Relacionamento. As Cinco Linguagens do Amor

1. O que Acontece com o Amor Após o Casamento?

Estávamos por volta de uns 12 mil metros de altitude, em algum lugar entre Buffalo e Dallas, quando o meu com­panheiro de viagem colocou a revista que lia na bolsa de seu banco, olhou em minha direção e perguntou:


— Que tipo de trabalho você faz?

— Sou conselheiro conjugai e dou seminários na área de família — respondi.

Ele me disse então que há muito tempo gostaria de fa­zer uma pergunta para um conselheiro conjugai, e aprovei­taria para formulá-la a mim, naquela hora. E perguntou:

— O que acontece com o amor após o casamento? Desistindo de tentar tirar um cochilo, perguntei-lhe:

— O que exatamente você quer dizer?

— Bem, já me casei três vezes e em cada uma delas tudo era muito bonito até o enlace matrimonial. Em algum lugar, depois do sim, as coisas mudavam. Todo amor que eu ima­ginava que tinha por elas, e todo amor que elas pareciam ter por mim, evaporavam-se. Posso dizer que sou uma pessoa inteligente. Sou um empresário bem-sucedido nos meus ne­gócios, mas não consigo entender o porquê dessa situação.

Continuamos, então, a conversar:

— Quanto tempo você ficou casado?

— O primeiro casamento durou cerca de dez anos. O segundo, três, e o último, seis anos.

— O amor evaporou-se imediatamente após o casamen­to, ou foi uma perda gradual?

— Bem, o segundo casamento já não deu certo desde o começo. Não entendi o que aconteceu. Pensei que nós real­mente nos amávamos! No entanto, a lua-de-mel foi um de­sastre e depois disso jamais nos recuperamos. Tivemos um período de seis meses de namoro, um romance arrebatador. Estávamos realmente entusiasmados. Mas... foi só nos casar­mos, para que nossa vida virasse uma batalha sem trégua. No primeiro casamento, tivemos uns três ou quatro anos bons, antes que o primeiro filho nascesse. Daí em diante ela deu toda sua atenção para a criança e parecia que não preci­sava mais de mim!

— Você disse isso a ela?

— Disse sim! Mas ela respondeu que eu estava maluco e não compreendia o que era ser uma babá 24 horas por dia. Reclamou, inclusive, que eu deveria ser mais compreensivo e ajudá-la mais. Eu tentei, mas parecia que não fazia diferen­ça alguma. Daquela época em diante afastamo-nos ainda mais. Depois de certo tempo não havia mais amor, só indife­rença. Concordamos que o nosso casamento se acabara.

— E seu último casamento?

— O meu último casamento? Eu realmente pensei que ele seria diferente! Já estava divorciado há três anos. Namo­rei 24 meses com minha esposa. Achei que realmente sabía­mos o que fazíamos e pela primeira vez na vida senti que realmente amava alguém. Pensei que ela me amasse de ver­dade!

Ele prosseguiu:

— Acredito que jamais mudei depois do casamento. Con­tinuei a dizer-lhe que a amava, da mesma forma que fazia antes de nos casarmos. Declarava o quanto ela era bonita e como estava orgulhoso de ser seu marido. Porém... apenas alguns meses após o casamento ela começou a reclamar. No início era de coisas pequenas, tais como o fato de eu não levar o lixo para fora ou não guardar minhas roupas. Depois, come­çou a agredir o meu caráter, ao dizer-me que não podia confi­ar em mim e acusou-me de ser-lhe infiel. Tornou-se totalmen­te negativista. Antes de nos casarmos ela nunca fora pessimis­ta; pelo contrário, era uma das pessoas mais otimistas que já conheci. E essa foi uma das características que mais me atraiu nela. Ela jamais reclamava de alguma coisa. Tudo que eu fazia era maravilhoso. Bastou casarmo-nos, para que de repente eu não fizesse mais nada certo! Então gradativamente perdi meu amor por ela e fiquei magoado. Era óbvio que ela não me ama­va mais. Concordamos que não havia mais motivo para conti­nuarmos juntos e nos separamos.

Ele fez uma pausa e continuou:

— Isso foi há um ano. Minha pergunta, então, é: O que acontece com o amor após o casamento? Minha experiência é algo comum? É por isso que temos tantos divórcios? Não dá para acreditar que isso tenha acontecido três vezes comi­go! E aqueles que não se separam? Eles aprendem a viver com o vazio em seus corações, ou o amor permanece vivo em algum casamento? Se isso sucede, como é que acontece?

As perguntas feitas por meu companheiro de vôo são as mesmas realizadas hoje em dia por milhares de pessoas, sejam casadas ou divorciadas. Algumas são dirigidas a ami­gos, outras a conselheiros, a pastores, e outras apenas a si mesmos. Algumas respostas são dadas em vocabulário téc­nico de psicologia, e são simplesmente incompreensíveis. Outras vezes são levadas para o lado do humor. A maioria das piadas e frases contém alguma verdade, mas, de forma geral, é como oferecer aspirina a uma pessoa com câncer.

O desejo de ter-se um amor romântico no casamento está profundamente enraizado em nossa formação psicoló­gica. A maioria das revistas populares possui pelo menos um artigo sobre como manter o amor vivo no casamento. Há uma infinidade de livros escritos sobre o mesmo tema. Tele­visão e rádio abordam esse assunto em programas e entre­vistas. Manter o amor aceso em nossos casamentos é um as­sunto muito sério.

Mesmo com tantos livros, revistas e ajuda disponível, por que aparentemente tão poucos casais parecem ter desco­berto o segredo de manter vivo o amor após o casamento? Por que um casal que assiste a um curso de comunicação e ouve as maravilhosas idéias de como melhorar o diálogo, volta para casa e não consegue colocar em prática os exercí­cios aprendidos? O que acontece, se depois de lermos um artigo do tipo “100 Formas de Expressar Amor a Seu Cônju­ge” e colocarmos em prática umas três formas, que nos pare­cem mais adequadas, nosso cônjuge ainda assim não reco­nhece nosso esforço? — Desistimos das outras 97 formas e retornamos ao cotidiano de nossas vidas.

Devemos estar dispostos a

aprender a primeira linguagem

do amor de nossos cônjuges,

se quisermos comunicar o

amor de forma efetiva.

A resposta às perguntas anteriores é o propósito desta obra. Não desejo afirmar que todos os livros e artigos já pu­blicados não ajudem. O problema é que não levamos em conta uma verdade fundamental: As pessoas falam diferentes lin­guagens do amor.

Na área da lingüística há alguns grandes grupos de idiomas: japonês, chinês, espanhol, inglês, português, gre­go, alemão, francês e outros. A maioria de nós aprende so­mente a língua de nossos pais e irmãos, nossa primeira lin­guagem, ou seja, nosso vernáculo. Mais tarde, podemos até aprender outros idiomas, mas em geral com mais dificulda­de. Então surge o que chamamos de nossa segunda lingua­gem. Falamos e compreendemos melhor nossa língua nati­va. Sentimo-nos mais confortáveis ao falá-la.

Mas quanto mais utilizarmos uma língua secundária, mais à vontade nos sentiremos para expressá-la. Se falarmos somente nosso idioma, e encontrarmos alguém que também só fale o seu (diferente do nosso), a comunicação entre nós será bem limitada. Será necessário apontar, murmurar, dese­nhar ou fazer mímica para comunicar a idéia que desejamos transmitir. Poderemos até nos entender, mas será uma co­municação bem rudimentar. As diferenças de linguagem fa­zem parte da cultura humana. Se quisermos ter um bom in­tercâmbio cultural, será necessário aprendermos a lingua­gem daquele com quem desejamos nos comunicar.

O mesmo acontece no âmbito do amor. Sua linguagem emocional e a de seu cônjuge podem ser tão diferentes quan­to é o idioma chinês do inglês. Não importa o tanto que você se esforce para manifestar seu amor em inglês, se seu cônju­ge só entende chinês; jamais conseguirão entender o quanto se amam.

O meu amigo do avião usava a linguagem das “pala­vras de afirmação” para sua terceira esposa quando disse a ela o quanto a achava bonita, o quanto a amava e o quanto se orgulhava de ser seu marido. Ele utilizava a linguagem do amor, e era sincero, mas ela não a entendia. Talvez ela procu­rasse o amor em seu comportamento, mas não o encontrou. Ser sincero não é o suficiente. Devemos estar dispostos a aprender a primeira linguagem de nosso cônjuge, se quiser­mos comunicar eficazmente o nosso amor.

Minha conclusão, após vinte anos de aconselhamento conjugai, é que existem, basicamente, cinco linguagens do amor. Em lingüística, um idioma pode ter inúmeros dialetos e variações. Semelhantemente, com as cinco linguagens emo­cionais básicas do amor, também há vários dialetos. Eles se encontram nos artigos das revistas, tais como: “Dez Formas de Demonstrar Amor à Sua Esposa”; “Vinte Maneiras de Se­gurar Seu Marido em Casa”; ou “365 Expressões do Amor Conjugal”. Não há dez, vinte, ou 365 linguagens básicas do amor. Em minha opinião, há somente cinco. No entanto, pode haver inúmeros dialetos. O número de formas de se expressar amor através da linguagem do amor é limitado apenas pela imaginação das pessoas. O mais importante é falar a mesma linguagem do amor de seu cônjuge.

Já se sabe há bastante tempo que no período da pri­meira infância uma criança desenvolve formas emocionais únicas. Por exemplo, há algumas que possuem um padrão muito baixo de auto-estima, ao passo que outras o têm mui­to elevado. Algumas desenvolvem padrões de insegurança, enquanto outras crescem sentindo-se seguras. Algumas se sentem amadas, queridas e apreciadas, e outras, mal-amadas, incompreendidas e desapreciadas.

As crianças que se sentem amadas por seus pais e ami­gos desenvolvem a linguagem do amor emocional, com base em sua formação psicológica única e também de acordo com a forma que seus pais e outras pessoas próximas lhe deram carinho. Elas falarão e entenderão sua primeira linguagem do amor. Mais tarde elas poderão aprender outras línguas para se comunicarem, mas sempre se sentirão mais confor­táveis com o primeiro idioma que aprenderam. Crianças que não se sentem amadas por seus pais e amigos também de­senvolverão uma primeira linguagem do amor.

O aprendizado dessa língua, porém, será distorcido e apresentará defeitos da mesma forma que alguém que rece­be uma educação com falhas na gramática e desenvolve um vocabulário limitado. Essa limitação não significa que essas pessoas não venham a ser boas comunicadoras. Implica, sim, que terão de trabalhar mais diligentemente do que os que cresceram na atmosfera do amor saudável.

É muito raro que marido e mulher tenham a mesma primeira linguagem emocional do amor. Nossa tendência é falar nossas primeiras linguagens do amor e ficamos confu­sos quando nosso cônjuge não compreende o que desejamos comunicar. Expressamos nosso amor, mas a mensagem não chega compreensível porque, para eles, o que falamos é uma língua desconhecida. Aí se encontra o problema. O propósito deste livro é oferecer uma solução para esta questão. Por isso me empenhei em escrever esta obra sobre o amor. Uma vez que conheçamos as cinco linguagens básicas do amor e com­preendamos a nossa própria, como também a de nosso cônju­ge, então teremos a informação necessária para que coloque­mos em prática as idéias dos outros livros e artigos.

Desde que você identifique e aprenda a falar a primei­ra linguagem do amor de seu cônjuge, creio que terá desco­berto a chave para um amor conjugai duradouro. O amor não pode evaporar-se após o casamento! Para mantê-lo vivo, a maioria de nós terá de aprender uma segunda linguagem do amor. Não podemos confiar somente em nossa língua pá­tria, se nosso cônjuge não a compreende. Se quisermos que ele compreenda o amor que lhe desejamos comunicar, deve­mos expressá-lo na primeira linguagem do amor.
2. Cultivando o Amor que Agradece

Amor é o vocábulo mais importante em qualquer idio­ma — e também o que mais gera confusão! Pensadores, tan­to seculares quanto religiosos, concordam que este sentimen­to ocupa um papel central em nossa vida. Diz-se que “o amor é uma coisa esplendorosa” e “o amor faz o mundo girar”. Milhares de livros, músicas, revistas e filmes existem pela inspiração dessa palavra. Inúmeros sistemas filosóficos e te­ológicos estabeleceram um lugar de destaque para esse sen­timento. E o fundador da fé cristã coloca o amor como a ca­racterística que deve distinguir seus seguidores.1

Psicólogos concluíram que sentir-se amado é a princi­pal necessidade do ser humano. Por amor, subimos monta­nhas, atravessamos mares, cruzamos desertos e enfrentamos todo tipo de adversidade. Sem amor, montanhas tornam-se insuperáveis, mares intransponíveis, desertos insuportáveis e dificuldades avolumam-se pela vida afora. O apóstolo dos gentios, Paulo, exaltou o amor ao afirmar que qualquer ato hu­mano não motivado por esse sentimento é em si vazio e sem significado. Concluiu que na última cena do drama humano, somente três características permanecerão: “fé, esperança e amor. Porém, a maior delas, é o amor”.2

Se concordarmos que a palavra amor permeia a socie­dade humana, tanto no passado, como no presente, deve­mos admitir que também é uma das mais confusas. Nós a utilizamos em milhares de formas. Dizemos: “Eu amo ca­chorro quente!” e, numa outra frase: “Eu amo minha mãe!” Nós a usamos para descrever atividades que apreciamos: nadar, patinar e caçar. Amamos objetos: comida, carros e ca­sas. Amamos animais: cachorros, gatos e até tartarugas. Ama­mos a natureza: árvores, grama, flores e estações. Amamos pessoas: mãe, pai, filhos, esposas, maridos e amigos. Chega­mos até a nos apaixonar pelo próprio amor.

Como se isso tudo não fosse suficientemente confuso, também usamos a palavra amor para explicar determinados comportamentos: “Agi dessa forma porque a amo”. Essa ex­plicação muitas vezes é dada como desculpa. Um homem que se envolve em adultério chama esse relacionamento de amor. O pastor, por sua vez, chama-o de pecado. A esposa de um alcoólatra recolhe os “pedaços” após o último “episódio” de seu marido. Ela chama essa atitude de amor; os psiquiatras, porém, tratam-na como co-dependente. Um pai que atende a todos os desejos de seu filho também chama essa atitude de amor. Um terapeuta familiar chamaria de paternidade irres­ponsável. O que é um comportamento amoroso?

O propósito deste livro não é o de desfazer a confusão que gira em torno deste sublime sentimento, mas focalizar aquele tipo de amor que é essencial a nossa saúde emocio­nal. Psicólogos infantis afirmam que toda criança possui ne­cessidades emocionais básicas que devem ser supridas para que se possa atingir uma estabilidade emocional. Entre elas, nenhuma é tão essencial quanto o amor, a afeição e a necessi­dade de alguém sentir que pertence a outro e é querido. Com um suprimento adequado de afeição, uma criança tornar-se-á um adulto responsável. Sem esse amor essencial, ele ou ela ficará emocional e socialmente atrofiado.

Logo que ouvi a metáfora que cito a seguir, gostei mui­to dela: “Dentro de cada criança há um ‘tanque emocional’ esperando para ser cheio com o amor. Se ela se sentir amada, desenvolver-se-á normalmente; porém, se seu “tanque de amor” estiver vazio, ela apresentará muitas dificuldades. Diversos dos problemas de comportamento de uma criança provêm do fato de seu ‘tanque de amor’ estar vazio”. Essa metáfora foi dada pelo Dr. Ross Campbell, um psiquiatra que se especializou no tratamento de crianças e adolescentes.

Enquanto eu o ouvia falar, pensei nas centenas de pais que, em meu escritório, desfilavam as inúmeras reclamações sobre seus filhos. Até então, eu nunca pensara em uma cri­ança daquelas como um “tanque de amor” vazio, mas sem dúvida via os resultados dessa situação. Os problemas de comportamento apresentados eram uma forma de procurar o amor que não recebiam. Eles buscavam o amor nos lugares e nas formas erradas.

Lembrei-me de Ashley que aos treze anos de idade cui­dava de uma doença sexualmente transmissível. Seus pais estavam chocados. Ficaram “uma fera” com a filha e tam­bém muito bravos com a escola, a qual culpavam por ensi­narem sobre sexo. “Por que é que ela teve de fazer o que fez?”, perguntavam.

No âmago da existência do ser

humano encontra-se o desejo

de intimidade e de ser amado.

O casamento foi idealizado

para suprir essas necessidades.

Em minha conversa com Ashley, ela me falou do divór­cio de seus pais quando tinha apenas seis anos de idade.

“Eu pensei que meu pai tinha ido embora porque não gostava de mim! Quando minha mãe casou-se novamente eu estava com dez anos de idade. Então pensei que ela já tinha quem a amasse, e eu não possuía ninguém. Eu deseja­va tanto ser amada por alguém! E então conheci esse garoto lá na escola. Ele era bem mais velho, mas gostava de mim! Eu não conseguia acreditar! Ele era muito gentil comigo e, por um tempo, acreditei que ele realmente gostava de mim. Eu não queria fazer sexo, mas desejava desesperadamente ser amada!”

O “tanque de amor” de Ashley ficou vazio durante muitos anos. Sua mãe e seu padrasto providenciavam tudo que ela necessitava em termos materiais, mas não percebe­ram a enorme carência emocional que havia dentro dela. Eles certamente a amavam e achavam que ela se sentia amada por eles. Já era quase tarde demais quando descobriram que não falavam a primeira linguagem do amor de Ashley.

A necessidade de alguém ser amado emocionalmente, no entanto, não é uma característica unicamente infantil. Ela nos segue pela vida adulta; inclusive no casamento. Quando nos apaixonamos, temporariamente essa necessidade é su­prida, mas ela se torna um “quebra-galho” e, como acaba­mos descobrindo mais tarde, com duração limitada e até pre­vista. Após despencarmos dos píncaros da paixão, a necessi­dade emocional de ser amado ressurge porque é inerente à nossa natureza. Está no centro de nossos desejos emocionais. Precisamos do amor antes de nos apaixonar e continuare­mos a necessitar dele enquanto vivermos.

A necessidade de sermos amados por nosso cônjuge está na essência dos anseios conjugais. Recentemente certo cidadão me disse:

“De que adianta ter mansão, carros, casa na praia e tudo o mais, se sua esposa não o ama?!”

Dá para entender o que ele realmente desejava dizer? Era:

“Mais do que tudo, eu desejo ser amado por minha es­posa!”

As coisas materiais não podem substituir o amor hu­mano e emocional. Uma esposa disse, certa vez:

“Ele me ignora o dia inteirinho, mas à noite quer fazer sexo comigo. Eu odeio isso!”

Ela não odeia sexo, mas precisa desesperadamente do amor emocional.

Alguma coisa em nossa natureza clama por ser amado ou amada. O isolamento é devastador para a psique huma­na. E por esse motivo que o confinamento é considerado a mais cruel das punições. No âmago da nossa existência há o íntimo desejo de sermos amados. O casamento foi idealiza­do para atingir essa necessidade de intimidade e de amor. Por esse motivo os antigos registros bíblicos dizem que o ho­mem e a mulher tornam-se uma só carne. Isso não significa que as pessoas perderão suas identidades; quer dizer que ambos entrarão nas vidas um do outro, de forma íntima e profunda. O Novo Testamento desafia os maridos e as espo­sas a amarem-se mutuamente. De Platão a Peck os escritores têm enfatizado a importância do amor no casamento.

No entanto, esse amor que é tão importante, também é “escorregadio”. Tenho ouvido a confissão de muitos casais contando suas queixas secretas. Alguns chegam a mim por­que a dor interior tornou-se praticamente insuportável. Ou­tros, porque percebem que o comportamento que assumem perante as falhas do cônjuge poderá levar o casamento à des­truição. Há também os que simplesmente vêm para falar que não querem mais continuar casados. Seus sonhos de “vive­rem felizes para sempre” espatifaram-se contra o duro muro da realidade. Repetidas vezes ouço as palavras:

“Nosso amor terminou. O relacionamento morreu. Sentíamo-nos próximos um do outro, mas agora isso não existe mais. Não apreciamos mais ficar juntos. Não nos com­pletamos mais um ao outro.”

Essas histórias testificam que tanto os adultos como as crianças possuem “tanques de amor”.

Será que lá no interior de cada um desses casais machu­cados existe um indicador invisível de um “tanque” vazio? Será que esses comportamentos inadequados, separações, palavras duras e espírito crítico acontecem devido a esse “tan­que” vazio? Se pudermos achar uma forma de enchê-lo, será que o casamento renasceria? O “tanque” cheio possibilitaria que os casais criassem um clima emocional onde seria possí­vel discutir as diferenças e resolver os conflitos? Será que esse “tanque” é a chave para que um casamento perdure?

Essas perguntas levaram-me a uma longa viagem. Em plena estrada descobri os simples, porém poderosos pontos de vista registrados neste livro. Essa caminhada levou-me não somente através de mais de vinte anos de aconselhamento conjugai, mas também às mentes e corações de centenas de casais através da América do Norte. De Seattle a Miami, fui convidado a adentrar no recôndito do casamento de vários casais e conversamos francamente. As histórias apresentadas neste livro foram retiradas da vida real. Nomes e lugares fo­ram trocados para proteger a privacidade das pessoas que fa­laram com toda a liberdade.

Estou convencido de que manter cheio o “tanque de amor” do casamento é tão importante quanto manter o nível do óleo em um automóvel. Levar um casamento com o “tan­que de amor” vazio pode ser até mais difícil do que tentar dirigir um carro sem combustível. O que você descobrirá nesta obra tem o potencial para salvar milhares de casamen­tos, podendo também melhorar o clima emocional de um matrimônio que já esteja indo bem. Qualquer que seja a qua­lidade de seu casamento, sempre pode melhorar.

ADVERTÊNCIA: Compreender os cinco idiomas do amor e aprender a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge pode alterar completamente o comportamento dele. As pessoas relacionam-se de forma diferente quando seu “tanque de amor” está cheio.

Antes de examinarmos as cinco linguagens do amor, precisamos abordar um outro importante, porém confuso fenômeno: A eufórica experiência de apaixonar-se.
Notas

1.  João 13.35

2.  1 Coríntios 13.13

3. Apaixonando-se

Ela entrou em meu escritório sem hora marcada e per­guntou à minha secretária se poderia falar comigo durante cinco minutos. Eu conhecia Janice há muito tempo. Ela esta­va com 36 anos e nunca se casara. Havia namorado vários rapazes no passar dos anos: um deles durante seis anos, ou­tro durante três e diversos por curtos períodos de tempo. De vez em quando ela marcava uma consulta comigo para con­versar sobre alguma dificuldade específica que estivesse atra­vessando em algum de seus relacionamentos. Ela era, por natureza, uma pessoa disciplinada, consciente, organizada, reflexiva e cuidadosa. Era completamente fora de suas ca­racterísticas aparecer em meu escritório sem ter hora marcada. Eu pensei: “Só alguma crise terrível faria Janice vir aqui sem marcar hora!” Então, eu disse à minha secretária que a deixasse entrar. Eu realmente esperava vê-la debulhada em lágrimas, contando-me alguma trágica experiência logo ao abrir a porta. No entanto, ela literalmente pulou para dentro da sala, gritando animadamente. Perguntei-lhe:

— Como vai, Janice?

— Ótima! Nunca estive melhor em toda minha vida! Vou me casar!

— É mesmo? (Eu disse demonstrando minha surpresa!)

— Com quem? Quando?

— Com David Gallespie, em setembro.

— Isso é maravilhoso! Há quanto tempo vocês estão namorando?

— Três semanas Sei que é loucura, Dr. Chapman, de­pois de ter namorado tantos outros e de tantas vezes ter che­gado perto do casamento. Eu mesma não consigo acreditar, mas sei que o David é o rapaz certo para mim! Pela primeira vez, nós dois descobrimos isso juntos. É claro que não fala­mos sobre esse assunto na primeira vez que saímos, mas uma semana depois ele me pediu em casamento. Eu sabia que ele me pediria e eu aceitaria. Nunca me senti assim antes, Dr. Chapman. O senhor conhece os relacionamentos que tive nesses anos todos e as lutas que enfrentei. Em cada um de­les, alguma coisa não dava certo. Nunca tive a certeza de que deveria me casar com algum deles, mas agora sei que David é a pessoa preparada por Deus!

Nesse momento Janice balançava-se para frente e para trás em sua cadeira, rindo e dizendo:

— Sei que parece loucura, mas estou tão feliz! Nunca estive tão feliz em toda minha vida.

O que acontecia com Janice? Ela estava apaixonada. Em sua mente, David era o homem mais maravilhoso que ela já conhecera. Ele era perfeito em todas as formas e também se tornaria o marido ideal. Ela pensava nele dia e noite. O fato de David já ter sido casado duas vezes, possuir três filhos e ter passado, somente no ano anterior, por três empregos di­ferentes, não lhe importava. Ela estava feliz e convencida de que seria feliz para sempre ao lado dele. Ela estava apaixo­nada.

A maioria de nós entra para o casamento pela porta do amor. Ocorre de conhecermos alguém que possui característi­cas físicas e marcas em sua personalidade que disparam nosso sistema de alerta. Os sinos tocam, e iniciamos o processo da descoberta de quem é aquela pessoa. No primeiro encon­tro pode ser servido um hambúrguer ou um belo churrasco, dependendo do nosso orçamento, mas nosso real interesse não é a comida. Entramos em uma empreitada para conhecer o amor. “Será que esse sentimento ardente, borbulhante dentro de mim pode ser algo real?”

Algumas vezes essas borbulhas desaparecem logo no primeiro encontro, ao descobrirmos que ela, ou ele, funga. Dessa forma, as borbulhas escorregam por nossos dedos e não queremos mais comer hambúrguer com aquela pessoa. Outras vezes, porém, as borbulhas aumentam mais ainda, após aquele lanche. Arrumamos vários outros encontros e, pouco tempo depois, o nível de intensidade chega a ponto de afirmarmos: “Acho que estou apaixonada (o)!” Pensando que o sentimento é algo real, contamos à outra pessoa espe­rando que isso seja recíproco. Se não é, as coisas dão uma esfriada, ou então redobramos nossos esforços para impres­sionar e acabamos, eventualmente, conquistando o amor de nosso (a) amado (a). Quando há reciprocidade começamos a falar sobre casamento, porque todos concordam que estar apaixonado é um alicerce necessário para se manter um bom casamento.

Nossos sonhos, antes de

nos casarmos, são de êxtase

conjugai... É difícil pensar-se

qualquer outra coisa, quando

estamos apaixonados.

Nesse patamar, estar apaixonado (a) é uma experiência eufórica. Um fica emocionalmente obcecado pelo outro. Dor­me-se pensando nele (nela). Levanta-se e aquela pessoa é a primeira coisa que nos vem à mente. Ansiamos por estar jun­tos. Gastar tempo um com o outro é como estar na antecâmara do céu. Quando andamos de mãos dadas, é como se nossos corações batessem no mesmo compasso. Beijaríamos um ao outro para sempre, se não tivéssemos de ir à escola ou ao trabalho. O abraçar estimula sonhos de casamento e êxtase. O rapaz apaixonado tem a ilusão de que sua amada é perfeita. A mãe pode ver falhas, mas ele, não. A mãe diz:

— Querido, você já considerou o fato de que ela esteve em tratamento psiquiátrico durante cinco anos?

Ele, porém, replica:

— Oh, mãe, dá um tempo! Já faz três meses que ela está de alta.

Seus amigos também vêem algumas falhas, mas não se atrevem a dizer nada, a menos que ele peça, e as chances disso acontecer são inexistentes porque, em sua cabeça, ela é perfeita e o que os outros pensam, não lhe importa.

Nossos sonhos, antes de nos casarmos, são de êxtase conjugai:

— Vamos fazer um ao outro superfelizes. Outros casais podem discutir e brigar, mas isso não acontecerá conosco! Nós nos amamos.

Naturalmente, não ficamos de todo enganados. Sabe­mos, ao utilizar o racional, que teremos algumas diferenças. Porém, temos certeza de que conversaremos abertamente so­bre elas, um de nós cederá e assim chegaremos a um deno­minador comum. É muito difícil pensar algo diferente quan­do se vive um clima de paixão.

Somos levados a acreditar que, se realmente estivermos apaixonados, esse amor durará para sempre. Os maravilho­sos sentimentos dos quais partilhamos no momento nos acompanharão até o fim de nossas vidas. Nada se interporá entre nós. Estamos enamorados e aprisionados pela beleza e charme da personalidade um do outro. Nosso amor é a me­lhor coisa da qual já desfrutamos. Notamos que alguns ca­sais chegaram a perder esse sentimento, mas isso nunca acon­tecerá conosco. Fazemos, portanto, a seguinte colocação:

“É possível que eles nunca tenham sentido um amor verdadeiro como o nosso!”

Infelizmente, a eternidade da paixão é uma ficção e não um fato. A psicóloga Dorothy Tennov desenvolveu longos estudos sobre este fenômeno. Após estudar os comportamen­tos entre os casais, ela concluiu que o tempo médio de exten­são da obsessão romântica é de dois anos. Se a paixão foi um fruto proibido, talvez dure um pouco mais. Eventualmente, todos nós descemos das nuvens e pisamos com nossos pés em terra novamente. Nossos olhos abrem-se e passamos a enxergar as “verrugas” da outra pessoa. Descobrimos que alguns de seus traços de personalidade são realmente irri­tantes. Seus padrões de comportamento aborrecem-nos. Pos­suem também capacidade para machucar e irar-se, e utili­zam também palavras duras e julgamentos críticos. Esses tra­ços que não percebemos quando estávamos apaixonados tornam-se agora enormes montanhas. Então nos recordamos das palavras ditas por nossa mãe e perguntamos a nós mes­mos: “Como pude ser tão tolo?”

Bem-vindos ao mundo real do casamento, onde fios de cabelo sempre estarão na pia e respingos brancos da pasta de dente estarão no espelho; discussões ocorrem por causa do lado de se colocar o papel higiênico: se a folha deve ser puxada por baixo ou por cima. E um mundo onde os sapa­tos não andam até o guarda-roupa e as gavetas não fecham sozinhas; os casacos não gostam de cabides e pés de meia somem quando vão para a máquina de lavar. Nesse mundo, um olhar pode machucar, uma palavra pode quebrar. Aman­tes podem tornar-se inimigos e o casamento um campo de batalha sem trégua.

O que aconteceu com a paixão? Que coisa! Foi uma ilu­são que nos enganou e levou-nos a assinar nossos nomes na linha pontilhada... na alegria e na tristeza. Não é de se admi­rar que tantos amaldiçoem o casamento e o ex-cônjuge, a quem um dia amaram. Além disso, se fomos enganados, te­mos o direito de ficar bravos. Será que foi realmente amor? Acho que sim. O problema é que houve falta de informação.

A principal falha na informação é o falso conceito de que a paixão dura para sempre. Deveríamos saber disso. Uma sim­ples observação é o bastante para concluirmos que, se as pessoas permanecessem obcecadas pela paixão, estaríamos em grandes apuros. As ondas da paixão iriam de encontro aos negócios, à indústria, à igreja, à educação e ao restante da so­ciedade. Por quê? Porque pessoas apaixonadas perdem o in­teresse nas outras coisas. Por esse motivo também chamamos a paixão de obsessão. O estudante colegial que entra em uma “paixão avassaladora”, vê suas notas despencarem. É difícil concentrar-se nos estudos quando se está apaixonado. Ama­nhã vai cair na prova a Segunda Guerra Mundial. Mas, quem se importa com essa guerra? Quando se está apaixonado (a), tudo o mais parece irrelevante. Um certo senhor me disse:

— Dr. Chapman, meu trabalho é estafante! Eu, então, lhe perguntei:

— O que você quer dizer com isso?

— Eu conheci uma garota, apaixonei-me por ela e des­de então não consigo fazer mais nada! Não consigo concen­trar-me no serviço. Fico o dia inteiro sonhando com ela!

A euforia do estado de paixão concede-nos a ilusão de que estamos em um relacionamento bem íntimo. Sentimos como se nos pertencêssemos um ao outro. Passamos a pen­sar que somos capazes de enfrentar qualquer problema que surja. Sentimo-nos altruístas em relação um ao outro. Um jovem disse a respeito de sua noiva:

“Não consigo nem pensar em fazer algo que a magoe. Meu único desejo é vê-la feliz!”

Essa obsessão dá-nos o falso sentimento de que nossas atitudes egocêntricas foram erradicadas e tornamo-nos um tipo de “Madre Teresa de Calcutá”, de tão desejosos que fi­camos de fazer qualquer coisa para o bem de nosso (a) ama­do (a). A razão pela qual nos sentimos tão à vontade para fazer tais coisas, deve-se ao fato de sinceramente acreditar­mos que a pessoa por quem estamos apaixonados sente o mesmo por nós. Cremos que ela também está comprometi­da em suprir nossas necessidades, e ama-nos tanto quanto a amamos e também nada fará para nos magoar.

Esse modo de pensar é realmente uma utopia. Não é que sejamos hipócritas quanto ao que pensamos e sentimos, mas estamos dominados por expectativas irreais. Comete­mos um erro de avaliação da natureza humana. Normalmen­te somos egoístas. Nosso mundo resume-se em nós mesmos. Ninguém é inteiramente altruísta. A euforia da paixão é que estabelece essa ilusão.

Uma vez que a experiência da paixão siga seu rumo normal (é bom lembrar que, em média, a paixão dura por volta de uns dois anos), retornamos ao mundo real e come­çamos a nos impor. Ele expressa seus desejos, mas são dife­rentes dos dela. Ele deseja sexo, mas ela está muito cansada! Ele quer comprar um carro novo, mas ela diz que essa idéia é um absurdo. Ela quer visitar os pais, mas ele diz que não quer gastar tanto tempo com a família dela. Ele quer jogar futebol, mas ela diz:

— Você gosta mais de futebol do que de mim!!

Gradativamente a ilusão da intimidade dilui-se e os de­sejos individuais, as emoções, os pensamentos e os padrões de comportamento assumem seus lugares. Tornam-se duas pessoas. Suas mentes não se fundiram em uma só e suas emo­ções misturaram-se superficialmente no oceano do amor. Ago­ra, então, as ondas da realidade começam a separá-los. Eles saem do domínio da paixão e nesse ponto muitos desistem e separam-se, divorciam-se e partem em busca de uma nova paixão; ou então desenvolvem o árduo trabalho de aprende­rem a amar-se mutuamente sem a euforia da paixão.

A experiência da paixão não possui

enfoque em nosso próprio crescimento,

nem no crescimento e desenvolvimento

do cônjuge. Dificilmente também fornece

o senso de realização.

Alguns pesquisadores, entre eles o psiquiatra M. Scott Peck e a psicóloga Dorothy Tennov, chegaram à conclusão de que a experiência da paixão não deveria, de forma algu­ma, ser chamada de amor. Dr. Peck concluiu que o apaixo­nar-se não é amor verdadeiro, por três razões:

Primeira, apaixonar-se não é um ato da vontade nem uma escolha consciente. Não importa o quanto desejemos, não con­seguimos apaixonar-nos voluntariamente. Por outro lado, mes­mo que não busquemos essa experiência, ela pode, simples­mente, acontecer em nossa vida. Muitas vezes apaixonamo-nos no momento errado e pela pessoa errada!

Segunda, apaixonar-se não é amor verdadeiro porque não implica em nenhuma participação de nossa parte. Qualquer coisa que façamos apaixonados, requererá pouca disciplina e esforço. Os longos e dispendiosos telefonemas realizados, o di­nheiro gasto em viagem para ficarmos juntos, os presentes, e todo trabalho envolvido, nada representam. Da mesma forma que os pássaros constroem instintivamente seus ninhos, a na­tureza da pessoa apaixonada impulsiona na realização de atos inusitados e não naturais, de um para com o outro.

Terceira, a pessoa apaixonada não está genuinamente in­teressada em incentivar o crescimento pessoal daquela por quem nutre sua paixão. “Se temos algum propósito em mente ao nos apaixonarmos, é o de terminar nossa própria solidão e, talvez, assegurar essa solução através do casamento”.1 A paixão não se focaliza em nosso crescimento pessoal e nem tampouco no da outra pessoa amada. Pelo contrário, a sensação é a de que já se chegou onde se deveria alcançar e não é necessário crescer mais. Encontramo-nos no ápice da felicidade e nosso único de­sejo é continuar lá. E nosso (a) amado (a), naturalmente, tam­bém não precisa mais crescer, pois já é perfeito (a). Esperamos somente que ele (ela) mantenha essa perfeição.

Se apaixonar-se não é amor, então o que é? Dr. Peck afirma: “E um componente instintivo e geneticamente de­terminado do comportamento de acasalamento. Em outras palavras, um colapso temporário das reservas do ego que constituem o apaixonar-se; é uma reação estereotipada do ser humano a uma configuração de tendências sexuais inter­nas e estimulações sexuais externas, as quais designam-se ao crescimento da probabilidade da união e elo sexual, ten­do em vista a perpetuação da espécie”.

Quer concordemos ou não com essa conclusão, os que dentre nós se apaixonaram e também saíram desse estado de paixão, concluirão que essa experiência arremessa-nos a uma órbita emocional diferente de qualquer outra que porventura experimentamos. A tendência é o rompimento com a nossa razão, o que nos leva a fazer e a dizer coisas que nunca faríamos, ou diríamos em momentos de maior sobrie­dade. De fato, quando saímos desse estado de paixão, ques­tionamos como pudemos ter feito tais coisas. Quando a onda da emoção passa e voltamos ao mundo real, onde as diferen­ças são notórias, quantos de nós fizeram para si a pergunta:

“Por que me casei? Não combinamos em nada!” No entan­to, quando estávamos no auge da paixão, pensávamos que com­binávamos em tudo — pelo menos, em tudo que era importante.

Isso significa que, por termos sido “fisgados” dentro da ilusão da paixão, encontramo-nos agora frente a duas opções: 1 — estamos destinados a uma vida miserável com nosso cônju­ge, ou 2 — devemos nos separar e tentar novamente? Nossa geração tem optado pela última decisão, ao passo que a anteri­or escolheu a primeira. Antes de concluirmos automaticamen­te o fato de que fizemos a melhor escolha, devemos examinar os dados. Atualmente, 40% dos primeiros casamentos, nos Es­tados Unidos, terminam em divórcio; 60% dos segundos e 75% dos terceiros, também. Pelo que se pode ver, a perspectiva de um segundo e terceiro casamentos felizes, não é muito atingi­da.

As pesquisas realizadas parecem indicar que existe uma terceira e melhor alternativa: reconhecer que a paixão é o que é — um pico emocional temporário — e então desenvol­ver o amor verdadeiro com nosso cônjuge. Esse tipo de sen­timento é de natureza emocional, mas não obsessivo. É o amor que une razão e emoção. Envolve um ato da vontade e re­quer disciplina, pois reconhece a necessidade de um cresci­mento pessoal. Nossa necessidade emocional básica não é apaixonar-se, mas ser genuinamente amado (a) pelo outro; é conhecer o amor que cresce com base na razão e na escolha e não no instinto. Preciso ser amado por alguém que escolheu me amar, que vê em mim algo digno de ser amado.

Esse tipo de amor requer esforço e disciplina. É a escolha que fazemos de gastar nossa energia em benefício da outra pes­soa, sabendo que, se sua vida é enriquecida por nosso esforço, também nos sentimos satisfeitos — a satisfação de termos real­mente amado alguém. Não exige a euforia na experiência da paixão. Para falar a verdade, o amor verdadeiro não começa enquanto a experiência da paixão não tiver seguido seu curso.

Amor racional, volitivo,

é o tipo de amor para o qual

os sábios nos conclamam.

Não se deve levar em consideração os atos de bondade praticados por alguém que se encontre sob a influência da pai­xão obsessiva. Uma força instintiva impulsiona e suscita ações que vão além do comportamento normal. Porém, um retorno ao mundo real onde se inclui a escolha humana, permite optar­mos por sermos gentis e generosos, o que é o amor verdadeiro.

A necessidade emocional de amor deve ser suprida se formos emocionalmente saudáveis. Adultos casados dese­jam sentir-se amados por seus cônjuges. Sentimo-nos segu­ros quando nossos companheiros aceitam-nos, desejam-nos e estão comprometidos com nosso bem-estar. Durante o es­tágio da paixão sentimos todas essas emoções. É fantástico enquanto dura. Nosso erro é achar que ela nunca acabará.

Essa obsessão, no entanto, não dura para sempre. Se equipararmos o casamento a um livro, poderemos compará-lo à introdução do mesmo. O âmago desta obra é o amor racional e volitivo. Esse é o tipo para o qual os sábios sempre nos conclamam. E um amor intencional.

Essa é uma boa notícia aos casais que perderam seus sentimentos de paixão. Se o amor é uma opção, então eles possuem a capacidade de amar após a experiência da paixão haver passado e regressarem ao mundo real. Esse tipo de amor inicia-se com uma atitude — o modo de pensar. Amor é a atitude que diz: “Sou casado (a) com você e escolho lutar pelos seus interesses!” Então, os que optam por amar encontrarão formas apropriadas para demonstrar essa decisão.

Alguém pode comentar: “Isso parece tão estéril! Amor como uma atitude e com um comportamento apropriado? Onde estão as estrelas cadentes e as fortes emoções? Onde ficam a ansiedade do encontro, a piscada de olho, a eletricidade do bei­jo e o entusiasmo do sexo? E a segurança emocional de se saber que ocupamos o primeiro lugar na mente da outra pessoa?”

Este livro é exatamente sobre isso. Como suprir as pro­fundas necessidades de amor de uma pessoa? Se aprender­mos e optarmos por isso, então o amor que compartilhar­mos tornar-se-á melhor do que qualquer coisa que possa­mos sentir enquanto dominados pela paixão.

Durante vários anos tenho compartilhado o conceito das cinco linguagens do amor em meus seminários e nas sessões de aconselhamento. Milhares de casais atestarão a validade do que você descobrirá através desta leitura. Meus arquivos estão lotados de cartas de pessoas com quem nunca me encontrei, dizendo: “Um amigo meu me emprestou uma de suas fitas sobre ás lin­guagens do amor e sua mensagem revolucionou meu casamen­to. Tínhamos tentado há anos amar-nos, mas não conseguíamos. Agora que falamos as linguagens adequadas do amor, o clima emocional de nosso casamento tem melhorado muito!”

Quando o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge está cheio e ele se sente seguro de seu amor, o mundo todo fica mais claro e ele caminha para atingir o mais alto poten­cial de sua vida. Porém, quando este “reservatório” está va­zio e ele se sente usado e não amado, o mundo todo parecerá escuro e não conseguirá utilizar seu potencial de vida. Nos próximos cinco capítulos explicarei as cinco primeiras lin­guagens emocionais do amor e então, no de número 9, ilus­trarei como descobri-las, pois podem tornar seu esforço de amar mais produtivo.
Notas:

1.  M. Scott Peck, The Road Less Travelled (A Estrada Menos Percorrida) (New York: Simon & Schuster, 1978), pp. 89,90.

2. Ibid., p. 90

4. A Primeira Linguagem do Amor: Palavras de Afirmação

Mark Twain disse certa vez: “Um bom elogio pode me manter vivo durante dois meses”. Se tomarmos suas pala­vras ao pé da letra, seis elogios por ano manteriam seu “tan­que do amor” em nível operacional. Sua esposa, porém, pro­vavelmente precisará de mais do que isso.

Uma forma de se expressar o amor emocional é utilizar palavras que edificam. Salomão, um dos escritores da Bíblia, escreveu: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”.1 Muitos casais nunca apren­deram o tremendo poder de uma afirmação verbal mútua. Mais tarde, este rei acrescentou: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra”.2

Elogios verbais e palavras de apreciação são poderosos comunicadores do amor. São os melhores comunicados em forma de expressão direta e simples, como:

“Você ficou tão elegante com esse terno!” “Você está muito bem com esse vestido!” “Ninguém faz essas batatas melhor que você!”

“Querido, muito obrigada por ter lavado a louça para mim esta noite!”

“Muito obrigada por pagar mais um dia da faxineira esta semana. Quero que saiba que estou realmente grata!”

“Muito obrigado por ter feito um jantar tão gostoso!”

O que deverá acontecer ao clima emocional do casa­mento se o marido e a mulher ouvirem essas palavras de afirmação regularmente?

Anos atrás eu estava em meu escritório com a porta aberta quando uma senhora apareceu de repente e pergun­tou:

— O senhor tem um minuto?

— Sim, claro — respondi. Ela se sentou e disse:

— Dr. Chapman, estou com um problema. Não consi­go fazer com que meu marido pinte o nosso quarto. Já faz nove meses que lhe peço diariamente, mas não tem adianta­do. Já tentei tudo o que podia, mas não há jeito.

Meu primeiro pensamento foi: “Minha senhora, pare­ce que você bateu na porta errada. Não temos pintores aqui”. No entanto, virei-me para ela e disse:

— Fale-me sobre isso. E ela começou a contar:

— Bem, sábado passado foi um grande exemplo. Lem­bra-se como o dia estava lindo? Sabe o que meu marido fez o dia inteiro? Lavou e encerou o carro.

— E o que a senhora fez?

— Fui à garagem e disse:

— Bob, não consigo entendê-lo. O dia hoje está perfeito para pintar o quarto e você está aqui lavando e encerando o carro!

— E seu comentário deu certo? Ele foi pintar o quarto?

— Não. O quarto encontra-se do jeito que estava, sem pintura. Não sei mais o que fazer!

— Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: A senhora é con­tra carros limpos e encerados?

— Não, mas quero que meu quarto seja pintado!

— A senhora tem certeza de que seu marido sabe que a senhora gostaria que ele pintasse o quarto?

— Estou plenamente convicta. Tenho pedido isso a ele durante nove meses.

— Deixe-me fazer-lhe mais uma pergunta: Seu marido faz alguma coisa bem feita?

— Como o quê?

— Coisas como recolher o lixo, limpar os vidros de seu carro, colocar combustível no automóvel, pagar a conta de luz, ajudá-la a vestir um casaco, etc.

— Sim, ele faz muito bem algumas dessas coisas.

— Então, tenho duas sugestões. Primeira, nunca mais mencione a pintura do quarto. Esqueça e jamais fale com ele sobre isso.

Ela olhou para mim e disse:

— Não vejo em que isso pode ajudar!

O objetivo do amor não é

você conseguir algo que deseje, mas fazer

alguma coisa pelo bem-estar daquele a

quem ama. No entanto, é fato que,

quando recebemos elogios, dispomo-nos

mais a retribuir a gentileza recebida.

— Escute, você acabou de dizer que ele já sabe qual é o seu desejo: gostaria que ele pintasse o quarto. Não é mais preciso dizer-lhe isso. Ele já sabe. A segunda sugestão é a seguinte: na próxima vez que seu marido fizer alguma coisa bem feita, expresse isso a ele verbalmente, elogiando-o. Se ele levar o lixo para fora, diga-lhe algo como “Bob, quero que você saiba que sou muito grata por ter levado o lixo para fora”.

— Não diga jamais:

“Se demorasse mais para levar esse lixo para fora, as moscas fariam isso por você!”

— Quando ele pegar as contas para pagar, diga algo como:

“Obrigada por pagar nossas contas; há maridos que não fazem isso e quero que saiba que sou realmente muita grata!”

— Todas as vezes que ele fizer algo de bom, elogie-o.

— Não vejo como isso pode fazer com que ele pinte o quarto!

— A senhora pediu meu conselho, eu o dei. Faça como achar melhor!

Ela não estava muito satisfeita comigo quando foi em­bora. Três semanas mais tarde ela voltou a meu escritório e disse:

— Deu certo!

Ela aprendeu que as palavras elogiosas são realmente motivadoras.

Não sugiro que use de bajulação para conseguir o que deseja de seu cônjuge. O objetivo do amor não é obter o que se quer, mas fazer algo pelo bem-estar daquele a quem se ama. É verdade, porém, que ao recebermos palavras elogiosas, de afir­mação, tornamo-nos mais motivados a sermos recíprocos e a fazermos algo que nosso cônjuge deseje.
Palavras Encorajadoras

Elogio verbal é uma, entre as muitas formas de se ex­pressar palavras de afirmação ao seu cônjuge. Outra manei­ra: as palavras encorajadoras. O termo encorajar significa “inspirar coragem”. Em determinadas fases da vida todos nós nos sentimos inseguros. Não possuímos a coragem ne­cessária, e esse medo impede-nos de realizarmos certos atos positivos que gostaríamos de concretizar. O potencial laten­te de seu cônjuge, nestas áreas de instabilidade, talvez espe­re suas palavras de encorajamento.

Allison sempre gostou de escrever. Mais tarde, na facul­dade, fez alguns cursos de jornalismo. Percebeu rapidamente que seu entusiasmo em redigir superava, em muito, seu inte­resse pela História, que fora sua matéria predileta. Já era mui­to tarde para que mudasse de faculdade mas, após se formar e antes de seu primeiro filho, ela escreveu vários artigos. Apresentou um deles à redação de uma revista; porém, como não foi aceito, não teve mais coragem de tentar novamente em outro lugar. Agora, com os filhos já mais velhos e, com um pouco mais de tempo, ela resolveu voltar a escrever.

O marido de Allison, Robert, prestara pouca atenção nos artigos dela nos primeiros anos de casamento. Ele se ocu­para com sua própria carreira, pois desejava galgar todos os degraus de sua empresa. Ainda em tempo, Robert percebeu que o real significado da vida encontrava-se não em realiza­ções, mas nos relacionamentos. Ele aprendeu a dar mais va­lor para Allison e aos interesses dela. Nesse ritmo, foi natu­ral que, em uma das noites, ele pegasse um dos artigos escri­tos por sua esposa e o lesse. Ao terminar ele se dirigiu para onde Allison lia um livro. Muito entusiasmado, ele disse:

— Desculpe interromper sua leitura, mas eu tenho que lhe dizer uma coisa: Acabei de ler seu artigo “Aproveite seu Feriado”. Allison, você é uma excelente escritora. Esta maté­ria precisa ser publicada. Você escreve de forma clara e usa palavras que faz com que o leitor consiga visualizar o que se relata. Seu estilo é fascinante. Você tem de levar este artigo para algumas revistas.

— Você acha realmente? — ela perguntou um pouco hesitante.

—  Acho sim! Seu material é muito bom mesmo!

Quando Robert saiu da sala, ela não continuou sua lei­tura. O livro ficou aberto em seu colo e ela sonhou acordada durante meia hora sobre o que o marido acabara de falar. Quis saber se outras pessoas veriam seu artigo da mesma forma que seu esposo o observara. Lembrou-se de quando lhe passaram um fax agradecendo, porém dispensando seu artigo. Mas agora era diferente. Seus textos estavam melho­res. Ela havia amadurecido. Antes que levantasse para pe­gar um copo d’água, tomou uma decisão. Levaria seus arti­gos para a apreciação de algumas revistas. Iria atrás da pos­sibilidade deles serem publicados.

As palavras encorajadoras de Robert foram pronuncia­das há catorze anos. Allison já possui vários artigos publica-

dos desde então, e agora já tem um contrato para escrever. É uma excelente escritora. Porém, foram as palavras encorajadoras de seu marido que a inspiraram e impulsiona­ram a dar o primeiro passo no árduo processo de ter um arti­go publicado.

Talvez seu cônjuge possua alguma qualidade que te­nha grande potencial, mas se encontra adormecida. Aquela capacidade talvez aguarde suas palavras encorajadoras. Quem sabe seja preciso que ele (ela) se matricule em algum curso para desenvolver esse potencial. Talvez seja necessá­rio que ele (ela) se encontre com alguém da área em questão, para pegar algumas dicas do próximo passo a ser dado. Suas palavras podem dar a seu cônjuge a coragem necessária para ele ir atrás de seu sonho.

Por favor, perceba que não falo para pressionar seu côn­juge a fazer alguma coisa que você queira que ele realize. Oriento sobre como encorajá-lo a desenvolver alguma apti­dão que ele já possua. Por exemplo, alguns maridos pressio­nam suas esposas a fazer regime. Eles dizem que as encora­jam, mas elas sentem isso como uma condenação. Somente quando a pessoa, por si, decide perder peso, é que você deve encorajá-la. Até que parta dela o desejo, suas palavras pesa­rão como um sermão. É muito raro esse tipo de discurso encorajador, pois soa mais como julgamento, destinado a estimular a culpa. Não expressa amor, mas rejeição.

Encorajamento requer empatia

que nos leva a enxergar o mundo segundo

a perspectiva de nosso cônjuge.

Devemos, em primeiro lugar, procurar

saber o que é importante para ele.

Se, no entanto, seu cônjuge lhe disser: “Estou pensando em fazer uma dieta neste verão!” Aí, então, você terá a oportunidade de transmitir-lhe palavras encorajadoras, algo como: “Se você fizer isso, pos­so dizer-lhe que será um sucesso! Essa é uma das coisas que gosto em você. Quando coloca algo na cabeça, dá um jeito de fazê-lo. Se isso é o que realmente deseja, farei o que puder para ajudá-lo (a). E não se preocupe com o preço do trata­mento, pois daremos um jeito em relação ao dinheiro”. Tais palavras poderão dar coragem para que seu cônjuge ligue à clínica que promove aquela dieta.

Encorajamento requer empatia que nos leva a ver o mundo da perspectiva de nosso cônjuge. Devemos, primei­ramente, aprender o que é importante para ele (ela). Aí, en­tão, seremos capazes de encorajá-lo (a). O encorajamento verbal comunica: “Eu sei. Eu me preocupo. Estou do seu lado. Como posso ajudá-lo?” É uma forma de dizer que acredita­mos nele (a) e em suas habilidades. É dar crédito e louvor.

A maioria de nós possui mais potencial do que poderí­amos imaginar que tivéssemos. O que nos segura é, na mai­oria das vezes, a falta de coragem. Um cônjuge amoroso pode ser um importante catalisador. É natural que seja difícil ela­borar e dizer palavras encorajadoras. Talvez não seja sua pri­meira linguagem. Pode ser que, para você, seja necessário grande esforço para aprender a falar essa segunda língua. Isso será especialmente difícil se você tem um padrão de palavras críticas e condenatórias. Porém, posso assegurar-lhe que seu esforço será recompensado.
Palavras Bondosas

O amor é esplendoroso. Se desejamos comunicá-lo de forma verbal devemos utilizar palavras bondosas. Isso tem a ver com a forma através da qual nos expressamos. Uma mesma sentença pode ter dois diferentes significados, de­pendendo de como ela é apresentada. A frase “Eu amo você”, quando dita com bondade e ternura, pode ser uma genuína expressão de amor. O que dizer da mesma frase dita da se­guinte forma: “Eu amo você?” O ponto de interrogação muda todo o significado. Algumas vezes nossas palavras dizem uma coisa, mas o tom de voz afirma outra completamente diferente. Enviamos mensagens dúbias. Nosso cônjuge, geralmente, interpretará a mensagem que lhe enviarmos com base na tonalidade da voz e não nas palavras que usarmos. A frase: “Eu faço questão de lavar a louça hoje a noi­te!”, dita em tom de voz cavernosa, não será recebida como uma expressão de amor. Por outro lado, podemos comparti­lhar mágoa, dor e mesmo raiva, de maneira meiga, e aquela mensagem ser uma manifestação de amor. Por exemplo: “Fi­quei desapontada e magoada por você não haver se ofereci­do para me ajudar esta noite!”, dita de forma honesta, gentil, pode ser uma expressão de amor. A pessoa que fala quer ser conhecida por seu cônjuge. Ao compartilhar seus sentimen­tos dará um passo para aumentar a intimidade entre ambos. Solicitará uma oportunidade para conversar sobre uma dor, a fim de curá-la. A mesma palavra dita em voz alta, irritada, não será uma expressão de amor, mas sim de condenação e julgamento.

A maneira como falamos é extremamente importante. O rei Salomão disse com toda sabedoria: “A resposta branda desvia o furor”. Quando seu cônjuge estiver bravo, deprimi­do e disser palavras agressivas, se você optar em permane­cer gentil, não somente deixará de responder agressivamen­te, mas usará palavras brandas. Receba o que ele diz como uma comunicação de seu estado emocional. Permita que ele externe sua ira, raiva e sua percepção da situação. Procure enxergar de seu ponto de vista e então expresse de forma bondosa e gentil sua opinião sobre o porquê dele (a) se sentir daquela forma.

Se você entender errado o motivo da alteração de suas emoções, reconheça o erro e peça perdão. Se a sua motivação for diferente da que ele percebe, explique-a de forma gentil. Você deverá procurar a compreensão e reconciliação e não provar seu ponto de vista como a única forma lógica para explicar o ocorrido. Isso é amor maduro, o tipo que devemos aspirar se buscarmos o crescimento em nossos casamentos.

O amor jamais registra uma lista de erros. Ele não traz à tona fracassos passados. Nenhum de nós é perfeito. No casa­mento, nem sempre fazemos o melhor ou o mais certo. Faze- mos e dizemos coisas duras a nossos cônjuges. Também ja­mais apaguemos o passado. Devemos confessar e concordar que agimos mal. Peçamos perdão e tentemos agir diferente­mente no futuro. Após confessar a falta e solicitar o perdão, não poderei fazer mais nada para aliviar a dor causada a meu cônjuge. Quando erro com minha esposa e ela expressa que foi magoada e sugere que eu peça perdão, preciso fazer uma escolha: justiça ou perdão. Se eu escolher a justiça e tentar compensá-la, ou então fazê-la pagar por seu ato errado, farei de mim mesmo um juiz e ela uma ré. A intimidade torna-se impossível de ser restaurada. O perdão é o caminho do amor. Fico admirado como há pessoas que misturam o dia de hoje com o de ontem. Insistem em trazer para o presente os fracassos do passado e, ao fazerem isso, estragam um dia potencialmente maravilhoso.

“Não posso acreditar que você tenha feito isso!’’ “Não sei se algum dia poderei esquecer isso!” “Você não tem a menor idéia de como me magoou!” “Não entendo como você pode ficar aí sentado (a) tão tranqüilo (a) depois de ter me tratado dessa maneira!”

“Você deveria se ajoelhar e implorar o meu perdão!” “Não sei se conseguirei perdoá-lo (la)!” Essas frases não são de amor, mas de amargura, ressen­timento e vingança.

Se desejamos desenvolver um

relacionamento precisamos saber quais

são os desejos da pessoa amada.

Se queremos amar um ao outro,

precisamos saber como fazê-lo.

A melhor coisa que podemos fazer com os fracassos do passado é torná-los em simples história. Sim, eles ocorreram, e certamente machucaram. E talvez ainda magoem, mas ele reconheceu seu erro e pediu o seu perdão. Não conseguimos apagar o passado, mas podemos aceitá-lo como experiência de vida. Vivamos o dia de hoje livres das mágoas anteriores.

O perdão não é um sentimento, mas um compromisso. É a opção de se mostrar misericórdia e não de se jogar a ofensa no rosto do ofensor. Perdão é uma expressão de amor.

“Amo você. Preocupo-me com você e decido perdoá-lo (la). Mesmo que eu continue ainda por um tempo a sentir-me machucado (a), não permitirei que o ocorrido interpo­nha-se entre nós. Espero que aprendamos com essa experi­ência. Você não é um fracassado porque teve um fracasso. Você é meu marido (esposa) e juntos continuaremos nossa caminhada.”

Estas são palavras de afirmação, ditas no dialeto de palavras gentis.
Palavras Humildes

O amor faz solicitações, não imposições. Quando dou ordens a meu cônjuge, torno-me pai (mãe) e ele (ela) filho (a). O pai diz ao filho de três anos o que ele deve fazer, ou melhor, o que ele precisa realizar. Isso é necessário porque uma criança nesta idade ainda não sabe como navegar nas traiçoeiras águas da vida. No casamento, no entanto, somos iguais, parceiros adultos. Não somos perfeitos, mas adultos e parceiros. Se vamos desenvolver um relacionamento ínti­mo, precisamos conhecer os desejos um do outro. Se quere­mos amar um ao outro, precisamos saber o que ele (ela) pre­tende.

No entanto, a forma como expressamos esses desejos é muito importante. Se os colocamos como ordens, elimina­mos as possibilidades da intimidade e afugentamos nosso cônjuge. Se, no entanto, expressarmos nossas necessidades e desejos como pedidos, apontaremos um caminho, mas não empurraremos ninguém para ele. O marido que diz: “Queri­da, sabe aquela torta de maçã deliciosa que você faz? Será que poderia preparar uma esta semana? Eu amo aquela so­bremesa!”, concederá uma dica de como ela pode expressar-lhe amor e, dessa forma, ambos crescerão em intimidade. Por outro lado, o esposo que diz: “Desde que nosso filho nasceu, você nunca mais fez aquela torta de maçã. Pelo jeito, vou ficar sem comê-la por mais uns 18 anos”, deixou de ser adulto e tornou a comportar-se como um adolescente. Tais reclamações não constroem a intimidade.

A esposa que diz: “Será que você poderia limpar a ca­lha este final de semana?”, expressa amor ao fazer uma per­gunta, um pedido. Porém, a que diz: “Se você não der um jeito de limpar logo essa calha, ela vai acabar despencando do telhado. Já existem brotos de árvore nela e espalham-se por todos os lados!”, não demonstra amor, mas sim torna-se uma mulher dominadora.

Quando alguém faz um pedido a seu cônjuge, afirma as habilidades dele. Faz entender que ele (ela) possui, ou pode fazer algo, que é significativo ou valioso para o outro. No entanto, quando dá ordens, torna-se um tirano. Seu cônjuge não se sentirá afirmado, mas diminuído. O pedido implica no elemento escolha. Seu parceiro pode atender ou não o seu pedido, porque o amor é sempre uma decisão. É isso que o torna significativo. Saber que meu cônjuge ama-me a pon­to de atender meu pedido comunica emocionalmente que ele (ela) se importa comigo, respeita-me, admira e deseja fa­zer algo que me agrade. Não há como desenvolver o amor emocional através de intimações. Meu cônjuge talvez obe­deça às minhas ordens, mas isso não será uma expressão de seu amor. Será uma forma de medo, culpa ou de alguma outra emoção, mas jamais de amor. Então, um pedido cria uma oportunidade de se expressar amor, ao passo que uma or­dem sufoca essa possibilidade.
Dialetos Variados

Palavras de Afirmação são uma das cinco linguagens básicas do amor. Dentro desse idioma, no entanto, há vários dialetos. Já falamos sobre alguns, mas ainda há muitos ou­tros. Diversos livros e artigos já foram escritos sobre esse tema. Todos eles têm em comum o uso de palavras que afir­mam o cônjuge. O psicólogo William James diz que, possivelmente, a mais profunda necessidade humana é a de ser apreciado (a). Palavras de Afirmação poderão suprir essa ne­cessidade em muitas pessoas.

Se você não é um homem, ou mulher que gosta de ex­pressar palavras amorosas; se essa não é sua primeira lingua­gem mas acha que é a de seu cônjuge, sugiro que adquira uma caderneta e chame-a de “Palavras de Afirmação”. Quando você ler um artigo ou um livro romântico, escreva ali algumas pa­lavras de afirmação que tenha gostado. Quando assistir a al­guma palestra sobre amor, ou ouvir algum amigo dizer algu­ma coisa positiva sobre outra pessoa, anote. Com o tempo você terá colecionado uma lista de palavras para serem usadas ao transmitir amor a seu cônjuge.

Outra coisa que se deve fazer é pronunciar palavras de afirmação de forma indireta, ou seja, dizer algo positivo so­bre seu cônjuge, mesmo na ausência dele. Eventualmente, alguém transmitirá a ele (ela) o que você disse; e assim ga­nhará os bônus do amor. Diga a sua sogra que a filha dela é sensacional. Possivelmente, quando ela contar isso a sua es­posa, com certeza aumentará alguma coisa e você acabará ganhando mais crédito. Também elogie seu cônjuge na fren­te dos outros quando ele, ou ela, estiver presente. E quando você for o alvo do elogio, certifique-se de repartir o crédito com seu cônjuge.

Há muitas outras formas de se dizer palavras de afir­mação, entre elas, escrevê-las. Frases escritas têm a vanta­gem de serem lidas várias vezes.

Aprendi uma lição muito importante sobre palavras de afirmação e linguagens do amor em Little Rock, Arkansas. Minha visita a Bill e Betty Jo ocorreu em um belo dia da pri­mavera. Eles moravam em um condomínio fechado, em uma casa com uma gradinha na frente, um gramado bem verde no jardim e canteiros de viçosas flores. Era uma visão idílica. Ao entrar, porém, percebi que o clima interior era bem dife­rente. O casamento deles desmoronara. Após vinte anos de matrimônio e possuidores de duas lindas crianças, pergun­tavam-se, primeiramente, por que haviam se casado. Discordavam de tudo. A única coisa com que concordavam é que ambos amavam os filhos. Ao desenrolar sua história, percebi que Bill era muito dedicado ao seu trabalho e muito pouco tempo oferecia a Betty Jo, sua esposa, a qual trabalha­va meio período, possivelmente para não permanecer den­tro de casa. A forma de convivência entre os dois era a de evitarem estar juntos. Tentavam ficar longe um do outro para que seus conflitos não assumissem proporções maiores. O ponteiro do mostrador do “tanque de amor” de cada um deles apontava para o termo “vazio”.

Disseram que já tinham procurado aconselhamento; porém, em nada adiantara. Eles assistiriam ao meu seminá­rio sobre casamento e eu partiria no dia seguinte. Aquele, portanto, seria meu único encontro com Bill e Betty. Resolvi, então, “colocar todos os ovos em uma cesta só”.

Gastei uma hora em particular com cada um. Ouvi aten­tamente as versões de suas histórias. Percebi que, apesar do vazio existente no relacionamento deles e do desacordo rei­nante naquela convivência, havia certas coisas que aprecia­vam um no outro. Bob disse-me:

“Ela é uma boa mãe, uma excelente dona de casa e uma eximia cozinheira... quando resolve cozinhar. Porém, não demonstra a menor afeição por mim. Trabalho feito um lou­co e simplesmente não há por parte dela o menor reconheci­mento”.

Em minha conversa com Betty ela concordou que Bill era um excelente provedor. Ela, no entanto, reclamou:

“Ele não move uma palha para me ajudar em casa e nun­ca tem tempo para mim. O que adianta ter esta casa, o carro novo e todas as outras coisas se não podemos curti-los juntos?”

Obtive mais informações e então decidi focalizar meu aconselhamento em dar a mesma sugestão para cada um. Disse a Bob e a Betty Jo separadamente que eles possuíam a chave para mudar o clima emocional do casamento. Eu lhes afirmei:

“Essa chave é expressar a apreciação pelas coisas que gosta nele (nela) e, no momento, suspender as reclamações sobre o que não se agrada.”

Repassei com eles os comentários positivos que fize­ram um do outro e ajudei-os a fazer uma lista desses traços positivos. A relação de Bill focalizava as atividades de Betty Jo como boa mãe, excelente dona de casa e exímia cozinhei­ra. A lista de Betty Jo registrava a dedicação de Bill ao traba­lho e sua provisão financeira à família. As relações foram feitas da forma mais detalhada possível. A lista de Betty Jo ficou assim:

• Ele não faltou um dia de trabalho em vinte anos. É um tra­balhador dinâmico.

• Ele recebeu várias promoções nesses anos todos. E sempre deseja aumentar sua produtividade.

• Ele paga as prestações da casa mensalmente.

• Ele paga as contas de água, gás e luz em dia.

• Ele nos comprou um carro novo há três anos.

• Ele corta a grama, ou arruma alguém para fazê-lo, sema­nalmente, durante a primavera e o verão.

• Ele varre as folhas ou contrata alguém para fazê-lo duran­te o outono.

• Ele providencia bastante dinheiro para alimentação e rou­pas da família.

• Ele leva o lixo para fora nos dias de sua coleta.

• Ele me dá dinheiro para comprar presentes de Natal para toda a família.

• Ele concorda que eu gaste o dinheiro que recebo em meu emprego, da forma que eu desejar.

A lista de Bill ficou assim:

• Ela arruma as camas todos os dias.

• Ela passa o aspirador na casa uma vez por semana.

• Ela leva diariamente as crianças para a escola, depois de dar-lhes um bom café da manhã.

• Ela faz janta três vezes por semana.

• Ela realiza as compras no supermercado. Ajuda as crian­ças a fazer seus deveres de casa.

• Ela leva e traz as crianças quando há atividades na escola e na igreja.

• Ela leciona para crianças pequenas na Escola Dominical.

• Ela leva minhas roupas ao tintureiro.

• Ela lava as roupas e passa quando é preciso.

Sugeri que acrescentassem a essas listas coisas que per­cebessem nas semanas seguintes. Solicitei também que duas vezes por semana selecionassem alguma atitude positiva do outro e elogiassem. Dei-lhes ainda uma recomendação que se Bill a elogiasse, ela não lhe respondesse com outro elogio, mas deveria simplesmente recebê-lo e dizer:

“Muito obrigada por suas palavras.”

Disse a mesma coisa a Bill. Encorajei-os a proceder des­sa maneira durante dois meses e, se achassem que funciona­va, deveriam então continuar. Se, no entanto, a experiência não ajudasse a melhorar o clima emocional do casamento, eles deveriam simplesmente encarar tudo aquilo como ou­tra tentativa que não dera certo.

No dia seguinte peguei o avião e voltei para casa. Ano­tei em minha agenda para dois meses depois ligar a Bill e Betty, a fim de saber o que acontecera. Quando lhes telefo­nei, já em pleno verão, pedi para falar particularmente com cada um. Fiquei impressionado ao notar que Bill dera um grande passo à frente. Ele percebeu que eu concedera o mes­mo conselho à sua esposa, mas encarara tudo de forma posi­tiva. Para falar a verdade, ele achou ótimo! Ela expressava apreciação pelo seu trabalho duro e pela provisão que dava à família. Ele disse:

“Ela realmente conseguiu fazer com que eu me sentis­se um homem novamente. Ainda temos muito trabalho pela frente, Dr. Chapman, mas acredito francamente que estamos no caminho certo.”

Quando conversei com Betty Jo, no entanto, achei que ela dera um passo muito pequeno. Ela me falou:

“Alguma coisa melhorou, Dr. Chapman. Bill elogia-me, como o senhor sugeriu, e acredito que haja sinceridade nisso. Mas ele ainda não gasta nenhum minuto comigo. Traba­lha o tempo todo e não tem uma hora para mim.”

Enquanto eu ouvia Betty Jo, as “luzes” acenderam. Sa­bia que fizera uma grande descoberta. A linguagem do amor de uma pessoa não é necessariamente a mesma da outra. Era óbvio que a primeira linguagem do amor de Bill era “Pala­vras de Afirmação”. Ele era um trabalhador dedicado e apre­ciava seu emprego. O que ele mais queria de sua esposa era que ela expressasse admiração por isso. Aquele padrão foi provavelmente estabelecido em sua infância, e a necessida­de de receber elogios ainda era premente em sua vida adul­ta. Betty Jo, por sua vez, possuía uma carência emocional em outra área. Era-lhe agradável receber elogios, mas ansiava por algo mais, exatamente a segunda linguagem do amor.
Notas

1. Provérbios 18.21

2. Provérbios 12.25

5. A Segunda Linguagem do Amor: Qualidade de Tempo

Era o meu dever perceber qual a primeira linguagem do amor de Betty Jo, logo no início, pelo que ela me disse naquela noite de primavera quando os visitei em Little Rock:

“Bill é um bom provedor, mas não gasta tempo algum comigo! Do que me servem a casa, o carro novo e as demais coisas se não os “curtimos” juntos?”

O que ela desejava? Ter um tempo de qualidade com seu marido. Ela queria que ele focalizasse nela a sua atenção, que lhe dedicasse mais tempo e pudessem realizar algumas atividades juntos.

Quando digo “Qualidade de Tempo” desejo afirmar que você deve dedicar a alguém sua inteira atenção, sem dividi-la. Não significa sentar no sofá e assistir televisão. Quando o tempo é gasto dessa forma, quem recebe a atenção são as estações de TV, e não o cônjuge. O que pretendo afirmar é algo como sentar-se ao sofá com a televisão desligada, olhar um para o outro e conversar, no processo de dedicação mu­tua. É dar um passeio juntos, só os dois. É ambos saírem para comer fora, é um olhar nos olhos do outro e conversar. Você já percebeu que, nos restaurantes, é perfeitamente possível notar a diferença entre um casal de namorados e um de casa­dos? Os namorados miram-se nos olhos e “batem papo”. Os casados sentam-se à mesa e olham ao redor do restaurante. Pode-se dizer que foram ali apenas para comer!

Quando me sento ao sofá com minha esposa e dedico-lhe vinte minutos de minha inteira atenção e ela faz o mes­mo por mim, concedemos um ao outro vinte minutos de nossa existência. Nunca mais teremos aquele tempo nova­mente! Entregamos ali parte de nossas vidas um ao outro. Esse é um poderoso comunicador do amor emocional.

Um único remédio não pode curar todas as enfermidades existentes. Em meu aconselhamento para Bill e Betty Jo, cometi um erro muito sério, pois afirmei que palavras de afirmação teriam o mesmo significado para os dois. Esperava com isso que, se cada um deles desse ao outro uma afirmação verbal, o clima emocional mudaria e ambos sentir-se-iam amados. Isso funcionou para Bill. Seus sentimentos em relação a Betty Jo tor­naram-se mais positivos. Ela passou a apreciar mais o trabalho duro que ele desempenhava. Porém, o mesmo não ocorreu com Betty Jo, porque “Palavras de Afirmação” não era sua primeira linguagem do amor, mas sim a qualidade de tempo.

Peguei novamente o telefone, liguei para Bill e agrade­ci-lhe o esforço feito nos últimos dois meses. Disse-lhe que ele fizera um bom trabalho ao dizer palavras de afirmação para Betty Jo e ela as ouvira. Ele me disse:

— Mas Dr. Chapman, ela ainda continua triste. Acho que as coisas não melhoraram muito para ela!

E eu lhe respondi:

— Você tem razão, Bill. E acho que sei o porquê. O pro­blema é que sugeri a linguagem do amor errada!

Bill não tinha a menor noção do que eu estava falando. Expliquei-lhe então que os motivos que levam uma pessoa a experimentar o amor emocional por outra não são necessari­amente os mesmos.

Ele concordou comigo que a sua linguagem do amor era

realmente “Palavras de Afirmação”. Contou-me então que desde menino isso era importante para ele e estava contente ouvir Betty Jo expressar apreciação pelas coisas que ele fazia. Expliquei, então, que a linguagem de Betty Jo não era “Pala­vras de Afirmação”, mas sim qualidade de tempo. Passei-lhe também o conceito de dedicar atenção integral ao cônjuge, dizendo-lhe que não deveria ouvi-la enquanto lia jornal ou assistia televisão, mas sim olhá-la nos olhos e dedicar-lhe toda a atenção; fazer com o cônjuge algo que ele aprecia, e ser real­mente sincero nessa atividade. Ele então me disse: “Algo como ir com ela a um concerto...” As luzes começavam a brilhar em Little Rock.

— Dr. Chapman, ela sempre reclamou disso! Nós não temos atividades em comum. Realmente não gasto sequer um momento com ela. Betty Jo lembra-me o tempo todo que antes de nos casarmos, costumávamos passear e tínhamos várias atividades juntos, mas agora vivo ocupado demais. Essa é realmente sua linguagem do amor, sem sombra de dúvida. Mas... Dr. Chapman, o que eu posso fazer, se meu trabalho realmente exige muito de mim!?

Pedi-lhe, então, que me falasse sobre seu serviço. Por dez minutos ele me contou a história de como subira os de­graus de sua firma, de quão arduamente trabalhara para isso e orgulhava-se de seus feitos. Falou-me também de seus pla­nos para o futuro e que, pelos seus cálculos, dentro de cinco anos chegaria ao posto que sonhava.

Perguntei-lhe então:

— Você quer chegar lá sozinho, ou deseja a companhia de Betty Jo e de seus filhos?

— Quero que eles estejam comigo. É por isso que sofro tanto quando ela reclama do tempo que gasto no serviço. Realizo o que faço por nós. Quero que ela participe disso, mas Betty insiste em reagir negativamente.

— Você começa a entender o porquê dela ser tão negativa Bill? A linguagem do amor de Betty Jo é “Qualidade de Tem­po”. Você lhe dedica tão pouco tempo que o “tanque do amor” dela está vazio. Ela não sente segurança em seu amor. Por isso, em sua mente, ela rejeita o que o afasta dela, ou seja, seu traba­lho. Ela realmente não odeia sua profissão. Ela detesta o fato de sentir tão pouco amor de sua parte. Só há uma solução para isso, Bill, e o preço é alto. Você terá de arrumar um tempo para gastar com Betty Jo. Você precisa amá-la na linguagem dela.

— O senhor está certo, Dr. Chapman. Como devo co­meçar?

— Você ainda tem o caderno onde anotou as caracterís­ticas positivas de Betty Jo?

— Tenho, está bem aqui.

— Ótimo. Faça uma outra lista. O quê, em sua opinião, Betty Jo gostaria de realizar em sua companhia? Procure lem­brar-se de coisas que ela já mencionou ao longo dos anos.

E a lista de Bill ficou assim:

• Pegar nosso carro novo e irmos para as montanhas passar uma semana (às vezes com as crianças, ou somente nós dois);

• Encontrá-la para almoçar (em um bom restaurante ou, al­gumas vezes, até no McDonald’s);

• Contratar uma babá para cuidar das crianças e juntos jan­tarmos fora (só nós dois);

• Todas as vezes que eu chegar em casa à noite, sentar e con­tar a ela sobre meu dia e ouvir o que ela tem a dizer sobre o dela (ela não gosta que eu veja televisão ou leia quando conversamos);

• Gastar um tempo com os filhos, e discutir a vida escolar deles;

• Gastar um tempo só brincando com as crianças;

•  Fazer em um determinado sábado um piquenique com ela e as crianças e não reclamar das formigas e nem das moscas;

• Tirar férias com a família, pelo menos uma vez por ano;

•  Sair para conversarmos, enquanto caminhamos (mas sem andar na frente dela).

Ao terminar a lista, Bill disse:

— São essas as coisas das quais me recordo, que ela fala ao longo de todos estes anos.

— Você já sabe o que eu vou sugerir-lhe, não é, Bill?

— Colocar essa lista em prática, não é? — respondeu ele.

— É isso mesmo. Um tópico da lista por semana, durante os próximos dois meses. Como você vai arrumar tempo? Dê um jeito. Você é um homem inteligente e não estaria onde está se não soubesse tomar decisões importantes. Você possui a habilidade para planejar sua vida e incluir Betty Jo em seus planos.

— Está certo. Vou dar um jeito.

— Outra coisa, Bill. Tal projeto não implica na diminui­ção de seus alvos. Significa que, quando você chegar ao topo, Betty Jo e seus filhos estarão lá com você.

O aspecto central da “Qualidade

de Tempo” é estar próximo.

Não quero dizer simples proximidade...

O estar junto tem a ver

com o focalizar a atenção.

— E isso o que eu mais desejo! Esteja eu no topo ou não, quero que ela seja feliz e pretendo desfrutar a vida ao seu lado e das crianças.

E os anos se passaram... Bill e Betty Jo chegaram ao topo, apesar de um pequeno revés na vida, graças à linguagem do amor. O mais importante, porém, é que alcançaram a vitória juntos. Os filhos já deixaram o ninho e eles concordam que vi­vem os melhores anos de suas vidas. Bill tornou-se um sincero apreciador de concertos e Betty Jo aumentou a lista dos tópicos que aprecia no esposo. Ele não se cansa de ir ao teatro. Come­çou recentemente sua própria companhia e está novamente próximo ao topo. Seu trabalho já não é uma ameaça para Betty Jo. Ela está animada e encoraja-o bastante. Ela sabe que está em primeiro lugar na vida do marido. Seu “tanque do amor” está cheio, e se começar a esvaziar, ela sabe que uma simples solici­tação sua fará com que Bill conceda-lhe atenção irrestrita.
Estar Juntos

O aspecto central da “Qualidade de Tempo” é estar sempre juntos. Não quero dizer simples proximidade. Duas pes­soas sentadas em uma mesma sala estão próximas, mas não necessariamente juntas. O estar junto tem a ver com o focali­zar a atenção. Quando um pai está sentado no chão e brinca de bola com seu filho de dois anos, sua atenção está focaliza­da na criança e não na bola. Naquele momento, por mais bre­ve que seja, enquanto durar, eles estão juntos. Se, no entanto, o pai fala ao telefone enquanto chuta a bola para o filho, sua atenção está dividida. Há maridos e esposas achando que gas­tam o tempo juntos mas, na realidade, simplesmente vivem próximos. Estão na mesma casa, ao mesmo tempo, mas não estão juntos. Um marido que assiste a uma sessão de esportes na televisão enquanto conversa com a esposa não lhe concede “Qualidade de Tempo”, pois ela não recebe sua total atenção.

Dedicar “Qualidade de Tempo” não significa olhar nos olhos um do outro o tempo todo. Quer dizer fazer coisas jun­tos e conceder atenção total a quem está conosco. A ativida­de com a qual nos envolvemos é secundária. A importância é emocional e refere-se à atenção total que concedemos e re­cebemos. A atividade em si é um veículo que proporciona o sentimento da interação. O que é importante no fato do pai chutar a bola para o filho de dois anos, não é a atividade em si, mas as emoções suscitadas entre os dois.

Da mesma forma, marido e esposa que jogam tênis jun­tos, a verdadeira “Qualidade de Tempo” focaliza não o jogo em si, mas o fato de que fazem algo em companhia um do outro. O importante é o que ocorre a nível emocional. Inves­tir o tempo juntos em uma atividade em comum significa que nos importamos um com o outro, apreciamos estar pró­ximos e gostamos de fazer coisas em conjunto.
Conversa de Qualidade

Como as palavras de afirmação, a linguagem da “Quali­dade de Tempo” também possui vários dialetos. Um dos mais utilizados é o da conversa de qualidade. Afirmo com isso a exis­tência de um diálogo acolhedor onde duas pessoas comparti­lham experiências, pensamentos, emoções e desejos, de forma amigável, e em um contexto sem interrupções. A maioria das pessoas que reclamam que seus cônjuges não conversam, rara­mente não toma parte em algum diálogo mais íntimo. Se afir­mam isso é porque nada falam, de forma literal. Querem dizer que se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge for “Qua­lidade de Tempo”, esse tipo de diálogo é importantíssimo para sua parte emocional, no que diz respeito a sentir-se amado.

Conversa de qualidade é bem diferente da primeira lin­guagem do amor. Palavras de afirmação focalizam o que afir­mamos, ao passo que conversa de qualidade focaliza o que ouvimos. Se externo meu amor por você através da “Quali­dade de Tempo” e gastamos esse tempo juntos, significa que este propósito estará em fazer você vir à tona, ouvir atenta­mente o que pretende dizer. Farei perguntas, não por obriga­ção, mas com o desejo genuíno de entender seus pensamen­tos, sentimentos e desejos.

Conheci Patrick quando ele tinha 43 anos e estava ca­sado há dezessete. Lembro-me bem dele porque suas pri­meiras palavras foram dramáticas. Ele se sentou na cadeira de couro de meu escritório e após uma breve apresentação inclinou-se para frente e disse tomado de grande emoção:

— Dr. Chapman, tenho sido um idiota, um perfeito idiota! Perguntei-lhe:

— O que o fez chegar a essa conclusão?

— Tenho 17 anos de casado e, de repente, minha mu­lher me deixou. Só agora pude perceber como sou idiota!

Ao ouvir suas palavras, mantive minha pergunta inicial:

— De que forma você acha que tem sido um idiota?

— Deixe-me explicar. Minha esposa chegou em casa após um dia de trabalho e contou-me que estava passando por al­guns problemas em seu emprego. Eu a ouvi e disse-lhe o que ela deveria fazer. (Eu sempre lhe dei conselhos.) Então afirmei que ela mesma precisava confrontar aquela situação, pois os problemas não costumam sumir facilmente, e ela deveria con­versar com as pessoas envolvidas ou o supervisor de seu de­partamento. Seria necessário que ela enfrentasse aquela situa­ção. No dia seguinte, porém, ela chegou do serviço e falou dos mesmos problemas. Eu então perguntei se ela fizera o que eu sugerira no dia anterior. Ela sacudiu a cabeça e disse que não. Repeti, naquele momento, o mesmo conselho. Disse-lhe que aquela era a forma correta de lidar com a situação. No dia se­guinte ela chegou em casa e apresentou novamente os mesmos problemas. Mais uma vez eu lhe perguntei se fizera o que eu propusera. Mais uma vez ela sacudiu a cabeça e disse que não. Após umas três ou quatro noites fiquei muito bravo e disse-lhe que não contasse mais comigo enquanto não fizes­se o que eu lhe recomendara. Ela não precisava viver sob aquela pressão, pois resolveria seu problema se simplesmente fizesse o que eu lhe falara. Na próxima vez em que ela veio me falar sobre aquele problema, eu lhe disse:

— Não quero mais ouvir sobre isso. Já lhe falei várias vezes o que fazer. Se você não quer ouvir meus conselhos, também não desejo mais ouvir falar sobre este assunto!

Muitos de nós somos treinados a

analisar problemas a fim de dar-lhes

soluções. Esquecemos que o casamento

é um relacionamento, e não um

projeto a ser terminado ou

um problema a ser resolvido.

Ele prosseguiu o seu relato:

— Eu me retirei e dirigi-me ao meu trabalho. Como fui idiota! Agora percebo que, quando ela me falava sobre suas lutas no trabalho, não desejava meus conselhos. Ela queria solidariedade. Desejava que eu a ouvisse, desse-lhe atenção, e dissesse-lhe que entendia a dor, a pressão e a tensão pelas quais passava. Ela queria ouvir que eu a amava e estava ao seu lado. Ela não desejava conselhos, porém a minha compreensão. Mas eu jamais tentei entendê-la. Estava muito afastado dela ao con­ceder-lhe apenas conselhos. Que louco fui eu! E agora ela foi embora. Por que a gente não percebe estas coisas quando estamos passando por elas? Eu estava completamente cego para o que acontecia. Só agora percebo como falhei com ela.

A esposa de Patrick suplicava por uma conversa de qualidade. Emocionalmente, ela esperava que ele lhe desse ouvidos ao ouvir sua dor e frustração. Patrick, porém, não focalizava sua atenção em ouvir, mas em falar. Ele escutava somente o suficiente para perceber o problema e formular uma saída. Ele não a ouvia o tempo necessário para compre­ender sua súplica por apoio e compreensão.

Nós somos como Patrick. Somos treinados para tomar conhecimento dos problemas e dar soluções. Esquecemos que o casamento é um relacionamento, não um projeto a ser ter­minado ou um problema a ser resolvido. Uma convivência a dois implica em simpatia, em ouvir com a intenção de enten­der o que o outro cônjuge pensa, sente e deseja. Devemos tam­bém estar dispostos a aconselhar, mas somente quando solici­tados e jamais de forma arrogante. A maioria de nós não sabe ouvir. Somos mais eficientes em pensar e falar. Aprender a ouvir pode ser tão difícil quanto estudar uma língua estran­geira. Porém, se quisermos comunicar o amor, precisamos aprender. Isso é especialmente importante, se a primeira lin­guagem de seu cônjuge for “Qualidade de Tempo” e se o dia­leto dele for conversa de qualidade. Felizmente, há muitos li­vros e artigos escritos sobre a arte de ouvir. Não repetirei o que já foi escrito em vários outros trechos, mas gostaria de dar algumas dicas que podem ajudar bastante:

1.  Procure olhar nos olhos de seu cônjuge quando ele lhe fa­lar alguma coisa. Essa atitude ajuda sua mente a não di­vagar e comunica que ele realmente recebe sua total atenção.

2.  Não faça outra coisa enquanto ouve seu cônjuge. Lembre-se: “Qualidade de Tempo” é dedicar ao que lhe fala sua total atenção. Se você porventura assistir TV, ler ou prati­car qualquer outra atividade pela qual esteja muito en­volvido, e não puder desviar a atenção imediatamente, diga isso a seu cônjuge: “Sei que você quer falar comigo agora, e estou interessado em ouvir-lhe. Só que gostaria de con­ceder-lhe mais atenção, e no momento não é possível. Se você me conceder dez minutos para eu terminar o que estou fazendo, sentaremos juntos e então ouvirei o que você tem a dizer.” A maioria dos (as) esposos (as) deverá aten­der a uma solicitação dessas.

3.  “Escute” o sentimento. Pergunte a você mesmo o tipo de emoção que seu cônjuge sente no momento. Quando achar que descobriu, confirme. Por exemplo: “Tenho a impres­são que você está desapontado por eu ter esquecido de...” Essa é uma oportunidade para você certificar-se de seus sentimentos. Também comunica que ouve com atenção o que lhe é dito.

4.  Observe a linguagem corporal. Punhos cerrados, mãos trê­mulas, lágrimas, cenho franzido e expressão dos olhos for­necem pistas do que seu cônjuge sente. Algumas vezes, a linguagem verbal diz uma coisa, enquanto a corporal afir­ma outra. Solicite um esclarecimento a fim de poder con­firmar seus reais sentimentos.

5.  Recuse interrupções. Pesquisas recentes indicam que, em média, as pessoas ouvem apenas 17 segundos antes de interromperem para inserir na conversa as próprias idéi­as. Se eu lhe dedicar minha total atenção enquanto você fala, evitarei defender-me a fim de fazer-lhe acusações ou mesmo, dogmaticamente, evidenciar minha posição. Meu objetivo é perceber seus sentimentos e pensamentos. O alvo não é autodefender-me ou permitir que você ganhe uma discussão; a intenção é compreendê-lo (a).
Aprendendo a Falar

Uma conversa de qualidade requer não somente con­sideração ao ouvir, mas também disposição em expor-se. Quando uma esposa diz: “Gostaria tanto que meu marido conversasse comigo! Nunca sei o que ele pensa ou sente...” Ela clama por intimidade; quer sentir-se próxima de seu esposo. Mas, como sentir-se ao lado de alguém a quem não conhece? Para que ela se sinta amada, o marido precisa apren­der a se expor. Se a primeira linguagem do amor dela for “Qualidade de Tempo” e seu dialeto, conversa de qualida­de, seu tanque emocional nunca estará completo até que ele partilhe com ela seus pensamentos e sentimentos.

Se você precisa aprender a

linguagem da conversa de qualidade,

comece a observar as emoções que

sente quando está fora de casa.

Para muitos de nós, o ato de expor-se não é nada fácil. Muitos adultos foram criados em lares onde a expressão dos pensamentos e sentimentos não só jamais foi encorajada, como também era condenada. Pedir um brinquedo era recebido com um sermão sobre a situação econômica familiar. A criança sen­tia-se culpada por causa daquele desejo e, então, rapidamente aprendia a não expressar mais seus desejos. Quando um filho ou filha expressava raiva, os pais repreendiam-no (na) seve­ramente com palavras condenatórias. O que acontecia então? A criança aprendia que expressar sentimentos de raiva tam­bém não era algo apropriado. Se um deles passasse a sentir-se culpado por expressar seu desapontamento pelo fato de não poder ir ao supermercado com o pai, aprendia a guardar seu desagrado para si. Nós, adultos, ao atingirmos a maturidade, aprendemos a negar nossos sentimentos. Deixamos de ter con­tato com nosso ser emocional.

Uma esposa pergunta a seu marido:

— Como você se sentiu com a reação de Mark?

E o marido responde:

— Eu acho que ele está errado. Ele deveria ter feito as­sim, assim e assim...

Note, porém, que ele não expressa seus sentimentos. Sim­plesmente manifesta seus pensamentos. Talvez ele tenha mo­tivos para sentir-se triste, com raiva, ou desapontado. No en­tanto, vive a tanto tempo no nível do raciocínio, que nem ao menos reconhece a existência de seus sentimentos. O ato de aprender a linguagem da conversa de qualidade pode ser com­parado ao aprendizado de uma língua estrangeira. O início sempre é uma aproximação dos sentimentos, e o aluno pouco a pouco torna-se consciente de que é uma criatura emocional, apesar do fato de ter ignorado aquela faceta de sua vida.

Se você precisa aprender a linguagem da conversa de qualidade, comece a perceber os sentimentos que lhe ocor­rem quando está longe de casa. Compre um bloquinho de rascunho e mantenha-o diariamente com você. Três vezes, durante o dia, faça a si mesmo as seguintes perguntas:

•  Que emoções senti nas últimas três horas?

• O que senti a caminho do trabalho quando o motorista atrás de mim ficou o tempo todo colado em meu pára-choque?

• Como eu me senti quando fui colocar combustível no car­ro e a bomba automática não funcionou e fez com que o tanque transbordasse, derramasse e molhasse de gasolina toda a parte de trás do carro?

• Como me senti quando, ao chegar ao escritório, soube que minha secretária fora requisitada para um outro projeto da empresa e não estaria presente toda a manhã?

• Como me senti quando meu supervisor me comunicou que o projeto no qual eu trabalhava teria de ser concluído em três dias, quando pensei que teria mais duas semanas?

Escreva seus sentimentos no bloco de rascunho e, ao lado, coloque uma ou duas palavras para lembrá-lo do evento correspondente ao sentimento. Sua lista deve ficar mais ou menos assim:

Situação
   

Sentimentos

1. motorista colado atrás

2. posto de gasolina

3. sem secretária

4. projeto em três dias
   

1. raiva

2. desagrado

3. desapontamento

4. frustração e ansiedade

Faça este exercício três vezes ao dia e você descobrirá sua natureza emocional. Utilize seu bloquinho e comunique a seu cônjuge as emoções que experimentou, juntamente com as situações enfrentadas. Quanto mais você fizer isso, me­lhor será. Em algumas semanas sentir-se-á mais confortável para expressar suas emoções a ele (a). Finalmente, será tam­bém capaz de, mais à vontade, conversar sobre seus senti­mentos em relação ao (à) esposo (a), aos filhos e a eventos que ocorram em casa. Lembre-se que as emoções em si não são certas nem erradas. São simplesmente nossas reações psicológicas aos acontecimentos da vida.

Constantemente tomamos nossas decisões baseados em nossos pensamentos e emoções. Quando o motorista estava “grudado” em seu carro, a caminho do trabalho, e você fi­cou com raiva, será que alguns dos seguintes pensamentos passaram por sua cabeça?

• Gostaria que ele saísse da pista;

• Gostaria que ele me ultrapassasse;

• Se eu não corresse o risco de ser multado, gostaria de pisar fundo o acelerador e deixá-lo para trás, “comendo po­eira”;

• Gostaria de dar uma boa freada de forma que ele en­trasse com tudo na traseira de meu carro, e a seguradora ti­vesse de me dar um carro novo;

• Talvez eu deva sair para a direita e deixá-lo passar.

Você, eventualmente, tomou alguma dessas decisões ou o outro motorista reduziu a marcha, ou ultrapassou seu car­ro e você conseguiu chegar seguro ao trabalho. Cada evento de nossa vida gera emoções, pensamentos, desejos e tam­bém ações. À expressão desse processo chamamos de auto-revelação. Se você optar em aprender o dialeto da conversa de qualidade, esse é o caminho pelo qual deverá trilhar.
Tipos de Personalidade

Nem todos estamos desconectados de nossas emoções, mas quando o assunto vem à tona, todos somos afetados por nossa maneira específica de ser. Tenho observado dois tipos básicos de personalidade. Ao primeiro, chamarei de “mar Mor­to”. Na pequena nação de Israel, o mar da Galiléia segue rumo ao sul através do rio Jordão até o mar Morto. Este não vai a lugar nenhum. Ele recebe, mas nada retribui. Esse tipo de per­sonalidade adquire muitas experiências, emoções e diversos pensamentos ao longo do dia. Possui um amplo reservatório onde armazena informações e sente-se absolutamente feliz em não falar. Se você perguntar à personalidade mar Morto:

“O que há de errado? Por que você ainda não abriu a boca esta noite?”

A resposta, muito provavelmente, será:

“Nada há de errado. Por que você pensa assim?”

E aquela resposta será absolutamente honesta. Ele está feliz por nada falar. Gostaria de fazer uma longa viagem, de norte a sul do país, para não dizer uma única palavra e estar sinceramente feliz.

Em outro extremo, porém, encontra-se o “riacho rápi­do”. Esse tipo de personalidade pode ser descrita como aque­la que, entre o que passa pelos olhos ou ouvidos leva no máximo sessenta segundos até que saia pela boca. Sobre o que vêem, ou ouvem, falam rapidamente. De fato, se não houver ninguém em casa para que comentem a respeito, darão um jeito para falar com alguém:

“Sabe quem eu vi hoje?”

“Sabe o que eu ouvi hoje?”

Se não conseguem conversar ao telefone, falam consi­go mesmos, porque não possuem algum reservatório. É co­mum que o mar Morto e o riacho Rápido casem-se. Isso ocorre porque, quando estão em pleno namoro, as características opostas tornam-se muito atraentes para ambos.

Uma forma de se aprender novos

padrões de comportamento é estabelecer,

diariamente, um período no qual cada

um poderá falar sobre três situações

que ocorreram durante o dia e os

sentimentos que tiveram em relação a elas.

Se você for o mar Morto e sair com o riacho Rápido, pro­vavelmente terá uma noite maravilhosa. Não terá de se preo­cupar em iniciar uma conversa e nem em mantê-la. Para falar a verdade, não deve nem pensar sobre isso. Tudo o que fará será balançar sua cabeça e fazer “hum, hum...” e esta expressão pre­encherá a noite toda. Você chegará em casa e pensará: “Que noite! Que pessoa maravilhosa!” Por outro lado, se for um ria­cho Rápido e sair com o mar Morto, também terá um encontro igualmente maravilhoso porque este reservatório é o melhor ouvinte do mundo. Você deve falar durante umas três horas. O mar Morto ouvirá atentamente o riacho Rápido e, ao chegar em casa seu comentário será: “Que pessoa maravilhosa!” Ha­verá uma atração recíproca. Porém, cinco anos após o casamen­to, o riacho Rápido acordará em uma bela manhã e dirá:

“Estamos casados há cinco anos mas eu não o conheço!”

O Mar Morto, por outro lado dirá:

“Eu a conheço muito bem! Gostaria muito que ela in­terrompesse um pouco esse dilúvio de palavras e desse-me atenção”.

A boa notícia, nisso tudo, é que o mar Morto provavel­mente aprenderá a falar e o riacho Rápido saberá ouvir. So­mos influenciados mas não dominados por nossas personali­dades.

Uma forma de se aprender novos padrões de comporta­mento é estabelecer, diariamente, um período no qual cada um falará sobre três situações que ocorreram durante o dia e os sentimentos que tiveram em relação a elas. Chamo esse méto­do de “Dose Mínima Diária” para um casamento saudável. Se você começar com esse período, em algumas semanas, ou me­ses, a conversa de qualidade fluirá mais livremente entre vocês.
Atividades de Qualidade

Além da linguagem básica do amor “Qualidade de Tem­po” — que é dedicar total atenção a seu cônjuge — há um outro dialeto que se chama atividades de qualidade. Em um recente seminário sobre casamento, pedi que os casais completassem a seguinte sentença: “Sinto mais amor por meu cônjuge quando ________”. Veja as respostas dadas por um jovem marido, casado há oito anos:

“Sinto-me mais amado por minha esposa quando exer­cemos atividades em conjunto, ou seja, coisas que eu goste de fazer e ela também aprecie. Dessa forma conversamos mais. É como se estivéssemos namorando outra vez”.

Essa é uma linguagem típica de pessoas cuja primeira linguagem do amor é “Qualidade de Tempo”. A ênfase é dada no estarem juntos, em realizarem ao lado um do outro as mesmas atividades, e em dedicarem atenção total às suas necessidades.

Entende-se por atividades de qualidade qualquer coi­sa pela qual um ou os dois se interessem. A ênfase não está no que se faz, mas no porquê decidiu-se realizá-lo. O objeti­vo é terem uma experiência juntos, e terminá-la de forma a afirmarem: “Ele (ela) se interessa por mim. Ele quis fazer comigo algo que eu apreciava e realizou-o com uma atitude muito positiva”. Isso é amor e, para algumas pessoas, é a forma em que ele fala mais alto.

Tracie cresceu em meio a concertos. Em toda sua infân­cia, a casa sempre esteve repleta de música clássica. Pelo menos uma vez ao ano ela acompanhava seus pais a um fes­tival. Larry, por outro lado, gostava de música “country”. Ele nunca fora a um concerto e seu rádio estava sempre liga­do em estações de música popular. Ele chamava a preferên­cia de sua esposa de sinfonia de elevador. Se ele não tivesse se casado com Tracie, teria atravessado sua vida sem jamais assistir a um concerto. Antes do casamento, enquanto atra­vessava a fase da paixão obcecada, ele chegou até a assistir a alguns espetáculos musicais. Porém, mesmo apaixonado, ele perguntou se ela chamava “aquilo” de música!

Após o casamento, decidiu que nunca mais sairia de casa para ouvir um concerto. No entanto, quando anos mais tarde descobriu que “Qualidade de Tempo” era a primeira linguagem do amor de Tracie e ela apreciava de forma espe­cial o dialeto das atividades de qualidade, quis acompanhá-la e o fez entusiasmado. Seu propósito era claro. Ele não ia para assistir ao concerto, mas para demonstrar amor a Tracie e falar alto em sua linguagem. Com o passar do tempo, che­gou a apreciar os concertos e, ocasionalmente, a deleitar-se com um ou dois movimentos. Talvez ele nunca se torne um amante da música erudita, mas provavelmente diplomou-se em demonstrar amor à sua esposa.

Um dos pontos positivos das

atividades de qualidade é que elas

possibilitam o armazenamento

de um banco de memórias ao

qual podemos nos reportar

pelos anos futuros.

Entre as atividades de qualidade citamos plantar um jardim, descobrir e ir a liquidações, colecionar antiguidades, ouvir música, fazer piqueniques, caminhar, lavar o carro jun­tos durante o verão, etc. Essas atividades limitam-se apenas pelo interesse e desejo de tentar, ou não, novas experiências. Os ingredientes especiais para uma atividade de qualidade, são:

1.  Desejo de fazê-la, proveniente de um dos dois.

2.  O outro estar disposto a executá-la.

3.  Ambos estarem conscientes porque devem realizá-la — expressar amor de forma a permanecerem juntos.

Um dos pontos positivos das atividades de qualidade é que elas possibilitam o armazenamento de um banco de me­mórias ao qual podemos nos reportar pelos anos futuros. Fe­liz é o casal que se lembra de uma caminhada feita de manhã ao longo da praia; de uma árvore plantada no jardim; do tem­po em que colocaram iscas para acabar com as formigas do pomar; do projeto de pintura dos quartos; da noite em que foram juntos ter aulas de patim e um deles caiu e quebrou a perna; dos passeios pelo parque; dos concertos; dos recitais e, como esquecer, do tempo gasto apreciando uma cascata após a longa caminhada de bicicleta até encontrá-la? Podem até sentir os respingos que caíram em seus rostos. Essas são me­mórias de amor, especialmente para aquelas pessoas cuja pri­meira linguagem for “Qualidade de Tempo”.

E, como achar tempo para tais atividades, especialmente se ambos trabalham fora? Achamos a ocasião da mesma for­ma que a encontramos para almoçar e jantar. Por quê? Por­que são tão essenciais para nosso casamento como as refei­ções o são para nossa saúde.

Isso é difícil? E preciso planejamento?

Sim!

Implica em que tenhamos de abrir mão de algumas ati­vidades particulares?

Talvez!

Significa que faremos algumas coisas que, particular­mente, não apreciamos?

Certamente!

Será que compensa?

Sem sombra de dúvida!

O que posso aprender com isso?

O prazer de viver com um cônjuge que é amado e sabe disso, pois compreende que o (a) esposo (a) aprendeu a falar sua primeira linguagem de forma fluente.

Gostaria de dar uma palavra de agradecimento a Bill e Betty Jo, de Little Rock, que me ensinaram o valor da pri­meira linguagem do amor — “Palavras de Afirmação”, e tam­bém a segunda — “Qualidade de Tempo”.

Agora, vamos até Chicago para encontrarmos a tercei­ra linguagem do amor.
6. A Terceira Linguagem do Amor: Receber Presentes

Estudei antropologia em Chicago. Devido às detalha­das etnografias, visitei pessoas fascinantes por todo o mun­do. Estive na América Central onde pesquisei as avançadas culturas dos maias e dos astecas. Cruzei o Pacífico e analisei as tribos da Melanésia e Polinésia. Estudei os esquimós das vegetações das tundras, ao norte; e os aborígines ainos do Japão. Examinei os padrões de cultura relativos ao amor e casamento, e descobri que em cada cultura, o ato de dar pre­sentes faz parte deste processo.

Os antropologistas, em geral, são apaixonados pelos padrões culturais que distinguem as culturas e eu também o sou. Será que o ato de presentear é uma expressão fundamen­tal de amor que transcende barreiras culturais? Será que a ati­tude de amor está sempre acompanhada do ato de conceder? Essas perguntas são acadêmicas e de certa forma até filosófi­cas, mas a resposta a elas é sim. Podemos inclusive notar uma profunda implicação prática nos casais norte-americanos.

Fiz uma viagem antropológica de campo à ilha de Dominica. Nosso propósito era estudar a cultura dos índios do Caribe. Foi nessa viagem que conheci Fred. Ele não era do Caribe, mas um jovem negro de 28 anos. Perdera uma de suas mãos com uma dinamite, em uma temporada de pesca. Devido ao acidente teve de abandonar sua carreira de pesca­dor. Ele possuía muito tempo disponível e eu apreciei o fato de poder contar com sua companhia. Passamos muitas ho­ras juntos e conversamos sobre sua cultura.

Em minha primeira visita à sua casa, ele me perguntou:

— Sr. Gary, o senhor aceitaria um suco?

Ao que aceitei prontamente. Ele, então, virou-se para seu irmão mais novo e disse:

— Pegue um suco para o senhor Gary.

Seu irmão deu-nos as costas, saiu de casa, subiu em um coqueiro e trouxe um lindo coco verde em suas mãos. Fred recomendou-lhe que o abrisse. Com três rápidos movi­mentos de faca seu irmão furou-o, e fez uma abertura trian­gular na parte de cima.

Fred entregou-me o coco e disse:

— Aqui está seu suco.

O líquido era esverdeado mas eu o bebi assim mesmo, todinho! Eu o tomei porque sabia que aquele fora um ato de amor. Eu era seu amigo e eu sabia que ali só se oferece suco aos companheiros.

Ao final de algumas semanas, quando já se aproximava minha hora de partida daquela pequena ilha, Fred deu-me uma última prova de seu amor. Era uma enorme concha em espiral, que ele mesmo havia tirado do oceano. Tinha uma camada que, de tanto ser friccionada pelas rochas, lembrava, ao toque, uma seda macia. Ele me disse que aquele objeto en­contrava-se naquelas praias há muitos anos e gostaria que eu o levasse como recordação daquela bela ilha. Ainda hoje, quan­do olho para aquela concha, quase posso ouvir o som das on­das do Caribe. Porém, ela é mais do que uma recordação das praias de Dominica; é uma demonstração de amor.

Um presente é algo que você pode segurar em suas mãos e dizer:

“Ele pensou em mim!” ou,

“Ela se lembrou de mim!”

Antes de comprarmos um presente para alguém, pen­samos naquela pessoa. O objeto em si é um símbolo daquele pensamento. Não importa se foi caro ou barato. O importan­te é que ele seja a prova desse desejo. E não é somente a in­tenção em nível da mente que se conta, mas o pensamento demonstrado de forma concreta através de um presente que se torna uma expressão de amor.

Muitas mães contam histórias de que seus filhos trouxe­ram-lhes flores do quintal como presente. Elas se sentem ama­das, mesmo que seja uma simples flor do jardim delas que não gostariam que fosse apanhada. Desde muito pequenas as crianças sentem-se inclinadas a dar alguma coisa a seus pais, e isto é uma boa indicação de que dar presentes é fundamen­tal para o amor.

Presentes são símbolos visuais do amor. A maioria das cerimônias de casamento inclui dar e receber alianças. A pes­soa que realiza a cerimônia diz:

“Estas alianças são os sinais visíveis dos elos espiritu­ais que unem estes dois corações em um amor que nunca terminará”. Isso não é uma simples retórica. É a expressão de uma significante verdade — os símbolos possuem valo­res emocionais. Creio que isso pode ser bem exemplificado quando, perto da desintegração de um casamento, marido e mulher deixam de usar suas alianças. Esse é um sinal muito nítido de que o casamento está em sérios problemas. Certo esposo me disse o seguinte:

“Quando ela atirou sua aliança contra mim e saiu cega de raiva batendo atrás de si a porta da casa, tornou-se evi­dente que nosso problema era seriíssimo. A aliança ficou no mesmo lugar onde foi jogada durante dois dias, porque eu não me abaixei para pegá-la. Quando finalmente a apanhei, caí em um pranto convulsivo.”

As alianças são um símbolo do que o casamento deve­ria ser. Porém, aquela colocada na palma de mão dele, e não no dedo dela, funcionava como um lembrete visual de que aquele casamento desmoronara-se. A aliança solitária pro­vocou profundas considerações e emoções naquele marido.

Símbolos visuais de amor são mais importantes para uns do que para outros. Por esse motivo, existem os que após se casarem nunca mais tiram a aliança; porém, também há alguns que nem chegam a usá-la. Essa é outra evidência de que as pessoas possuem linguagens do amor diferentes. Se receber presentes é sua primeira linguagem do amor, então você dará enorme valor à aliança recebida e usá-la-á com grande orgulho. Ao longo da vida, outros presentes também serão motivo de grandes emoções. Você verá neles expres­sões de amor. Sem lembranças como símbolos visuais, o amor do cônjuge poderá até ser questionado.

Existem presentes de todos os tamanhos, cores e for­matos. Alguns são caros, outros baratos. Para aquela pessoa cuja primeira linguagem do amor é receber presentes, o pre­ço pouco contará, a menos que haja uma enorme discrepân­cia entre o que se deu e o que se poderia oferecer. Se um marido milionário concede regularmente à sua esposa pre­sentes de somente um dólar, ela poderá questionar se aquela é realmente uma expressão de amor. Por outro lado, quando as finanças da família são reduzidas, um presente de um dólar significará tanto quanto um outro de um milhão de dólares.

Se a primeira linguagem do amor

de seu cônjuge for “Receber Presentes”,

você pode se tornar expert nessa área.

De fato, essa é uma das mais

simples linguagens para se aprender.

Presentes podem ser comprados, achados ou elabora­dos. O marido que pára ao longo de uma estrada e apanha para sua esposa uma rosa silvestre, achou ali uma singela expressão de amor, a menos que ela seja alérgica a flores do campo!! Para o esposo que pode pagar, há muitos cartões bonitos e tocantes e não são tão caros assim! Para aqueles que não podem fazer esta despesa, eles mesmos podem ter os seus, e sem pagar nada. Pegue uma folha de papel, uma tesoura, recorte em forma de coração e escreva no meio a frase: “Eu amo você!” Os presentes não precisam ser caros.

Mas, como deve agir aquela pessoa que diz não saber dar presentes?

“Não sei dar presentes. Durante toda minha infância e adolescência recebi poucos presentes. Não sei escolher o que oferecer às pessoas. Isso não é natural em mim!”

Parabéns! Você acabou de fazer a primeira grande des­coberta no caminho para se tornar um grande amante! Você e seu cônjuge possuem diferentes linguagens do amor. Ago­ra que já sabe disso, comece a busca para descobrir sua se­gunda linguagem do amor. Se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge é “Receber Presentes”, você poderá se tornar expert no assunto. De fato, essa é uma das mais simples lin­guagens para se aprender.

Por onde começar? Faça uma lista de todos os presentes que na sua opinião seu cônjuge gostaria de receber. Podem ser lembranças já concedidas por você ou outras pessoas da família ou amigos. A lista poderá dar uma idéia dos presentes que seu cônjuge desejaria ganhar. Se você tiver dificuldade em fazer uma seleção destes objetos, consulte outros mem­bros da família. Neste meio tempo, “chute”, mas faça uma lista com presentes que estejam mais à mão e adquira-os para seu cônjuge. Não espere por uma ocasião especial. Se “Rece­ber Presentes” for a primeira linguagem do amor dela (dele), praticamente tudo o que você lhe conceder será recebido como expressão de amor. Se ela (ele) foi muito crítica em relação aos presentes que você ofereceu no passado, pois muitos deles não foram por ela (ele) apreciados, então essa é uma grande dica de que receber presentes, por certo, não é a primeira lin­guagem de amor do seu cônjuge.
Presentes x Dinheiro

Se você está para se tornar um presenteador eficaz, deve mudar sua atitude em relação ao dinheiro. Cada um de nós possui uma percepção individual dos propósitos de nosso salário na vida, e temos várias emoções relacionadas à for­ma como ele é empregado. Alguns se sentem bem quando o gastam. Outros, porém, possuem uma perspectiva de eco­nomizar e poupar o máximo possível. Em geral, apreciamos o fato de economizar e gastar nosso dinheiro sabiamente.

Se você aprecia gastar seu salário, praticamente não terá dificuldade em comprar presentes para seu cônjuge. Porém, se você for tipo “mão fechada”, sem dúvida experi­mentará uma resistência emocional à idéia de gastar seu di­nheiro como expressão de amor. Você não compra algo nem para si, por que comprar para seu cônjuge? Essa atitude, porém, não revela que você, a bem da verdade, adquira algo para si mesmo. A economia e o investimento de seu dinheiro proporcionam-lhe segurança emocional.

Você provê suprimento para sua própria segurança emocional na forma como lida com o seu salário. O que você realmente não faz é suprir as necessidades emocionais de seu cônjuge. Se porventura descobrir que a primeira lingua­gem do amor dele é realmente “Receber Presentes”, então talvez perceba que comprar presentes para ele, ou ela, é o melhor investimento que realizará! Você investirá em seu re­lacionamento e encherá o “tanque do amor” emocional de seu cônjuge. Com o “tanque cheio”, ele ou ela corresponderá ao seu amor emocional em uma linguagem que você por certo entenderá. Quando as necessidades emocionais de ambos são supridas, o casamento toma uma dimensão totalmente nova. Não se preocupe com seus investimentos. Você sempre será um poupador, mas investir no amor de seu cônjuge será como comprar a ação mais cara da bolsa de valores.
O Presente da Presença

Existe um tipo de presente que é intangível e muitas vezes fala mais alto do que qualquer outro que você possa ter nas mãos. Eu o chamo de presente da sua presença, ou presente de si mesmo. Estar ao lado de seu cônjuge quando este precisa de você fala mais alto do que aquele cuja primei­ra linguagem é receber presentes. Jan disse-me certa vez:

— Meu marido Donald gosta mais de futebol do que de mim!

E eu então lhe perguntei:

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