Relacionamento. A paquera passo a passo


O antropólogo David Givens e o biólogo Timothy Perper, após centenas de horas observando o comportamento de pessoas em bares americanos, encontraram um mesmo padrão no flerte, elaborando cinco estágios básicos:

1. Chamar a atenção

O primeiro passo consiste em estabelecer o território, escolhendo um lugar para sentar ou se encostar, e então começar a chamar a atenção para si.

Para isso os homens costumam erguer os ombros e esticar o corpo. Utilizam gestos bem exagerados, como mexer um drink com o braço todo, acender um cigarro de forma bem movimentada, etc. Homens mais velhos costumam mostrar jóias, roupas e qualquer outro objeto que mostrem sua posição social, ostentando poder.

As mulheres sorriem e também se movimentam bastante, mudando de lugar. Para serem notadas, utilizam movimentos tipicamente femininos, como ajeitar o cabelo, umedecer o lábio superior, empinar as costas, balançar os quadris, etc.
2. Reconhecimento

Este estágio é muito curto. Ocorre quando os olhares se cruzam e basta um sorriso de uma das partes para que o jogo esteja aceito. E assim os dois se aproximam.


3. Conversa

Sem dúvida é o estágio mais arriscado do flerte. Em uma conversa, revelamos nossas intenções, nossa personalidade e nossa cultura. A voz fica mais alta, suave e musical. Para atrair a pessoa, muitas das vezes a forma como se fala é mais importante do que o que se fala. O tom da voz tem muita importância, podendo agradar ou repelir a pessoa em apenas uma frase.


4. Contato físico

Este estágio começa com atitudes de intenção, como a aproximação dos pés e braços. Chega-se então ao toque propriamente dito, onde um coloca a mão numa parte do corpo do outro, fazendo carícias. Normalmente é a mulher que dá esse passo. O tato é considerado o sentido-mestre, e a retribuição de um toque já é a aceitação um contato corporal maior.


5. Sintonia corporal

Se o casal continuar a conversar e se tocar, se aproximando cada vez mais, alcançam este último estágio. Os corpos começam a se mover em um só movimento. Os ombros se aproximam e os corpos ficam de frente um para o outro. Os movimentos daí em diante passam a ser idênticos. Enquanto um passa a mão no cabelo, o outro também o faz, e assim por diante. Normalmente o casal que atinge este estágio costuma sair junto do bar.

Perper observou que 2/3 dos encontros tiveram como iniciativa atitude das mulheres. Esse fato é comprovado por uma pesquisa de 1950, que diz que as mulheres são as que realmente tomam a iniciativa nos convites sexuais. No
mundo animal, tal característica é facilmente observada em várias espécies. Portanto, procurar o sexo seria característica genética das fêmeas.


A PAQUERA BEM SUCEDIDA

Outro dia eu peguei um táxi e por um acaso o motorista me reconheceu de alguma entrevista que eu havia dado na TV. Ficamos entusiasmados com o papo quando ele me falou dos seus dotes como paquerador. Disse que tem uma
estratégia infalível para fisgar a mulherada que consiste em convidá-las para um karaokê. O cara me pareceu muito seguro e satisfeito com a quantidade e com a qualidade das mulheres que ele conquista. Olhei bem para ele e não via um homem boa pinta, muito pelo contrário, um tipo até bem comum. Mas ele emanava um brilho especial, típico de alguém que confia no seu próprio taco. Perguntei-lhe então como é que ele faz para conseguir o que quer, isto é, ter a gata nos seus braços. E sabe o que ele me respondeu? Que toda a sua técnica consiste em cantar no karaokê! Isso mesmo!

Feito um pavão que abre sua penugem colorida para encantar a sua fêmea, o chofer de táxi usa a sua linda voz para encantar as mulheres. Imagine esse homem oferecendo a sua canção e surpreendendo a convidada. Ele sabe como hipnotizar a mulher que quer! Enquanto me relatava tudo isso eu podia ver no rapaz uma felicidade grande, um orgulho de quem faz o que gosta. Um super brilho nos seus olhos.

E aí está o grande segredo não só da paquera, mas de qualquer coisa que você queira fazer bem feito. Faça com gosto, com envolvimento, paixão e ousadia. Dessa forma você move a sua adrenalina, você move a sua endorfina, mistura de aventura e prazer. E quando você consegue esse grau de envolvimento, a sua paquera só pode ser boa.

Você cria assim uma atmosfera mágica.

Quando comecei a minha carreira como professor de paquera muita gente insistia em me perguntar se eu sou casado, numa alusão equivocada e ingênua de que um paquerador bem sucedido acaba casando. E isso não tem nada a ver com a realidade. O casamento acabaria com a vida de paquerador, o que, no meu caso, faria eu me enferrujar nesta arte da qual sou um feliz pesquisador.

Mas pouco a pouco fui lhes dizendo que a vida de solteiro pode ser muito boa. Sem a mão de obra de um relacionamento convencional, sobra-nos mais energia para nos divertir, para conhecer lugares novos, gente nova.

A vida de solteiro, se você o permite, pode ser muito boa. A liberdade e o prazer de viver é tudo. Neste momento muita gente está descobrindo isso. Muita gente está percebendo que a ordem antiga de se casar talvez não seja mais uma obrigação a ser cumprida.

Se você quiser se experimentar num relacionamento, tudo bem. Mas isto tem que ser uma opção que depende da sua personalidade, da sua natureza interna, do momento da sua vida. Pode ser que o casamento seja um sonho seu.

Tudo bem. Case-se e experimente o que isto significa para você. Mas uma coisa eu lhe digo: existem muito mais opções do que você imagina para se viver bem, além do casamento tradicional.

O pavio das pessoas para um relacionamento está bem curto. O que vivíamos em 20 anos agora vivemos em 20 minutos, senão em 20 segundos. E é por isso que precisamos nos atualizar na arte de paquerar. Porque tudo agora é rápido. Você não se casa somente uma vez. Você se casa várias vezes. E se você ficar esperto na escolha de um parceiro, perde menos energia na relação. Por isso seja um artista na sedução, não ficando com qualquer um! Aprenda a reconhecer o que é bom e o que não é bom para você. Aproxime-se de quem você merece!

Após ter recebido tantas cartas, e-mails e feito muitos programas de rádio e TV, além de matérias em jornais e revistas, tudo isso funcionou para mim como um grande espelho para a reflexão sobre o tema. Cheguei à conclusão de que a paquera é mágica, se assim nos permitimos vivenciá-la. Sinto-me bastante grato por tantos convites, por tantos comentários que recebi. Eu mesmo me surpreendi com a dimensão e o interesse que tanta gente tem pelo tema.

Recebi nos meus cursos homens e mulheres de todas as idades, inclusive um senhor de quase 70 anos que queria vencer a sua timidez e um outro de 60 anos que me ensinou muitos dos seus truques. Escutei muita gente, o que para mim foi uma experiência bastante rica. Espero que você viaje aqui tanto quanto eu viajei nestas histórias todas.
Bom proveito!


CONFIANÇA EM SI MESMO

Este é o primeiro ponto para quem quer se dar bem na conquista. Se você não tiver um bom conceito a respeito de si mesmo, dificilmente irá passar uma boa impressão para os outros.E essa confiança em si mesmo tem várias facetas. Uma delas é a imagem que você faz de si. Quando você se olha no espelho, o que é que pensa? Você se aceita do jeito que é? Ou fica achando que a sua barriga é o fim da picada?

Por querer bem o seu filho, a mãe o ama independente dele estar mais magro ou mais gordo. E esta seria uma boa forma para você se olhar. Se você mantém uma boa relação consigo, quando uma pessoa por algum motivo o rejeitar, você estará bem amparado por esta estrutura interna.

Outra coisa que faz você se sentir mais confiante são as suas realizações. Se você é uma pessoa frustrada, sentindo-se medíocre, vai ficar difícil vender um peixe que não seja esse. Mas se você se sente orgulhoso do que faz, sabe o quanto ralou para chegar onde está, isto lhe dá um autovalor que será transmitido para os outros, mesmo que você não fale nada sobre isto. Alguém com uma boa auto-estima e um elevado senso de autovalor, tem um brilho natural e não precisa fazer muito esforço para ser notado.

Preste atenção, porém, para não exagerar na dose! Se você fica o tempo todo se achando o máximo, vai cair no lado oposto de quem se acha um lixo. E isto também é prejudicial na sua paquera. No geral as pessoas não gostam de gente muito metida que fica achando que é a rainha da cocada preta.

Portanto, cuide-se muito bem, tendo o bom senso de saber o que você pode fazer por si e o que não pode. Por exemplo: se você acha que está gordinho e entende que uma boa dieta e uma academia são viáveis na sua vida, não perca tempo, faça tudo o que está ao seu alcance. Mas se você tem alguma característica que não é passível de mudança, como ser alto ou baixo, trate de conviver bem com a sua realidade.

Um bom exercício para você se desenvolver nisso é marcar encontros com você mesmo em frente ao espelho e ali, olho no olho, desenvolva uma boa cumplicidade consigo mesmo.
BOA APARÊNCIA

Cada pessoa se sente atraída por algum detalhe diferente no outro. Para uma mulher pode ser fundamental que o homem seja inteligente. Para outra, ele tem que ser gentil. Sem contar aquelas que gostam do cara que lhes faça de gato e sapato. Mas no geral, quando você está paquerando, a aparência é importante. Não dá para a gente negar isto.

Conheço uma mulher que fica atenta aos sapatos do homem que está paquerando. Para ela os sapatos lhe dizem muita coisa. Você pode encontrar uma pessoa que se produz toda num final de semana para ir à luta, atrás do seu amor. Mas se ela não se sente bem consigo mesma e no fundo não confia no seu taco, de nada vai adiantar tanta produção.

Mas o inverso também vale: você pode ser uma pessoa bem interessante, mas pode estar pecando por se apresentar de uma forma inconveniente. Isto pode parecer muito básico para alguns, mas tem muita gente que subestima este item e acaba por prejudicar-se na paquera.

A higiene do corpo e da boca são fundamentais. A roupa diz muito da sua personalidade. Você pode estar fazendo uma linha muito séria, ou jovial. Você pode estar usando cores específicas que irão informar aos outros o seu estado de espírito. Os cabelos são uma moldura para o seu rosto e um bom corte sempre ajuda muito.

Mas no fundo, no fundo, o trabalho constante para se transformar numa pessoa livre e feliz é que vai fazer a diferença. Sentindo-se muito bem por dentro, isso irá se refletir na sua aparência externa.


O MISTÉRIO DA ATRAÇÃO

O que faz você se sentir atraído por alguém? Como é que funciona isto? Alguém que você acha bonito, para outros não fede nem cheira.

Todos nós temos uma intuição mais ou menos desenvolvida. E esta intuição nada mais é do que a captação sutil de quem é a pessoa através dos seus gestos, da sua roupa, do seu jeito de se deslocar, de falar e no caso da Internet, de escrever.

Você bate o olho e lhe abre o apetite. você tem vontade de se aproximar, de chegar mais perto, de conversar e muitas vezes, de transar.

E se você começa a conversar e entender melhor quem é a pessoa pode observar que ela tem uma história e um jeito que lhe atrai muito. O que foi intuitivo no começo vai se tornando uma constatação.

Às vezes a pessoa lembra alguém da sua infância, da sua família, da sua vizinhança. Vamos atrás do que é familiar. E isso pode ser bom ou ruim. Pode ser que você se sinta atraído por pessoas que lhe dão muita mão de obra. Aí vale a pena você observar os padrões de relacionamento aos quais você está acostumado. A partir dessa consciência você pode deslocar a sua atenção para outro tipo de pessoa, que talvez lhe proporcione mais prazer e menos complicação.

É possível você mudar o tipo de pessoa pelo qual você se sente atraído.


O SEXO SEM MISTÉRIOS

Se você é uma pessoa que gosta do sexo e o faz constantemente de uma forma legal, com qualidade, provavelmente essa experiência sua faça parte da sua fisionomia, da sua cara, do seu astral. É um círculo vicioso: você tem uma vida amorosa e sexual boa e por isso irradia uma sensualidade que vai lhe ajudar e muito na sua paquera.

Acontece o inverso também. Você está enferrujado. Faz tempo que não namora alguém. Vai perdendo o costume.

Pode ser até que se conforme com a sua miséria sexual. Fica sem apetite e muitas vezes bastante exigente na escolha de um parceiro.

O bom paquerador gosta do sexo. Gosta das mulheres (dos homens). Tem um interesse sincero e grande em conhecer alguém com quem possa estar junto para trocar carícias, para o sexo, para uma boa companhia. Só o fato de você estar profundamente interessado nessa possibilidade já é um bom começo. Se você estiver só um pouco interessado nisso tudo, esse pouco não é o suficiente para mobilizá-lo na paquera.

O fato é que nós aprendemos e continuamos aprendendo que o sexo é algo feio, sujo e pecaminoso. É só você reparar nas piadas, nos palavrões, sempre relacionando o sexo e as áreas genitais à chacota. Precisamos mudar essa ordem das coisas e nos reprogramar para um sexo bonito, brincalhão, gostoso e satisfatório. Assim vamos associá-lo somente ao prazer e não à complicada posição que ele costuma ocupar em nossas mentes.

Quando você tem medo do sexo, consciente ou inconscientemente, a sua paquera está comprometida. Você pode até brincar. Fazer de conta que está flertando, mas de alguma forma você vai fazer alguma coisa para que a sua conquista não aconteça. Por exemplo, pode ficar enrolando tanto a situação que vai passar do ponto. A outra pessoa desiste ou se afina com outra pessoa. Quando o sexo para você acontece de uma forma mais natural, a paquera pode ser melhor sucedida.


CARA DE PAU

Quem sai na chuva é para se molhar. Se você quer mesmo conquistar alguém, é fundamental que você use todas as armas possíveis. Você está num lugar cheio de gente, passa o radar e percebe que tem lá uma pessoa da qual fica a fim. O que fazer? O primeiro passo é fazer com que ela perceba o seu interesse. Mas você deve fazer isso sempre de uma forma sutil, sem ser invasivo.

Na paquera, o contato de olhos é fundamental. E você pode fazer isso com ousadia, classe e eficácia. Preste atenção para não fuzilar a outra pessoa com o seu olhar. Olhe, mas dê sempre uma folga para o outro também olhar para você. Não pressione o outro com o seu olhar. Outra coisa: você pode ir olhando aos poucos. Numa primeira vez, jogue um olhar amigável e rápido. Se estiver difícil para você fisgar os olhos dela, tente olhar para o seu rosto, para os cabelos. Vá pouco a pouco \\"chegando\\" nos olhos. Se os olhares se cruzaram uma vez, tente a segunda e se você for bem sucedido, já está chegando mais perto do seu objetivo. Não se esqueça de que seu olhar está passando uma informação: pode ser mais ou menos maroto, sexual, amigável, apaixonado, agressivo, etc. Preste atenção na qualidade do seu olhar.

Mas depois de algumas trocas de olhares, está na hora de você mudar o seu repertório. Tem gente que fica muito tempo nisso. Olhando, olhando. Mas não é bom. Pode passar do ponto e perder a graça. O ideal é que você mude. E é aí que entra o elemento surpresa. Nesse ponto, quando já não dá mais para esconder o interesse mútuo em se conhecer, a situação é meio engraçada. Por isso sorrir pode ser bem simpático e espontâneo. Você pode também cumprimentar a outra pessoa com um gesto da sua cabeça. São formas de quebrar o gelo. Outros, preferem o gesto de oferecer uma bebida. Cada um deve buscar a sua forma de descontrair o contato.

Uma vez que você olhou e foi correspondido, que sorriu e foi bem aceito, aproximar-se da outra pessoa não é tão arriscado. Aí está a diferença de uma paquera elegante e uma cantada. Na cantada você não percebe a outra pessoa e por isso mesmo pode levar um fora. O que eu lhe proponho é que você vá chegando aos poucos e isso minimiza os riscos de você ser rejeitado.

A ousadia na paquera é fundamental. Você chega perto e fala algo que o outro não estava esperando. Você surpreende por sua imprevisibilidade. Você pode fazer isto por uma frase inteligente, amigável ou bem humorada.

Depende do seu estilo.

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