Relacionamento. Como é construída a auto-estima


Os alicerces da nossa auto-estima são lançados muito cedo, logo no início da infância. O ponto de partida são atitudes aparentemente insignificantes - por exemplo, uma mãe que sabe sorrir para o filho quando ele requisita o seu olhar. A partir dos 2 ou 3 anos, a criança começa a se perguntar sobre sua aparência física. Ela quer saber se os outros a acham bonita. Muito do seu futuro amor-próprio dependerá, então, da reação dos adultos que conviverem com ela. \"Geralmente as pessoas dotadas de uma auto-estima sólida foram beneficiadas na infância pelo amor incondicional dos pais\", escreveram os psiquiatras franceses Christophe André e Fançois Lelord, autores do livro A Auto-Estima - Amar a Si Mesmo Para Conviver Melhor com os Outros.


A chave da auto-estima infantil está nesta palavra: incondicional. Os pais, enfatizam os dois psicólogos, não podem dosar seu afeto a partir de critérios como o desempenho escolar, a habilidade de comer sem se lambuzar ou a disposição da criança para fazer o papel de \"boazinha\" diante dos adultos. É claro que é necessário impor limites, atitude fundamental na educação, mas sem excessos. \"Humilhações e castigos descabidos tendem a gerar crianças inseguras e com um forte sentimento de vergonha e de culpa\", alerta a psicóloga Janice Vitola, professora da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre. O extremo oposto, a superproteção, também deve ser evitado, segundo Janice, já que transmite uma mensagem de incapacidade e desvalorização.

Cultivado na infância, o amor por si mesmo sofre flutuações ao longo da existência. É claro que bases sólidas na fase inicial facilitam tudo, mas os acontecimentos posteriores - ou seja, o sucesso ou não nas relações amorosas, na amizade e no trabalho - também influenciam, e muito. Moral da história: se você teve uma infância complicada, isso não é motivo para achar que a sua baixa auto-estima é um destino imutável. André e Lelord contam, no livro, que já encontraram - em geral fora dos consultórios - adultos que, apesar de um "mau começo", foram capazes de construir um amor-próprio sólido. "De qualquer maneira", concluem, "para compreender a auto-estima de um adulto é necessário se debruçar sobre a criança que ele foi."

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