montanhas tornam-se insuperáveis, mares intransponíveis, desertos insuportáveis e dificuldades avolumam-se pela vida afora. O apóstolo dos gentios, Paulo, exaltou o amor ao afirmar que qualquer ato humano não motivado por esse sentimento é em si vazio e sem significado. Concluiu que na última cena do drama humano, somente três características permanecerão: “fé, esperança e amor. Porém, a maior delas, é o amor”.2
Se concordarmos que a palavra amor permeia a sociedade humana, tanto no passado, como no presente, devemos admitir que também é uma das mais confusas. Nós a utilizamos em milhares de formas. Dizemos: “Eu amo cachorro quente!” e, numa outra frase: “Eu amo minha mãe!” Nós a usamos para descrever atividades que apreciamos: nadar, patinar e caçar. Amamos objetos: comida, carros e casas. Amamos animais: cachorros, gatos e até tartarugas. Amamos a natureza: árvores, grama, flores e estações. Amamos pessoas: mãe, pai, filhos, esposas, maridos e amigos. Chegamos até a nos apaixonar pelo próprio amor.
Como se isso tudo não fosse suficientemente confuso, também usamos a palavra amor para explicar determinados comportamentos: “Agi dessa forma porque a amo”. Essa explicação muitas vezes é dada como desculpa. Um homem que se envolve em adultério chama esse relacionamento de amor. O pastor, por sua vez, chama-o de pecado. A esposa de um alcoólatra recolhe os “pedaços” após o último “episódio” de seu marido. Ela chama essa atitude de amor; os psiquiatras, porém, tratam-na como co-dependente. Um pai que atende a todos os desejos de seu filho também chama essa atitude de amor. Um terapeuta familiar chamaria de paternidade irresponsável. O que é um comportamento amoroso?
O propósito deste livro não é o de desfazer a confusão que gira em torno deste sublime sentimento, mas focalizar aquele tipo de amor que é essencial a nossa saúde emocional. Psicólogos infantis afirmam que toda criança possui necessidades emocionais básicas que devem ser supridas para que se possa atingir uma estabilidade emocional. Entre elas, nenhuma é tão essencial quanto o amor, a afeição e a necessidade de alguém sentir que pertence a outro e é querido. Com um suprimento adequado de afeição, uma criança tornar-se-á um adulto responsável. Sem esse amor essencial, ele ou ela ficará emocional e socialmente atrofiado.
Logo que ouvi a metáfora que cito a seguir, gostei muito dela: “Dentro de cada criança há um ‘tanque emocional’ esperando para ser cheio com o amor. Se ela se sentir amada, desenvolver-se-á normalmente; porém, se seu “tanque de amor” estiver vazio, ela apresentará muitas dificuldades. Diversos dos problemas de comportamento de uma criança provêm do fato de seu ‘tanque de amor’ estar vazio”. Essa metáfora foi dada pelo Dr. Ross Campbell, um psiquiatra que se especializou no tratamento de crianças e adolescentes.
Enquanto eu o ouvia falar, pensei nas centenas de pais que, em meu escritório, desfilavam as inúmeras reclamações sobre seus filhos. Até então, eu nunca pensara em uma criança daquelas como um “tanque de amor” vazio, mas sem dúvida via os resultados dessa situação. Os problemas de comportamento apresentados eram uma forma de procurar o amor que não recebiam. Eles buscavam o amor nos lugares e nas formas erradas.
Lembrei-me de Ashley que aos treze anos de idade cuidava de uma doença sexualmente transmissível. Seus pais estavam chocados. Ficaram “uma fera” com a filha e também muito bravos com a escola, a qual culpavam por ensinarem sobre sexo. “Por que é que ela teve de fazer o que fez?”, perguntavam.
No âmago da existência do ser
humano encontra-se o desejo
de intimidade e de ser amado.
O casamento foi idealizado
para suprir essas necessidades.
Em minha conversa com Ashley, ela me falou do divórcio de seus pais quando tinha apenas seis anos de idade.
“Eu pensei que meu pai tinha ido embora porque não gostava de mim! Quando minha mãe casou-se novamente eu estava com dez anos de idade. Então pensei que ela já tinha quem a amasse, e eu não possuía ninguém. Eu desejava tanto ser amada por alguém! E então conheci esse garoto lá na escola. Ele era bem mais velho, mas gostava de mim! Eu não conseguia acreditar! Ele era muito gentil comigo e, por um tempo, acreditei que ele realmente gostava de mim. Eu não queria fazer sexo, mas desejava desesperadamente ser amada!”
O “tanque de amor” de Ashley ficou vazio durante muitos anos. Sua mãe e seu padrasto providenciavam tudo que ela necessitava em termos materiais, mas não perceberam a enorme carência emocional que havia dentro dela. Eles certamente a amavam e achavam que ela se sentia amada por eles. Já era quase tarde demais quando descobriram que não falavam a primeira linguagem do amor de Ashley.
A necessidade de alguém ser amado emocionalmente, no entanto, não é uma característica unicamente infantil. Ela nos segue pela vida adulta; inclusive no casamento. Quando nos apaixonamos, temporariamente essa necessidade é suprida, mas ela se torna um “quebra-galho” e, como acabamos descobrindo mais tarde, com duração limitada e até prevista. Após despencarmos dos píncaros da paixão, a necessidade emocional de ser amado ressurge porque é inerente à nossa natureza. Está no centro de nossos desejos emocionais. Precisamos do amor antes de nos apaixonar e continuaremos a necessitar dele enquanto vivermos.
A necessidade de sermos amados por nosso cônjuge está na essência dos anseios conjugais. Recentemente certo cidadão me disse:
“De que adianta ter mansão, carros, casa na praia e tudo o mais, se sua esposa não o ama?!”
Dá para entender o que ele realmente desejava dizer? Era:
“Mais do que tudo, eu desejo ser amado por minha esposa!”
As coisas materiais não podem substituir o amor humano e emocional. Uma esposa disse, certa vez:
“Ele me ignora o dia inteirinho, mas à noite quer fazer sexo comigo. Eu odeio isso!”
Ela não odeia sexo, mas precisa desesperadamente do amor emocional.
Alguma coisa em nossa natureza clama por ser amado ou amada. O isolamento é devastador para a psique humana. E por esse motivo que o confinamento é considerado a mais cruel das punições. No âmago da nossa existência há o íntimo desejo de sermos amados. O casamento foi idealizado para atingir essa necessidade de intimidade e de amor. Por esse motivo os antigos registros bíblicos dizem que o homem e a mulher tornam-se uma só carne. Isso não significa que as pessoas perderão suas identidades; quer dizer que ambos entrarão nas vidas um do outro, de forma íntima e profunda. O Novo Testamento desafia os maridos e as esposas a amarem-se mutuamente. De Platão a Peck os escritores têm enfatizado a importância do amor no casamento.
No entanto, esse amor que é tão importante, também é “escorregadio”. Tenho ouvido a confissão de muitos casais contando suas queixas secretas. Alguns chegam a mim porque a dor interior tornou-se praticamente insuportável. Outros, porque percebem que o comportamento que assumem perante as falhas do cônjuge poderá levar o casamento à destruição. Há também os que simplesmente vêm para falar que não querem mais continuar casados. Seus sonhos de “viverem felizes para sempre” espatifaram-se contra o duro muro da realidade. Repetidas vezes ouço as palavras:
“Nosso amor terminou. O relacionamento morreu. Sentíamo-nos próximos um do outro, mas agora isso não existe mais. Não apreciamos mais ficar juntos. Não nos completamos mais um ao outro.”
Essas histórias testificam que tanto os adultos como as crianças possuem “tanques de amor”.
Será que lá no interior de cada um desses casais machucados existe um indicador invisível de um “tanque” vazio? Será que esses comportamentos inadequados, separações, palavras duras e espírito crítico acontecem devido a esse “tanque” vazio? Se pudermos achar uma forma de enchê-lo, será que o casamento renasceria? O “tanque” cheio possibilitaria que os casais criassem um clima emocional onde seria possível discutir as diferenças e resolver os conflitos? Será que esse “tanque” é a chave para que um casamento perdure?
Essas perguntas levaram-me a uma longa viagem. Em plena estrada descobri os simples, porém poderosos pontos de vista registrados neste livro. Essa caminhada levou-me não somente através de mais de vinte anos de aconselhamento conjugai, mas também às mentes e corações de centenas de casais através da América do Norte. De Seattle a Miami, fui convidado a adentrar no recôndito do casamento de vários casais e conversamos francamente. As histórias apresentadas neste livro foram retiradas da vida real. Nomes e lugares foram trocados para proteger a privacidade das pessoas que falaram com toda a liberdade.
Estou convencido de que manter cheio o “tanque de amor” do casamento é tão importante quanto manter o nível do óleo em um automóvel. Levar um casamento com o “tanque de amor” vazio pode ser até mais difícil do que tentar dirigir um carro sem combustível. O que você descobrirá nesta obra tem o potencial para salvar milhares de casamentos, podendo também melhorar o clima emocional de um matrimônio que já esteja indo bem. Qualquer que seja a qualidade de seu casamento, sempre pode melhorar.
ADVERTÊNCIA: Compreender os cinco idiomas do amor e aprender a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge pode alterar completamente o comportamento dele. As pessoas relacionam-se de forma diferente quando seu “tanque de amor” está cheio.
Antes de examinarmos as cinco linguagens do amor, precisamos abordar um outro importante, porém confuso fenômeno: A eufórica experiência de apaixonar-se.
Notas
1. João 13.35
2. 1 Coríntios 13.13
3. Apaixonando-se
Ela entrou em meu escritório sem hora marcada e perguntou à minha secretária se poderia falar comigo durante cinco minutos. Eu conhecia Janice há muito tempo. Ela estava com 36 anos e nunca se casara. Havia namorado vários rapazes no passar dos anos: um deles durante seis anos, outro durante três e diversos por curtos períodos de tempo. De vez em quando ela marcava uma consulta comigo para conversar sobre alguma dificuldade específica que estivesse atravessando em algum de seus relacionamentos. Ela era, por natureza, uma pessoa disciplinada, consciente, organizada, reflexiva e cuidadosa. Era completamente fora de suas características aparecer em meu escritório sem ter hora marcada. Eu pensei: “Só alguma crise terrível faria Janice vir aqui sem marcar hora!” Então, eu disse à minha secretária que a deixasse entrar. Eu realmente esperava vê-la debulhada em lágrimas, contando-me alguma trágica experiência logo ao abrir a porta. No entanto, ela literalmente pulou para dentro da sala, gritando animadamente. Perguntei-lhe:
— Como vai, Janice?
— Ótima! Nunca estive melhor em toda minha vida! Vou me casar!
— É mesmo? (Eu disse demonstrando minha surpresa!)
— Com quem? Quando?
— Com David Gallespie, em setembro.
— Isso é maravilhoso! Há quanto tempo vocês estão namorando?
— Três semanas Sei que é loucura, Dr. Chapman, depois de ter namorado tantos outros e de tantas vezes ter chegado perto do casamento. Eu mesma não consigo acreditar, mas sei que o David é o rapaz certo para mim! Pela primeira vez, nós dois descobrimos isso juntos. É claro que não falamos sobre esse assunto na primeira vez que saímos, mas uma semana depois ele me pediu em casamento. Eu sabia que ele me pediria e eu aceitaria. Nunca me senti assim antes, Dr. Chapman. O senhor conhece os relacionamentos que tive nesses anos todos e as lutas que enfrentei. Em cada um deles, alguma coisa não dava certo. Nunca tive a certeza de que deveria me casar com algum deles, mas agora sei que David é a pessoa preparada por Deus!
Nesse momento Janice balançava-se para frente e para trás em sua cadeira, rindo e dizendo:
— Sei que parece loucura, mas estou tão feliz! Nunca estive tão feliz em toda minha vida.
O que acontecia com Janice? Ela estava apaixonada. Em sua mente, David era o homem mais maravilhoso que ela já conhecera. Ele era perfeito em todas as formas e também se tornaria o marido ideal. Ela pensava nele dia e noite. O fato de David já ter sido casado duas vezes, possuir três filhos e ter passado, somente no ano anterior, por três empregos diferentes, não lhe importava. Ela estava feliz e convencida de que seria feliz para sempre ao lado dele. Ela estava apaixonada.
A maioria de nós entra para o casamento pela porta do amor. Ocorre de conhecermos alguém que possui características físicas e marcas em sua personalidade que disparam nosso sistema de alerta. Os sinos tocam, e iniciamos o processo da descoberta de quem é aquela pessoa. No primeiro encontro pode ser servido um hambúrguer ou um belo churrasco, dependendo do nosso orçamento, mas nosso real interesse não é a comida. Entramos em uma empreitada para conhecer o amor. “Será que esse sentimento ardente, borbulhante dentro de mim pode ser algo real?”
Algumas vezes essas borbulhas desaparecem logo no primeiro encontro, ao descobrirmos que ela, ou ele, funga. Dessa forma, as borbulhas escorregam por nossos dedos e não queremos mais comer hambúrguer com aquela pessoa. Outras vezes, porém, as borbulhas aumentam mais ainda, após aquele lanche. Arrumamos vários outros encontros e, pouco tempo depois, o nível de intensidade chega a ponto de afirmarmos: “Acho que estou apaixonada (o)!” Pensando que o sentimento é algo real, contamos à outra pessoa esperando que isso seja recíproco. Se não é, as coisas dão uma esfriada, ou então redobramos nossos esforços para impressionar e acabamos, eventualmente, conquistando o amor de nosso (a) amado (a). Quando há reciprocidade começamos a falar sobre casamento, porque todos concordam que estar apaixonado é um alicerce necessário para se manter um bom casamento.
Nossos sonhos, antes de
nos casarmos, são de êxtase
conjugai... É difícil pensar-se
qualquer outra coisa, quando
estamos apaixonados.
Nesse patamar, estar apaixonado (a) é uma experiência eufórica. Um fica emocionalmente obcecado pelo outro. Dorme-se pensando nele (nela). Levanta-se e aquela pessoa é a primeira coisa que nos vem à mente. Ansiamos por estar juntos. Gastar tempo um com o outro é como estar na antecâmara do céu. Quando andamos de mãos dadas, é como se nossos corações batessem no mesmo compasso. Beijaríamos um ao outro para sempre, se não tivéssemos de ir à escola ou ao trabalho. O abraçar estimula sonhos de casamento e êxtase. O rapaz apaixonado tem a ilusão de que sua amada é perfeita. A mãe pode ver falhas, mas ele, não. A mãe diz:
— Querido, você já considerou o fato de que ela esteve em tratamento psiquiátrico durante cinco anos?
Ele, porém, replica:
— Oh, mãe, dá um tempo! Já faz três meses que ela está de alta.
Seus amigos também vêem algumas falhas, mas não se atrevem a dizer nada, a menos que ele peça, e as chances disso acontecer são inexistentes porque, em sua cabeça, ela é perfeita e o que os outros pensam, não lhe importa.
Nossos sonhos, antes de nos casarmos, são de êxtase conjugai:
— Vamos fazer um ao outro superfelizes. Outros casais podem discutir e brigar, mas isso não acontecerá conosco! Nós nos amamos.
Naturalmente, não ficamos de todo enganados. Sabemos, ao utilizar o racional, que teremos algumas diferenças. Porém, temos certeza de que conversaremos abertamente sobre elas, um de nós cederá e assim chegaremos a um denominador comum. É muito difícil pensar algo diferente quando se vive um clima de paixão.
Somos levados a acreditar que, se realmente estivermos apaixonados, esse amor durará para sempre. Os maravilhosos sentimentos dos quais partilhamos no momento nos acompanharão até o fim de nossas vidas. Nada se interporá entre nós. Estamos enamorados e aprisionados pela beleza e charme da personalidade um do outro. Nosso amor é a melhor coisa da qual já desfrutamos. Notamos que alguns casais chegaram a perder esse sentimento, mas isso nunca acontecerá conosco. Fazemos, portanto, a seguinte colocação:
“É possível que eles nunca tenham sentido um amor verdadeiro como o nosso!”
Infelizmente, a eternidade da paixão é uma ficção e não um fato. A psicóloga Dorothy Tennov desenvolveu longos estudos sobre este fenômeno. Após estudar os comportamentos entre os casais, ela concluiu que o tempo médio de extensão da obsessão romântica é de dois anos. Se a paixão foi um fruto proibido, talvez dure um pouco mais. Eventualmente, todos nós descemos das nuvens e pisamos com nossos pés em terra novamente. Nossos olhos abrem-se e passamos a enxergar as “verrugas” da outra pessoa. Descobrimos que alguns de seus traços de personalidade são realmente irritantes. Seus padrões de comportamento aborrecem-nos. Possuem também capacidade para machucar e irar-se, e utilizam também palavras duras e julgamentos críticos. Esses traços que não percebemos quando estávamos apaixonados tornam-se agora enormes montanhas. Então nos recordamos das palavras ditas por nossa mãe e perguntamos a nós mesmos: “Como pude ser tão tolo?”
Bem-vindos ao mundo real do casamento, onde fios de cabelo sempre estarão na pia e respingos brancos da pasta de dente estarão no espelho; discussões ocorrem por causa do lado de se colocar o papel higiênico: se a folha deve ser puxada por baixo ou por cima. E um mundo onde os sapatos não andam até o guarda-roupa e as gavetas não fecham sozinhas; os casacos não gostam de cabides e pés de meia somem quando vão para a máquina de lavar. Nesse mundo, um olhar pode machucar, uma palavra pode quebrar. Amantes podem tornar-se inimigos e o casamento um campo de batalha sem trégua.
O que aconteceu com a paixão? Que coisa! Foi uma ilusão que nos enganou e levou-nos a assinar nossos nomes na linha pontilhada... na alegria e na tristeza. Não é de se admirar que tantos amaldiçoem o casamento e o ex-cônjuge, a quem um dia amaram. Além disso, se fomos enganados, temos o direito de ficar bravos. Será que foi realmente amor? Acho que sim. O problema é que houve falta de informação.
A principal falha na informação é o falso conceito de que a paixão dura para sempre. Deveríamos saber disso. Uma simples observação é o bastante para concluirmos que, se as pessoas permanecessem obcecadas pela paixão, estaríamos em grandes apuros. As ondas da paixão iriam de encontro aos negócios, à indústria, à igreja, à educação e ao restante da sociedade. Por quê? Porque pessoas apaixonadas perdem o interesse nas outras coisas. Por esse motivo também chamamos a paixão de obsessão. O estudante colegial que entra em uma “paixão avassaladora”, vê suas notas despencarem. É difícil concentrar-se nos estudos quando se está apaixonado. Amanhã vai cair na prova a Segunda Guerra Mundial. Mas, quem se importa com essa guerra? Quando se está apaixonado (a), tudo o mais parece irrelevante. Um certo senhor me disse:
— Dr. Chapman, meu trabalho é estafante! Eu, então, lhe perguntei:
— O que você quer dizer com isso?
— Eu conheci uma garota, apaixonei-me por ela e desde então não consigo fazer mais nada! Não consigo concentrar-me no serviço. Fico o dia inteiro sonhando com ela!
A euforia do estado de paixão concede-nos a ilusão de que estamos em um relacionamento bem íntimo. Sentimos como se nos pertencêssemos um ao outro. Passamos a pensar que somos capazes de enfrentar qualquer problema que surja. Sentimo-nos altruístas em relação um ao outro. Um jovem disse a respeito de sua noiva:
“Não consigo nem pensar em fazer algo que a magoe. Meu único desejo é vê-la feliz!”
Essa obsessão dá-nos o falso sentimento de que nossas atitudes egocêntricas foram erradicadas e tornamo-nos um tipo de “Madre Teresa de Calcutá”, de tão desejosos que ficamos de fazer qualquer coisa para o bem de nosso (a) amado (a). A razão pela qual nos sentimos tão à vontade para fazer tais coisas, deve-se ao fato de sinceramente acreditarmos que a pessoa por quem estamos apaixonados sente o mesmo por nós. Cremos que ela também está comprometida em suprir nossas necessidades, e ama-nos tanto quanto a amamos e também nada fará para nos magoar.
Esse modo de pensar é realmente uma utopia. Não é que sejamos hipócritas quanto ao que pensamos e sentimos, mas estamos dominados por expectativas irreais. Cometemos um erro de avaliação da natureza humana. Normalmente somos egoístas. Nosso mundo resume-se em nós mesmos. Ninguém é inteiramente altruísta. A euforia da paixão é que estabelece essa ilusão.
Uma vez que a experiência da paixão siga seu rumo normal (é bom lembrar que, em média, a paixão dura por volta de uns dois anos), retornamos ao mundo real e começamos a nos impor. Ele expressa seus desejos, mas são diferentes dos dela. Ele deseja sexo, mas ela está muito cansada! Ele quer comprar um carro novo, mas ela diz que essa idéia é um absurdo. Ela quer visitar os pais, mas ele diz que não quer gastar tanto tempo com a família dela. Ele quer jogar futebol, mas ela diz:
— Você gosta mais de futebol do que de mim!!
Gradativamente a ilusão da intimidade dilui-se e os desejos individuais, as emoções, os pensamentos e os padrões de comportamento assumem seus lugares. Tornam-se duas pessoas. Suas mentes não se fundiram em uma só e suas emoções misturaram-se superficialmente no oceano do amor. Agora, então, as ondas da realidade começam a separá-los. Eles saem do domínio da paixão e nesse ponto muitos desistem e separam-se, divorciam-se e partem em busca de uma nova paixão; ou então desenvolvem o árduo trabalho de aprenderem a amar-se mutuamente sem a euforia da paixão.
A experiência da paixão não possui
enfoque em nosso próprio crescimento,
nem no crescimento e desenvolvimento
do cônjuge. Dificilmente também fornece
o senso de realização.
Alguns pesquisadores, entre eles o psiquiatra M. Scott Peck e a psicóloga Dorothy Tennov, chegaram à conclusão de que a experiência da paixão não deveria, de forma alguma, ser chamada de amor. Dr. Peck concluiu que o apaixonar-se não é amor verdadeiro, por três razões:
Primeira, apaixonar-se não é um ato da vontade nem uma escolha consciente. Não importa o quanto desejemos, não conseguimos apaixonar-nos voluntariamente. Por outro lado, mesmo que não busquemos essa experiência, ela pode, simplesmente, acontecer em nossa vida. Muitas vezes apaixonamo-nos no momento errado e pela pessoa errada!
Segunda, apaixonar-se não é amor verdadeiro porque não implica em nenhuma participação de nossa parte. Qualquer coisa que façamos apaixonados, requererá pouca disciplina e esforço. Os longos e dispendiosos telefonemas realizados, o dinheiro gasto em viagem para ficarmos juntos, os presentes, e todo trabalho envolvido, nada representam. Da mesma forma que os pássaros constroem instintivamente seus ninhos, a natureza da pessoa apaixonada impulsiona na realização de atos inusitados e não naturais, de um para com o outro.
Terceira, a pessoa apaixonada não está genuinamente interessada em incentivar o crescimento pessoal daquela por quem nutre sua paixão. “Se temos algum propósito em mente ao nos apaixonarmos, é o de terminar nossa própria solidão e, talvez, assegurar essa solução através do casamento”.1 A paixão não se focaliza em nosso crescimento pessoal e nem tampouco no da outra pessoa amada. Pelo contrário, a sensação é a de que já se chegou onde se deveria alcançar e não é necessário crescer mais. Encontramo-nos no ápice da felicidade e nosso único desejo é continuar lá. E nosso (a) amado (a), naturalmente, também não precisa mais crescer, pois já é perfeito (a). Esperamos somente que ele (ela) mantenha essa perfeição.
Se apaixonar-se não é amor, então o que é? Dr. Peck afirma: “E um componente instintivo e geneticamente determinado do comportamento de acasalamento. Em outras palavras, um colapso temporário das reservas do ego que constituem o apaixonar-se; é uma reação estereotipada do ser humano a uma configuração de tendências sexuais internas e estimulações sexuais externas, as quais designam-se ao crescimento da probabilidade da união e elo sexual, tendo em vista a perpetuação da espécie”.
Quer concordemos ou não com essa conclusão, os que dentre nós se apaixonaram e também saíram desse estado de paixão, concluirão que essa experiência arremessa-nos a uma órbita emocional diferente de qualquer outra que porventura experimentamos. A tendência é o rompimento com a nossa razão, o que nos leva a fazer e a dizer coisas que nunca faríamos, ou diríamos em momentos de maior sobriedade. De fato, quando saímos desse estado de paixão, questionamos como pudemos ter feito tais coisas. Quando a onda da emoção passa e voltamos ao mundo real, onde as diferenças são notórias, quantos de nós fizeram para si a pergunta:
“Por que me casei? Não combinamos em nada!” No entanto, quando estávamos no auge da paixão, pensávamos que combinávamos em tudo — pelo menos, em tudo que era importante.
Isso significa que, por termos sido “fisgados” dentro da ilusão da paixão, encontramo-nos agora frente a duas opções: 1 — estamos destinados a uma vida miserável com nosso cônjuge, ou 2 — devemos nos separar e tentar novamente? Nossa geração tem optado pela última decisão, ao passo que a anterior escolheu a primeira. Antes de concluirmos automaticamente o fato de que fizemos a melhor escolha, devemos examinar os dados. Atualmente, 40% dos primeiros casamentos, nos Estados Unidos, terminam em divórcio; 60% dos segundos e 75% dos terceiros, também. Pelo que se pode ver, a perspectiva de um segundo e terceiro casamentos felizes, não é muito atingida.
As pesquisas realizadas parecem indicar que existe uma terceira e melhor alternativa: reconhecer que a paixão é o que é — um pico emocional temporário — e então desenvolver o amor verdadeiro com nosso cônjuge. Esse tipo de sentimento é de natureza emocional, mas não obsessivo. É o amor que une razão e emoção. Envolve um ato da vontade e requer disciplina, pois reconhece a necessidade de um crescimento pessoal. Nossa necessidade emocional básica não é apaixonar-se, mas ser genuinamente amado (a) pelo outro; é conhecer o amor que cresce com base na razão e na escolha e não no instinto. Preciso ser amado por alguém que escolheu me amar, que vê em mim algo digno de ser amado.
Esse tipo de amor requer esforço e disciplina. É a escolha que fazemos de gastar nossa energia em benefício da outra pessoa, sabendo que, se sua vida é enriquecida por nosso esforço, também nos sentimos satisfeitos — a satisfação de termos realmente amado alguém. Não exige a euforia na experiência da paixão. Para falar a verdade, o amor verdadeiro não começa enquanto a experiência da paixão não tiver seguido seu curso.
Amor racional, volitivo,
é o tipo de amor para o qual
os sábios nos conclamam.
Não se deve levar em consideração os atos de bondade praticados por alguém que se encontre sob a influência da paixão obsessiva. Uma força instintiva impulsiona e suscita ações que vão além do comportamento normal. Porém, um retorno ao mundo real onde se inclui a escolha humana, permite optarmos por sermos gentis e generosos, o que é o amor verdadeiro.
A necessidade emocional de amor deve ser suprida se formos emocionalmente saudáveis. Adultos casados desejam sentir-se amados por seus cônjuges. Sentimo-nos seguros quando nossos companheiros aceitam-nos, desejam-nos e estão comprometidos com nosso bem-estar. Durante o estágio da paixão sentimos todas essas emoções. É fantástico enquanto dura. Nosso erro é achar que ela nunca acabará.
Essa obsessão, no entanto, não dura para sempre. Se equipararmos o casamento a um livro, poderemos compará-lo à introdução do mesmo. O âmago desta obra é o amor racional e volitivo. Esse é o tipo para o qual os sábios sempre nos conclamam. E um amor intencional.
Essa é uma boa notícia aos casais que perderam seus sentimentos de paixão. Se o amor é uma opção, então eles possuem a capacidade de amar após a experiência da paixão haver passado e regressarem ao mundo real. Esse tipo de amor inicia-se com uma atitude — o modo de pensar. Amor é a atitude que diz: “Sou casado (a) com você e escolho lutar pelos seus interesses!” Então, os que optam por amar encontrarão formas apropriadas para demonstrar essa decisão.
Alguém pode comentar: “Isso parece tão estéril! Amor como uma atitude e com um comportamento apropriado? Onde estão as estrelas cadentes e as fortes emoções? Onde ficam a ansiedade do encontro, a piscada de olho, a eletricidade do beijo e o entusiasmo do sexo? E a segurança emocional de se saber que ocupamos o primeiro lugar na mente da outra pessoa?”
Este livro é exatamente sobre isso. Como suprir as profundas necessidades de amor de uma pessoa? Se aprendermos e optarmos por isso, então o amor que compartilharmos tornar-se-á melhor do que qualquer coisa que possamos sentir enquanto dominados pela paixão.
Durante vários anos tenho compartilhado o conceito das cinco linguagens do amor em meus seminários e nas sessões de aconselhamento. Milhares de casais atestarão a validade do que você descobrirá através desta leitura. Meus arquivos estão lotados de cartas de pessoas com quem nunca me encontrei, dizendo: “Um amigo meu me emprestou uma de suas fitas sobre ás linguagens do amor e sua mensagem revolucionou meu casamento. Tínhamos tentado há anos amar-nos, mas não conseguíamos. Agora que falamos as linguagens adequadas do amor, o clima emocional de nosso casamento tem melhorado muito!”
Quando o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge está cheio e ele se sente seguro de seu amor, o mundo todo fica mais claro e ele caminha para atingir o mais alto potencial de sua vida. Porém, quando este “reservatório” está vazio e ele se sente usado e não amado, o mundo todo parecerá escuro e não conseguirá utilizar seu potencial de vida. Nos próximos cinco capítulos explicarei as cinco primeiras linguagens emocionais do amor e então, no de número 9, ilustrarei como descobri-las, pois podem tornar seu esforço de amar mais produtivo.
Notas:
1. M. Scott Peck, The Road Less Travelled (A Estrada Menos Percorrida) (New York: Simon & Schuster, 1978), pp. 89,90.
2. Ibid., p. 90
4. A Primeira Linguagem do Amor: Palavras de Afirmação
Mark Twain disse certa vez: “Um bom elogio pode me manter vivo durante dois meses”. Se tomarmos suas palavras ao pé da letra, seis elogios por ano manteriam seu “tanque do amor” em nível operacional. Sua esposa, porém, provavelmente precisará de mais do que isso.
Uma forma de se expressar o amor emocional é utilizar palavras que edificam. Salomão, um dos escritores da Bíblia, escreveu: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.1 Muitos casais nunca aprenderam o tremendo poder de uma afirmação verbal mútua. Mais tarde, este rei acrescentou: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra”.2
Elogios verbais e palavras de apreciação são poderosos comunicadores do amor. São os melhores comunicados em forma de expressão direta e simples, como:
“Você ficou tão elegante com esse terno!” “Você está muito bem com esse vestido!” “Ninguém faz essas batatas melhor que você!”
“Querido, muito obrigada por ter lavado a louça para mim esta noite!”
“Muito obrigada por pagar mais um dia da faxineira esta semana. Quero que saiba que estou realmente grata!”
“Muito obrigado por ter feito um jantar tão gostoso!”
O que deverá acontecer ao clima emocional do casamento se o marido e a mulher ouvirem essas palavras de afirmação regularmente?
Anos atrás eu estava em meu escritório com a porta aberta quando uma senhora apareceu de repente e perguntou:
— O senhor tem um minuto?
— Sim, claro — respondi. Ela se sentou e disse:
— Dr. Chapman, estou com um problema. Não consigo fazer com que meu marido pinte o nosso quarto. Já faz nove meses que lhe peço diariamente, mas não tem adiantado. Já tentei tudo o que podia, mas não há jeito.
Meu primeiro pensamento foi: “Minha senhora, parece que você bateu na porta errada. Não temos pintores aqui”. No entanto, virei-me para ela e disse:
— Fale-me sobre isso. E ela começou a contar:
— Bem, sábado passado foi um grande exemplo. Lembra-se como o dia estava lindo? Sabe o que meu marido fez o dia inteiro? Lavou e encerou o carro.
— E o que a senhora fez?
— Fui à garagem e disse:
— Bob, não consigo entendê-lo. O dia hoje está perfeito para pintar o quarto e você está aqui lavando e encerando o carro!
— E seu comentário deu certo? Ele foi pintar o quarto?
— Não. O quarto encontra-se do jeito que estava, sem pintura. Não sei mais o que fazer!
— Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: A senhora é contra carros limpos e encerados?
— Não, mas quero que meu quarto seja pintado!
— A senhora tem certeza de que seu marido sabe que a senhora gostaria que ele pintasse o quarto?
— Estou plenamente convicta. Tenho pedido isso a ele durante nove meses.
— Deixe-me fazer-lhe mais uma pergunta: Seu marido faz alguma coisa bem feita?
— Como o quê?
— Coisas como recolher o lixo, limpar os vidros de seu carro, colocar combustível no automóvel, pagar a conta de luz, ajudá-la a vestir um casaco, etc.
— Sim, ele faz muito bem algumas dessas coisas.
— Então, tenho duas sugestões. Primeira, nunca mais mencione a pintura do quarto. Esqueça e jamais fale com ele sobre isso.
Ela olhou para mim e disse:
— Não vejo em que isso pode ajudar!
O objetivo do amor não é
você conseguir algo que deseje, mas fazer
alguma coisa pelo bem-estar daquele a
quem ama. No entanto, é fato que,
quando recebemos elogios, dispomo-nos
mais a retribuir a gentileza recebida.
— Escute, você acabou de dizer que ele já sabe qual é o seu desejo: gostaria que ele pintasse o quarto. Não é mais preciso dizer-lhe isso. Ele já sabe. A segunda sugestão é a seguinte: na próxima vez que seu marido fizer alguma coisa bem feita, expresse isso a ele verbalmente, elogiando-o. Se ele levar o lixo para fora, diga-lhe algo como “Bob, quero que você saiba que sou muito grata por ter levado o lixo para fora”.
— Não diga jamais:
“Se demorasse mais para levar esse lixo para fora, as moscas fariam isso por você!”
— Quando ele pegar as contas para pagar, diga algo como:
“Obrigada por pagar nossas contas; há maridos que não fazem isso e quero que saiba que sou realmente muita grata!”
— Todas as vezes que ele fizer algo de bom, elogie-o.
— Não vejo como isso pode fazer com que ele pinte o quarto!
— A senhora pediu meu conselho, eu o dei. Faça como achar melhor!
Ela não estava muito satisfeita comigo quando foi embora. Três semanas mais tarde ela voltou a meu escritório e disse:
— Deu certo!
Ela aprendeu que as palavras elogiosas são realmente motivadoras.
Não sugiro que use de bajulação para conseguir o que deseja de seu cônjuge. O objetivo do amor não é obter o que se quer, mas fazer algo pelo bem-estar daquele a quem se ama. É verdade, porém, que ao recebermos palavras elogiosas, de afirmação, tornamo-nos mais motivados a sermos recíprocos e a fazermos algo que nosso cônjuge deseje.
Palavras Encorajadoras
Elogio verbal é uma, entre as muitas formas de se expressar palavras de afirmação ao seu cônjuge. Outra maneira: as palavras encorajadoras. O termo encorajar significa “inspirar coragem”. Em determinadas fases da vida todos nós nos sentimos inseguros. Não possuímos a coragem necessária, e esse medo impede-nos de realizarmos certos atos positivos que gostaríamos de concretizar. O potencial latente de seu cônjuge, nestas áreas de instabilidade, talvez espere suas palavras de encorajamento.
Allison sempre gostou de escrever. Mais tarde, na faculdade, fez alguns cursos de jornalismo. Percebeu rapidamente que seu entusiasmo em redigir superava, em muito, seu interesse pela História, que fora sua matéria predileta. Já era muito tarde para que mudasse de faculdade mas, após se formar e antes de seu primeiro filho, ela escreveu vários artigos. Apresentou um deles à redação de uma revista; porém, como não foi aceito, não teve mais coragem de tentar novamente em outro lugar. Agora, com os filhos já mais velhos e, com um pouco mais de tempo, ela resolveu voltar a escrever.
O marido de Allison, Robert, prestara pouca atenção nos artigos dela nos primeiros anos de casamento. Ele se ocupara com sua própria carreira, pois desejava galgar todos os degraus de sua empresa. Ainda em tempo, Robert percebeu que o real significado da vida encontrava-se não em realizações, mas nos relacionamentos. Ele aprendeu a dar mais valor para Allison e aos interesses dela. Nesse ritmo, foi natural que, em uma das noites, ele pegasse um dos artigos escritos por sua esposa e o lesse. Ao terminar ele se dirigiu para onde Allison lia um livro. Muito entusiasmado, ele disse:
— Desculpe interromper sua leitura, mas eu tenho que lhe dizer uma coisa: Acabei de ler seu artigo “Aproveite seu Feriado”. Allison, você é uma excelente escritora. Esta matéria precisa ser publicada. Você escreve de forma clara e usa palavras que faz com que o leitor consiga visualizar o que se relata. Seu estilo é fascinante. Você tem de levar este artigo para algumas revistas.
— Você acha realmente? — ela perguntou um pouco hesitante.
— Acho sim! Seu material é muito bom mesmo!
Quando Robert saiu da sala, ela não continuou sua leitura. O livro ficou aberto em seu colo e ela sonhou acordada durante meia hora sobre o que o marido acabara de falar. Quis saber se outras pessoas veriam seu artigo da mesma forma que seu esposo o observara. Lembrou-se de quando lhe passaram um fax agradecendo, porém dispensando seu artigo. Mas agora era diferente. Seus textos estavam melhores. Ela havia amadurecido. Antes que levantasse para pegar um copo d’água, tomou uma decisão. Levaria seus artigos para a apreciação de algumas revistas. Iria atrás da possibilidade deles serem publicados.
As palavras encorajadoras de Robert foram pronunciadas há catorze anos. Allison já possui vários artigos publica-
dos desde então, e agora já tem um contrato para escrever. É uma excelente escritora. Porém, foram as palavras encorajadoras de seu marido que a inspiraram e impulsionaram a dar o primeiro passo no árduo processo de ter um artigo publicado.
Talvez seu cônjuge possua alguma qualidade que tenha grande potencial, mas se encontra adormecida. Aquela capacidade talvez aguarde suas palavras encorajadoras. Quem sabe seja preciso que ele (ela) se matricule em algum curso para desenvolver esse potencial. Talvez seja necessário que ele (ela) se encontre com alguém da área em questão, para pegar algumas dicas do próximo passo a ser dado. Suas palavras podem dar a seu cônjuge a coragem necessária para ele ir atrás de seu sonho.
Por favor, perceba que não falo para pressionar seu cônjuge a fazer alguma coisa que você queira que ele realize. Oriento sobre como encorajá-lo a desenvolver alguma aptidão que ele já possua. Por exemplo, alguns maridos pressionam suas esposas a fazer regime. Eles dizem que as encorajam, mas elas sentem isso como uma condenação. Somente quando a pessoa, por si, decide perder peso, é que você deve encorajá-la. Até que parta dela o desejo, suas palavras pesarão como um sermão. É muito raro esse tipo de discurso encorajador, pois soa mais como julgamento, destinado a estimular a culpa. Não expressa amor, mas rejeição.
Encorajamento requer empatia
que nos leva a enxergar o mundo segundo
a perspectiva de nosso cônjuge.
Devemos, em primeiro lugar, procurar
saber o que é importante para ele.
Se, no entanto, seu cônjuge lhe disser: “Estou pensando em fazer uma dieta neste verão!” Aí, então, você terá a oportunidade de transmitir-lhe palavras encorajadoras, algo como: “Se você fizer isso, posso dizer-lhe que será um sucesso! Essa é uma das coisas que gosto em você. Quando coloca algo na cabeça, dá um jeito de fazê-lo. Se isso é o que realmente deseja, farei o que puder para ajudá-lo (a). E não se preocupe com o preço do tratamento, pois daremos um jeito em relação ao dinheiro”. Tais palavras poderão dar coragem para que seu cônjuge ligue à clínica que promove aquela dieta.
Encorajamento requer empatia que nos leva a ver o mundo da perspectiva de nosso cônjuge. Devemos, primeiramente, aprender o que é importante para ele (ela). Aí, então, seremos capazes de encorajá-lo (a). O encorajamento verbal comunica: “Eu sei. Eu me preocupo. Estou do seu lado. Como posso ajudá-lo?” É uma forma de dizer que acreditamos nele (a) e em suas habilidades. É dar crédito e louvor.
A maioria de nós possui mais potencial do que poderíamos imaginar que tivéssemos. O que nos segura é, na maioria das vezes, a falta de coragem. Um cônjuge amoroso pode ser um importante catalisador. É natural que seja difícil elaborar e dizer palavras encorajadoras. Talvez não seja sua primeira linguagem. Pode ser que, para você, seja necessário grande esforço para aprender a falar essa segunda língua. Isso será especialmente difícil se você tem um padrão de palavras críticas e condenatórias. Porém, posso assegurar-lhe que seu esforço será recompensado.
Palavras Bondosas
O amor é esplendoroso. Se desejamos comunicá-lo de forma verbal devemos utilizar palavras bondosas. Isso tem a ver com a forma através da qual nos expressamos. Uma mesma sentença pode ter dois diferentes significados, dependendo de como ela é apresentada. A frase “Eu amo você”, quando dita com bondade e ternura, pode ser uma genuína expressão de amor. O que dizer da mesma frase dita da seguinte forma: “Eu amo você?” O ponto de interrogação muda todo o significado. Algumas vezes nossas palavras dizem uma coisa, mas o tom de voz afirma outra completamente diferente. Enviamos mensagens dúbias. Nosso cônjuge, geralmente, interpretará a mensagem que lhe enviarmos com base na tonalidade da voz e não nas palavras que usarmos. A frase: “Eu faço questão de lavar a louça hoje a noite!”, dita em tom de voz cavernosa, não será recebida como uma expressão de amor. Por outro lado, podemos compartilhar mágoa, dor e mesmo raiva, de maneira meiga, e aquela mensagem ser uma manifestação de amor. Por exemplo: “Fiquei desapontada e magoada por você não haver se oferecido para me ajudar esta noite!”, dita de forma honesta, gentil, pode ser uma expressão de amor. A pessoa que fala quer ser conhecida por seu cônjuge. Ao compartilhar seus sentimentos dará um passo para aumentar a intimidade entre ambos. Solicitará uma oportunidade para conversar sobre uma dor, a fim de curá-la. A mesma palavra dita em voz alta, irritada, não será uma expressão de amor, mas sim de condenação e julgamento.
A maneira como falamos é extremamente importante. O rei Salomão disse com toda sabedoria: “A resposta branda desvia o furor”. Quando seu cônjuge estiver bravo, deprimido e disser palavras agressivas, se você optar em permanecer gentil, não somente deixará de responder agressivamente, mas usará palavras brandas. Receba o que ele diz como uma comunicação de seu estado emocional. Permita que ele externe sua ira, raiva e sua percepção da situação. Procure enxergar de seu ponto de vista e então expresse de forma bondosa e gentil sua opinião sobre o porquê dele (a) se sentir daquela forma.
Se você entender errado o motivo da alteração de suas emoções, reconheça o erro e peça perdão. Se a sua motivação for diferente da que ele percebe, explique-a de forma gentil. Você deverá procurar a compreensão e reconciliação e não provar seu ponto de vista como a única forma lógica para explicar o ocorrido. Isso é amor maduro, o tipo que devemos aspirar se buscarmos o crescimento em nossos casamentos.
O amor jamais registra uma lista de erros. Ele não traz à tona fracassos passados. Nenhum de nós é perfeito. No casamento, nem sempre fazemos o melhor ou o mais certo. Faze- mos e dizemos coisas duras a nossos cônjuges. Também jamais apaguemos o passado. Devemos confessar e concordar que agimos mal. Peçamos perdão e tentemos agir diferentemente no futuro. Após confessar a falta e solicitar o perdão, não poderei fazer mais nada para aliviar a dor causada a meu cônjuge. Quando erro com minha esposa e ela expressa que foi magoada e sugere que eu peça perdão, preciso fazer uma escolha: justiça ou perdão. Se eu escolher a justiça e tentar compensá-la, ou então fazê-la pagar por seu ato errado, farei de mim mesmo um juiz e ela uma ré. A intimidade torna-se impossível de ser restaurada. O perdão é o caminho do amor. Fico admirado como há pessoas que misturam o dia de hoje com o de ontem. Insistem em trazer para o presente os fracassos do passado e, ao fazerem isso, estragam um dia potencialmente maravilhoso.
“Não posso acreditar que você tenha feito isso!’’ “Não sei se algum dia poderei esquecer isso!” “Você não tem a menor idéia de como me magoou!” “Não entendo como você pode ficar aí sentado (a) tão tranqüilo (a) depois de ter me tratado dessa maneira!”
“Você deveria se ajoelhar e implorar o meu perdão!” “Não sei se conseguirei perdoá-lo (la)!” Essas frases não são de amor, mas de amargura, ressentimento e vingança.
Se desejamos desenvolver um
relacionamento precisamos saber quais
são os desejos da pessoa amada.
Se queremos amar um ao outro,
precisamos saber como fazê-lo.
A melhor coisa que podemos fazer com os fracassos do passado é torná-los em simples história. Sim, eles ocorreram, e certamente machucaram. E talvez ainda magoem, mas ele reconheceu seu erro e pediu o seu perdão. Não conseguimos apagar o passado, mas podemos aceitá-lo como experiência de vida. Vivamos o dia de hoje livres das mágoas anteriores.
O perdão não é um sentimento, mas um compromisso. É a opção de se mostrar misericórdia e não de se jogar a ofensa no rosto do ofensor. Perdão é uma expressão de amor.
“Amo você. Preocupo-me com você e decido perdoá-lo (la). Mesmo que eu continue ainda por um tempo a sentir-me machucado (a), não permitirei que o ocorrido interponha-se entre nós. Espero que aprendamos com essa experiência. Você não é um fracassado porque teve um fracasso. Você é meu marido (esposa) e juntos continuaremos nossa caminhada.”
Estas são palavras de afirmação, ditas no dialeto de palavras gentis.
Palavras Humildes
O amor faz solicitações, não imposições. Quando dou ordens a meu cônjuge, torno-me pai (mãe) e ele (ela) filho (a). O pai diz ao filho de três anos o que ele deve fazer, ou melhor, o que ele precisa realizar. Isso é necessário porque uma criança nesta idade ainda não sabe como navegar nas traiçoeiras águas da vida. No casamento, no entanto, somos iguais, parceiros adultos. Não somos perfeitos, mas adultos e parceiros. Se vamos desenvolver um relacionamento íntimo, precisamos conhecer os desejos um do outro. Se queremos amar um ao outro, precisamos saber o que ele (ela) pretende.
No entanto, a forma como expressamos esses desejos é muito importante. Se os colocamos como ordens, eliminamos as possibilidades da intimidade e afugentamos nosso cônjuge. Se, no entanto, expressarmos nossas necessidades e desejos como pedidos, apontaremos um caminho, mas não empurraremos ninguém para ele. O marido que diz: “Querida, sabe aquela torta de maçã deliciosa que você faz? Será que poderia preparar uma esta semana? Eu amo aquela sobremesa!”, concederá uma dica de como ela pode expressar-lhe amor e, dessa forma, ambos crescerão em intimidade. Por outro lado, o esposo que diz: “Desde que nosso filho nasceu, você nunca mais fez aquela torta de maçã. Pelo jeito, vou ficar sem comê-la por mais uns 18 anos”, deixou de ser adulto e tornou a comportar-se como um adolescente. Tais reclamações não constroem a intimidade.
A esposa que diz: “Será que você poderia limpar a calha este final de semana?”, expressa amor ao fazer uma pergunta, um pedido. Porém, a que diz: “Se você não der um jeito de limpar logo essa calha, ela vai acabar despencando do telhado. Já existem brotos de árvore nela e espalham-se por todos os lados!”, não demonstra amor, mas sim torna-se uma mulher dominadora.
Quando alguém faz um pedido a seu cônjuge, afirma as habilidades dele. Faz entender que ele (ela) possui, ou pode fazer algo, que é significativo ou valioso para o outro. No entanto, quando dá ordens, torna-se um tirano. Seu cônjuge não se sentirá afirmado, mas diminuído. O pedido implica no elemento escolha. Seu parceiro pode atender ou não o seu pedido, porque o amor é sempre uma decisão. É isso que o torna significativo. Saber que meu cônjuge ama-me a ponto de atender meu pedido comunica emocionalmente que ele (ela) se importa comigo, respeita-me, admira e deseja fazer algo que me agrade. Não há como desenvolver o amor emocional através de intimações. Meu cônjuge talvez obedeça às minhas ordens, mas isso não será uma expressão de seu amor. Será uma forma de medo, culpa ou de alguma outra emoção, mas jamais de amor. Então, um pedido cria uma oportunidade de se expressar amor, ao passo que uma ordem sufoca essa possibilidade.
Dialetos Variados
Palavras de Afirmação são uma das cinco linguagens básicas do amor. Dentro desse idioma, no entanto, há vários dialetos. Já falamos sobre alguns, mas ainda há muitos outros. Diversos livros e artigos já foram escritos sobre esse tema. Todos eles têm em comum o uso de palavras que afirmam o cônjuge. O psicólogo William James diz que, possivelmente, a mais profunda necessidade humana é a de ser apreciado (a). Palavras de Afirmação poderão suprir essa necessidade em muitas pessoas.
Se você não é um homem, ou mulher que gosta de expressar palavras amorosas; se essa não é sua primeira linguagem mas acha que é a de seu cônjuge, sugiro que adquira uma caderneta e chame-a de “Palavras de Afirmação”. Quando você ler um artigo ou um livro romântico, escreva ali algumas palavras de afirmação que tenha gostado. Quando assistir a alguma palestra sobre amor, ou ouvir algum amigo dizer alguma coisa positiva sobre outra pessoa, anote. Com o tempo você terá colecionado uma lista de palavras para serem usadas ao transmitir amor a seu cônjuge.
Outra coisa que se deve fazer é pronunciar palavras de afirmação de forma indireta, ou seja, dizer algo positivo sobre seu cônjuge, mesmo na ausência dele. Eventualmente, alguém transmitirá a ele (ela) o que você disse; e assim ganhará os bônus do amor. Diga a sua sogra que a filha dela é sensacional. Possivelmente, quando ela contar isso a sua esposa, com certeza aumentará alguma coisa e você acabará ganhando mais crédito. Também elogie seu cônjuge na frente dos outros quando ele, ou ela, estiver presente. E quando você for o alvo do elogio, certifique-se de repartir o crédito com seu cônjuge.
Há muitas outras formas de se dizer palavras de afirmação, entre elas, escrevê-las. Frases escritas têm a vantagem de serem lidas várias vezes.
Aprendi uma lição muito importante sobre palavras de afirmação e linguagens do amor em Little Rock, Arkansas. Minha visita a Bill e Betty Jo ocorreu em um belo dia da primavera. Eles moravam em um condomínio fechado, em uma casa com uma gradinha na frente, um gramado bem verde no jardim e canteiros de viçosas flores. Era uma visão idílica. Ao entrar, porém, percebi que o clima interior era bem diferente. O casamento deles desmoronara. Após vinte anos de matrimônio e possuidores de duas lindas crianças, perguntavam-se, primeiramente, por que haviam se casado. Discordavam de tudo. A única coisa com que concordavam é que ambos amavam os filhos. Ao desenrolar sua história, percebi que Bill era muito dedicado ao seu trabalho e muito pouco tempo oferecia a Betty Jo, sua esposa, a qual trabalhava meio período, possivelmente para não permanecer dentro de casa. A forma de convivência entre os dois era a de evitarem estar juntos. Tentavam ficar longe um do outro para que seus conflitos não assumissem proporções maiores. O ponteiro do mostrador do “tanque de amor” de cada um deles apontava para o termo “vazio”.
Disseram que já tinham procurado aconselhamento; porém, em nada adiantara. Eles assistiriam ao meu seminário sobre casamento e eu partiria no dia seguinte. Aquele, portanto, seria meu único encontro com Bill e Betty. Resolvi, então, “colocar todos os ovos em uma cesta só”.
Gastei uma hora em particular com cada um. Ouvi atentamente as versões de suas histórias. Percebi que, apesar do vazio existente no relacionamento deles e do desacordo reinante naquela convivência, havia certas coisas que apreciavam um no outro. Bob disse-me:
“Ela é uma boa mãe, uma excelente dona de casa e uma eximia cozinheira... quando resolve cozinhar. Porém, não demonstra a menor afeição por mim. Trabalho feito um louco e simplesmente não há por parte dela o menor reconhecimento”.
Em minha conversa com Betty ela concordou que Bill era um excelente provedor. Ela, no entanto, reclamou:
“Ele não move uma palha para me ajudar em casa e nunca tem tempo para mim. O que adianta ter esta casa, o carro novo e todas as outras coisas se não podemos curti-los juntos?”
Obtive mais informações e então decidi focalizar meu aconselhamento em dar a mesma sugestão para cada um. Disse a Bob e a Betty Jo separadamente que eles possuíam a chave para mudar o clima emocional do casamento. Eu lhes afirmei:
“Essa chave é expressar a apreciação pelas coisas que gosta nele (nela) e, no momento, suspender as reclamações sobre o que não se agrada.”
Repassei com eles os comentários positivos que fizeram um do outro e ajudei-os a fazer uma lista desses traços positivos. A relação de Bill focalizava as atividades de Betty Jo como boa mãe, excelente dona de casa e exímia cozinheira. A lista de Betty Jo registrava a dedicação de Bill ao trabalho e sua provisão financeira à família. As relações foram feitas da forma mais detalhada possível. A lista de Betty Jo ficou assim:
• Ele não faltou um dia de trabalho em vinte anos. É um trabalhador dinâmico.
• Ele recebeu várias promoções nesses anos todos. E sempre deseja aumentar sua produtividade.
• Ele paga as prestações da casa mensalmente.
• Ele paga as contas de água, gás e luz em dia.
• Ele nos comprou um carro novo há três anos.
• Ele corta a grama, ou arruma alguém para fazê-lo, semanalmente, durante a primavera e o verão.
• Ele varre as folhas ou contrata alguém para fazê-lo durante o outono.
• Ele providencia bastante dinheiro para alimentação e roupas da família.
• Ele leva o lixo para fora nos dias de sua coleta.
• Ele me dá dinheiro para comprar presentes de Natal para toda a família.
• Ele concorda que eu gaste o dinheiro que recebo em meu emprego, da forma que eu desejar.
A lista de Bill ficou assim:
• Ela arruma as camas todos os dias.
• Ela passa o aspirador na casa uma vez por semana.
• Ela leva diariamente as crianças para a escola, depois de dar-lhes um bom café da manhã.
• Ela faz janta três vezes por semana.
• Ela realiza as compras no supermercado. Ajuda as crianças a fazer seus deveres de casa.
• Ela leva e traz as crianças quando há atividades na escola e na igreja.
• Ela leciona para crianças pequenas na Escola Dominical.
• Ela leva minhas roupas ao tintureiro.
• Ela lava as roupas e passa quando é preciso.
Sugeri que acrescentassem a essas listas coisas que percebessem nas semanas seguintes. Solicitei também que duas vezes por semana selecionassem alguma atitude positiva do outro e elogiassem. Dei-lhes ainda uma recomendação que se Bill a elogiasse, ela não lhe respondesse com outro elogio, mas deveria simplesmente recebê-lo e dizer:
“Muito obrigada por suas palavras.”
Disse a mesma coisa a Bill. Encorajei-os a proceder dessa maneira durante dois meses e, se achassem que funcionava, deveriam então continuar. Se, no entanto, a experiência não ajudasse a melhorar o clima emocional do casamento, eles deveriam simplesmente encarar tudo aquilo como outra tentativa que não dera certo.
No dia seguinte peguei o avião e voltei para casa. Anotei em minha agenda para dois meses depois ligar a Bill e Betty, a fim de saber o que acontecera. Quando lhes telefonei, já em pleno verão, pedi para falar particularmente com cada um. Fiquei impressionado ao notar que Bill dera um grande passo à frente. Ele percebeu que eu concedera o mesmo conselho à sua esposa, mas encarara tudo de forma positiva. Para falar a verdade, ele achou ótimo! Ela expressava apreciação pelo seu trabalho duro e pela provisão que dava à família. Ele disse:
“Ela realmente conseguiu fazer com que eu me sentisse um homem novamente. Ainda temos muito trabalho pela frente, Dr. Chapman, mas acredito francamente que estamos no caminho certo.”
Quando conversei com Betty Jo, no entanto, achei que ela dera um passo muito pequeno. Ela me falou:
“Alguma coisa melhorou, Dr. Chapman. Bill elogia-me, como o senhor sugeriu, e acredito que haja sinceridade nisso. Mas ele ainda não gasta nenhum minuto comigo. Trabalha o tempo todo e não tem uma hora para mim.”
Enquanto eu ouvia Betty Jo, as “luzes” acenderam. Sabia que fizera uma grande descoberta. A linguagem do amor de uma pessoa não é necessariamente a mesma da outra. Era óbvio que a primeira linguagem do amor de Bill era “Palavras de Afirmação”. Ele era um trabalhador dedicado e apreciava seu emprego. O que ele mais queria de sua esposa era que ela expressasse admiração por isso. Aquele padrão foi provavelmente estabelecido em sua infância, e a necessidade de receber elogios ainda era premente em sua vida adulta. Betty Jo, por sua vez, possuía uma carência emocional em outra área. Era-lhe agradável receber elogios, mas ansiava por algo mais, exatamente a segunda linguagem do amor.
Notas
1. Provérbios 18.21
2. Provérbios 12.25
5. A Segunda Linguagem do Amor: Qualidade de Tempo
Era o meu dever perceber qual a primeira linguagem do amor de Betty Jo, logo no início, pelo que ela me disse naquela noite de primavera quando os visitei em Little Rock:
“Bill é um bom provedor, mas não gasta tempo algum comigo! Do que me servem a casa, o carro novo e as demais coisas se não os “curtimos” juntos?”
O que ela desejava? Ter um tempo de qualidade com seu marido. Ela queria que ele focalizasse nela a sua atenção, que lhe dedicasse mais tempo e pudessem realizar algumas atividades juntos.
Quando digo “Qualidade de Tempo” desejo afirmar que você deve dedicar a alguém sua inteira atenção, sem dividi-la. Não significa sentar no sofá e assistir televisão. Quando o tempo é gasto dessa forma, quem recebe a atenção são as estações de TV, e não o cônjuge. O que pretendo afirmar é algo como sentar-se ao sofá com a televisão desligada, olhar um para o outro e conversar, no processo de dedicação mutua. É dar um passeio juntos, só os dois. É ambos saírem para comer fora, é um olhar nos olhos do outro e conversar. Você já percebeu que, nos restaurantes, é perfeitamente possível notar a diferença entre um casal de namorados e um de casados? Os namorados miram-se nos olhos e “batem papo”. Os casados sentam-se à mesa e olham ao redor do restaurante. Pode-se dizer que foram ali apenas para comer!
Quando me sento ao sofá com minha esposa e dedico-lhe vinte minutos de minha inteira atenção e ela faz o mesmo por mim, concedemos um ao outro vinte minutos de nossa existência. Nunca mais teremos aquele tempo novamente! Entregamos ali parte de nossas vidas um ao outro. Esse é um poderoso comunicador do amor emocional.
Um único remédio não pode curar todas as enfermidades existentes. Em meu aconselhamento para Bill e Betty Jo, cometi um erro muito sério, pois afirmei que palavras de afirmação teriam o mesmo significado para os dois. Esperava com isso que, se cada um deles desse ao outro uma afirmação verbal, o clima emocional mudaria e ambos sentir-se-iam amados. Isso funcionou para Bill. Seus sentimentos em relação a Betty Jo tornaram-se mais positivos. Ela passou a apreciar mais o trabalho duro que ele desempenhava. Porém, o mesmo não ocorreu com Betty Jo, porque “Palavras de Afirmação” não era sua primeira linguagem do amor, mas sim a qualidade de tempo.
Peguei novamente o telefone, liguei para Bill e agradeci-lhe o esforço feito nos últimos dois meses. Disse-lhe que ele fizera um bom trabalho ao dizer palavras de afirmação para Betty Jo e ela as ouvira. Ele me disse:
— Mas Dr. Chapman, ela ainda continua triste. Acho que as coisas não melhoraram muito para ela!
E eu lhe respondi:
— Você tem razão, Bill. E acho que sei o porquê. O problema é que sugeri a linguagem do amor errada!
Bill não tinha a menor noção do que eu estava falando. Expliquei-lhe então que os motivos que levam uma pessoa a experimentar o amor emocional por outra não são necessariamente os mesmos.
Ele concordou comigo que a sua linguagem do amor era
realmente “Palavras de Afirmação”. Contou-me então que desde menino isso era importante para ele e estava contente ouvir Betty Jo expressar apreciação pelas coisas que ele fazia. Expliquei, então, que a linguagem de Betty Jo não era “Palavras de Afirmação”, mas sim qualidade de tempo. Passei-lhe também o conceito de dedicar atenção integral ao cônjuge, dizendo-lhe que não deveria ouvi-la enquanto lia jornal ou assistia televisão, mas sim olhá-la nos olhos e dedicar-lhe toda a atenção; fazer com o cônjuge algo que ele aprecia, e ser realmente sincero nessa atividade. Ele então me disse: “Algo como ir com ela a um concerto...” As luzes começavam a brilhar em Little Rock.
— Dr. Chapman, ela sempre reclamou disso! Nós não temos atividades em comum. Realmente não gasto sequer um momento com ela. Betty Jo lembra-me o tempo todo que antes de nos casarmos, costumávamos passear e tínhamos várias atividades juntos, mas agora vivo ocupado demais. Essa é realmente sua linguagem do amor, sem sombra de dúvida. Mas... Dr. Chapman, o que eu posso fazer, se meu trabalho realmente exige muito de mim!?
Pedi-lhe, então, que me falasse sobre seu serviço. Por dez minutos ele me contou a história de como subira os degraus de sua firma, de quão arduamente trabalhara para isso e orgulhava-se de seus feitos. Falou-me também de seus planos para o futuro e que, pelos seus cálculos, dentro de cinco anos chegaria ao posto que sonhava.
Perguntei-lhe então:
— Você quer chegar lá sozinho, ou deseja a companhia de Betty Jo e de seus filhos?
— Quero que eles estejam comigo. É por isso que sofro tanto quando ela reclama do tempo que gasto no serviço. Realizo o que faço por nós. Quero que ela participe disso, mas Betty insiste em reagir negativamente.
— Você começa a entender o porquê dela ser tão negativa Bill? A linguagem do amor de Betty Jo é “Qualidade de Tempo”. Você lhe dedica tão pouco tempo que o “tanque do amor” dela está vazio. Ela não sente segurança em seu amor. Por isso, em sua mente, ela rejeita o que o afasta dela, ou seja, seu trabalho. Ela realmente não odeia sua profissão. Ela detesta o fato de sentir tão pouco amor de sua parte. Só há uma solução para isso, Bill, e o preço é alto. Você terá de arrumar um tempo para gastar com Betty Jo. Você precisa amá-la na linguagem dela.
— O senhor está certo, Dr. Chapman. Como devo começar?
— Você ainda tem o caderno onde anotou as características positivas de Betty Jo?
— Tenho, está bem aqui.
— Ótimo. Faça uma outra lista. O quê, em sua opinião, Betty Jo gostaria de realizar em sua companhia? Procure lembrar-se de coisas que ela já mencionou ao longo dos anos.
E a lista de Bill ficou assim:
• Pegar nosso carro novo e irmos para as montanhas passar uma semana (às vezes com as crianças, ou somente nós dois);
• Encontrá-la para almoçar (em um bom restaurante ou, algumas vezes, até no McDonald’s);
• Contratar uma babá para cuidar das crianças e juntos jantarmos fora (só nós dois);
• Todas as vezes que eu chegar em casa à noite, sentar e contar a ela sobre meu dia e ouvir o que ela tem a dizer sobre o dela (ela não gosta que eu veja televisão ou leia quando conversamos);
• Gastar um tempo com os filhos, e discutir a vida escolar deles;
• Gastar um tempo só brincando com as crianças;
• Fazer em um determinado sábado um piquenique com ela e as crianças e não reclamar das formigas e nem das moscas;
• Tirar férias com a família, pelo menos uma vez por ano;
• Sair para conversarmos, enquanto caminhamos (mas sem andar na frente dela).
Ao terminar a lista, Bill disse:
— São essas as coisas das quais me recordo, que ela fala ao longo de todos estes anos.
— Você já sabe o que eu vou sugerir-lhe, não é, Bill?
— Colocar essa lista em prática, não é? — respondeu ele.
— É isso mesmo. Um tópico da lista por semana, durante os próximos dois meses. Como você vai arrumar tempo? Dê um jeito. Você é um homem inteligente e não estaria onde está se não soubesse tomar decisões importantes. Você possui a habilidade para planejar sua vida e incluir Betty Jo em seus planos.
— Está certo. Vou dar um jeito.
— Outra coisa, Bill. Tal projeto não implica na diminuição de seus alvos. Significa que, quando você chegar ao topo, Betty Jo e seus filhos estarão lá com você.
O aspecto central da “Qualidade
de Tempo” é estar próximo.
Não quero dizer simples proximidade...
O estar junto tem a ver
com o focalizar a atenção.
— E isso o que eu mais desejo! Esteja eu no topo ou não, quero que ela seja feliz e pretendo desfrutar a vida ao seu lado e das crianças.
E os anos se passaram... Bill e Betty Jo chegaram ao topo, apesar de um pequeno revés na vida, graças à linguagem do amor. O mais importante, porém, é que alcançaram a vitória juntos. Os filhos já deixaram o ninho e eles concordam que vivem os melhores anos de suas vidas. Bill tornou-se um sincero apreciador de concertos e Betty Jo aumentou a lista dos tópicos que aprecia no esposo. Ele não se cansa de ir ao teatro. Começou recentemente sua própria companhia e está novamente próximo ao topo. Seu trabalho já não é uma ameaça para Betty Jo. Ela está animada e encoraja-o bastante. Ela sabe que está em primeiro lugar na vida do marido. Seu “tanque do amor” está cheio, e se começar a esvaziar, ela sabe que uma simples solicitação sua fará com que Bill conceda-lhe atenção irrestrita.
Estar Juntos
O aspecto central da “Qualidade de Tempo” é estar sempre juntos. Não quero dizer simples proximidade. Duas pessoas sentadas em uma mesma sala estão próximas, mas não necessariamente juntas. O estar junto tem a ver com o focalizar a atenção. Quando um pai está sentado no chão e brinca de bola com seu filho de dois anos, sua atenção está focalizada na criança e não na bola. Naquele momento, por mais breve que seja, enquanto durar, eles estão juntos. Se, no entanto, o pai fala ao telefone enquanto chuta a bola para o filho, sua atenção está dividida. Há maridos e esposas achando que gastam o tempo juntos mas, na realidade, simplesmente vivem próximos. Estão na mesma casa, ao mesmo tempo, mas não estão juntos. Um marido que assiste a uma sessão de esportes na televisão enquanto conversa com a esposa não lhe concede “Qualidade de Tempo”, pois ela não recebe sua total atenção.
Dedicar “Qualidade de Tempo” não significa olhar nos olhos um do outro o tempo todo. Quer dizer fazer coisas juntos e conceder atenção total a quem está conosco. A atividade com a qual nos envolvemos é secundária. A importância é emocional e refere-se à atenção total que concedemos e recebemos. A atividade em si é um veículo que proporciona o sentimento da interação. O que é importante no fato do pai chutar a bola para o filho de dois anos, não é a atividade em si, mas as emoções suscitadas entre os dois.
Da mesma forma, marido e esposa que jogam tênis juntos, a verdadeira “Qualidade de Tempo” focaliza não o jogo em si, mas o fato de que fazem algo em companhia um do outro. O importante é o que ocorre a nível emocional. Investir o tempo juntos em uma atividade em comum significa que nos importamos um com o outro, apreciamos estar próximos e gostamos de fazer coisas em conjunto.
Conversa de Qualidade
Como as palavras de afirmação, a linguagem da “Qualidade de Tempo” também possui vários dialetos. Um dos mais utilizados é o da conversa de qualidade. Afirmo com isso a existência de um diálogo acolhedor onde duas pessoas compartilham experiências, pensamentos, emoções e desejos, de forma amigável, e em um contexto sem interrupções. A maioria das pessoas que reclamam que seus cônjuges não conversam, raramente não toma parte em algum diálogo mais íntimo. Se afirmam isso é porque nada falam, de forma literal. Querem dizer que se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo”, esse tipo de diálogo é importantíssimo para sua parte emocional, no que diz respeito a sentir-se amado.
Conversa de qualidade é bem diferente da primeira linguagem do amor. Palavras de afirmação focalizam o que afirmamos, ao passo que conversa de qualidade focaliza o que ouvimos. Se externo meu amor por você através da “Qualidade de Tempo” e gastamos esse tempo juntos, significa que este propósito estará em fazer você vir à tona, ouvir atentamente o que pretende dizer. Farei perguntas, não por obrigação, mas com o desejo genuíno de entender seus pensamentos, sentimentos e desejos.
Conheci Patrick quando ele tinha 43 anos e estava casado há dezessete. Lembro-me bem dele porque suas primeiras palavras foram dramáticas. Ele se sentou na cadeira de couro de meu escritório e após uma breve apresentação inclinou-se para frente e disse tomado de grande emoção:
— Dr. Chapman, tenho sido um idiota, um perfeito idiota! Perguntei-lhe:
— O que o fez chegar a essa conclusão?
— Tenho 17 anos de casado e, de repente, minha mulher me deixou. Só agora pude perceber como sou idiota!
Ao ouvir suas palavras, mantive minha pergunta inicial:
— De que forma você acha que tem sido um idiota?
— Deixe-me explicar. Minha esposa chegou em casa após um dia de trabalho e contou-me que estava passando por alguns problemas em seu emprego. Eu a ouvi e disse-lhe o que ela deveria fazer. (Eu sempre lhe dei conselhos.) Então afirmei que ela mesma precisava confrontar aquela situação, pois os problemas não costumam sumir facilmente, e ela deveria conversar com as pessoas envolvidas ou o supervisor de seu departamento. Seria necessário que ela enfrentasse aquela situação. No dia seguinte, porém, ela chegou do serviço e falou dos mesmos problemas. Eu então perguntei se ela fizera o que eu sugerira no dia anterior. Ela sacudiu a cabeça e disse que não. Repeti, naquele momento, o mesmo conselho. Disse-lhe que aquela era a forma correta de lidar com a situação. No dia seguinte ela chegou em casa e apresentou novamente os mesmos problemas. Mais uma vez eu lhe perguntei se fizera o que eu propusera. Mais uma vez ela sacudiu a cabeça e disse que não. Após umas três ou quatro noites fiquei muito bravo e disse-lhe que não contasse mais comigo enquanto não fizesse o que eu lhe recomendara. Ela não precisava viver sob aquela pressão, pois resolveria seu problema se simplesmente fizesse o que eu lhe falara. Na próxima vez em que ela veio me falar sobre aquele problema, eu lhe disse:
— Não quero mais ouvir sobre isso. Já lhe falei várias vezes o que fazer. Se você não quer ouvir meus conselhos, também não desejo mais ouvir falar sobre este assunto!
Muitos de nós somos treinados a
analisar problemas a fim de dar-lhes
soluções. Esquecemos que o casamento
é um relacionamento, e não um
projeto a ser terminado ou
um problema a ser resolvido.
Ele prosseguiu o seu relato:
— Eu me retirei e dirigi-me ao meu trabalho. Como fui idiota! Agora percebo que, quando ela me falava sobre suas lutas no trabalho, não desejava meus conselhos. Ela queria solidariedade. Desejava que eu a ouvisse, desse-lhe atenção, e dissesse-lhe que entendia a dor, a pressão e a tensão pelas quais passava. Ela queria ouvir que eu a amava e estava ao seu lado. Ela não desejava conselhos, porém a minha compreensão. Mas eu jamais tentei entendê-la. Estava muito afastado dela ao conceder-lhe apenas conselhos. Que louco fui eu! E agora ela foi embora. Por que a gente não percebe estas coisas quando estamos passando por elas? Eu estava completamente cego para o que acontecia. Só agora percebo como falhei com ela.
A esposa de Patrick suplicava por uma conversa de qualidade. Emocionalmente, ela esperava que ele lhe desse ouvidos ao ouvir sua dor e frustração. Patrick, porém, não focalizava sua atenção em ouvir, mas em falar. Ele escutava somente o suficiente para perceber o problema e formular uma saída. Ele não a ouvia o tempo necessário para compreender sua súplica por apoio e compreensão.
Nós somos como Patrick. Somos treinados para tomar conhecimento dos problemas e dar soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, não um projeto a ser terminado ou um problema a ser resolvido. Uma convivência a dois implica em simpatia, em ouvir com a intenção de entender o que o outro cônjuge pensa, sente e deseja. Devemos também estar dispostos a aconselhar, mas somente quando solicitados e jamais de forma arrogante. A maioria de nós não sabe ouvir. Somos mais eficientes em pensar e falar. Aprender a ouvir pode ser tão difícil quanto estudar uma língua estrangeira. Porém, se quisermos comunicar o amor, precisamos aprender. Isso é especialmente importante, se a primeira linguagem de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo” e se o dialeto dele for conversa de qualidade. Felizmente, há muitos livros e artigos escritos sobre a arte de ouvir. Não repetirei o que já foi escrito em vários outros trechos, mas gostaria de dar algumas dicas que podem ajudar bastante:
1. Procure olhar nos olhos de seu cônjuge quando ele lhe falar alguma coisa. Essa atitude ajuda sua mente a não divagar e comunica que ele realmente recebe sua total atenção.
2. Não faça outra coisa enquanto ouve seu cônjuge. Lembre-se: “Qualidade de Tempo” é dedicar ao que lhe fala sua total atenção. Se você porventura assistir TV, ler ou praticar qualquer outra atividade pela qual esteja muito envolvido, e não puder desviar a atenção imediatamente, diga isso a seu cônjuge: “Sei que você quer falar comigo agora, e estou interessado em ouvir-lhe. Só que gostaria de conceder-lhe mais atenção, e no momento não é possível. Se você me conceder dez minutos para eu terminar o que estou fazendo, sentaremos juntos e então ouvirei o que você tem a dizer.” A maioria dos (as) esposos (as) deverá atender a uma solicitação dessas.
3. “Escute” o sentimento. Pergunte a você mesmo o tipo de emoção que seu cônjuge sente no momento. Quando achar que descobriu, confirme. Por exemplo: “Tenho a impressão que você está desapontado por eu ter esquecido de...” Essa é uma oportunidade para você certificar-se de seus sentimentos. Também comunica que ouve com atenção o que lhe é dito.
4. Observe a linguagem corporal. Punhos cerrados, mãos trêmulas, lágrimas, cenho franzido e expressão dos olhos fornecem pistas do que seu cônjuge sente. Algumas vezes, a linguagem verbal diz uma coisa, enquanto a corporal afirma outra. Solicite um esclarecimento a fim de poder confirmar seus reais sentimentos.
5. Recuse interrupções. Pesquisas recentes indicam que, em média, as pessoas ouvem apenas 17 segundos antes de interromperem para inserir na conversa as próprias idéias. Se eu lhe dedicar minha total atenção enquanto você fala, evitarei defender-me a fim de fazer-lhe acusações ou mesmo, dogmaticamente, evidenciar minha posição. Meu objetivo é perceber seus sentimentos e pensamentos. O alvo não é autodefender-me ou permitir que você ganhe uma discussão; a intenção é compreendê-lo (a).
Aprendendo a Falar
Uma conversa de qualidade requer não somente consideração ao ouvir, mas também disposição em expor-se. Quando uma esposa diz: “Gostaria tanto que meu marido conversasse comigo! Nunca sei o que ele pensa ou sente...” Ela clama por intimidade; quer sentir-se próxima de seu esposo. Mas, como sentir-se ao lado de alguém a quem não conhece? Para que ela se sinta amada, o marido precisa aprender a se expor. Se a primeira linguagem do amor dela for “Qualidade de Tempo” e seu dialeto, conversa de qualidade, seu tanque emocional nunca estará completo até que ele partilhe com ela seus pensamentos e sentimentos.
Se você precisa aprender a
linguagem da conversa de qualidade,
comece a observar as emoções que
sente quando está fora de casa.
Para muitos de nós, o ato de expor-se não é nada fácil. Muitos adultos foram criados em lares onde a expressão dos pensamentos e sentimentos não só jamais foi encorajada, como também era condenada. Pedir um brinquedo era recebido com um sermão sobre a situação econômica familiar. A criança sentia-se culpada por causa daquele desejo e, então, rapidamente aprendia a não expressar mais seus desejos. Quando um filho ou filha expressava raiva, os pais repreendiam-no (na) severamente com palavras condenatórias. O que acontecia então? A criança aprendia que expressar sentimentos de raiva também não era algo apropriado. Se um deles passasse a sentir-se culpado por expressar seu desapontamento pelo fato de não poder ir ao supermercado com o pai, aprendia a guardar seu desagrado para si. Nós, adultos, ao atingirmos a maturidade, aprendemos a negar nossos sentimentos. Deixamos de ter contato com nosso ser emocional.
Uma esposa pergunta a seu marido:
— Como você se sentiu com a reação de Mark?
E o marido responde:
— Eu acho que ele está errado. Ele deveria ter feito assim, assim e assim...
Note, porém, que ele não expressa seus sentimentos. Simplesmente manifesta seus pensamentos. Talvez ele tenha motivos para sentir-se triste, com raiva, ou desapontado. No entanto, vive a tanto tempo no nível do raciocínio, que nem ao menos reconhece a existência de seus sentimentos. O ato de aprender a linguagem da conversa de qualidade pode ser comparado ao aprendizado de uma língua estrangeira. O início sempre é uma aproximação dos sentimentos, e o aluno pouco a pouco torna-se consciente de que é uma criatura emocional, apesar do fato de ter ignorado aquela faceta de sua vida.
Se você precisa aprender a linguagem da conversa de qualidade, comece a perceber os sentimentos que lhe ocorrem quando está longe de casa. Compre um bloquinho de rascunho e mantenha-o diariamente com você. Três vezes, durante o dia, faça a si mesmo as seguintes perguntas:
• Que emoções senti nas últimas três horas?
• O que senti a caminho do trabalho quando o motorista atrás de mim ficou o tempo todo colado em meu pára-choque?
• Como eu me senti quando fui colocar combustível no carro e a bomba automática não funcionou e fez com que o tanque transbordasse, derramasse e molhasse de gasolina toda a parte de trás do carro?
• Como me senti quando, ao chegar ao escritório, soube que minha secretária fora requisitada para um outro projeto da empresa e não estaria presente toda a manhã?
• Como me senti quando meu supervisor me comunicou que o projeto no qual eu trabalhava teria de ser concluído em três dias, quando pensei que teria mais duas semanas?
Escreva seus sentimentos no bloco de rascunho e, ao lado, coloque uma ou duas palavras para lembrá-lo do evento correspondente ao sentimento. Sua lista deve ficar mais ou menos assim:
Situação
Sentimentos
1. motorista colado atrás
2. posto de gasolina
3. sem secretária
4. projeto em três dias
1. raiva
2. desagrado
3. desapontamento
4. frustração e ansiedade
Faça este exercício três vezes ao dia e você descobrirá sua natureza emocional. Utilize seu bloquinho e comunique a seu cônjuge as emoções que experimentou, juntamente com as situações enfrentadas. Quanto mais você fizer isso, melhor será. Em algumas semanas sentir-se-á mais confortável para expressar suas emoções a ele (a). Finalmente, será também capaz de, mais à vontade, conversar sobre seus sentimentos em relação ao (à) esposo (a), aos filhos e a eventos que ocorram em casa. Lembre-se que as emoções em si não são certas nem erradas. São simplesmente nossas reações psicológicas aos acontecimentos da vida.
Constantemente tomamos nossas decisões baseados em nossos pensamentos e emoções. Quando o motorista estava “grudado” em seu carro, a caminho do trabalho, e você ficou com raiva, será que alguns dos seguintes pensamentos passaram por sua cabeça?
• Gostaria que ele saísse da pista;
• Gostaria que ele me ultrapassasse;
• Se eu não corresse o risco de ser multado, gostaria de pisar fundo o acelerador e deixá-lo para trás, “comendo poeira”;
• Gostaria de dar uma boa freada de forma que ele entrasse com tudo na traseira de meu carro, e a seguradora tivesse de me dar um carro novo;
• Talvez eu deva sair para a direita e deixá-lo passar.
Você, eventualmente, tomou alguma dessas decisões ou o outro motorista reduziu a marcha, ou ultrapassou seu carro e você conseguiu chegar seguro ao trabalho. Cada evento de nossa vida gera emoções, pensamentos, desejos e também ações. À expressão desse processo chamamos de auto-revelação. Se você optar em aprender o dialeto da conversa de qualidade, esse é o caminho pelo qual deverá trilhar.
Tipos de Personalidade
Nem todos estamos desconectados de nossas emoções, mas quando o assunto vem à tona, todos somos afetados por nossa maneira específica de ser. Tenho observado dois tipos básicos de personalidade. Ao primeiro, chamarei de “mar Morto”. Na pequena nação de Israel, o mar da Galiléia segue rumo ao sul através do rio Jordão até o mar Morto. Este não vai a lugar nenhum. Ele recebe, mas nada retribui. Esse tipo de personalidade adquire muitas experiências, emoções e diversos pensamentos ao longo do dia. Possui um amplo reservatório onde armazena informações e sente-se absolutamente feliz em não falar. Se você perguntar à personalidade mar Morto:
“O que há de errado? Por que você ainda não abriu a boca esta noite?”
A resposta, muito provavelmente, será:
“Nada há de errado. Por que você pensa assim?”
E aquela resposta será absolutamente honesta. Ele está feliz por nada falar. Gostaria de fazer uma longa viagem, de norte a sul do país, para não dizer uma única palavra e estar sinceramente feliz.
Em outro extremo, porém, encontra-se o “riacho rápido”. Esse tipo de personalidade pode ser descrita como aquela que, entre o que passa pelos olhos ou ouvidos leva no máximo sessenta segundos até que saia pela boca. Sobre o que vêem, ou ouvem, falam rapidamente. De fato, se não houver ninguém em casa para que comentem a respeito, darão um jeito para falar com alguém:
“Sabe quem eu vi hoje?”
“Sabe o que eu ouvi hoje?”
Se não conseguem conversar ao telefone, falam consigo mesmos, porque não possuem algum reservatório. É comum que o mar Morto e o riacho Rápido casem-se. Isso ocorre porque, quando estão em pleno namoro, as características opostas tornam-se muito atraentes para ambos.
Uma forma de se aprender novos
padrões de comportamento é estabelecer,
diariamente, um período no qual cada
um poderá falar sobre três situações
que ocorreram durante o dia e os
sentimentos que tiveram em relação a elas.
Se você for o mar Morto e sair com o riacho Rápido, provavelmente terá uma noite maravilhosa. Não terá de se preocupar em iniciar uma conversa e nem em mantê-la. Para falar a verdade, não deve nem pensar sobre isso. Tudo o que fará será balançar sua cabeça e fazer “hum, hum...” e esta expressão preencherá a noite toda. Você chegará em casa e pensará: “Que noite! Que pessoa maravilhosa!” Por outro lado, se for um riacho Rápido e sair com o mar Morto, também terá um encontro igualmente maravilhoso porque este reservatório é o melhor ouvinte do mundo. Você deve falar durante umas três horas. O mar Morto ouvirá atentamente o riacho Rápido e, ao chegar em casa seu comentário será: “Que pessoa maravilhosa!” Haverá uma atração recíproca. Porém, cinco anos após o casamento, o riacho Rápido acordará em uma bela manhã e dirá:
“Estamos casados há cinco anos mas eu não o conheço!”
O Mar Morto, por outro lado dirá:
“Eu a conheço muito bem! Gostaria muito que ela interrompesse um pouco esse dilúvio de palavras e desse-me atenção”.
A boa notícia, nisso tudo, é que o mar Morto provavelmente aprenderá a falar e o riacho Rápido saberá ouvir. Somos influenciados mas não dominados por nossas personalidades.
Uma forma de se aprender novos padrões de comportamento é estabelecer, diariamente, um período no qual cada um falará sobre três situações que ocorreram durante o dia e os sentimentos que tiveram em relação a elas. Chamo esse método de “Dose Mínima Diária” para um casamento saudável. Se você começar com esse período, em algumas semanas, ou meses, a conversa de qualidade fluirá mais livremente entre vocês.
Atividades de Qualidade
Além da linguagem básica do amor “Qualidade de Tempo” — que é dedicar total atenção a seu cônjuge — há um outro dialeto que se chama atividades de qualidade. Em um recente seminário sobre casamento, pedi que os casais completassem a seguinte sentença: “Sinto mais amor por meu cônjuge quando ________”. Veja as respostas dadas por um jovem marido, casado há oito anos:
“Sinto-me mais amado por minha esposa quando exercemos atividades em conjunto, ou seja, coisas que eu goste de fazer e ela também aprecie. Dessa forma conversamos mais. É como se estivéssemos namorando outra vez”.
Essa é uma linguagem típica de pessoas cuja primeira linguagem do amor é “Qualidade de Tempo”. A ênfase é dada no estarem juntos, em realizarem ao lado um do outro as mesmas atividades, e em dedicarem atenção total às suas necessidades.
Entende-se por atividades de qualidade qualquer coisa pela qual um ou os dois se interessem. A ênfase não está no que se faz, mas no porquê decidiu-se realizá-lo. O objetivo é terem uma experiência juntos, e terminá-la de forma a afirmarem: “Ele (ela) se interessa por mim. Ele quis fazer comigo algo que eu apreciava e realizou-o com uma atitude muito positiva”. Isso é amor e, para algumas pessoas, é a forma em que ele fala mais alto.
Tracie cresceu em meio a concertos. Em toda sua infância, a casa sempre esteve repleta de música clássica. Pelo menos uma vez ao ano ela acompanhava seus pais a um festival. Larry, por outro lado, gostava de música “country”. Ele nunca fora a um concerto e seu rádio estava sempre ligado em estações de música popular. Ele chamava a preferência de sua esposa de sinfonia de elevador. Se ele não tivesse se casado com Tracie, teria atravessado sua vida sem jamais assistir a um concerto. Antes do casamento, enquanto atravessava a fase da paixão obcecada, ele chegou até a assistir a alguns espetáculos musicais. Porém, mesmo apaixonado, ele perguntou se ela chamava “aquilo” de música!
Após o casamento, decidiu que nunca mais sairia de casa para ouvir um concerto. No entanto, quando anos mais tarde descobriu que “Qualidade de Tempo” era a primeira linguagem do amor de Tracie e ela apreciava de forma especial o dialeto das atividades de qualidade, quis acompanhá-la e o fez entusiasmado. Seu propósito era claro. Ele não ia para assistir ao concerto, mas para demonstrar amor a Tracie e falar alto em sua linguagem. Com o passar do tempo, chegou a apreciar os concertos e, ocasionalmente, a deleitar-se com um ou dois movimentos. Talvez ele nunca se torne um amante da música erudita, mas provavelmente diplomou-se em demonstrar amor à sua esposa.
Um dos pontos positivos das
atividades de qualidade é que elas
possibilitam o armazenamento
de um banco de memórias ao
qual podemos nos reportar
pelos anos futuros.
Entre as atividades de qualidade citamos plantar um jardim, descobrir e ir a liquidações, colecionar antiguidades, ouvir música, fazer piqueniques, caminhar, lavar o carro juntos durante o verão, etc. Essas atividades limitam-se apenas pelo interesse e desejo de tentar, ou não, novas experiências. Os ingredientes especiais para uma atividade de qualidade, são:
1. Desejo de fazê-la, proveniente de um dos dois.
2. O outro estar disposto a executá-la.
3. Ambos estarem conscientes porque devem realizá-la — expressar amor de forma a permanecerem juntos.
Um dos pontos positivos das atividades de qualidade é que elas possibilitam o armazenamento de um banco de memórias ao qual podemos nos reportar pelos anos futuros. Feliz é o casal que se lembra de uma caminhada feita de manhã ao longo da praia; de uma árvore plantada no jardim; do tempo em que colocaram iscas para acabar com as formigas do pomar; do projeto de pintura dos quartos; da noite em que foram juntos ter aulas de patim e um deles caiu e quebrou a perna; dos passeios pelo parque; dos concertos; dos recitais e, como esquecer, do tempo gasto apreciando uma cascata após a longa caminhada de bicicleta até encontrá-la? Podem até sentir os respingos que caíram em seus rostos. Essas são memórias de amor, especialmente para aquelas pessoas cuja primeira linguagem for “Qualidade de Tempo”.
E, como achar tempo para tais atividades, especialmente se ambos trabalham fora? Achamos a ocasião da mesma forma que a encontramos para almoçar e jantar. Por quê? Porque são tão essenciais para nosso casamento como as refeições o são para nossa saúde.
Isso é difícil? E preciso planejamento?
Sim!
Implica em que tenhamos de abrir mão de algumas atividades particulares?
Talvez!
Significa que faremos algumas coisas que, particularmente, não apreciamos?
Certamente!
Será que compensa?
Sem sombra de dúvida!
O que posso aprender com isso?
O prazer de viver com um cônjuge que é amado e sabe disso, pois compreende que o (a) esposo (a) aprendeu a falar sua primeira linguagem de forma fluente.
Gostaria de dar uma palavra de agradecimento a Bill e Betty Jo, de Little Rock, que me ensinaram o valor da primeira linguagem do amor — “Palavras de Afirmação”, e também a segunda — “Qualidade de Tempo”.
Agora, vamos até Chicago para encontrarmos a terceira linguagem do amor.
6. A Terceira Linguagem do Amor: Receber Presentes
Estudei antropologia em Chicago. Devido às detalhadas etnografias, visitei pessoas fascinantes por todo o mundo. Estive na América Central onde pesquisei as avançadas culturas dos maias e dos astecas. Cruzei o Pacífico e analisei as tribos da Melanésia e Polinésia. Estudei os esquimós das vegetações das tundras, ao norte; e os aborígines ainos do Japão. Examinei os padrões de cultura relativos ao amor e casamento, e descobri que em cada cultura, o ato de dar presentes faz parte deste processo.
Os antropologistas, em geral, são apaixonados pelos padrões culturais que distinguem as culturas e eu também o sou. Será que o ato de presentear é uma expressão fundamental de amor que transcende barreiras culturais? Será que a atitude de amor está sempre acompanhada do ato de conceder? Essas perguntas são acadêmicas e de certa forma até filosóficas, mas a resposta a elas é sim. Podemos inclusive notar uma profunda implicação prática nos casais norte-americanos.
Fiz uma viagem antropológica de campo à ilha de Dominica. Nosso propósito era estudar a cultura dos índios do Caribe. Foi nessa viagem que conheci Fred. Ele não era do Caribe, mas um jovem negro de 28 anos. Perdera uma de suas mãos com uma dinamite, em uma temporada de pesca. Devido ao acidente teve de abandonar sua carreira de pescador. Ele possuía muito tempo disponível e eu apreciei o fato de poder contar com sua companhia. Passamos muitas horas juntos e conversamos sobre sua cultura.
Em minha primeira visita à sua casa, ele me perguntou:
— Sr. Gary, o senhor aceitaria um suco?
Ao que aceitei prontamente. Ele, então, virou-se para seu irmão mais novo e disse:
— Pegue um suco para o senhor Gary.
Seu irmão deu-nos as costas, saiu de casa, subiu em um coqueiro e trouxe um lindo coco verde em suas mãos. Fred recomendou-lhe que o abrisse. Com três rápidos movimentos de faca seu irmão furou-o, e fez uma abertura triangular na parte de cima.
Fred entregou-me o coco e disse:
— Aqui está seu suco.
O líquido era esverdeado mas eu o bebi assim mesmo, todinho! Eu o tomei porque sabia que aquele fora um ato de amor. Eu era seu amigo e eu sabia que ali só se oferece suco aos companheiros.
Ao final de algumas semanas, quando já se aproximava minha hora de partida daquela pequena ilha, Fred deu-me uma última prova de seu amor. Era uma enorme concha em espiral, que ele mesmo havia tirado do oceano. Tinha uma camada que, de tanto ser friccionada pelas rochas, lembrava, ao toque, uma seda macia. Ele me disse que aquele objeto encontrava-se naquelas praias há muitos anos e gostaria que eu o levasse como recordação daquela bela ilha. Ainda hoje, quando olho para aquela concha, quase posso ouvir o som das ondas do Caribe. Porém, ela é mais do que uma recordação das praias de Dominica; é uma demonstração de amor.
Um presente é algo que você pode segurar em suas mãos e dizer:
“Ele pensou em mim!” ou,
“Ela se lembrou de mim!”
Antes de comprarmos um presente para alguém, pensamos naquela pessoa. O objeto em si é um símbolo daquele pensamento. Não importa se foi caro ou barato. O importante é que ele seja a prova desse desejo. E não é somente a intenção em nível da mente que se conta, mas o pensamento demonstrado de forma concreta através de um presente que se torna uma expressão de amor.
Muitas mães contam histórias de que seus filhos trouxeram-lhes flores do quintal como presente. Elas se sentem amadas, mesmo que seja uma simples flor do jardim delas que não gostariam que fosse apanhada. Desde muito pequenas as crianças sentem-se inclinadas a dar alguma coisa a seus pais, e isto é uma boa indicação de que dar presentes é fundamental para o amor.
Presentes são símbolos visuais do amor. A maioria das cerimônias de casamento inclui dar e receber alianças. A pessoa que realiza a cerimônia diz:
“Estas alianças são os sinais visíveis dos elos espirituais que unem estes dois corações em um amor que nunca terminará”. Isso não é uma simples retórica. É a expressão de uma significante verdade — os símbolos possuem valores emocionais. Creio que isso pode ser bem exemplificado quando, perto da desintegração de um casamento, marido e mulher deixam de usar suas alianças. Esse é um sinal muito nítido de que o casamento está em sérios problemas. Certo esposo me disse o seguinte:
“Quando ela atirou sua aliança contra mim e saiu cega de raiva batendo atrás de si a porta da casa, tornou-se evidente que nosso problema era seriíssimo. A aliança ficou no mesmo lugar onde foi jogada durante dois dias, porque eu não me abaixei para pegá-la. Quando finalmente a apanhei, caí em um pranto convulsivo.”
As alianças são um símbolo do que o casamento deveria ser. Porém, aquela colocada na palma de mão dele, e não no dedo dela, funcionava como um lembrete visual de que aquele casamento desmoronara-se. A aliança solitária provocou profundas considerações e emoções naquele marido.
Símbolos visuais de amor são mais importantes para uns do que para outros. Por esse motivo, existem os que após se casarem nunca mais tiram a aliança; porém, também há alguns que nem chegam a usá-la. Essa é outra evidência de que as pessoas possuem linguagens do amor diferentes. Se receber presentes é sua primeira linguagem do amor, então você dará enorme valor à aliança recebida e usá-la-á com grande orgulho. Ao longo da vida, outros presentes também serão motivo de grandes emoções. Você verá neles expressões de amor. Sem lembranças como símbolos visuais, o amor do cônjuge poderá até ser questionado.
Existem presentes de todos os tamanhos, cores e formatos. Alguns são caros, outros baratos. Para aquela pessoa cuja primeira linguagem do amor é receber presentes, o preço pouco contará, a menos que haja uma enorme discrepância entre o que se deu e o que se poderia oferecer. Se um marido milionário concede regularmente à sua esposa presentes de somente um dólar, ela poderá questionar se aquela é realmente uma expressão de amor. Por outro lado, quando as finanças da família são reduzidas, um presente de um dólar significará tanto quanto um outro de um milhão de dólares.
Se a primeira linguagem do amor
de seu cônjuge for “Receber Presentes”,
você pode se tornar expert nessa área.
De fato, essa é uma das mais
simples linguagens para se aprender.
Presentes podem ser comprados, achados ou elaborados. O marido que pára ao longo de uma estrada e apanha para sua esposa uma rosa silvestre, achou ali uma singela expressão de amor, a menos que ela seja alérgica a flores do campo!! Para o esposo que pode pagar, há muitos cartões bonitos e tocantes e não são tão caros assim! Para aqueles que não podem fazer esta despesa, eles mesmos podem ter os seus, e sem pagar nada. Pegue uma folha de papel, uma tesoura, recorte em forma de coração e escreva no meio a frase: “Eu amo você!” Os presentes não precisam ser caros.
Mas, como deve agir aquela pessoa que diz não saber dar presentes?
“Não sei dar presentes. Durante toda minha infância e adolescência recebi poucos presentes. Não sei escolher o que oferecer às pessoas. Isso não é natural em mim!”
Parabéns! Você acabou de fazer a primeira grande descoberta no caminho para se tornar um grande amante! Você e seu cônjuge possuem diferentes linguagens do amor. Agora que já sabe disso, comece a busca para descobrir sua segunda linguagem do amor. Se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge é “Receber Presentes”, você poderá se tornar expert no assunto. De fato, essa é uma das mais simples linguagens para se aprender.
Por onde começar? Faça uma lista de todos os presentes que na sua opinião seu cônjuge gostaria de receber. Podem ser lembranças já concedidas por você ou outras pessoas da família ou amigos. A lista poderá dar uma idéia dos presentes que seu cônjuge desejaria ganhar. Se você tiver dificuldade em fazer uma seleção destes objetos, consulte outros membros da família. Neste meio tempo, “chute”, mas faça uma lista com presentes que estejam mais à mão e adquira-os para seu cônjuge. Não espere por uma ocasião especial. Se “Receber Presentes” for a primeira linguagem do amor dela (dele), praticamente tudo o que você lhe conceder será recebido como expressão de amor. Se ela (ele) foi muito crítica em relação aos presentes que você ofereceu no passado, pois muitos deles não foram por ela (ele) apreciados, então essa é uma grande dica de que receber presentes, por certo, não é a primeira linguagem de amor do seu cônjuge.
Presentes x Dinheiro
Se você está para se tornar um presenteador eficaz, deve mudar sua atitude em relação ao dinheiro. Cada um de nós possui uma percepção individual dos propósitos de nosso salário na vida, e temos várias emoções relacionadas à forma como ele é empregado. Alguns se sentem bem quando o gastam. Outros, porém, possuem uma perspectiva de economizar e poupar o máximo possível. Em geral, apreciamos o fato de economizar e gastar nosso dinheiro sabiamente.
Se você aprecia gastar seu salário, praticamente não terá dificuldade em comprar presentes para seu cônjuge. Porém, se você for tipo “mão fechada”, sem dúvida experimentará uma resistência emocional à idéia de gastar seu dinheiro como expressão de amor. Você não compra algo nem para si, por que comprar para seu cônjuge? Essa atitude, porém, não revela que você, a bem da verdade, adquira algo para si mesmo. A economia e o investimento de seu dinheiro proporcionam-lhe segurança emocional.
Você provê suprimento para sua própria segurança emocional na forma como lida com o seu salário. O que você realmente não faz é suprir as necessidades emocionais de seu cônjuge. Se porventura descobrir que a primeira linguagem do amor dele é realmente “Receber Presentes”, então talvez perceba que comprar presentes para ele, ou ela, é o melhor investimento que realizará! Você investirá em seu relacionamento e encherá o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge. Com o “tanque cheio”, ele ou ela corresponderá ao seu amor emocional em uma linguagem que você por certo entenderá. Quando as necessidades emocionais de ambos são supridas, o casamento toma uma dimensão totalmente nova. Não se preocupe com seus investimentos. Você sempre será um poupador, mas investir no amor de seu cônjuge será como comprar a ação mais cara da bolsa de valores.
O Presente da Presença
Existe um tipo de presente que é intangível e muitas vezes fala mais alto do que qualquer outro que você possa ter nas mãos. Eu o chamo de presente da sua presença, ou presente de si mesmo. Estar ao lado de seu cônjuge quando este precisa de você fala mais alto do que aquele cuja primeira linguagem é receber presentes. Jan disse-me certa vez:
— Meu marido Donald gosta mais de futebol do que de mim!
E eu então lhe perguntei:
Estávamos por volta de uns 12 mil metros de altitude, em algum lugar entre Buffalo e Dallas, quando o meu companheiro de viagem colocou a revista que lia na bolsa de seu banco, olhou em minha direção e perguntou:
— Que tipo de trabalho você faz?
— Sou conselheiro conjugai e dou seminários na área de família — respondi.
Ele me disse então que há muito tempo gostaria de fazer uma pergunta para um conselheiro conjugai, e aproveitaria para formulá-la a mim, naquela hora. E perguntou:
— O que acontece com o amor após o casamento? Desistindo de tentar tirar um cochilo, perguntei-lhe:
— O que exatamente você quer dizer?
— Bem, já me casei três vezes e em cada uma delas tudo era muito bonito até o enlace matrimonial. Em algum lugar, depois do sim, as coisas mudavam. Todo amor que eu imaginava que tinha por elas, e todo amor que elas pareciam ter por mim, evaporavam-se. Posso dizer que sou uma pessoa inteligente. Sou um empresário bem-sucedido nos meus negócios, mas não consigo entender o porquê dessa situação.
Continuamos, então, a conversar:
— Quanto tempo você ficou casado?
— O primeiro casamento durou cerca de dez anos. O segundo, três, e o último, seis anos.
— O amor evaporou-se imediatamente após o casamento, ou foi uma perda gradual?
— Bem, o segundo casamento já não deu certo desde o começo. Não entendi o que aconteceu. Pensei que nós realmente nos amávamos! No entanto, a lua-de-mel foi um desastre e depois disso jamais nos recuperamos. Tivemos um período de seis meses de namoro, um romance arrebatador. Estávamos realmente entusiasmados. Mas... foi só nos casarmos, para que nossa vida virasse uma batalha sem trégua. No primeiro casamento, tivemos uns três ou quatro anos bons, antes que o primeiro filho nascesse. Daí em diante ela deu toda sua atenção para a criança e parecia que não precisava mais de mim!
— Você disse isso a ela?
— Disse sim! Mas ela respondeu que eu estava maluco e não compreendia o que era ser uma babá 24 horas por dia. Reclamou, inclusive, que eu deveria ser mais compreensivo e ajudá-la mais. Eu tentei, mas parecia que não fazia diferença alguma. Daquela época em diante afastamo-nos ainda mais. Depois de certo tempo não havia mais amor, só indiferença. Concordamos que o nosso casamento se acabara.
— E seu último casamento?
— O meu último casamento? Eu realmente pensei que ele seria diferente! Já estava divorciado há três anos. Namorei 24 meses com minha esposa. Achei que realmente sabíamos o que fazíamos e pela primeira vez na vida senti que realmente amava alguém. Pensei que ela me amasse de verdade!
Ele prosseguiu:
— Acredito que jamais mudei depois do casamento. Continuei a dizer-lhe que a amava, da mesma forma que fazia antes de nos casarmos. Declarava o quanto ela era bonita e como estava orgulhoso de ser seu marido. Porém... apenas alguns meses após o casamento ela começou a reclamar. No início era de coisas pequenas, tais como o fato de eu não levar o lixo para fora ou não guardar minhas roupas. Depois, começou a agredir o meu caráter, ao dizer-me que não podia confiar em mim e acusou-me de ser-lhe infiel. Tornou-se totalmente negativista. Antes de nos casarmos ela nunca fora pessimista; pelo contrário, era uma das pessoas mais otimistas que já conheci. E essa foi uma das características que mais me atraiu nela. Ela jamais reclamava de alguma coisa. Tudo que eu fazia era maravilhoso. Bastou casarmo-nos, para que de repente eu não fizesse mais nada certo! Então gradativamente perdi meu amor por ela e fiquei magoado. Era óbvio que ela não me amava mais. Concordamos que não havia mais motivo para continuarmos juntos e nos separamos.
Ele fez uma pausa e continuou:
— Isso foi há um ano. Minha pergunta, então, é: O que acontece com o amor após o casamento? Minha experiência é algo comum? É por isso que temos tantos divórcios? Não dá para acreditar que isso tenha acontecido três vezes comigo! E aqueles que não se separam? Eles aprendem a viver com o vazio em seus corações, ou o amor permanece vivo em algum casamento? Se isso sucede, como é que acontece?
As perguntas feitas por meu companheiro de vôo são as mesmas realizadas hoje em dia por milhares de pessoas, sejam casadas ou divorciadas. Algumas são dirigidas a amigos, outras a conselheiros, a pastores, e outras apenas a si mesmos. Algumas respostas são dadas em vocabulário técnico de psicologia, e são simplesmente incompreensíveis. Outras vezes são levadas para o lado do humor. A maioria das piadas e frases contém alguma verdade, mas, de forma geral, é como oferecer aspirina a uma pessoa com câncer.
O desejo de ter-se um amor romântico no casamento está profundamente enraizado em nossa formação psicológica. A maioria das revistas populares possui pelo menos um artigo sobre como manter o amor vivo no casamento. Há uma infinidade de livros escritos sobre o mesmo tema. Televisão e rádio abordam esse assunto em programas e entrevistas. Manter o amor aceso em nossos casamentos é um assunto muito sério.
Mesmo com tantos livros, revistas e ajuda disponível, por que aparentemente tão poucos casais parecem ter descoberto o segredo de manter vivo o amor após o casamento? Por que um casal que assiste a um curso de comunicação e ouve as maravilhosas idéias de como melhorar o diálogo, volta para casa e não consegue colocar em prática os exercícios aprendidos? O que acontece, se depois de lermos um artigo do tipo “100 Formas de Expressar Amor a Seu Cônjuge” e colocarmos em prática umas três formas, que nos parecem mais adequadas, nosso cônjuge ainda assim não reconhece nosso esforço? — Desistimos das outras 97 formas e retornamos ao cotidiano de nossas vidas.
Devemos estar dispostos a
aprender a primeira linguagem
do amor de nossos cônjuges,
se quisermos comunicar o
amor de forma efetiva.
A resposta às perguntas anteriores é o propósito desta obra. Não desejo afirmar que todos os livros e artigos já publicados não ajudem. O problema é que não levamos em conta uma verdade fundamental: As pessoas falam diferentes linguagens do amor.
Na área da lingüística há alguns grandes grupos de idiomas: japonês, chinês, espanhol, inglês, português, grego, alemão, francês e outros. A maioria de nós aprende somente a língua de nossos pais e irmãos, nossa primeira linguagem, ou seja, nosso vernáculo. Mais tarde, podemos até aprender outros idiomas, mas em geral com mais dificuldade. Então surge o que chamamos de nossa segunda linguagem. Falamos e compreendemos melhor nossa língua nativa. Sentimo-nos mais confortáveis ao falá-la.
Mas quanto mais utilizarmos uma língua secundária, mais à vontade nos sentiremos para expressá-la. Se falarmos somente nosso idioma, e encontrarmos alguém que também só fale o seu (diferente do nosso), a comunicação entre nós será bem limitada. Será necessário apontar, murmurar, desenhar ou fazer mímica para comunicar a idéia que desejamos transmitir. Poderemos até nos entender, mas será uma comunicação bem rudimentar. As diferenças de linguagem fazem parte da cultura humana. Se quisermos ter um bom intercâmbio cultural, será necessário aprendermos a linguagem daquele com quem desejamos nos comunicar.
O mesmo acontece no âmbito do amor. Sua linguagem emocional e a de seu cônjuge podem ser tão diferentes quanto é o idioma chinês do inglês. Não importa o tanto que você se esforce para manifestar seu amor em inglês, se seu cônjuge só entende chinês; jamais conseguirão entender o quanto se amam.
O meu amigo do avião usava a linguagem das “palavras de afirmação” para sua terceira esposa quando disse a ela o quanto a achava bonita, o quanto a amava e o quanto se orgulhava de ser seu marido. Ele utilizava a linguagem do amor, e era sincero, mas ela não a entendia. Talvez ela procurasse o amor em seu comportamento, mas não o encontrou. Ser sincero não é o suficiente. Devemos estar dispostos a aprender a primeira linguagem de nosso cônjuge, se quisermos comunicar eficazmente o nosso amor.
Minha conclusão, após vinte anos de aconselhamento conjugai, é que existem, basicamente, cinco linguagens do amor. Em lingüística, um idioma pode ter inúmeros dialetos e variações. Semelhantemente, com as cinco linguagens emocionais básicas do amor, também há vários dialetos. Eles se encontram nos artigos das revistas, tais como: “Dez Formas de Demonstrar Amor à Sua Esposa”; “Vinte Maneiras de Segurar Seu Marido em Casa”; ou “365 Expressões do Amor Conjugal”. Não há dez, vinte, ou 365 linguagens básicas do amor. Em minha opinião, há somente cinco. No entanto, pode haver inúmeros dialetos. O número de formas de se expressar amor através da linguagem do amor é limitado apenas pela imaginação das pessoas. O mais importante é falar a mesma linguagem do amor de seu cônjuge.
Já se sabe há bastante tempo que no período da primeira infância uma criança desenvolve formas emocionais únicas. Por exemplo, há algumas que possuem um padrão muito baixo de auto-estima, ao passo que outras o têm muito elevado. Algumas desenvolvem padrões de insegurança, enquanto outras crescem sentindo-se seguras. Algumas se sentem amadas, queridas e apreciadas, e outras, mal-amadas, incompreendidas e desapreciadas.
As crianças que se sentem amadas por seus pais e amigos desenvolvem a linguagem do amor emocional, com base em sua formação psicológica única e também de acordo com a forma que seus pais e outras pessoas próximas lhe deram carinho. Elas falarão e entenderão sua primeira linguagem do amor. Mais tarde elas poderão aprender outras línguas para se comunicarem, mas sempre se sentirão mais confortáveis com o primeiro idioma que aprenderam. Crianças que não se sentem amadas por seus pais e amigos também desenvolverão uma primeira linguagem do amor.
O aprendizado dessa língua, porém, será distorcido e apresentará defeitos da mesma forma que alguém que recebe uma educação com falhas na gramática e desenvolve um vocabulário limitado. Essa limitação não significa que essas pessoas não venham a ser boas comunicadoras. Implica, sim, que terão de trabalhar mais diligentemente do que os que cresceram na atmosfera do amor saudável.
É muito raro que marido e mulher tenham a mesma primeira linguagem emocional do amor. Nossa tendência é falar nossas primeiras linguagens do amor e ficamos confusos quando nosso cônjuge não compreende o que desejamos comunicar. Expressamos nosso amor, mas a mensagem não chega compreensível porque, para eles, o que falamos é uma língua desconhecida. Aí se encontra o problema. O propósito deste livro é oferecer uma solução para esta questão. Por isso me empenhei em escrever esta obra sobre o amor. Uma vez que conheçamos as cinco linguagens básicas do amor e compreendamos a nossa própria, como também a de nosso cônjuge, então teremos a informação necessária para que coloquemos em prática as idéias dos outros livros e artigos.
Desde que você identifique e aprenda a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge, creio que terá descoberto a chave para um amor conjugai duradouro. O amor não pode evaporar-se após o casamento! Para mantê-lo vivo, a maioria de nós terá de aprender uma segunda linguagem do amor. Não podemos confiar somente em nossa língua pátria, se nosso cônjuge não a compreende. Se quisermos que ele compreenda o amor que lhe desejamos comunicar, devemos expressá-lo na primeira linguagem do amor.
2. Cultivando o Amor que Agradece
Amor é o vocábulo mais importante em qualquer idioma — e também o que mais gera confusão! Pensadores, tanto seculares quanto religiosos, concordam que este sentimento ocupa um papel central em nossa vida. Diz-se que “o amor é uma coisa esplendorosa” e “o amor faz o mundo girar”. Milhares de livros, músicas, revistas e filmes existem pela inspiração dessa palavra. Inúmeros sistemas filosóficos e teológicos estabeleceram um lugar de destaque para esse sentimento. E o fundador da fé cristã coloca o amor como a característica que deve distinguir seus seguidores.1
Psicólogos concluíram que sentir-se amado é a principal necessidade do ser humano. Por amor, subimos montanhas, atravessamos mares, cruzamos desertos e enfrentamos todo tipo de adversidade. Sem amor, montanhas tornam-se insuperáveis, mares intransponíveis, desertos insuportáveis e dificuldades avolumam-se pela vida afora. O apóstolo dos gentios, Paulo, exaltou o amor ao afirmar que qualquer ato humano não motivado por esse sentimento é em si vazio e sem significado. Concluiu que na última cena do drama humano, somente três características permanecerão: “fé, esperança e amor. Porém, a maior delas, é o amor”.2
Se concordarmos que a palavra amor permeia a sociedade humana, tanto no passado, como no presente, devemos admitir que também é uma das mais confusas. Nós a utilizamos em milhares de formas. Dizemos: “Eu amo cachorro quente!” e, numa outra frase: “Eu amo minha mãe!” Nós a usamos para descrever atividades que apreciamos: nadar, patinar e caçar. Amamos objetos: comida, carros e casas. Amamos animais: cachorros, gatos e até tartarugas. Amamos a natureza: árvores, grama, flores e estações. Amamos pessoas: mãe, pai, filhos, esposas, maridos e amigos. Chegamos até a nos apaixonar pelo próprio amor.
Como se isso tudo não fosse suficientemente confuso, também usamos a palavra amor para explicar determinados comportamentos: “Agi dessa forma porque a amo”. Essa explicação muitas vezes é dada como desculpa. Um homem que se envolve em adultério chama esse relacionamento de amor. O pastor, por sua vez, chama-o de pecado. A esposa de um alcoólatra recolhe os “pedaços” após o último “episódio” de seu marido. Ela chama essa atitude de amor; os psiquiatras, porém, tratam-na como co-dependente. Um pai que atende a todos os desejos de seu filho também chama essa atitude de amor. Um terapeuta familiar chamaria de paternidade irresponsável. O que é um comportamento amoroso?
O propósito deste livro não é o de desfazer a confusão que gira em torno deste sublime sentimento, mas focalizar aquele tipo de amor que é essencial a nossa saúde emocional. Psicólogos infantis afirmam que toda criança possui necessidades emocionais básicas que devem ser supridas para que se possa atingir uma estabilidade emocional. Entre elas, nenhuma é tão essencial quanto o amor, a afeição e a necessidade de alguém sentir que pertence a outro e é querido. Com um suprimento adequado de afeição, uma criança tornar-se-á um adulto responsável. Sem esse amor essencial, ele ou ela ficará emocional e socialmente atrofiado.
Logo que ouvi a metáfora que cito a seguir, gostei muito dela: “Dentro de cada criança há um ‘tanque emocional’ esperando para ser cheio com o amor. Se ela se sentir amada, desenvolver-se-á normalmente; porém, se seu “tanque de amor” estiver vazio, ela apresentará muitas dificuldades. Diversos dos problemas de comportamento de uma criança provêm do fato de seu ‘tanque de amor’ estar vazio”. Essa metáfora foi dada pelo Dr. Ross Campbell, um psiquiatra que se especializou no tratamento de crianças e adolescentes.
Enquanto eu o ouvia falar, pensei nas centenas de pais que, em meu escritório, desfilavam as inúmeras reclamações sobre seus filhos. Até então, eu nunca pensara em uma criança daquelas como um “tanque de amor” vazio, mas sem dúvida via os resultados dessa situação. Os problemas de comportamento apresentados eram uma forma de procurar o amor que não recebiam. Eles buscavam o amor nos lugares e nas formas erradas.
Lembrei-me de Ashley que aos treze anos de idade cuidava de uma doença sexualmente transmissível. Seus pais estavam chocados. Ficaram “uma fera” com a filha e também muito bravos com a escola, a qual culpavam por ensinarem sobre sexo. “Por que é que ela teve de fazer o que fez?”, perguntavam.
No âmago da existência do ser
humano encontra-se o desejo
de intimidade e de ser amado.
O casamento foi idealizado
para suprir essas necessidades.
Em minha conversa com Ashley, ela me falou do divórcio de seus pais quando tinha apenas seis anos de idade.
“Eu pensei que meu pai tinha ido embora porque não gostava de mim! Quando minha mãe casou-se novamente eu estava com dez anos de idade. Então pensei que ela já tinha quem a amasse, e eu não possuía ninguém. Eu desejava tanto ser amada por alguém! E então conheci esse garoto lá na escola. Ele era bem mais velho, mas gostava de mim! Eu não conseguia acreditar! Ele era muito gentil comigo e, por um tempo, acreditei que ele realmente gostava de mim. Eu não queria fazer sexo, mas desejava desesperadamente ser amada!”
O “tanque de amor” de Ashley ficou vazio durante muitos anos. Sua mãe e seu padrasto providenciavam tudo que ela necessitava em termos materiais, mas não perceberam a enorme carência emocional que havia dentro dela. Eles certamente a amavam e achavam que ela se sentia amada por eles. Já era quase tarde demais quando descobriram que não falavam a primeira linguagem do amor de Ashley.
A necessidade de alguém ser amado emocionalmente, no entanto, não é uma característica unicamente infantil. Ela nos segue pela vida adulta; inclusive no casamento. Quando nos apaixonamos, temporariamente essa necessidade é suprida, mas ela se torna um “quebra-galho” e, como acabamos descobrindo mais tarde, com duração limitada e até prevista. Após despencarmos dos píncaros da paixão, a necessidade emocional de ser amado ressurge porque é inerente à nossa natureza. Está no centro de nossos desejos emocionais. Precisamos do amor antes de nos apaixonar e continuaremos a necessitar dele enquanto vivermos.
A necessidade de sermos amados por nosso cônjuge está na essência dos anseios conjugais. Recentemente certo cidadão me disse:
“De que adianta ter mansão, carros, casa na praia e tudo o mais, se sua esposa não o ama?!”
Dá para entender o que ele realmente desejava dizer? Era:
“Mais do que tudo, eu desejo ser amado por minha esposa!”
As coisas materiais não podem substituir o amor humano e emocional. Uma esposa disse, certa vez:
“Ele me ignora o dia inteirinho, mas à noite quer fazer sexo comigo. Eu odeio isso!”
Ela não odeia sexo, mas precisa desesperadamente do amor emocional.
Alguma coisa em nossa natureza clama por ser amado ou amada. O isolamento é devastador para a psique humana. E por esse motivo que o confinamento é considerado a mais cruel das punições. No âmago da nossa existência há o íntimo desejo de sermos amados. O casamento foi idealizado para atingir essa necessidade de intimidade e de amor. Por esse motivo os antigos registros bíblicos dizem que o homem e a mulher tornam-se uma só carne. Isso não significa que as pessoas perderão suas identidades; quer dizer que ambos entrarão nas vidas um do outro, de forma íntima e profunda. O Novo Testamento desafia os maridos e as esposas a amarem-se mutuamente. De Platão a Peck os escritores têm enfatizado a importância do amor no casamento.
No entanto, esse amor que é tão importante, também é “escorregadio”. Tenho ouvido a confissão de muitos casais contando suas queixas secretas. Alguns chegam a mim porque a dor interior tornou-se praticamente insuportável. Outros, porque percebem que o comportamento que assumem perante as falhas do cônjuge poderá levar o casamento à destruição. Há também os que simplesmente vêm para falar que não querem mais continuar casados. Seus sonhos de “viverem felizes para sempre” espatifaram-se contra o duro muro da realidade. Repetidas vezes ouço as palavras:
“Nosso amor terminou. O relacionamento morreu. Sentíamo-nos próximos um do outro, mas agora isso não existe mais. Não apreciamos mais ficar juntos. Não nos completamos mais um ao outro.”
Essas histórias testificam que tanto os adultos como as crianças possuem “tanques de amor”.
Será que lá no interior de cada um desses casais machucados existe um indicador invisível de um “tanque” vazio? Será que esses comportamentos inadequados, separações, palavras duras e espírito crítico acontecem devido a esse “tanque” vazio? Se pudermos achar uma forma de enchê-lo, será que o casamento renasceria? O “tanque” cheio possibilitaria que os casais criassem um clima emocional onde seria possível discutir as diferenças e resolver os conflitos? Será que esse “tanque” é a chave para que um casamento perdure?
Essas perguntas levaram-me a uma longa viagem. Em plena estrada descobri os simples, porém poderosos pontos de vista registrados neste livro. Essa caminhada levou-me não somente através de mais de vinte anos de aconselhamento conjugai, mas também às mentes e corações de centenas de casais através da América do Norte. De Seattle a Miami, fui convidado a adentrar no recôndito do casamento de vários casais e conversamos francamente. As histórias apresentadas neste livro foram retiradas da vida real. Nomes e lugares foram trocados para proteger a privacidade das pessoas que falaram com toda a liberdade.
Estou convencido de que manter cheio o “tanque de amor” do casamento é tão importante quanto manter o nível do óleo em um automóvel. Levar um casamento com o “tanque de amor” vazio pode ser até mais difícil do que tentar dirigir um carro sem combustível. O que você descobrirá nesta obra tem o potencial para salvar milhares de casamentos, podendo também melhorar o clima emocional de um matrimônio que já esteja indo bem. Qualquer que seja a qualidade de seu casamento, sempre pode melhorar.
ADVERTÊNCIA: Compreender os cinco idiomas do amor e aprender a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge pode alterar completamente o comportamento dele. As pessoas relacionam-se de forma diferente quando seu “tanque de amor” está cheio.
Antes de examinarmos as cinco linguagens do amor, precisamos abordar um outro importante, porém confuso fenômeno: A eufórica experiência de apaixonar-se.
Notas
1. João 13.35
2. 1 Coríntios 13.13
3. Apaixonando-se
Ela entrou em meu escritório sem hora marcada e perguntou à minha secretária se poderia falar comigo durante cinco minutos. Eu conhecia Janice há muito tempo. Ela estava com 36 anos e nunca se casara. Havia namorado vários rapazes no passar dos anos: um deles durante seis anos, outro durante três e diversos por curtos períodos de tempo. De vez em quando ela marcava uma consulta comigo para conversar sobre alguma dificuldade específica que estivesse atravessando em algum de seus relacionamentos. Ela era, por natureza, uma pessoa disciplinada, consciente, organizada, reflexiva e cuidadosa. Era completamente fora de suas características aparecer em meu escritório sem ter hora marcada. Eu pensei: “Só alguma crise terrível faria Janice vir aqui sem marcar hora!” Então, eu disse à minha secretária que a deixasse entrar. Eu realmente esperava vê-la debulhada em lágrimas, contando-me alguma trágica experiência logo ao abrir a porta. No entanto, ela literalmente pulou para dentro da sala, gritando animadamente. Perguntei-lhe:
— Como vai, Janice?
— Ótima! Nunca estive melhor em toda minha vida! Vou me casar!
— É mesmo? (Eu disse demonstrando minha surpresa!)
— Com quem? Quando?
— Com David Gallespie, em setembro.
— Isso é maravilhoso! Há quanto tempo vocês estão namorando?
— Três semanas Sei que é loucura, Dr. Chapman, depois de ter namorado tantos outros e de tantas vezes ter chegado perto do casamento. Eu mesma não consigo acreditar, mas sei que o David é o rapaz certo para mim! Pela primeira vez, nós dois descobrimos isso juntos. É claro que não falamos sobre esse assunto na primeira vez que saímos, mas uma semana depois ele me pediu em casamento. Eu sabia que ele me pediria e eu aceitaria. Nunca me senti assim antes, Dr. Chapman. O senhor conhece os relacionamentos que tive nesses anos todos e as lutas que enfrentei. Em cada um deles, alguma coisa não dava certo. Nunca tive a certeza de que deveria me casar com algum deles, mas agora sei que David é a pessoa preparada por Deus!
Nesse momento Janice balançava-se para frente e para trás em sua cadeira, rindo e dizendo:
— Sei que parece loucura, mas estou tão feliz! Nunca estive tão feliz em toda minha vida.
O que acontecia com Janice? Ela estava apaixonada. Em sua mente, David era o homem mais maravilhoso que ela já conhecera. Ele era perfeito em todas as formas e também se tornaria o marido ideal. Ela pensava nele dia e noite. O fato de David já ter sido casado duas vezes, possuir três filhos e ter passado, somente no ano anterior, por três empregos diferentes, não lhe importava. Ela estava feliz e convencida de que seria feliz para sempre ao lado dele. Ela estava apaixonada.
A maioria de nós entra para o casamento pela porta do amor. Ocorre de conhecermos alguém que possui características físicas e marcas em sua personalidade que disparam nosso sistema de alerta. Os sinos tocam, e iniciamos o processo da descoberta de quem é aquela pessoa. No primeiro encontro pode ser servido um hambúrguer ou um belo churrasco, dependendo do nosso orçamento, mas nosso real interesse não é a comida. Entramos em uma empreitada para conhecer o amor. “Será que esse sentimento ardente, borbulhante dentro de mim pode ser algo real?”
Algumas vezes essas borbulhas desaparecem logo no primeiro encontro, ao descobrirmos que ela, ou ele, funga. Dessa forma, as borbulhas escorregam por nossos dedos e não queremos mais comer hambúrguer com aquela pessoa. Outras vezes, porém, as borbulhas aumentam mais ainda, após aquele lanche. Arrumamos vários outros encontros e, pouco tempo depois, o nível de intensidade chega a ponto de afirmarmos: “Acho que estou apaixonada (o)!” Pensando que o sentimento é algo real, contamos à outra pessoa esperando que isso seja recíproco. Se não é, as coisas dão uma esfriada, ou então redobramos nossos esforços para impressionar e acabamos, eventualmente, conquistando o amor de nosso (a) amado (a). Quando há reciprocidade começamos a falar sobre casamento, porque todos concordam que estar apaixonado é um alicerce necessário para se manter um bom casamento.
Nossos sonhos, antes de
nos casarmos, são de êxtase
conjugai... É difícil pensar-se
qualquer outra coisa, quando
estamos apaixonados.
Nesse patamar, estar apaixonado (a) é uma experiência eufórica. Um fica emocionalmente obcecado pelo outro. Dorme-se pensando nele (nela). Levanta-se e aquela pessoa é a primeira coisa que nos vem à mente. Ansiamos por estar juntos. Gastar tempo um com o outro é como estar na antecâmara do céu. Quando andamos de mãos dadas, é como se nossos corações batessem no mesmo compasso. Beijaríamos um ao outro para sempre, se não tivéssemos de ir à escola ou ao trabalho. O abraçar estimula sonhos de casamento e êxtase. O rapaz apaixonado tem a ilusão de que sua amada é perfeita. A mãe pode ver falhas, mas ele, não. A mãe diz:
— Querido, você já considerou o fato de que ela esteve em tratamento psiquiátrico durante cinco anos?
Ele, porém, replica:
— Oh, mãe, dá um tempo! Já faz três meses que ela está de alta.
Seus amigos também vêem algumas falhas, mas não se atrevem a dizer nada, a menos que ele peça, e as chances disso acontecer são inexistentes porque, em sua cabeça, ela é perfeita e o que os outros pensam, não lhe importa.
Nossos sonhos, antes de nos casarmos, são de êxtase conjugai:
— Vamos fazer um ao outro superfelizes. Outros casais podem discutir e brigar, mas isso não acontecerá conosco! Nós nos amamos.
Naturalmente, não ficamos de todo enganados. Sabemos, ao utilizar o racional, que teremos algumas diferenças. Porém, temos certeza de que conversaremos abertamente sobre elas, um de nós cederá e assim chegaremos a um denominador comum. É muito difícil pensar algo diferente quando se vive um clima de paixão.
Somos levados a acreditar que, se realmente estivermos apaixonados, esse amor durará para sempre. Os maravilhosos sentimentos dos quais partilhamos no momento nos acompanharão até o fim de nossas vidas. Nada se interporá entre nós. Estamos enamorados e aprisionados pela beleza e charme da personalidade um do outro. Nosso amor é a melhor coisa da qual já desfrutamos. Notamos que alguns casais chegaram a perder esse sentimento, mas isso nunca acontecerá conosco. Fazemos, portanto, a seguinte colocação:
“É possível que eles nunca tenham sentido um amor verdadeiro como o nosso!”
Infelizmente, a eternidade da paixão é uma ficção e não um fato. A psicóloga Dorothy Tennov desenvolveu longos estudos sobre este fenômeno. Após estudar os comportamentos entre os casais, ela concluiu que o tempo médio de extensão da obsessão romântica é de dois anos. Se a paixão foi um fruto proibido, talvez dure um pouco mais. Eventualmente, todos nós descemos das nuvens e pisamos com nossos pés em terra novamente. Nossos olhos abrem-se e passamos a enxergar as “verrugas” da outra pessoa. Descobrimos que alguns de seus traços de personalidade são realmente irritantes. Seus padrões de comportamento aborrecem-nos. Possuem também capacidade para machucar e irar-se, e utilizam também palavras duras e julgamentos críticos. Esses traços que não percebemos quando estávamos apaixonados tornam-se agora enormes montanhas. Então nos recordamos das palavras ditas por nossa mãe e perguntamos a nós mesmos: “Como pude ser tão tolo?”
Bem-vindos ao mundo real do casamento, onde fios de cabelo sempre estarão na pia e respingos brancos da pasta de dente estarão no espelho; discussões ocorrem por causa do lado de se colocar o papel higiênico: se a folha deve ser puxada por baixo ou por cima. E um mundo onde os sapatos não andam até o guarda-roupa e as gavetas não fecham sozinhas; os casacos não gostam de cabides e pés de meia somem quando vão para a máquina de lavar. Nesse mundo, um olhar pode machucar, uma palavra pode quebrar. Amantes podem tornar-se inimigos e o casamento um campo de batalha sem trégua.
O que aconteceu com a paixão? Que coisa! Foi uma ilusão que nos enganou e levou-nos a assinar nossos nomes na linha pontilhada... na alegria e na tristeza. Não é de se admirar que tantos amaldiçoem o casamento e o ex-cônjuge, a quem um dia amaram. Além disso, se fomos enganados, temos o direito de ficar bravos. Será que foi realmente amor? Acho que sim. O problema é que houve falta de informação.
A principal falha na informação é o falso conceito de que a paixão dura para sempre. Deveríamos saber disso. Uma simples observação é o bastante para concluirmos que, se as pessoas permanecessem obcecadas pela paixão, estaríamos em grandes apuros. As ondas da paixão iriam de encontro aos negócios, à indústria, à igreja, à educação e ao restante da sociedade. Por quê? Porque pessoas apaixonadas perdem o interesse nas outras coisas. Por esse motivo também chamamos a paixão de obsessão. O estudante colegial que entra em uma “paixão avassaladora”, vê suas notas despencarem. É difícil concentrar-se nos estudos quando se está apaixonado. Amanhã vai cair na prova a Segunda Guerra Mundial. Mas, quem se importa com essa guerra? Quando se está apaixonado (a), tudo o mais parece irrelevante. Um certo senhor me disse:
— Dr. Chapman, meu trabalho é estafante! Eu, então, lhe perguntei:
— O que você quer dizer com isso?
— Eu conheci uma garota, apaixonei-me por ela e desde então não consigo fazer mais nada! Não consigo concentrar-me no serviço. Fico o dia inteiro sonhando com ela!
A euforia do estado de paixão concede-nos a ilusão de que estamos em um relacionamento bem íntimo. Sentimos como se nos pertencêssemos um ao outro. Passamos a pensar que somos capazes de enfrentar qualquer problema que surja. Sentimo-nos altruístas em relação um ao outro. Um jovem disse a respeito de sua noiva:
“Não consigo nem pensar em fazer algo que a magoe. Meu único desejo é vê-la feliz!”
Essa obsessão dá-nos o falso sentimento de que nossas atitudes egocêntricas foram erradicadas e tornamo-nos um tipo de “Madre Teresa de Calcutá”, de tão desejosos que ficamos de fazer qualquer coisa para o bem de nosso (a) amado (a). A razão pela qual nos sentimos tão à vontade para fazer tais coisas, deve-se ao fato de sinceramente acreditarmos que a pessoa por quem estamos apaixonados sente o mesmo por nós. Cremos que ela também está comprometida em suprir nossas necessidades, e ama-nos tanto quanto a amamos e também nada fará para nos magoar.
Esse modo de pensar é realmente uma utopia. Não é que sejamos hipócritas quanto ao que pensamos e sentimos, mas estamos dominados por expectativas irreais. Cometemos um erro de avaliação da natureza humana. Normalmente somos egoístas. Nosso mundo resume-se em nós mesmos. Ninguém é inteiramente altruísta. A euforia da paixão é que estabelece essa ilusão.
Uma vez que a experiência da paixão siga seu rumo normal (é bom lembrar que, em média, a paixão dura por volta de uns dois anos), retornamos ao mundo real e começamos a nos impor. Ele expressa seus desejos, mas são diferentes dos dela. Ele deseja sexo, mas ela está muito cansada! Ele quer comprar um carro novo, mas ela diz que essa idéia é um absurdo. Ela quer visitar os pais, mas ele diz que não quer gastar tanto tempo com a família dela. Ele quer jogar futebol, mas ela diz:
— Você gosta mais de futebol do que de mim!!
Gradativamente a ilusão da intimidade dilui-se e os desejos individuais, as emoções, os pensamentos e os padrões de comportamento assumem seus lugares. Tornam-se duas pessoas. Suas mentes não se fundiram em uma só e suas emoções misturaram-se superficialmente no oceano do amor. Agora, então, as ondas da realidade começam a separá-los. Eles saem do domínio da paixão e nesse ponto muitos desistem e separam-se, divorciam-se e partem em busca de uma nova paixão; ou então desenvolvem o árduo trabalho de aprenderem a amar-se mutuamente sem a euforia da paixão.
A experiência da paixão não possui
enfoque em nosso próprio crescimento,
nem no crescimento e desenvolvimento
do cônjuge. Dificilmente também fornece
o senso de realização.
Alguns pesquisadores, entre eles o psiquiatra M. Scott Peck e a psicóloga Dorothy Tennov, chegaram à conclusão de que a experiência da paixão não deveria, de forma alguma, ser chamada de amor. Dr. Peck concluiu que o apaixonar-se não é amor verdadeiro, por três razões:
Primeira, apaixonar-se não é um ato da vontade nem uma escolha consciente. Não importa o quanto desejemos, não conseguimos apaixonar-nos voluntariamente. Por outro lado, mesmo que não busquemos essa experiência, ela pode, simplesmente, acontecer em nossa vida. Muitas vezes apaixonamo-nos no momento errado e pela pessoa errada!
Segunda, apaixonar-se não é amor verdadeiro porque não implica em nenhuma participação de nossa parte. Qualquer coisa que façamos apaixonados, requererá pouca disciplina e esforço. Os longos e dispendiosos telefonemas realizados, o dinheiro gasto em viagem para ficarmos juntos, os presentes, e todo trabalho envolvido, nada representam. Da mesma forma que os pássaros constroem instintivamente seus ninhos, a natureza da pessoa apaixonada impulsiona na realização de atos inusitados e não naturais, de um para com o outro.
Terceira, a pessoa apaixonada não está genuinamente interessada em incentivar o crescimento pessoal daquela por quem nutre sua paixão. “Se temos algum propósito em mente ao nos apaixonarmos, é o de terminar nossa própria solidão e, talvez, assegurar essa solução através do casamento”.1 A paixão não se focaliza em nosso crescimento pessoal e nem tampouco no da outra pessoa amada. Pelo contrário, a sensação é a de que já se chegou onde se deveria alcançar e não é necessário crescer mais. Encontramo-nos no ápice da felicidade e nosso único desejo é continuar lá. E nosso (a) amado (a), naturalmente, também não precisa mais crescer, pois já é perfeito (a). Esperamos somente que ele (ela) mantenha essa perfeição.
Se apaixonar-se não é amor, então o que é? Dr. Peck afirma: “E um componente instintivo e geneticamente determinado do comportamento de acasalamento. Em outras palavras, um colapso temporário das reservas do ego que constituem o apaixonar-se; é uma reação estereotipada do ser humano a uma configuração de tendências sexuais internas e estimulações sexuais externas, as quais designam-se ao crescimento da probabilidade da união e elo sexual, tendo em vista a perpetuação da espécie”.
Quer concordemos ou não com essa conclusão, os que dentre nós se apaixonaram e também saíram desse estado de paixão, concluirão que essa experiência arremessa-nos a uma órbita emocional diferente de qualquer outra que porventura experimentamos. A tendência é o rompimento com a nossa razão, o que nos leva a fazer e a dizer coisas que nunca faríamos, ou diríamos em momentos de maior sobriedade. De fato, quando saímos desse estado de paixão, questionamos como pudemos ter feito tais coisas. Quando a onda da emoção passa e voltamos ao mundo real, onde as diferenças são notórias, quantos de nós fizeram para si a pergunta:
“Por que me casei? Não combinamos em nada!” No entanto, quando estávamos no auge da paixão, pensávamos que combinávamos em tudo — pelo menos, em tudo que era importante.
Isso significa que, por termos sido “fisgados” dentro da ilusão da paixão, encontramo-nos agora frente a duas opções: 1 — estamos destinados a uma vida miserável com nosso cônjuge, ou 2 — devemos nos separar e tentar novamente? Nossa geração tem optado pela última decisão, ao passo que a anterior escolheu a primeira. Antes de concluirmos automaticamente o fato de que fizemos a melhor escolha, devemos examinar os dados. Atualmente, 40% dos primeiros casamentos, nos Estados Unidos, terminam em divórcio; 60% dos segundos e 75% dos terceiros, também. Pelo que se pode ver, a perspectiva de um segundo e terceiro casamentos felizes, não é muito atingida.
As pesquisas realizadas parecem indicar que existe uma terceira e melhor alternativa: reconhecer que a paixão é o que é — um pico emocional temporário — e então desenvolver o amor verdadeiro com nosso cônjuge. Esse tipo de sentimento é de natureza emocional, mas não obsessivo. É o amor que une razão e emoção. Envolve um ato da vontade e requer disciplina, pois reconhece a necessidade de um crescimento pessoal. Nossa necessidade emocional básica não é apaixonar-se, mas ser genuinamente amado (a) pelo outro; é conhecer o amor que cresce com base na razão e na escolha e não no instinto. Preciso ser amado por alguém que escolheu me amar, que vê em mim algo digno de ser amado.
Esse tipo de amor requer esforço e disciplina. É a escolha que fazemos de gastar nossa energia em benefício da outra pessoa, sabendo que, se sua vida é enriquecida por nosso esforço, também nos sentimos satisfeitos — a satisfação de termos realmente amado alguém. Não exige a euforia na experiência da paixão. Para falar a verdade, o amor verdadeiro não começa enquanto a experiência da paixão não tiver seguido seu curso.
Amor racional, volitivo,
é o tipo de amor para o qual
os sábios nos conclamam.
Não se deve levar em consideração os atos de bondade praticados por alguém que se encontre sob a influência da paixão obsessiva. Uma força instintiva impulsiona e suscita ações que vão além do comportamento normal. Porém, um retorno ao mundo real onde se inclui a escolha humana, permite optarmos por sermos gentis e generosos, o que é o amor verdadeiro.
A necessidade emocional de amor deve ser suprida se formos emocionalmente saudáveis. Adultos casados desejam sentir-se amados por seus cônjuges. Sentimo-nos seguros quando nossos companheiros aceitam-nos, desejam-nos e estão comprometidos com nosso bem-estar. Durante o estágio da paixão sentimos todas essas emoções. É fantástico enquanto dura. Nosso erro é achar que ela nunca acabará.
Essa obsessão, no entanto, não dura para sempre. Se equipararmos o casamento a um livro, poderemos compará-lo à introdução do mesmo. O âmago desta obra é o amor racional e volitivo. Esse é o tipo para o qual os sábios sempre nos conclamam. E um amor intencional.
Essa é uma boa notícia aos casais que perderam seus sentimentos de paixão. Se o amor é uma opção, então eles possuem a capacidade de amar após a experiência da paixão haver passado e regressarem ao mundo real. Esse tipo de amor inicia-se com uma atitude — o modo de pensar. Amor é a atitude que diz: “Sou casado (a) com você e escolho lutar pelos seus interesses!” Então, os que optam por amar encontrarão formas apropriadas para demonstrar essa decisão.
Alguém pode comentar: “Isso parece tão estéril! Amor como uma atitude e com um comportamento apropriado? Onde estão as estrelas cadentes e as fortes emoções? Onde ficam a ansiedade do encontro, a piscada de olho, a eletricidade do beijo e o entusiasmo do sexo? E a segurança emocional de se saber que ocupamos o primeiro lugar na mente da outra pessoa?”
Este livro é exatamente sobre isso. Como suprir as profundas necessidades de amor de uma pessoa? Se aprendermos e optarmos por isso, então o amor que compartilharmos tornar-se-á melhor do que qualquer coisa que possamos sentir enquanto dominados pela paixão.
Durante vários anos tenho compartilhado o conceito das cinco linguagens do amor em meus seminários e nas sessões de aconselhamento. Milhares de casais atestarão a validade do que você descobrirá através desta leitura. Meus arquivos estão lotados de cartas de pessoas com quem nunca me encontrei, dizendo: “Um amigo meu me emprestou uma de suas fitas sobre ás linguagens do amor e sua mensagem revolucionou meu casamento. Tínhamos tentado há anos amar-nos, mas não conseguíamos. Agora que falamos as linguagens adequadas do amor, o clima emocional de nosso casamento tem melhorado muito!”
Quando o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge está cheio e ele se sente seguro de seu amor, o mundo todo fica mais claro e ele caminha para atingir o mais alto potencial de sua vida. Porém, quando este “reservatório” está vazio e ele se sente usado e não amado, o mundo todo parecerá escuro e não conseguirá utilizar seu potencial de vida. Nos próximos cinco capítulos explicarei as cinco primeiras linguagens emocionais do amor e então, no de número 9, ilustrarei como descobri-las, pois podem tornar seu esforço de amar mais produtivo.
Notas:
1. M. Scott Peck, The Road Less Travelled (A Estrada Menos Percorrida) (New York: Simon & Schuster, 1978), pp. 89,90.
2. Ibid., p. 90
4. A Primeira Linguagem do Amor: Palavras de Afirmação
Mark Twain disse certa vez: “Um bom elogio pode me manter vivo durante dois meses”. Se tomarmos suas palavras ao pé da letra, seis elogios por ano manteriam seu “tanque do amor” em nível operacional. Sua esposa, porém, provavelmente precisará de mais do que isso.
Uma forma de se expressar o amor emocional é utilizar palavras que edificam. Salomão, um dos escritores da Bíblia, escreveu: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.1 Muitos casais nunca aprenderam o tremendo poder de uma afirmação verbal mútua. Mais tarde, este rei acrescentou: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra”.2
Elogios verbais e palavras de apreciação são poderosos comunicadores do amor. São os melhores comunicados em forma de expressão direta e simples, como:
“Você ficou tão elegante com esse terno!” “Você está muito bem com esse vestido!” “Ninguém faz essas batatas melhor que você!”
“Querido, muito obrigada por ter lavado a louça para mim esta noite!”
“Muito obrigada por pagar mais um dia da faxineira esta semana. Quero que saiba que estou realmente grata!”
“Muito obrigado por ter feito um jantar tão gostoso!”
O que deverá acontecer ao clima emocional do casamento se o marido e a mulher ouvirem essas palavras de afirmação regularmente?
Anos atrás eu estava em meu escritório com a porta aberta quando uma senhora apareceu de repente e perguntou:
— O senhor tem um minuto?
— Sim, claro — respondi. Ela se sentou e disse:
— Dr. Chapman, estou com um problema. Não consigo fazer com que meu marido pinte o nosso quarto. Já faz nove meses que lhe peço diariamente, mas não tem adiantado. Já tentei tudo o que podia, mas não há jeito.
Meu primeiro pensamento foi: “Minha senhora, parece que você bateu na porta errada. Não temos pintores aqui”. No entanto, virei-me para ela e disse:
— Fale-me sobre isso. E ela começou a contar:
— Bem, sábado passado foi um grande exemplo. Lembra-se como o dia estava lindo? Sabe o que meu marido fez o dia inteiro? Lavou e encerou o carro.
— E o que a senhora fez?
— Fui à garagem e disse:
— Bob, não consigo entendê-lo. O dia hoje está perfeito para pintar o quarto e você está aqui lavando e encerando o carro!
— E seu comentário deu certo? Ele foi pintar o quarto?
— Não. O quarto encontra-se do jeito que estava, sem pintura. Não sei mais o que fazer!
— Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: A senhora é contra carros limpos e encerados?
— Não, mas quero que meu quarto seja pintado!
— A senhora tem certeza de que seu marido sabe que a senhora gostaria que ele pintasse o quarto?
— Estou plenamente convicta. Tenho pedido isso a ele durante nove meses.
— Deixe-me fazer-lhe mais uma pergunta: Seu marido faz alguma coisa bem feita?
— Como o quê?
— Coisas como recolher o lixo, limpar os vidros de seu carro, colocar combustível no automóvel, pagar a conta de luz, ajudá-la a vestir um casaco, etc.
— Sim, ele faz muito bem algumas dessas coisas.
— Então, tenho duas sugestões. Primeira, nunca mais mencione a pintura do quarto. Esqueça e jamais fale com ele sobre isso.
Ela olhou para mim e disse:
— Não vejo em que isso pode ajudar!
O objetivo do amor não é
você conseguir algo que deseje, mas fazer
alguma coisa pelo bem-estar daquele a
quem ama. No entanto, é fato que,
quando recebemos elogios, dispomo-nos
mais a retribuir a gentileza recebida.
— Escute, você acabou de dizer que ele já sabe qual é o seu desejo: gostaria que ele pintasse o quarto. Não é mais preciso dizer-lhe isso. Ele já sabe. A segunda sugestão é a seguinte: na próxima vez que seu marido fizer alguma coisa bem feita, expresse isso a ele verbalmente, elogiando-o. Se ele levar o lixo para fora, diga-lhe algo como “Bob, quero que você saiba que sou muito grata por ter levado o lixo para fora”.
— Não diga jamais:
“Se demorasse mais para levar esse lixo para fora, as moscas fariam isso por você!”
— Quando ele pegar as contas para pagar, diga algo como:
“Obrigada por pagar nossas contas; há maridos que não fazem isso e quero que saiba que sou realmente muita grata!”
— Todas as vezes que ele fizer algo de bom, elogie-o.
— Não vejo como isso pode fazer com que ele pinte o quarto!
— A senhora pediu meu conselho, eu o dei. Faça como achar melhor!
Ela não estava muito satisfeita comigo quando foi embora. Três semanas mais tarde ela voltou a meu escritório e disse:
— Deu certo!
Ela aprendeu que as palavras elogiosas são realmente motivadoras.
Não sugiro que use de bajulação para conseguir o que deseja de seu cônjuge. O objetivo do amor não é obter o que se quer, mas fazer algo pelo bem-estar daquele a quem se ama. É verdade, porém, que ao recebermos palavras elogiosas, de afirmação, tornamo-nos mais motivados a sermos recíprocos e a fazermos algo que nosso cônjuge deseje.
Palavras Encorajadoras
Elogio verbal é uma, entre as muitas formas de se expressar palavras de afirmação ao seu cônjuge. Outra maneira: as palavras encorajadoras. O termo encorajar significa “inspirar coragem”. Em determinadas fases da vida todos nós nos sentimos inseguros. Não possuímos a coragem necessária, e esse medo impede-nos de realizarmos certos atos positivos que gostaríamos de concretizar. O potencial latente de seu cônjuge, nestas áreas de instabilidade, talvez espere suas palavras de encorajamento.
Allison sempre gostou de escrever. Mais tarde, na faculdade, fez alguns cursos de jornalismo. Percebeu rapidamente que seu entusiasmo em redigir superava, em muito, seu interesse pela História, que fora sua matéria predileta. Já era muito tarde para que mudasse de faculdade mas, após se formar e antes de seu primeiro filho, ela escreveu vários artigos. Apresentou um deles à redação de uma revista; porém, como não foi aceito, não teve mais coragem de tentar novamente em outro lugar. Agora, com os filhos já mais velhos e, com um pouco mais de tempo, ela resolveu voltar a escrever.
O marido de Allison, Robert, prestara pouca atenção nos artigos dela nos primeiros anos de casamento. Ele se ocupara com sua própria carreira, pois desejava galgar todos os degraus de sua empresa. Ainda em tempo, Robert percebeu que o real significado da vida encontrava-se não em realizações, mas nos relacionamentos. Ele aprendeu a dar mais valor para Allison e aos interesses dela. Nesse ritmo, foi natural que, em uma das noites, ele pegasse um dos artigos escritos por sua esposa e o lesse. Ao terminar ele se dirigiu para onde Allison lia um livro. Muito entusiasmado, ele disse:
— Desculpe interromper sua leitura, mas eu tenho que lhe dizer uma coisa: Acabei de ler seu artigo “Aproveite seu Feriado”. Allison, você é uma excelente escritora. Esta matéria precisa ser publicada. Você escreve de forma clara e usa palavras que faz com que o leitor consiga visualizar o que se relata. Seu estilo é fascinante. Você tem de levar este artigo para algumas revistas.
— Você acha realmente? — ela perguntou um pouco hesitante.
— Acho sim! Seu material é muito bom mesmo!
Quando Robert saiu da sala, ela não continuou sua leitura. O livro ficou aberto em seu colo e ela sonhou acordada durante meia hora sobre o que o marido acabara de falar. Quis saber se outras pessoas veriam seu artigo da mesma forma que seu esposo o observara. Lembrou-se de quando lhe passaram um fax agradecendo, porém dispensando seu artigo. Mas agora era diferente. Seus textos estavam melhores. Ela havia amadurecido. Antes que levantasse para pegar um copo d’água, tomou uma decisão. Levaria seus artigos para a apreciação de algumas revistas. Iria atrás da possibilidade deles serem publicados.
As palavras encorajadoras de Robert foram pronunciadas há catorze anos. Allison já possui vários artigos publica-
dos desde então, e agora já tem um contrato para escrever. É uma excelente escritora. Porém, foram as palavras encorajadoras de seu marido que a inspiraram e impulsionaram a dar o primeiro passo no árduo processo de ter um artigo publicado.
Talvez seu cônjuge possua alguma qualidade que tenha grande potencial, mas se encontra adormecida. Aquela capacidade talvez aguarde suas palavras encorajadoras. Quem sabe seja preciso que ele (ela) se matricule em algum curso para desenvolver esse potencial. Talvez seja necessário que ele (ela) se encontre com alguém da área em questão, para pegar algumas dicas do próximo passo a ser dado. Suas palavras podem dar a seu cônjuge a coragem necessária para ele ir atrás de seu sonho.
Por favor, perceba que não falo para pressionar seu cônjuge a fazer alguma coisa que você queira que ele realize. Oriento sobre como encorajá-lo a desenvolver alguma aptidão que ele já possua. Por exemplo, alguns maridos pressionam suas esposas a fazer regime. Eles dizem que as encorajam, mas elas sentem isso como uma condenação. Somente quando a pessoa, por si, decide perder peso, é que você deve encorajá-la. Até que parta dela o desejo, suas palavras pesarão como um sermão. É muito raro esse tipo de discurso encorajador, pois soa mais como julgamento, destinado a estimular a culpa. Não expressa amor, mas rejeição.
Encorajamento requer empatia
que nos leva a enxergar o mundo segundo
a perspectiva de nosso cônjuge.
Devemos, em primeiro lugar, procurar
saber o que é importante para ele.
Se, no entanto, seu cônjuge lhe disser: “Estou pensando em fazer uma dieta neste verão!” Aí, então, você terá a oportunidade de transmitir-lhe palavras encorajadoras, algo como: “Se você fizer isso, posso dizer-lhe que será um sucesso! Essa é uma das coisas que gosto em você. Quando coloca algo na cabeça, dá um jeito de fazê-lo. Se isso é o que realmente deseja, farei o que puder para ajudá-lo (a). E não se preocupe com o preço do tratamento, pois daremos um jeito em relação ao dinheiro”. Tais palavras poderão dar coragem para que seu cônjuge ligue à clínica que promove aquela dieta.
Encorajamento requer empatia que nos leva a ver o mundo da perspectiva de nosso cônjuge. Devemos, primeiramente, aprender o que é importante para ele (ela). Aí, então, seremos capazes de encorajá-lo (a). O encorajamento verbal comunica: “Eu sei. Eu me preocupo. Estou do seu lado. Como posso ajudá-lo?” É uma forma de dizer que acreditamos nele (a) e em suas habilidades. É dar crédito e louvor.
A maioria de nós possui mais potencial do que poderíamos imaginar que tivéssemos. O que nos segura é, na maioria das vezes, a falta de coragem. Um cônjuge amoroso pode ser um importante catalisador. É natural que seja difícil elaborar e dizer palavras encorajadoras. Talvez não seja sua primeira linguagem. Pode ser que, para você, seja necessário grande esforço para aprender a falar essa segunda língua. Isso será especialmente difícil se você tem um padrão de palavras críticas e condenatórias. Porém, posso assegurar-lhe que seu esforço será recompensado.
Palavras Bondosas
O amor é esplendoroso. Se desejamos comunicá-lo de forma verbal devemos utilizar palavras bondosas. Isso tem a ver com a forma através da qual nos expressamos. Uma mesma sentença pode ter dois diferentes significados, dependendo de como ela é apresentada. A frase “Eu amo você”, quando dita com bondade e ternura, pode ser uma genuína expressão de amor. O que dizer da mesma frase dita da seguinte forma: “Eu amo você?” O ponto de interrogação muda todo o significado. Algumas vezes nossas palavras dizem uma coisa, mas o tom de voz afirma outra completamente diferente. Enviamos mensagens dúbias. Nosso cônjuge, geralmente, interpretará a mensagem que lhe enviarmos com base na tonalidade da voz e não nas palavras que usarmos. A frase: “Eu faço questão de lavar a louça hoje a noite!”, dita em tom de voz cavernosa, não será recebida como uma expressão de amor. Por outro lado, podemos compartilhar mágoa, dor e mesmo raiva, de maneira meiga, e aquela mensagem ser uma manifestação de amor. Por exemplo: “Fiquei desapontada e magoada por você não haver se oferecido para me ajudar esta noite!”, dita de forma honesta, gentil, pode ser uma expressão de amor. A pessoa que fala quer ser conhecida por seu cônjuge. Ao compartilhar seus sentimentos dará um passo para aumentar a intimidade entre ambos. Solicitará uma oportunidade para conversar sobre uma dor, a fim de curá-la. A mesma palavra dita em voz alta, irritada, não será uma expressão de amor, mas sim de condenação e julgamento.
A maneira como falamos é extremamente importante. O rei Salomão disse com toda sabedoria: “A resposta branda desvia o furor”. Quando seu cônjuge estiver bravo, deprimido e disser palavras agressivas, se você optar em permanecer gentil, não somente deixará de responder agressivamente, mas usará palavras brandas. Receba o que ele diz como uma comunicação de seu estado emocional. Permita que ele externe sua ira, raiva e sua percepção da situação. Procure enxergar de seu ponto de vista e então expresse de forma bondosa e gentil sua opinião sobre o porquê dele (a) se sentir daquela forma.
Se você entender errado o motivo da alteração de suas emoções, reconheça o erro e peça perdão. Se a sua motivação for diferente da que ele percebe, explique-a de forma gentil. Você deverá procurar a compreensão e reconciliação e não provar seu ponto de vista como a única forma lógica para explicar o ocorrido. Isso é amor maduro, o tipo que devemos aspirar se buscarmos o crescimento em nossos casamentos.
O amor jamais registra uma lista de erros. Ele não traz à tona fracassos passados. Nenhum de nós é perfeito. No casamento, nem sempre fazemos o melhor ou o mais certo. Faze- mos e dizemos coisas duras a nossos cônjuges. Também jamais apaguemos o passado. Devemos confessar e concordar que agimos mal. Peçamos perdão e tentemos agir diferentemente no futuro. Após confessar a falta e solicitar o perdão, não poderei fazer mais nada para aliviar a dor causada a meu cônjuge. Quando erro com minha esposa e ela expressa que foi magoada e sugere que eu peça perdão, preciso fazer uma escolha: justiça ou perdão. Se eu escolher a justiça e tentar compensá-la, ou então fazê-la pagar por seu ato errado, farei de mim mesmo um juiz e ela uma ré. A intimidade torna-se impossível de ser restaurada. O perdão é o caminho do amor. Fico admirado como há pessoas que misturam o dia de hoje com o de ontem. Insistem em trazer para o presente os fracassos do passado e, ao fazerem isso, estragam um dia potencialmente maravilhoso.
“Não posso acreditar que você tenha feito isso!’’ “Não sei se algum dia poderei esquecer isso!” “Você não tem a menor idéia de como me magoou!” “Não entendo como você pode ficar aí sentado (a) tão tranqüilo (a) depois de ter me tratado dessa maneira!”
“Você deveria se ajoelhar e implorar o meu perdão!” “Não sei se conseguirei perdoá-lo (la)!” Essas frases não são de amor, mas de amargura, ressentimento e vingança.
Se desejamos desenvolver um
relacionamento precisamos saber quais
são os desejos da pessoa amada.
Se queremos amar um ao outro,
precisamos saber como fazê-lo.
A melhor coisa que podemos fazer com os fracassos do passado é torná-los em simples história. Sim, eles ocorreram, e certamente machucaram. E talvez ainda magoem, mas ele reconheceu seu erro e pediu o seu perdão. Não conseguimos apagar o passado, mas podemos aceitá-lo como experiência de vida. Vivamos o dia de hoje livres das mágoas anteriores.
O perdão não é um sentimento, mas um compromisso. É a opção de se mostrar misericórdia e não de se jogar a ofensa no rosto do ofensor. Perdão é uma expressão de amor.
“Amo você. Preocupo-me com você e decido perdoá-lo (la). Mesmo que eu continue ainda por um tempo a sentir-me machucado (a), não permitirei que o ocorrido interponha-se entre nós. Espero que aprendamos com essa experiência. Você não é um fracassado porque teve um fracasso. Você é meu marido (esposa) e juntos continuaremos nossa caminhada.”
Estas são palavras de afirmação, ditas no dialeto de palavras gentis.
Palavras Humildes
O amor faz solicitações, não imposições. Quando dou ordens a meu cônjuge, torno-me pai (mãe) e ele (ela) filho (a). O pai diz ao filho de três anos o que ele deve fazer, ou melhor, o que ele precisa realizar. Isso é necessário porque uma criança nesta idade ainda não sabe como navegar nas traiçoeiras águas da vida. No casamento, no entanto, somos iguais, parceiros adultos. Não somos perfeitos, mas adultos e parceiros. Se vamos desenvolver um relacionamento íntimo, precisamos conhecer os desejos um do outro. Se queremos amar um ao outro, precisamos saber o que ele (ela) pretende.
No entanto, a forma como expressamos esses desejos é muito importante. Se os colocamos como ordens, eliminamos as possibilidades da intimidade e afugentamos nosso cônjuge. Se, no entanto, expressarmos nossas necessidades e desejos como pedidos, apontaremos um caminho, mas não empurraremos ninguém para ele. O marido que diz: “Querida, sabe aquela torta de maçã deliciosa que você faz? Será que poderia preparar uma esta semana? Eu amo aquela sobremesa!”, concederá uma dica de como ela pode expressar-lhe amor e, dessa forma, ambos crescerão em intimidade. Por outro lado, o esposo que diz: “Desde que nosso filho nasceu, você nunca mais fez aquela torta de maçã. Pelo jeito, vou ficar sem comê-la por mais uns 18 anos”, deixou de ser adulto e tornou a comportar-se como um adolescente. Tais reclamações não constroem a intimidade.
A esposa que diz: “Será que você poderia limpar a calha este final de semana?”, expressa amor ao fazer uma pergunta, um pedido. Porém, a que diz: “Se você não der um jeito de limpar logo essa calha, ela vai acabar despencando do telhado. Já existem brotos de árvore nela e espalham-se por todos os lados!”, não demonstra amor, mas sim torna-se uma mulher dominadora.
Quando alguém faz um pedido a seu cônjuge, afirma as habilidades dele. Faz entender que ele (ela) possui, ou pode fazer algo, que é significativo ou valioso para o outro. No entanto, quando dá ordens, torna-se um tirano. Seu cônjuge não se sentirá afirmado, mas diminuído. O pedido implica no elemento escolha. Seu parceiro pode atender ou não o seu pedido, porque o amor é sempre uma decisão. É isso que o torna significativo. Saber que meu cônjuge ama-me a ponto de atender meu pedido comunica emocionalmente que ele (ela) se importa comigo, respeita-me, admira e deseja fazer algo que me agrade. Não há como desenvolver o amor emocional através de intimações. Meu cônjuge talvez obedeça às minhas ordens, mas isso não será uma expressão de seu amor. Será uma forma de medo, culpa ou de alguma outra emoção, mas jamais de amor. Então, um pedido cria uma oportunidade de se expressar amor, ao passo que uma ordem sufoca essa possibilidade.
Dialetos Variados
Palavras de Afirmação são uma das cinco linguagens básicas do amor. Dentro desse idioma, no entanto, há vários dialetos. Já falamos sobre alguns, mas ainda há muitos outros. Diversos livros e artigos já foram escritos sobre esse tema. Todos eles têm em comum o uso de palavras que afirmam o cônjuge. O psicólogo William James diz que, possivelmente, a mais profunda necessidade humana é a de ser apreciado (a). Palavras de Afirmação poderão suprir essa necessidade em muitas pessoas.
Se você não é um homem, ou mulher que gosta de expressar palavras amorosas; se essa não é sua primeira linguagem mas acha que é a de seu cônjuge, sugiro que adquira uma caderneta e chame-a de “Palavras de Afirmação”. Quando você ler um artigo ou um livro romântico, escreva ali algumas palavras de afirmação que tenha gostado. Quando assistir a alguma palestra sobre amor, ou ouvir algum amigo dizer alguma coisa positiva sobre outra pessoa, anote. Com o tempo você terá colecionado uma lista de palavras para serem usadas ao transmitir amor a seu cônjuge.
Outra coisa que se deve fazer é pronunciar palavras de afirmação de forma indireta, ou seja, dizer algo positivo sobre seu cônjuge, mesmo na ausência dele. Eventualmente, alguém transmitirá a ele (ela) o que você disse; e assim ganhará os bônus do amor. Diga a sua sogra que a filha dela é sensacional. Possivelmente, quando ela contar isso a sua esposa, com certeza aumentará alguma coisa e você acabará ganhando mais crédito. Também elogie seu cônjuge na frente dos outros quando ele, ou ela, estiver presente. E quando você for o alvo do elogio, certifique-se de repartir o crédito com seu cônjuge.
Há muitas outras formas de se dizer palavras de afirmação, entre elas, escrevê-las. Frases escritas têm a vantagem de serem lidas várias vezes.
Aprendi uma lição muito importante sobre palavras de afirmação e linguagens do amor em Little Rock, Arkansas. Minha visita a Bill e Betty Jo ocorreu em um belo dia da primavera. Eles moravam em um condomínio fechado, em uma casa com uma gradinha na frente, um gramado bem verde no jardim e canteiros de viçosas flores. Era uma visão idílica. Ao entrar, porém, percebi que o clima interior era bem diferente. O casamento deles desmoronara. Após vinte anos de matrimônio e possuidores de duas lindas crianças, perguntavam-se, primeiramente, por que haviam se casado. Discordavam de tudo. A única coisa com que concordavam é que ambos amavam os filhos. Ao desenrolar sua história, percebi que Bill era muito dedicado ao seu trabalho e muito pouco tempo oferecia a Betty Jo, sua esposa, a qual trabalhava meio período, possivelmente para não permanecer dentro de casa. A forma de convivência entre os dois era a de evitarem estar juntos. Tentavam ficar longe um do outro para que seus conflitos não assumissem proporções maiores. O ponteiro do mostrador do “tanque de amor” de cada um deles apontava para o termo “vazio”.
Disseram que já tinham procurado aconselhamento; porém, em nada adiantara. Eles assistiriam ao meu seminário sobre casamento e eu partiria no dia seguinte. Aquele, portanto, seria meu único encontro com Bill e Betty. Resolvi, então, “colocar todos os ovos em uma cesta só”.
Gastei uma hora em particular com cada um. Ouvi atentamente as versões de suas histórias. Percebi que, apesar do vazio existente no relacionamento deles e do desacordo reinante naquela convivência, havia certas coisas que apreciavam um no outro. Bob disse-me:
“Ela é uma boa mãe, uma excelente dona de casa e uma eximia cozinheira... quando resolve cozinhar. Porém, não demonstra a menor afeição por mim. Trabalho feito um louco e simplesmente não há por parte dela o menor reconhecimento”.
Em minha conversa com Betty ela concordou que Bill era um excelente provedor. Ela, no entanto, reclamou:
“Ele não move uma palha para me ajudar em casa e nunca tem tempo para mim. O que adianta ter esta casa, o carro novo e todas as outras coisas se não podemos curti-los juntos?”
Obtive mais informações e então decidi focalizar meu aconselhamento em dar a mesma sugestão para cada um. Disse a Bob e a Betty Jo separadamente que eles possuíam a chave para mudar o clima emocional do casamento. Eu lhes afirmei:
“Essa chave é expressar a apreciação pelas coisas que gosta nele (nela) e, no momento, suspender as reclamações sobre o que não se agrada.”
Repassei com eles os comentários positivos que fizeram um do outro e ajudei-os a fazer uma lista desses traços positivos. A relação de Bill focalizava as atividades de Betty Jo como boa mãe, excelente dona de casa e exímia cozinheira. A lista de Betty Jo registrava a dedicação de Bill ao trabalho e sua provisão financeira à família. As relações foram feitas da forma mais detalhada possível. A lista de Betty Jo ficou assim:
• Ele não faltou um dia de trabalho em vinte anos. É um trabalhador dinâmico.
• Ele recebeu várias promoções nesses anos todos. E sempre deseja aumentar sua produtividade.
• Ele paga as prestações da casa mensalmente.
• Ele paga as contas de água, gás e luz em dia.
• Ele nos comprou um carro novo há três anos.
• Ele corta a grama, ou arruma alguém para fazê-lo, semanalmente, durante a primavera e o verão.
• Ele varre as folhas ou contrata alguém para fazê-lo durante o outono.
• Ele providencia bastante dinheiro para alimentação e roupas da família.
• Ele leva o lixo para fora nos dias de sua coleta.
• Ele me dá dinheiro para comprar presentes de Natal para toda a família.
• Ele concorda que eu gaste o dinheiro que recebo em meu emprego, da forma que eu desejar.
A lista de Bill ficou assim:
• Ela arruma as camas todos os dias.
• Ela passa o aspirador na casa uma vez por semana.
• Ela leva diariamente as crianças para a escola, depois de dar-lhes um bom café da manhã.
• Ela faz janta três vezes por semana.
• Ela realiza as compras no supermercado. Ajuda as crianças a fazer seus deveres de casa.
• Ela leva e traz as crianças quando há atividades na escola e na igreja.
• Ela leciona para crianças pequenas na Escola Dominical.
• Ela leva minhas roupas ao tintureiro.
• Ela lava as roupas e passa quando é preciso.
Sugeri que acrescentassem a essas listas coisas que percebessem nas semanas seguintes. Solicitei também que duas vezes por semana selecionassem alguma atitude positiva do outro e elogiassem. Dei-lhes ainda uma recomendação que se Bill a elogiasse, ela não lhe respondesse com outro elogio, mas deveria simplesmente recebê-lo e dizer:
“Muito obrigada por suas palavras.”
Disse a mesma coisa a Bill. Encorajei-os a proceder dessa maneira durante dois meses e, se achassem que funcionava, deveriam então continuar. Se, no entanto, a experiência não ajudasse a melhorar o clima emocional do casamento, eles deveriam simplesmente encarar tudo aquilo como outra tentativa que não dera certo.
No dia seguinte peguei o avião e voltei para casa. Anotei em minha agenda para dois meses depois ligar a Bill e Betty, a fim de saber o que acontecera. Quando lhes telefonei, já em pleno verão, pedi para falar particularmente com cada um. Fiquei impressionado ao notar que Bill dera um grande passo à frente. Ele percebeu que eu concedera o mesmo conselho à sua esposa, mas encarara tudo de forma positiva. Para falar a verdade, ele achou ótimo! Ela expressava apreciação pelo seu trabalho duro e pela provisão que dava à família. Ele disse:
“Ela realmente conseguiu fazer com que eu me sentisse um homem novamente. Ainda temos muito trabalho pela frente, Dr. Chapman, mas acredito francamente que estamos no caminho certo.”
Quando conversei com Betty Jo, no entanto, achei que ela dera um passo muito pequeno. Ela me falou:
“Alguma coisa melhorou, Dr. Chapman. Bill elogia-me, como o senhor sugeriu, e acredito que haja sinceridade nisso. Mas ele ainda não gasta nenhum minuto comigo. Trabalha o tempo todo e não tem uma hora para mim.”
Enquanto eu ouvia Betty Jo, as “luzes” acenderam. Sabia que fizera uma grande descoberta. A linguagem do amor de uma pessoa não é necessariamente a mesma da outra. Era óbvio que a primeira linguagem do amor de Bill era “Palavras de Afirmação”. Ele era um trabalhador dedicado e apreciava seu emprego. O que ele mais queria de sua esposa era que ela expressasse admiração por isso. Aquele padrão foi provavelmente estabelecido em sua infância, e a necessidade de receber elogios ainda era premente em sua vida adulta. Betty Jo, por sua vez, possuía uma carência emocional em outra área. Era-lhe agradável receber elogios, mas ansiava por algo mais, exatamente a segunda linguagem do amor.
Notas
1. Provérbios 18.21
2. Provérbios 12.25
5. A Segunda Linguagem do Amor: Qualidade de Tempo
Era o meu dever perceber qual a primeira linguagem do amor de Betty Jo, logo no início, pelo que ela me disse naquela noite de primavera quando os visitei em Little Rock:
“Bill é um bom provedor, mas não gasta tempo algum comigo! Do que me servem a casa, o carro novo e as demais coisas se não os “curtimos” juntos?”
O que ela desejava? Ter um tempo de qualidade com seu marido. Ela queria que ele focalizasse nela a sua atenção, que lhe dedicasse mais tempo e pudessem realizar algumas atividades juntos.
Quando digo “Qualidade de Tempo” desejo afirmar que você deve dedicar a alguém sua inteira atenção, sem dividi-la. Não significa sentar no sofá e assistir televisão. Quando o tempo é gasto dessa forma, quem recebe a atenção são as estações de TV, e não o cônjuge. O que pretendo afirmar é algo como sentar-se ao sofá com a televisão desligada, olhar um para o outro e conversar, no processo de dedicação mutua. É dar um passeio juntos, só os dois. É ambos saírem para comer fora, é um olhar nos olhos do outro e conversar. Você já percebeu que, nos restaurantes, é perfeitamente possível notar a diferença entre um casal de namorados e um de casados? Os namorados miram-se nos olhos e “batem papo”. Os casados sentam-se à mesa e olham ao redor do restaurante. Pode-se dizer que foram ali apenas para comer!
Quando me sento ao sofá com minha esposa e dedico-lhe vinte minutos de minha inteira atenção e ela faz o mesmo por mim, concedemos um ao outro vinte minutos de nossa existência. Nunca mais teremos aquele tempo novamente! Entregamos ali parte de nossas vidas um ao outro. Esse é um poderoso comunicador do amor emocional.
Um único remédio não pode curar todas as enfermidades existentes. Em meu aconselhamento para Bill e Betty Jo, cometi um erro muito sério, pois afirmei que palavras de afirmação teriam o mesmo significado para os dois. Esperava com isso que, se cada um deles desse ao outro uma afirmação verbal, o clima emocional mudaria e ambos sentir-se-iam amados. Isso funcionou para Bill. Seus sentimentos em relação a Betty Jo tornaram-se mais positivos. Ela passou a apreciar mais o trabalho duro que ele desempenhava. Porém, o mesmo não ocorreu com Betty Jo, porque “Palavras de Afirmação” não era sua primeira linguagem do amor, mas sim a qualidade de tempo.
Peguei novamente o telefone, liguei para Bill e agradeci-lhe o esforço feito nos últimos dois meses. Disse-lhe que ele fizera um bom trabalho ao dizer palavras de afirmação para Betty Jo e ela as ouvira. Ele me disse:
— Mas Dr. Chapman, ela ainda continua triste. Acho que as coisas não melhoraram muito para ela!
E eu lhe respondi:
— Você tem razão, Bill. E acho que sei o porquê. O problema é que sugeri a linguagem do amor errada!
Bill não tinha a menor noção do que eu estava falando. Expliquei-lhe então que os motivos que levam uma pessoa a experimentar o amor emocional por outra não são necessariamente os mesmos.
Ele concordou comigo que a sua linguagem do amor era
realmente “Palavras de Afirmação”. Contou-me então que desde menino isso era importante para ele e estava contente ouvir Betty Jo expressar apreciação pelas coisas que ele fazia. Expliquei, então, que a linguagem de Betty Jo não era “Palavras de Afirmação”, mas sim qualidade de tempo. Passei-lhe também o conceito de dedicar atenção integral ao cônjuge, dizendo-lhe que não deveria ouvi-la enquanto lia jornal ou assistia televisão, mas sim olhá-la nos olhos e dedicar-lhe toda a atenção; fazer com o cônjuge algo que ele aprecia, e ser realmente sincero nessa atividade. Ele então me disse: “Algo como ir com ela a um concerto...” As luzes começavam a brilhar em Little Rock.
— Dr. Chapman, ela sempre reclamou disso! Nós não temos atividades em comum. Realmente não gasto sequer um momento com ela. Betty Jo lembra-me o tempo todo que antes de nos casarmos, costumávamos passear e tínhamos várias atividades juntos, mas agora vivo ocupado demais. Essa é realmente sua linguagem do amor, sem sombra de dúvida. Mas... Dr. Chapman, o que eu posso fazer, se meu trabalho realmente exige muito de mim!?
Pedi-lhe, então, que me falasse sobre seu serviço. Por dez minutos ele me contou a história de como subira os degraus de sua firma, de quão arduamente trabalhara para isso e orgulhava-se de seus feitos. Falou-me também de seus planos para o futuro e que, pelos seus cálculos, dentro de cinco anos chegaria ao posto que sonhava.
Perguntei-lhe então:
— Você quer chegar lá sozinho, ou deseja a companhia de Betty Jo e de seus filhos?
— Quero que eles estejam comigo. É por isso que sofro tanto quando ela reclama do tempo que gasto no serviço. Realizo o que faço por nós. Quero que ela participe disso, mas Betty insiste em reagir negativamente.
— Você começa a entender o porquê dela ser tão negativa Bill? A linguagem do amor de Betty Jo é “Qualidade de Tempo”. Você lhe dedica tão pouco tempo que o “tanque do amor” dela está vazio. Ela não sente segurança em seu amor. Por isso, em sua mente, ela rejeita o que o afasta dela, ou seja, seu trabalho. Ela realmente não odeia sua profissão. Ela detesta o fato de sentir tão pouco amor de sua parte. Só há uma solução para isso, Bill, e o preço é alto. Você terá de arrumar um tempo para gastar com Betty Jo. Você precisa amá-la na linguagem dela.
— O senhor está certo, Dr. Chapman. Como devo começar?
— Você ainda tem o caderno onde anotou as características positivas de Betty Jo?
— Tenho, está bem aqui.
— Ótimo. Faça uma outra lista. O quê, em sua opinião, Betty Jo gostaria de realizar em sua companhia? Procure lembrar-se de coisas que ela já mencionou ao longo dos anos.
E a lista de Bill ficou assim:
• Pegar nosso carro novo e irmos para as montanhas passar uma semana (às vezes com as crianças, ou somente nós dois);
• Encontrá-la para almoçar (em um bom restaurante ou, algumas vezes, até no McDonald’s);
• Contratar uma babá para cuidar das crianças e juntos jantarmos fora (só nós dois);
• Todas as vezes que eu chegar em casa à noite, sentar e contar a ela sobre meu dia e ouvir o que ela tem a dizer sobre o dela (ela não gosta que eu veja televisão ou leia quando conversamos);
• Gastar um tempo com os filhos, e discutir a vida escolar deles;
• Gastar um tempo só brincando com as crianças;
• Fazer em um determinado sábado um piquenique com ela e as crianças e não reclamar das formigas e nem das moscas;
• Tirar férias com a família, pelo menos uma vez por ano;
• Sair para conversarmos, enquanto caminhamos (mas sem andar na frente dela).
Ao terminar a lista, Bill disse:
— São essas as coisas das quais me recordo, que ela fala ao longo de todos estes anos.
— Você já sabe o que eu vou sugerir-lhe, não é, Bill?
— Colocar essa lista em prática, não é? — respondeu ele.
— É isso mesmo. Um tópico da lista por semana, durante os próximos dois meses. Como você vai arrumar tempo? Dê um jeito. Você é um homem inteligente e não estaria onde está se não soubesse tomar decisões importantes. Você possui a habilidade para planejar sua vida e incluir Betty Jo em seus planos.
— Está certo. Vou dar um jeito.
— Outra coisa, Bill. Tal projeto não implica na diminuição de seus alvos. Significa que, quando você chegar ao topo, Betty Jo e seus filhos estarão lá com você.
O aspecto central da “Qualidade
de Tempo” é estar próximo.
Não quero dizer simples proximidade...
O estar junto tem a ver
com o focalizar a atenção.
— E isso o que eu mais desejo! Esteja eu no topo ou não, quero que ela seja feliz e pretendo desfrutar a vida ao seu lado e das crianças.
E os anos se passaram... Bill e Betty Jo chegaram ao topo, apesar de um pequeno revés na vida, graças à linguagem do amor. O mais importante, porém, é que alcançaram a vitória juntos. Os filhos já deixaram o ninho e eles concordam que vivem os melhores anos de suas vidas. Bill tornou-se um sincero apreciador de concertos e Betty Jo aumentou a lista dos tópicos que aprecia no esposo. Ele não se cansa de ir ao teatro. Começou recentemente sua própria companhia e está novamente próximo ao topo. Seu trabalho já não é uma ameaça para Betty Jo. Ela está animada e encoraja-o bastante. Ela sabe que está em primeiro lugar na vida do marido. Seu “tanque do amor” está cheio, e se começar a esvaziar, ela sabe que uma simples solicitação sua fará com que Bill conceda-lhe atenção irrestrita.
Estar Juntos
O aspecto central da “Qualidade de Tempo” é estar sempre juntos. Não quero dizer simples proximidade. Duas pessoas sentadas em uma mesma sala estão próximas, mas não necessariamente juntas. O estar junto tem a ver com o focalizar a atenção. Quando um pai está sentado no chão e brinca de bola com seu filho de dois anos, sua atenção está focalizada na criança e não na bola. Naquele momento, por mais breve que seja, enquanto durar, eles estão juntos. Se, no entanto, o pai fala ao telefone enquanto chuta a bola para o filho, sua atenção está dividida. Há maridos e esposas achando que gastam o tempo juntos mas, na realidade, simplesmente vivem próximos. Estão na mesma casa, ao mesmo tempo, mas não estão juntos. Um marido que assiste a uma sessão de esportes na televisão enquanto conversa com a esposa não lhe concede “Qualidade de Tempo”, pois ela não recebe sua total atenção.
Dedicar “Qualidade de Tempo” não significa olhar nos olhos um do outro o tempo todo. Quer dizer fazer coisas juntos e conceder atenção total a quem está conosco. A atividade com a qual nos envolvemos é secundária. A importância é emocional e refere-se à atenção total que concedemos e recebemos. A atividade em si é um veículo que proporciona o sentimento da interação. O que é importante no fato do pai chutar a bola para o filho de dois anos, não é a atividade em si, mas as emoções suscitadas entre os dois.
Da mesma forma, marido e esposa que jogam tênis juntos, a verdadeira “Qualidade de Tempo” focaliza não o jogo em si, mas o fato de que fazem algo em companhia um do outro. O importante é o que ocorre a nível emocional. Investir o tempo juntos em uma atividade em comum significa que nos importamos um com o outro, apreciamos estar próximos e gostamos de fazer coisas em conjunto.
Conversa de Qualidade
Como as palavras de afirmação, a linguagem da “Qualidade de Tempo” também possui vários dialetos. Um dos mais utilizados é o da conversa de qualidade. Afirmo com isso a existência de um diálogo acolhedor onde duas pessoas compartilham experiências, pensamentos, emoções e desejos, de forma amigável, e em um contexto sem interrupções. A maioria das pessoas que reclamam que seus cônjuges não conversam, raramente não toma parte em algum diálogo mais íntimo. Se afirmam isso é porque nada falam, de forma literal. Querem dizer que se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo”, esse tipo de diálogo é importantíssimo para sua parte emocional, no que diz respeito a sentir-se amado.
Conversa de qualidade é bem diferente da primeira linguagem do amor. Palavras de afirmação focalizam o que afirmamos, ao passo que conversa de qualidade focaliza o que ouvimos. Se externo meu amor por você através da “Qualidade de Tempo” e gastamos esse tempo juntos, significa que este propósito estará em fazer você vir à tona, ouvir atentamente o que pretende dizer. Farei perguntas, não por obrigação, mas com o desejo genuíno de entender seus pensamentos, sentimentos e desejos.
Conheci Patrick quando ele tinha 43 anos e estava casado há dezessete. Lembro-me bem dele porque suas primeiras palavras foram dramáticas. Ele se sentou na cadeira de couro de meu escritório e após uma breve apresentação inclinou-se para frente e disse tomado de grande emoção:
— Dr. Chapman, tenho sido um idiota, um perfeito idiota! Perguntei-lhe:
— O que o fez chegar a essa conclusão?
— Tenho 17 anos de casado e, de repente, minha mulher me deixou. Só agora pude perceber como sou idiota!
Ao ouvir suas palavras, mantive minha pergunta inicial:
— De que forma você acha que tem sido um idiota?
— Deixe-me explicar. Minha esposa chegou em casa após um dia de trabalho e contou-me que estava passando por alguns problemas em seu emprego. Eu a ouvi e disse-lhe o que ela deveria fazer. (Eu sempre lhe dei conselhos.) Então afirmei que ela mesma precisava confrontar aquela situação, pois os problemas não costumam sumir facilmente, e ela deveria conversar com as pessoas envolvidas ou o supervisor de seu departamento. Seria necessário que ela enfrentasse aquela situação. No dia seguinte, porém, ela chegou do serviço e falou dos mesmos problemas. Eu então perguntei se ela fizera o que eu sugerira no dia anterior. Ela sacudiu a cabeça e disse que não. Repeti, naquele momento, o mesmo conselho. Disse-lhe que aquela era a forma correta de lidar com a situação. No dia seguinte ela chegou em casa e apresentou novamente os mesmos problemas. Mais uma vez eu lhe perguntei se fizera o que eu propusera. Mais uma vez ela sacudiu a cabeça e disse que não. Após umas três ou quatro noites fiquei muito bravo e disse-lhe que não contasse mais comigo enquanto não fizesse o que eu lhe recomendara. Ela não precisava viver sob aquela pressão, pois resolveria seu problema se simplesmente fizesse o que eu lhe falara. Na próxima vez em que ela veio me falar sobre aquele problema, eu lhe disse:
— Não quero mais ouvir sobre isso. Já lhe falei várias vezes o que fazer. Se você não quer ouvir meus conselhos, também não desejo mais ouvir falar sobre este assunto!
Muitos de nós somos treinados a
analisar problemas a fim de dar-lhes
soluções. Esquecemos que o casamento
é um relacionamento, e não um
projeto a ser terminado ou
um problema a ser resolvido.
Ele prosseguiu o seu relato:
— Eu me retirei e dirigi-me ao meu trabalho. Como fui idiota! Agora percebo que, quando ela me falava sobre suas lutas no trabalho, não desejava meus conselhos. Ela queria solidariedade. Desejava que eu a ouvisse, desse-lhe atenção, e dissesse-lhe que entendia a dor, a pressão e a tensão pelas quais passava. Ela queria ouvir que eu a amava e estava ao seu lado. Ela não desejava conselhos, porém a minha compreensão. Mas eu jamais tentei entendê-la. Estava muito afastado dela ao conceder-lhe apenas conselhos. Que louco fui eu! E agora ela foi embora. Por que a gente não percebe estas coisas quando estamos passando por elas? Eu estava completamente cego para o que acontecia. Só agora percebo como falhei com ela.
A esposa de Patrick suplicava por uma conversa de qualidade. Emocionalmente, ela esperava que ele lhe desse ouvidos ao ouvir sua dor e frustração. Patrick, porém, não focalizava sua atenção em ouvir, mas em falar. Ele escutava somente o suficiente para perceber o problema e formular uma saída. Ele não a ouvia o tempo necessário para compreender sua súplica por apoio e compreensão.
Nós somos como Patrick. Somos treinados para tomar conhecimento dos problemas e dar soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, não um projeto a ser terminado ou um problema a ser resolvido. Uma convivência a dois implica em simpatia, em ouvir com a intenção de entender o que o outro cônjuge pensa, sente e deseja. Devemos também estar dispostos a aconselhar, mas somente quando solicitados e jamais de forma arrogante. A maioria de nós não sabe ouvir. Somos mais eficientes em pensar e falar. Aprender a ouvir pode ser tão difícil quanto estudar uma língua estrangeira. Porém, se quisermos comunicar o amor, precisamos aprender. Isso é especialmente importante, se a primeira linguagem de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo” e se o dialeto dele for conversa de qualidade. Felizmente, há muitos livros e artigos escritos sobre a arte de ouvir. Não repetirei o que já foi escrito em vários outros trechos, mas gostaria de dar algumas dicas que podem ajudar bastante:
1. Procure olhar nos olhos de seu cônjuge quando ele lhe falar alguma coisa. Essa atitude ajuda sua mente a não divagar e comunica que ele realmente recebe sua total atenção.
2. Não faça outra coisa enquanto ouve seu cônjuge. Lembre-se: “Qualidade de Tempo” é dedicar ao que lhe fala sua total atenção. Se você porventura assistir TV, ler ou praticar qualquer outra atividade pela qual esteja muito envolvido, e não puder desviar a atenção imediatamente, diga isso a seu cônjuge: “Sei que você quer falar comigo agora, e estou interessado em ouvir-lhe. Só que gostaria de conceder-lhe mais atenção, e no momento não é possível. Se você me conceder dez minutos para eu terminar o que estou fazendo, sentaremos juntos e então ouvirei o que você tem a dizer.” A maioria dos (as) esposos (as) deverá atender a uma solicitação dessas.
3. “Escute” o sentimento. Pergunte a você mesmo o tipo de emoção que seu cônjuge sente no momento. Quando achar que descobriu, confirme. Por exemplo: “Tenho a impressão que você está desapontado por eu ter esquecido de...” Essa é uma oportunidade para você certificar-se de seus sentimentos. Também comunica que ouve com atenção o que lhe é dito.
4. Observe a linguagem corporal. Punhos cerrados, mãos trêmulas, lágrimas, cenho franzido e expressão dos olhos fornecem pistas do que seu cônjuge sente. Algumas vezes, a linguagem verbal diz uma coisa, enquanto a corporal afirma outra. Solicite um esclarecimento a fim de poder confirmar seus reais sentimentos.
5. Recuse interrupções. Pesquisas recentes indicam que, em média, as pessoas ouvem apenas 17 segundos antes de interromperem para inserir na conversa as próprias idéias. Se eu lhe dedicar minha total atenção enquanto você fala, evitarei defender-me a fim de fazer-lhe acusações ou mesmo, dogmaticamente, evidenciar minha posição. Meu objetivo é perceber seus sentimentos e pensamentos. O alvo não é autodefender-me ou permitir que você ganhe uma discussão; a intenção é compreendê-lo (a).
Aprendendo a Falar
Uma conversa de qualidade requer não somente consideração ao ouvir, mas também disposição em expor-se. Quando uma esposa diz: “Gostaria tanto que meu marido conversasse comigo! Nunca sei o que ele pensa ou sente...” Ela clama por intimidade; quer sentir-se próxima de seu esposo. Mas, como sentir-se ao lado de alguém a quem não conhece? Para que ela se sinta amada, o marido precisa aprender a se expor. Se a primeira linguagem do amor dela for “Qualidade de Tempo” e seu dialeto, conversa de qualidade, seu tanque emocional nunca estará completo até que ele partilhe com ela seus pensamentos e sentimentos.
Se você precisa aprender a
linguagem da conversa de qualidade,
comece a observar as emoções que
sente quando está fora de casa.
Para muitos de nós, o ato de expor-se não é nada fácil. Muitos adultos foram criados em lares onde a expressão dos pensamentos e sentimentos não só jamais foi encorajada, como também era condenada. Pedir um brinquedo era recebido com um sermão sobre a situação econômica familiar. A criança sentia-se culpada por causa daquele desejo e, então, rapidamente aprendia a não expressar mais seus desejos. Quando um filho ou filha expressava raiva, os pais repreendiam-no (na) severamente com palavras condenatórias. O que acontecia então? A criança aprendia que expressar sentimentos de raiva também não era algo apropriado. Se um deles passasse a sentir-se culpado por expressar seu desapontamento pelo fato de não poder ir ao supermercado com o pai, aprendia a guardar seu desagrado para si. Nós, adultos, ao atingirmos a maturidade, aprendemos a negar nossos sentimentos. Deixamos de ter contato com nosso ser emocional.
Uma esposa pergunta a seu marido:
— Como você se sentiu com a reação de Mark?
E o marido responde:
— Eu acho que ele está errado. Ele deveria ter feito assim, assim e assim...
Note, porém, que ele não expressa seus sentimentos. Simplesmente manifesta seus pensamentos. Talvez ele tenha motivos para sentir-se triste, com raiva, ou desapontado. No entanto, vive a tanto tempo no nível do raciocínio, que nem ao menos reconhece a existência de seus sentimentos. O ato de aprender a linguagem da conversa de qualidade pode ser comparado ao aprendizado de uma língua estrangeira. O início sempre é uma aproximação dos sentimentos, e o aluno pouco a pouco torna-se consciente de que é uma criatura emocional, apesar do fato de ter ignorado aquela faceta de sua vida.
Se você precisa aprender a linguagem da conversa de qualidade, comece a perceber os sentimentos que lhe ocorrem quando está longe de casa. Compre um bloquinho de rascunho e mantenha-o diariamente com você. Três vezes, durante o dia, faça a si mesmo as seguintes perguntas:
• Que emoções senti nas últimas três horas?
• O que senti a caminho do trabalho quando o motorista atrás de mim ficou o tempo todo colado em meu pára-choque?
• Como eu me senti quando fui colocar combustível no carro e a bomba automática não funcionou e fez com que o tanque transbordasse, derramasse e molhasse de gasolina toda a parte de trás do carro?
• Como me senti quando, ao chegar ao escritório, soube que minha secretária fora requisitada para um outro projeto da empresa e não estaria presente toda a manhã?
• Como me senti quando meu supervisor me comunicou que o projeto no qual eu trabalhava teria de ser concluído em três dias, quando pensei que teria mais duas semanas?
Escreva seus sentimentos no bloco de rascunho e, ao lado, coloque uma ou duas palavras para lembrá-lo do evento correspondente ao sentimento. Sua lista deve ficar mais ou menos assim:
Situação
Sentimentos
1. motorista colado atrás
2. posto de gasolina
3. sem secretária
4. projeto em três dias
1. raiva
2. desagrado
3. desapontamento
4. frustração e ansiedade
Faça este exercício três vezes ao dia e você descobrirá sua natureza emocional. Utilize seu bloquinho e comunique a seu cônjuge as emoções que experimentou, juntamente com as situações enfrentadas. Quanto mais você fizer isso, melhor será. Em algumas semanas sentir-se-á mais confortável para expressar suas emoções a ele (a). Finalmente, será também capaz de, mais à vontade, conversar sobre seus sentimentos em relação ao (à) esposo (a), aos filhos e a eventos que ocorram em casa. Lembre-se que as emoções em si não são certas nem erradas. São simplesmente nossas reações psicológicas aos acontecimentos da vida.
Constantemente tomamos nossas decisões baseados em nossos pensamentos e emoções. Quando o motorista estava “grudado” em seu carro, a caminho do trabalho, e você ficou com raiva, será que alguns dos seguintes pensamentos passaram por sua cabeça?
• Gostaria que ele saísse da pista;
• Gostaria que ele me ultrapassasse;
• Se eu não corresse o risco de ser multado, gostaria de pisar fundo o acelerador e deixá-lo para trás, “comendo poeira”;
• Gostaria de dar uma boa freada de forma que ele entrasse com tudo na traseira de meu carro, e a seguradora tivesse de me dar um carro novo;
• Talvez eu deva sair para a direita e deixá-lo passar.
Você, eventualmente, tomou alguma dessas decisões ou o outro motorista reduziu a marcha, ou ultrapassou seu carro e você conseguiu chegar seguro ao trabalho. Cada evento de nossa vida gera emoções, pensamentos, desejos e também ações. À expressão desse processo chamamos de auto-revelação. Se você optar em aprender o dialeto da conversa de qualidade, esse é o caminho pelo qual deverá trilhar.
Tipos de Personalidade
Nem todos estamos desconectados de nossas emoções, mas quando o assunto vem à tona, todos somos afetados por nossa maneira específica de ser. Tenho observado dois tipos básicos de personalidade. Ao primeiro, chamarei de “mar Morto”. Na pequena nação de Israel, o mar da Galiléia segue rumo ao sul através do rio Jordão até o mar Morto. Este não vai a lugar nenhum. Ele recebe, mas nada retribui. Esse tipo de personalidade adquire muitas experiências, emoções e diversos pensamentos ao longo do dia. Possui um amplo reservatório onde armazena informações e sente-se absolutamente feliz em não falar. Se você perguntar à personalidade mar Morto:
“O que há de errado? Por que você ainda não abriu a boca esta noite?”
A resposta, muito provavelmente, será:
“Nada há de errado. Por que você pensa assim?”
E aquela resposta será absolutamente honesta. Ele está feliz por nada falar. Gostaria de fazer uma longa viagem, de norte a sul do país, para não dizer uma única palavra e estar sinceramente feliz.
Em outro extremo, porém, encontra-se o “riacho rápido”. Esse tipo de personalidade pode ser descrita como aquela que, entre o que passa pelos olhos ou ouvidos leva no máximo sessenta segundos até que saia pela boca. Sobre o que vêem, ou ouvem, falam rapidamente. De fato, se não houver ninguém em casa para que comentem a respeito, darão um jeito para falar com alguém:
“Sabe quem eu vi hoje?”
“Sabe o que eu ouvi hoje?”
Se não conseguem conversar ao telefone, falam consigo mesmos, porque não possuem algum reservatório. É comum que o mar Morto e o riacho Rápido casem-se. Isso ocorre porque, quando estão em pleno namoro, as características opostas tornam-se muito atraentes para ambos.
Uma forma de se aprender novos
padrões de comportamento é estabelecer,
diariamente, um período no qual cada
um poderá falar sobre três situações
que ocorreram durante o dia e os
sentimentos que tiveram em relação a elas.
Se você for o mar Morto e sair com o riacho Rápido, provavelmente terá uma noite maravilhosa. Não terá de se preocupar em iniciar uma conversa e nem em mantê-la. Para falar a verdade, não deve nem pensar sobre isso. Tudo o que fará será balançar sua cabeça e fazer “hum, hum...” e esta expressão preencherá a noite toda. Você chegará em casa e pensará: “Que noite! Que pessoa maravilhosa!” Por outro lado, se for um riacho Rápido e sair com o mar Morto, também terá um encontro igualmente maravilhoso porque este reservatório é o melhor ouvinte do mundo. Você deve falar durante umas três horas. O mar Morto ouvirá atentamente o riacho Rápido e, ao chegar em casa seu comentário será: “Que pessoa maravilhosa!” Haverá uma atração recíproca. Porém, cinco anos após o casamento, o riacho Rápido acordará em uma bela manhã e dirá:
“Estamos casados há cinco anos mas eu não o conheço!”
O Mar Morto, por outro lado dirá:
“Eu a conheço muito bem! Gostaria muito que ela interrompesse um pouco esse dilúvio de palavras e desse-me atenção”.
A boa notícia, nisso tudo, é que o mar Morto provavelmente aprenderá a falar e o riacho Rápido saberá ouvir. Somos influenciados mas não dominados por nossas personalidades.
Uma forma de se aprender novos padrões de comportamento é estabelecer, diariamente, um período no qual cada um falará sobre três situações que ocorreram durante o dia e os sentimentos que tiveram em relação a elas. Chamo esse método de “Dose Mínima Diária” para um casamento saudável. Se você começar com esse período, em algumas semanas, ou meses, a conversa de qualidade fluirá mais livremente entre vocês.
Atividades de Qualidade
Além da linguagem básica do amor “Qualidade de Tempo” — que é dedicar total atenção a seu cônjuge — há um outro dialeto que se chama atividades de qualidade. Em um recente seminário sobre casamento, pedi que os casais completassem a seguinte sentença: “Sinto mais amor por meu cônjuge quando ________”. Veja as respostas dadas por um jovem marido, casado há oito anos:
“Sinto-me mais amado por minha esposa quando exercemos atividades em conjunto, ou seja, coisas que eu goste de fazer e ela também aprecie. Dessa forma conversamos mais. É como se estivéssemos namorando outra vez”.
Essa é uma linguagem típica de pessoas cuja primeira linguagem do amor é “Qualidade de Tempo”. A ênfase é dada no estarem juntos, em realizarem ao lado um do outro as mesmas atividades, e em dedicarem atenção total às suas necessidades.
Entende-se por atividades de qualidade qualquer coisa pela qual um ou os dois se interessem. A ênfase não está no que se faz, mas no porquê decidiu-se realizá-lo. O objetivo é terem uma experiência juntos, e terminá-la de forma a afirmarem: “Ele (ela) se interessa por mim. Ele quis fazer comigo algo que eu apreciava e realizou-o com uma atitude muito positiva”. Isso é amor e, para algumas pessoas, é a forma em que ele fala mais alto.
Tracie cresceu em meio a concertos. Em toda sua infância, a casa sempre esteve repleta de música clássica. Pelo menos uma vez ao ano ela acompanhava seus pais a um festival. Larry, por outro lado, gostava de música “country”. Ele nunca fora a um concerto e seu rádio estava sempre ligado em estações de música popular. Ele chamava a preferência de sua esposa de sinfonia de elevador. Se ele não tivesse se casado com Tracie, teria atravessado sua vida sem jamais assistir a um concerto. Antes do casamento, enquanto atravessava a fase da paixão obcecada, ele chegou até a assistir a alguns espetáculos musicais. Porém, mesmo apaixonado, ele perguntou se ela chamava “aquilo” de música!
Após o casamento, decidiu que nunca mais sairia de casa para ouvir um concerto. No entanto, quando anos mais tarde descobriu que “Qualidade de Tempo” era a primeira linguagem do amor de Tracie e ela apreciava de forma especial o dialeto das atividades de qualidade, quis acompanhá-la e o fez entusiasmado. Seu propósito era claro. Ele não ia para assistir ao concerto, mas para demonstrar amor a Tracie e falar alto em sua linguagem. Com o passar do tempo, chegou a apreciar os concertos e, ocasionalmente, a deleitar-se com um ou dois movimentos. Talvez ele nunca se torne um amante da música erudita, mas provavelmente diplomou-se em demonstrar amor à sua esposa.
Um dos pontos positivos das
atividades de qualidade é que elas
possibilitam o armazenamento
de um banco de memórias ao
qual podemos nos reportar
pelos anos futuros.
Entre as atividades de qualidade citamos plantar um jardim, descobrir e ir a liquidações, colecionar antiguidades, ouvir música, fazer piqueniques, caminhar, lavar o carro juntos durante o verão, etc. Essas atividades limitam-se apenas pelo interesse e desejo de tentar, ou não, novas experiências. Os ingredientes especiais para uma atividade de qualidade, são:
1. Desejo de fazê-la, proveniente de um dos dois.
2. O outro estar disposto a executá-la.
3. Ambos estarem conscientes porque devem realizá-la — expressar amor de forma a permanecerem juntos.
Um dos pontos positivos das atividades de qualidade é que elas possibilitam o armazenamento de um banco de memórias ao qual podemos nos reportar pelos anos futuros. Feliz é o casal que se lembra de uma caminhada feita de manhã ao longo da praia; de uma árvore plantada no jardim; do tempo em que colocaram iscas para acabar com as formigas do pomar; do projeto de pintura dos quartos; da noite em que foram juntos ter aulas de patim e um deles caiu e quebrou a perna; dos passeios pelo parque; dos concertos; dos recitais e, como esquecer, do tempo gasto apreciando uma cascata após a longa caminhada de bicicleta até encontrá-la? Podem até sentir os respingos que caíram em seus rostos. Essas são memórias de amor, especialmente para aquelas pessoas cuja primeira linguagem for “Qualidade de Tempo”.
E, como achar tempo para tais atividades, especialmente se ambos trabalham fora? Achamos a ocasião da mesma forma que a encontramos para almoçar e jantar. Por quê? Porque são tão essenciais para nosso casamento como as refeições o são para nossa saúde.
Isso é difícil? E preciso planejamento?
Sim!
Implica em que tenhamos de abrir mão de algumas atividades particulares?
Talvez!
Significa que faremos algumas coisas que, particularmente, não apreciamos?
Certamente!
Será que compensa?
Sem sombra de dúvida!
O que posso aprender com isso?
O prazer de viver com um cônjuge que é amado e sabe disso, pois compreende que o (a) esposo (a) aprendeu a falar sua primeira linguagem de forma fluente.
Gostaria de dar uma palavra de agradecimento a Bill e Betty Jo, de Little Rock, que me ensinaram o valor da primeira linguagem do amor — “Palavras de Afirmação”, e também a segunda — “Qualidade de Tempo”.
Agora, vamos até Chicago para encontrarmos a terceira linguagem do amor.
6. A Terceira Linguagem do Amor: Receber Presentes
Estudei antropologia em Chicago. Devido às detalhadas etnografias, visitei pessoas fascinantes por todo o mundo. Estive na América Central onde pesquisei as avançadas culturas dos maias e dos astecas. Cruzei o Pacífico e analisei as tribos da Melanésia e Polinésia. Estudei os esquimós das vegetações das tundras, ao norte; e os aborígines ainos do Japão. Examinei os padrões de cultura relativos ao amor e casamento, e descobri que em cada cultura, o ato de dar presentes faz parte deste processo.
Os antropologistas, em geral, são apaixonados pelos padrões culturais que distinguem as culturas e eu também o sou. Será que o ato de presentear é uma expressão fundamental de amor que transcende barreiras culturais? Será que a atitude de amor está sempre acompanhada do ato de conceder? Essas perguntas são acadêmicas e de certa forma até filosóficas, mas a resposta a elas é sim. Podemos inclusive notar uma profunda implicação prática nos casais norte-americanos.
Fiz uma viagem antropológica de campo à ilha de Dominica. Nosso propósito era estudar a cultura dos índios do Caribe. Foi nessa viagem que conheci Fred. Ele não era do Caribe, mas um jovem negro de 28 anos. Perdera uma de suas mãos com uma dinamite, em uma temporada de pesca. Devido ao acidente teve de abandonar sua carreira de pescador. Ele possuía muito tempo disponível e eu apreciei o fato de poder contar com sua companhia. Passamos muitas horas juntos e conversamos sobre sua cultura.
Em minha primeira visita à sua casa, ele me perguntou:
— Sr. Gary, o senhor aceitaria um suco?
Ao que aceitei prontamente. Ele, então, virou-se para seu irmão mais novo e disse:
— Pegue um suco para o senhor Gary.
Seu irmão deu-nos as costas, saiu de casa, subiu em um coqueiro e trouxe um lindo coco verde em suas mãos. Fred recomendou-lhe que o abrisse. Com três rápidos movimentos de faca seu irmão furou-o, e fez uma abertura triangular na parte de cima.
Fred entregou-me o coco e disse:
— Aqui está seu suco.
O líquido era esverdeado mas eu o bebi assim mesmo, todinho! Eu o tomei porque sabia que aquele fora um ato de amor. Eu era seu amigo e eu sabia que ali só se oferece suco aos companheiros.
Ao final de algumas semanas, quando já se aproximava minha hora de partida daquela pequena ilha, Fred deu-me uma última prova de seu amor. Era uma enorme concha em espiral, que ele mesmo havia tirado do oceano. Tinha uma camada que, de tanto ser friccionada pelas rochas, lembrava, ao toque, uma seda macia. Ele me disse que aquele objeto encontrava-se naquelas praias há muitos anos e gostaria que eu o levasse como recordação daquela bela ilha. Ainda hoje, quando olho para aquela concha, quase posso ouvir o som das ondas do Caribe. Porém, ela é mais do que uma recordação das praias de Dominica; é uma demonstração de amor.
Um presente é algo que você pode segurar em suas mãos e dizer:
“Ele pensou em mim!” ou,
“Ela se lembrou de mim!”
Antes de comprarmos um presente para alguém, pensamos naquela pessoa. O objeto em si é um símbolo daquele pensamento. Não importa se foi caro ou barato. O importante é que ele seja a prova desse desejo. E não é somente a intenção em nível da mente que se conta, mas o pensamento demonstrado de forma concreta através de um presente que se torna uma expressão de amor.
Muitas mães contam histórias de que seus filhos trouxeram-lhes flores do quintal como presente. Elas se sentem amadas, mesmo que seja uma simples flor do jardim delas que não gostariam que fosse apanhada. Desde muito pequenas as crianças sentem-se inclinadas a dar alguma coisa a seus pais, e isto é uma boa indicação de que dar presentes é fundamental para o amor.
Presentes são símbolos visuais do amor. A maioria das cerimônias de casamento inclui dar e receber alianças. A pessoa que realiza a cerimônia diz:
“Estas alianças são os sinais visíveis dos elos espirituais que unem estes dois corações em um amor que nunca terminará”. Isso não é uma simples retórica. É a expressão de uma significante verdade — os símbolos possuem valores emocionais. Creio que isso pode ser bem exemplificado quando, perto da desintegração de um casamento, marido e mulher deixam de usar suas alianças. Esse é um sinal muito nítido de que o casamento está em sérios problemas. Certo esposo me disse o seguinte:
“Quando ela atirou sua aliança contra mim e saiu cega de raiva batendo atrás de si a porta da casa, tornou-se evidente que nosso problema era seriíssimo. A aliança ficou no mesmo lugar onde foi jogada durante dois dias, porque eu não me abaixei para pegá-la. Quando finalmente a apanhei, caí em um pranto convulsivo.”
As alianças são um símbolo do que o casamento deveria ser. Porém, aquela colocada na palma de mão dele, e não no dedo dela, funcionava como um lembrete visual de que aquele casamento desmoronara-se. A aliança solitária provocou profundas considerações e emoções naquele marido.
Símbolos visuais de amor são mais importantes para uns do que para outros. Por esse motivo, existem os que após se casarem nunca mais tiram a aliança; porém, também há alguns que nem chegam a usá-la. Essa é outra evidência de que as pessoas possuem linguagens do amor diferentes. Se receber presentes é sua primeira linguagem do amor, então você dará enorme valor à aliança recebida e usá-la-á com grande orgulho. Ao longo da vida, outros presentes também serão motivo de grandes emoções. Você verá neles expressões de amor. Sem lembranças como símbolos visuais, o amor do cônjuge poderá até ser questionado.
Existem presentes de todos os tamanhos, cores e formatos. Alguns são caros, outros baratos. Para aquela pessoa cuja primeira linguagem do amor é receber presentes, o preço pouco contará, a menos que haja uma enorme discrepância entre o que se deu e o que se poderia oferecer. Se um marido milionário concede regularmente à sua esposa presentes de somente um dólar, ela poderá questionar se aquela é realmente uma expressão de amor. Por outro lado, quando as finanças da família são reduzidas, um presente de um dólar significará tanto quanto um outro de um milhão de dólares.
Se a primeira linguagem do amor
de seu cônjuge for “Receber Presentes”,
você pode se tornar expert nessa área.
De fato, essa é uma das mais
simples linguagens para se aprender.
Presentes podem ser comprados, achados ou elaborados. O marido que pára ao longo de uma estrada e apanha para sua esposa uma rosa silvestre, achou ali uma singela expressão de amor, a menos que ela seja alérgica a flores do campo!! Para o esposo que pode pagar, há muitos cartões bonitos e tocantes e não são tão caros assim! Para aqueles que não podem fazer esta despesa, eles mesmos podem ter os seus, e sem pagar nada. Pegue uma folha de papel, uma tesoura, recorte em forma de coração e escreva no meio a frase: “Eu amo você!” Os presentes não precisam ser caros.
Mas, como deve agir aquela pessoa que diz não saber dar presentes?
“Não sei dar presentes. Durante toda minha infância e adolescência recebi poucos presentes. Não sei escolher o que oferecer às pessoas. Isso não é natural em mim!”
Parabéns! Você acabou de fazer a primeira grande descoberta no caminho para se tornar um grande amante! Você e seu cônjuge possuem diferentes linguagens do amor. Agora que já sabe disso, comece a busca para descobrir sua segunda linguagem do amor. Se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge é “Receber Presentes”, você poderá se tornar expert no assunto. De fato, essa é uma das mais simples linguagens para se aprender.
Por onde começar? Faça uma lista de todos os presentes que na sua opinião seu cônjuge gostaria de receber. Podem ser lembranças já concedidas por você ou outras pessoas da família ou amigos. A lista poderá dar uma idéia dos presentes que seu cônjuge desejaria ganhar. Se você tiver dificuldade em fazer uma seleção destes objetos, consulte outros membros da família. Neste meio tempo, “chute”, mas faça uma lista com presentes que estejam mais à mão e adquira-os para seu cônjuge. Não espere por uma ocasião especial. Se “Receber Presentes” for a primeira linguagem do amor dela (dele), praticamente tudo o que você lhe conceder será recebido como expressão de amor. Se ela (ele) foi muito crítica em relação aos presentes que você ofereceu no passado, pois muitos deles não foram por ela (ele) apreciados, então essa é uma grande dica de que receber presentes, por certo, não é a primeira linguagem de amor do seu cônjuge.
Presentes x Dinheiro
Se você está para se tornar um presenteador eficaz, deve mudar sua atitude em relação ao dinheiro. Cada um de nós possui uma percepção individual dos propósitos de nosso salário na vida, e temos várias emoções relacionadas à forma como ele é empregado. Alguns se sentem bem quando o gastam. Outros, porém, possuem uma perspectiva de economizar e poupar o máximo possível. Em geral, apreciamos o fato de economizar e gastar nosso dinheiro sabiamente.
Se você aprecia gastar seu salário, praticamente não terá dificuldade em comprar presentes para seu cônjuge. Porém, se você for tipo “mão fechada”, sem dúvida experimentará uma resistência emocional à idéia de gastar seu dinheiro como expressão de amor. Você não compra algo nem para si, por que comprar para seu cônjuge? Essa atitude, porém, não revela que você, a bem da verdade, adquira algo para si mesmo. A economia e o investimento de seu dinheiro proporcionam-lhe segurança emocional.
Você provê suprimento para sua própria segurança emocional na forma como lida com o seu salário. O que você realmente não faz é suprir as necessidades emocionais de seu cônjuge. Se porventura descobrir que a primeira linguagem do amor dele é realmente “Receber Presentes”, então talvez perceba que comprar presentes para ele, ou ela, é o melhor investimento que realizará! Você investirá em seu relacionamento e encherá o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge. Com o “tanque cheio”, ele ou ela corresponderá ao seu amor emocional em uma linguagem que você por certo entenderá. Quando as necessidades emocionais de ambos são supridas, o casamento toma uma dimensão totalmente nova. Não se preocupe com seus investimentos. Você sempre será um poupador, mas investir no amor de seu cônjuge será como comprar a ação mais cara da bolsa de valores.
O Presente da Presença
Existe um tipo de presente que é intangível e muitas vezes fala mais alto do que qualquer outro que você possa ter nas mãos. Eu o chamo de presente da sua presença, ou presente de si mesmo. Estar ao lado de seu cônjuge quando este precisa de você fala mais alto do que aquele cuja primeira linguagem é receber presentes. Jan disse-me certa vez:
— Meu marido Donald gosta mais de futebol do que de mim!
E eu então lhe perguntei:
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