Sexo. Falando com o corpo


Pés e pernas se movem de um modo menos consciente e, por isso, fornecem informações mais confiáveis para quem souber interpretá-los corretamente. Não é por acaso que em reuniões de negócios os indivíduos se sentem mais à vontade atrás de uma escrivaninha ou de uma mesa que lhes oculte a parte inferior do corpo. Pelo mesmo motivo, nas entrevistas de emprego é comum instalar a cadeira do candidato no centro da sala, de tal modo que o corpo da vítima fique totalmente exposto.

Qualquer que seja a situação, o que realmente importa são os gestos involuntários, que expressam com muito mais fidelidade os sentimentos de cada um. O semiólogo Norval Baitello, criador do curso de Comunicação e Artes do Corpo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, compara os recursos expressivos de cada indivíduo a uma orquestra enquanto a voz toca um instrumento, as mãos tocam outro e assim por diante. O problema é que muitas vezes só escutamos o violino, comenta.

Falando com o corpo todo

VEJA OS DIALOGOS ABAIXO :

Ele (pés firmemente plantados no chão, peito desguarnecido, braço no encosto da cadeira da moça):
Comigo você pode se sentir em total segurança.

Ela (mãos tensas segurando a cadeira, pernas e corpo na posição de quem vai se levantar): Não estou gostando dessa conversa. Vou sair daqui agora mesmo.
Ele (pernas e mãos bem próximas da dela): Estou muito interessado em você.

Ela (perna quase roçando nas dele, parte interior do braço e palma da mão à mostra, auto-acariciando-se no pescoço): Veja como estou aberta para você.
Ele (rigidez corporal, mãos que apenas tocam a parceira): Não tenho certeza de que quero mesmo ficar com você.

Ela (corpo voltado para o lado, diminuindo a área de contato; mão espalmada contra o peito do rapaz, como uma barreira): Na verdade, não quero abraçar você. Prefiro manter distância.
Ele (pernas abertas ao redor das dela, braços estendidos num quase abraço): Quero me aproximar ainda mais.

Ela (braço esticado em direção a ele, corpo inclinado para a frente): Estou à sua espera.



Braços
AUTOCONFIANÇA
"Estou tranquila".

Os braços cruzados podem indicar atitudes muito diferentes entre si como tédio e tranquilidade. As mãos expostas sinalizam segurança.

SEGURANÇA
Nada me ameaça.

O peito pode ficar desguarnecido, pois não há perigo por perto.
CORAÇÃO ABERTO
"Estou falando de algo muito íntimo"

As duas mãos se aproximam do coração, símbolo do mundo interior, na atitude
de quem está revelando segredos e intimidades ao interlocutor.

VERDADE
Confie em mim.

O gesto, que realça a sinceridade ao assinalar o coração, pode se tornar um embuste quando usado de forma ritualizada.
Mãos

RESISTÊNCIA
Não quero cumprir essa ordem.

Diante da imposição de agir, ele expõe a face externa da mão o oposto da palma, instrumento das ações. O gesto de coçar o pulso é resultado de um conflito interior ligado a algo que não se quer fazer, mas é preciso.

DESAGRADO
Não quero ouvir.

A mão cobre a orelha. Entre os adultos, o gesto é discreto. Mas não passa de uma versão educada da típica atitude infantil de tapar os dois ouvidos com as mãos.
REPRESSÃO
Preciso me conter.

Uma parte do cérebro mobiliza o corpo para a ação; outra bloqueia a iniciativa. A energia represada tensiona os braços e as mãos.

DESACORDO
Não concordo com você e vou dizer o que penso.

O dedo diante da boca é o gesto de quem se cala por um instante, enquanto se prepara para desferir uma réplica fulminante.


Pernas

AFIRMAÇÃO
Tenho confiança em mim mesmo.

O cruzamento de pernas, gesto quase sempre defensivo, torna-se afirmativo quando o corpo está relaxado e o pé aponta para cima.

RELAXAMENTO
Estou em paz.

Ela larga o corpo, completamente à vontade. Dentre todos os cruzamentos de pernas, este é o mais repousante.

NERVOSISMO  
"Estou muito tensa. "

As pernas se enroscam numa espécie de auto-abraço, a fim de evitar qualquer abertura. A necessidade de se defender é inegável.

NUMA BOA
Me sinto à vontade na sua companhia.

O centro de gravidade do corpo se desloca para a frente, favorecendo a sua inclinação para mais perto do interlocutor.

MURALHA
Sou precavida.

É um gesto de defesa tipicamente feminino. A bolsa se interpõe entre o mundo exterior e a intimidade, simbolizada pela região do ventre.


Rosto

MEDO
Algo me assusta.

O punho fechado à altura da boca é uma atitude defensiva. Se essa postura surge durante um diálogo, o motivo do estresse está relacionado com o interlocutor.

ENTREGA
A emoção toma conta de mim.

A inclinação do rosto para a esquerda (ou a direita do observador) é fruto de uma ação comandada pelo hemisfério direito do cérebro, a sede da afetividade.

CIÚME
Meu lugar está ameaçado.

O indicador (dedo que simboliza o eu) encosta na nuca, que se torna mais rígida nos momentos de tensão. O gesto indica que algo está fugindo ao seu controle e que é preciso tomar alguma atitude.

DIVERGÊNCIA
Não concordo, mas fico quieta. Talvez fale depois.

A mão sobre a boca indica fechamento. Aqui ela bloqueia as palavras, à espera da hora certa de falar.

IRRITAÇÃO
Esta situação me incomoda.

Ele se vê na iminência de fazer algo que o desagrada. Os dedos mergulham no cabelo como se fosse possível arrancar do cérebro uma solução alternativa.


ATENÇÃO TOTAL
Estou concentrada no que você está dizendo. Escuto interessada.

O indicador se posiciona fixamente ao lado dos olhos, como a esticá-los para melhor observar o interlocutor. ...

E,  aproximam os homens

Bonita, inteligente, sexy, bem-sucedida e... sozinha. Esse é o retrato de inúmeras mulheres. Quase todas elas têm a mesma reclamação: é difícil encontrar um companheiro. Será que é porque os homens livres estão em falta?

Pode até ser que eles não sejam muitos, mas os que estão disponíveis morrem de medo daquela moça linda, mas que parece sempre pronta para a briga.

Eles estão confusos. Não sabem se abrem a porta, se mandam flores e se pagam a conta do restaurante. Talvez isso aconteça porque, na luta para conquistar seu espaço, as mulheres estão cada dia mais individualistas e parecem competir o tempo todo com o sexo oposto.

\"É preciso encontrar um equilíbrio. Eles estão mudando, mas elas também precisam entender que podem fazer conquistas e serem femininas ao mesmo tempo\", diz a psicoterapeuta Aparecida De Cicco, integrante do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher (IDEN) e do Gender Group, coordenado pelo psiquiatra Luiz Cuschnir.

Essa feminilidade não se manifesta apenas na forma de se vestir. Aliás, é preciso não confundir isso com decotes exagerados, salto alto e batom vermelho, que muitos acham extremamente vulgar. Conversamos com seis homens sobre atitudes femininas que os afastam. Controle, individualismo e possessividade estão no topo da lista. Do lado das qualidades, companheirismo, sintonia e confiança foram as mais valorizadas. Veja o que eles têm a dizer.


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