Saúde. A importância da amamentação para a mulher

Muitos estudiosos, ao longo dos últimos anos, têm discutido sobre as vantagens do aleitamento materno para a saúde priorizando, benefícios para o desenvolvimento dos recém nascidos e crianças maiores, como uma forma indiscutível de prevenção da morbi-mortalidade, especialmente no primeiro ano de vida, mas não havia muita pesquisa sobre a sua importância para a saúde das mulheres que amamentam. Com o aumento dos índices de aleitamento materno no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e através dos resultados de pesquisas, apontando excelentes resultados para saúde das crianças, começou a ficar evidente algumas condições de saúde nas mulheres que amamentavam, como benéficas, preventivas, e que não eram situações comuns naquelas que não realizavam esta prática.


Muitas mulheres se sentem “limitadas” durante o período da amamentação por não poderem ir ao trabalho, cuidar da casa e dos filhos porque devem dedicar muito do seu tempo ao bebê. Sabem da importância da amamentação para o bebê mas desejam parar de amamentar, para poder continuar a rotina de antes do nascimento do bebê, além disto desconhecem a importância da amamentação para a sua saúde. A amamentação exclusiva até os seis meses de idade do bebê por livre demanda traz muitos benefícios para a mãe, pois a amamentação protege a saúde da mãe, ajuda o útero a recuperar o seu tamanho normal reduzindo o risco de hemorragia pós-parto,reduz o risco de câncer de mama pré-menopáusico e de ovário (LANA, 2001); a depressão pós-parto é reduzida, a recuperação física no pós-parto é mais rápida além de trazer um bem-estar maior para a mãe, melhorando a sua saúde e nutrição e transformando o ambiente emocional mais calmo e tranqüilo ( BRASIL, 1996 ).
A importância em conhecer os benefícios do aleitamento para a saúde da mãe é o principal motivo para aprofundar cada vez mais estudos sobre esta prática, para podermos mostrar à população que o aleitamento não é só uma fonte de nutrição e bem estar para o bebê, mas sim, um importante “remédio” natural para a saúde da mãe, onde o prazer de amamentar une-se com a satisfação de uma vida saudável sem riscos no pós-parto e no puerpério. Este artigo tem por objetivo esclarecer para os profissionais da área de saúde e principalmente para a população sobre os benefícios da amamentação para a saúde da mulher. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, em artigos, livros e revistas científicas que tratam do assunto.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A LACTAÇÃO COMO MÉTODO DE PLANEJAMENTO FAMILIAR
Apesar de muitos profissionais de saúde não confiarem na proteção contraceptiva da amamentação por um determinado período, pesquisas hoje certificam que aleitamento materno não é só um método anticoncepcional eficiente, como também efetivamente diminui a fertilidade da mulher. A Lactância Amenorréia como Método (LAM) foi desenvolvido para ajudar mulheres que desejam utilizar o aleitamento para espaçar gestações (OMS, 2003). A amamentação retarda o retorno da ovulação e da menstruação; a ovulação, contudo, pode ocorrer antes mesmo do primeiro período menstrual após o parto, (LOWNDERMILK et al, 2002), embora este seja um fato considerado raro, confere uma porcentagem de 2% de falha (OMS, 1993). O método LAM para ter sua eficácia de 98%, há alguns aspectos que devem ser considerados e orientados à mulher que amamenta: a mãe deve estar com menos de seis meses após o parto, ainda não tiver apresentado sangramento menstrual; e amamentar exclusivamente, dia e noite e sob demanda do bebê e o bebê mamar pelo menos oito vezes em 24h, sem intervalos muito longos entre as mamadas (OMS, 1997). As mulheres que seguem essas orientações até seis meses após o parto ou que tiveram apenas um sangramento vaginal, poderão, ainda assim, ter sua fertilidade diminuída se observarem às recomendações para um aleitamento materno ótimo. Além disso, em vários países, as mulheres podem amamentar por 18 a 24 meses e continuarem amenorréicas por 12 meses ou mais, mantendo-se inférteis por 12 a 15 meses após o parto (OMS, 1993). O método LAM funciona devido à sucção do bebê que estimula as terminações nervosas do mamilo e da aréola induzindo a produção de hormônios através da hipófise. Segundo (GONZALEZ, 2001), não se sabe ao certo quando a prolactina inicia e quando termina sua ação, mas sabe-se que ela atua na formação do corpo lúteo; prepara a glândula mamária para a lactação; exerce ação inibidora sobre o Hormônio Luteinizante (LH) e o Hormônio Folículoestimulante (FSH), impedindo que ocorra a ovulação durante a gravidez e a amamentação e provoca a produção de leite, após a expulsão da placenta, quando cessa a ação do estrogênio e da progesterona. A ocitocina atua no parto e pós-parto, produzindo a contração uterina e é responsável pela descida do leite (REZENDE, 1984). A ocitocina, liberada quando a mãe amamenta, contrai o útero e ajuda a interromper a hemorragia pós-parto. Essa é uma das razões pelas quais o aleitamento deve ser iniciado imediatamente após o nascimento e mantido com freqüência (OMS, s/d). A progesterona prepara e estimula as mamas para a lactação e inibe a secreção de FSH e LH, impedindo que ocorra crescimento e amadurecimento de outro folículo, impedindo nova ovulação (GONZALEZ, 2001). A prolactina é o principal hormônio que inibe a ovulação e mantém a amenorréia, mas as mães devem ficar atentas, pois, estudos comprovam que a introdução de alimentos complementares pode interferir na duração do método LAM, mesmo que o número de mamadas continuem o mesmo após a complementação alimentar.

A AMAMENTAÇÃO E O COMBATE DE HEMORRAGIAS E ANEMIAS
A mãe é beneficiada na amamentação por perder menos sangue após o parto, pois a ocitocina produzida pela hipófise sob o estímulo das terminações nervosas do complexo aréolo-mamilar durante as mamadas, além de ser o responsável pela ‘descida’ do leite, também o é pelas contrações uterinas no pósparto, acelerando a volta do útero ao seu tamanho normal, diminuindo o sangramento uterino (LANA, 2001; KING, 1998). É fundamental que o bebê sugue nos primeiros dias, pois além de fazer descer mais rápido o leite, acelera a diminuição do tamanho do útero, fazendo com que volte mais rápido ao natural, anterior à gravidez, e diminuindo o sangramento pós-parto. É por isto que asmulheres sentem dor em cólica quando iniciam a amamentação. É o útero se contraindo e eliminando os restos sangüíneos (MARTINS FILHO, 1987). Após o nascimento, a hemorragia pós-parto é responsável também por anemia materna, evitada pela involução uterina mais rápida quando a mulher amamenta. Níveis sanguíneos elevados de ocitocina resultam em aumentar o limiar a dor (LANA, 2001). Esta é uma razão para a amamentação ser iniciada imediatamente após o parto (KING, 1998).

A AMAMENTAÇÃO E O CÂNCER DE MAMA
Estudos comprovaram que o aleitamento materno pode ser responsável por até 2/3 da redução de câncer de mama. Quanto mais prolongada a amamentação, mais protetora ela será, a cada 12 meses de amamentação poderá diminuir cerca de 4,3% o risco de ter câncer de mama (GOMES, 2000). A explicação para o efeito protetor da mama contra o câncer está relacionado ao fato de que células com funções imunológicas, principalmente os macrófagos, presentes no leite jogariam um papel fundamental na destruição das células chamadas neoplásicas (MARTINS FILHO, 1987). Até as mulheres que foram amamentadas, quando criança, mesmo apenas por um curto tempo, tem um risco 25% mais baixo de desenvolver câncer de mama do que as mulheres que tomaram mamadeira (FREUDENHEIN,1994).

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