Inevitavelmente, para ambas as questões, o problema centra-se no facto de uma relação entre duas pessoas ser sempre um desafio, uma necessidade de ser construída diariamente pelos dois e de tentar minimizar os aspectos que a possam comprometer.
A carreira, as ambições individuais parecem estar, na atualidade, a ocupar um espaço que outrora também incluía o amor, as emoções entre os parceiros, as trocas e a vida conjunta.
Nesta fase de vida, é cada vez mais difícil conciliar os interesses, pelo que é mais complicada a manutenção das relações, sobretudo pelo espaço vazio que se constrói com cada despedida quando a profissão ocupa demasiado o tempo de um ou de ambos os membros do casal.
A par deste afastamento, a intimidade parece perder o interesse, a convivência deixa de ser interessante e, muitas vezes, o preenchimento desse vazio é ocupado por outras dimensões, sejam elas, a traição ou a intensidade com que se encara o trabalho, o dinheiro e a carreira.
Por isso, falar de uma reconciliação implica abarcar o modelo de vida que se tem instalado em cada relação, pois quando a opção tem sido a carreira é preciso repensar no relacionamento e na sua importância antes de tentar iniciar um processo sem uma vontade de mudar algo.
Quando existe uma traição, tudo dependerá da educação, da personalidade e da forma como ambos conseguem ultrapassar essa sensação negativa, já que é sempre difícil conviver com uma terceira pessoa no casal.
Apesar de cada caso ser único, existem padrões que podem ser comuns a outros casais quando se pensa numa reconciliação:
- Sentir convicta e sinceramente que essa é a opção que quer desenvolver, pois esse ponto é a base para a tentativa em qualquer um dos contextos;
- Reaprender a viver com essa pessoa, pois após um período de afastamento, é essencial readquirir pormenores que parecem insignificantes, mas que são determinantes para recomeçar.
Esta tentativa resulta com verdade, com tempo e, sobretudo com disponibilidade para conhecer a pessoa que parecia estar esquecida na sua vida, aceitá-la e aprender a gostar de coisas em comum, pois só assim poderão voltar a desfrutar de momentos em comum;
- Apagar os registos das ausências com o preenchimento dos tempos livres a dois. Recomeçar implica mudanças de atitude, pelo que, se quer dar um novo sentido á sua vida amorosa terá mesmo que incluir a pessoa amada no seu quotidiano;
- Uma viagem a dois é sempre uma “prova forte”, pois num espaço neutro será mais fácil encontrar os pontos comuns e redescobrir os sentimentos e os motivos da vossa união;
- Ser capaz de assumir que se desligou, mas que se quer envolver novamente é a coragem essencial para suportar uma mudança que tem que ser mais aplicada do que falada;
- Ceder nos momentos em que o seu individualismo insiste em regressar, pois isso já faz parte do seu passado;
- Ser o seu “objector de consciência” traduz ser capaz de, quando o passado quer instalar-se pela muita habituação, ter que o contornar e até levar a pessoa que ama aos locais. Por exemplo, se passou muito tempo em bares com amigos, poderá regressar com a pessoa amada;
- Evitar discutir pelas mesmas coisas. Saiba que um mesmo problema desgasta uma relação, por muito que se faça de conta que não, pois é um símbolo da apatia e da barreira que se faz à mudança;
- Recuperar a confiança. É natural que o afastamento esbata a confiança e que precise de se sentir confiável e de devolver essa confiança na outra pessoa;
- Investir no diálogo frontal, ser capaz de falar acerca dos medos, da coragem, do erro, da sensação de falta e do bem que lhe faz ter outra oportunidade;
-Respeitar a pessoa que aceitou em conjunto, recomeçar algo que parecia perdido e projectar cada dia no seguinte e não no passado;
- Falar do passado exclusivamente o necessário para os dois, mas não negar as evidências;
- Valorizar qual é o papel da relação na sua vida ajuda a construir diariamente a convivência, tal como fazer planos em conjunto, namorar e não se preocupar excessivamente com o futuro da união.
Saiba que, quanto mais se preocupa em viver uma relação estável, menos honesto e verdadeiro será, já que estará sempre preocupado com isso.
Dizem os entendidos que uma relação está em pleno quanto a mulher se senta na sanita e muda o penso higiênico, enquanto que o homem faz a barba ao seu lado.
Esta é uma forma de confiança, de liberdade e de aproximação dos casais. E consigo, passa-se isto? Se não, já sabe que tem que construir tudo de novo. Se está perto disso, não terá muitos problemas em manter o seu relacionamento.
Por muito que diga que não precisa de ninguém, pois está muito bem só, dentro de si, a verdade reclama a solidão, a falta de afecto, de companhia e de compreensão, pelo que ser franco consigo mesmo é o primeiro passo para aplicar estas dicas com sucesso.
Só valorizamos o outro quando tememos a perda e aí, muitas vezes, não há muito a fazer, pois as pessoas são diferentes e podem saltar dessa relação para outra com facilidade, por isso, lute pela sua relação, mesmo que sinta que se perdeu algo, mas existe sempre outras sensações para construir.
Tenha ainda em linha de conta que, estes problemas não são exclusivamente masculinos ou femininos, pois a sociedade atual equilibra-se muito neste conflito.
Tal como o homem, igualmente a mulher sabe trair e optar pela carreira, pelo que a reconciliação ou não depende de ambos em igualdade de oportunidades.
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