Relacionamento. Iniciar um relacionamento amoroso é mais simples do que você pensa

Sempre que ouço alguém dizer que está com dificuldades para iniciar um relacionamento amoroso, lembro-me de um estudo americano e de entrevistas que realizei com pessoas que tinham muita facilidade para iniciar este tipo de relacionamento. O estudo e as entrevistas indicaram exatamente o oposto: iniciar um relacionamento amoroso pode ser muito fácil. Basta verificar com habilidade e polidez se há interesse, por parte da outra pessoa, para este tipo de relacionamento. Vamos examinar agora mais detalhadamente este estudo americano e duas entrevistas que realizei.

Convites amorosos diretos apresentados por estudantes americanos

Um estudo sobre as taxas de sucessos de convites diretos para encontros amorosos foi realizado por Russell D. Clark e Elaine Hatfield, em duas ocasiões, na Universidade Estadual da Flórida. Neste estudo, nove estudantes (cinco mulheres e quatro homens), que eram médios em beleza, abordavam estranhos do sexo oposto, que lhes pareciam atraentes e, após uma breve introdução, os convidavam para um encontro amoroso. O sucesso do convite dependeu do tipo de encontro proposto e podia depender do sexo de quem convidava: cerca de 50% das mulheres e homens aceitaram o convite para um encontro (“date”); cerca de 3% das mulheres e 69% dos homens aceitaram o convite ir ao apartamento de quem convidava e 0% das mulheres e 72% dos homens aceitaram o convite para dormirem juntos.
Caso os resultados desta pesquisa pudessem ser confirmados aqui no Brasil, só ficaria desacompanhado quem não convidasse. Aqui no nosso país, no entanto, provavelmente não é tão fácil arranjar um encontro como o relatado nesta pesquisa. Alguns dos motivos desta menor facilidade são os seguintes: (1) os convites da pesquisa americana foram apresentados no campus de uma universidade. Este local e a aparência de estudante daqueles que convidavam dava um grau de segurança para os convidados muito maior do que se tal convite tivesse sido apresentado, por exemplo, no Parque do Ibirapuera, aqui de São Paulo. (2) A idade dos universitários: nesta idade quase todo mundo ainda não está muito comprometido: um estudo que acabei de realizar com universitários aqui da cidade de São Paulo mostrou que por volta dos vinte e quatro anos apenas 18,5% deles moravam juntos ou eram casados.
Vamos examinar agora um resumo de duas entrevistas realizadas em São Paulo que também ilustram o uso de abordagens diretas de desconhecidos e a facilidade para iniciar relacionamentos amorosos.

Entrevistas com pessoas que tinham muita facilidade para iniciar relacionamentos amorosos

Entrevista 1: É muito fácil “ficar”
Uma vez entrevistei uma adolescente que só no ano anterior havia ficado com oitenta e sete pessoas diferentes. Ela não era nem muito bonita e nem muito charmosa, o que aumentava a curiosidade sobre a sua eficiência. A prima dela, que a acompanha nas entrevistas, me revelou que em todos os lugares que a adolescente aparecia, logo os rapazes começavam a rodeá-la. A uma certa altura da entrevista perguntei para a adolescente como ela fazia para ficar com tanta gente. Ela falou: “É muito simples. Encaro diretamente os rapazes. Em seguida, ou eles me abordam ou eu os abordo. Após a abordagem vou logo perguntando: “O que você acha de mim?” Geralmente eles fazem algum comentário elogioso. Então eu volto a perguntar: “E daí...?”. Geralmente eles respondem a esta pergunta com alguma iniciativa física: pegam na minha mão, me abraçam etc. Começou a ficada...”.
Entrevista 2: é fácil estar sempre bem acompanhado
Conheci um rapaz que era excepcionalmente bem-sucedido para arranjar companhia feminina. Ele se ofereceu para explicar como agia. Deu um exemplo: “Geralmente vou sozinho à praia, com uma cadeira de armar debaixo do braço. Assim que vejo uma moça interessante e desacompanhada de parceiro amoroso, a abordo e peço para sentar ao lado. Apresento este convite até mesmo quando elas estão acompanhadas pela família ou amigos. Após umas poucas recusas, lá estou eu bem acompanhado.” Como resultado desta abordagem direta muitas vezes saía namoro. Na pior das hipóteses, ele fazia uma nova amizade ou uma nova conhecida. Portanto, o seu segredo era simplesmente tentar, não se perturbar com algumas rejeições e achar tudo isso muito natural.

Porque é fácil iniciar um relacionamento

Os relatos acima deixam uma forte impressão que arranjar um encontro amoroso é muito mais fácil do que pensamos. Mesmo que o sucesso dos convites diretos para um encontro, aqui no nosso país, fosse a metade daquele encontrado no estudo dos americanos, este resultado já seria muito animador: bastaria convidar desconhecidos atraentes para encontros que cerca de um em cada quatro destes convites seria aceito. Quanto aos outros dois tipos de convite apresentados nesta pesquisa, os homens teriam muito pouco sucesso e muita encrenca, caso os apresentassem: convidar uma estranha para ir ao apartamento ou para dormir juntos, nem pensar. As mulheres, além de não os aceitarem, geralmente ficam muito bravas quando os recebem. Elas, por outro lado, teriam um sucesso retumbante caso os apresentassem. No entanto, elas raramente querem estes tipos de encontros. Como diz um ditado caipira, “Deus dá rapadura para quem não tem dentes”.
Os dois principais motivos da facilidade para iniciar relacionamentos amorosos são os seguintes: (1) As pessoas já têm uma grande necessidade deste tipo de relacionamento. Quando estamos sem um relacionamento amoroso nos sentimos carentes e solitários. Além disso, podemos sentir que há algo de errado conosco: porque os outros conseguem e nós não? (2) Não é necessário ser um príncipe encantado para ser aceito como parceiro. No estudo americano citado acima, por exemplo, as pessoas que apresentavam os convites eram medianamente atraentes.

Principais fatores que dificultam os inícios de relacionamentos amorosos

Temos muitos temores, sensibilidades e melindres que nos impedem de revelar a atração amorosa que sentimos por alguém com quem não temos um relacionamento amoroso. A comunicação de interesses deste tipo é evitada devido a possíveis conseqüências práticas (por exemplo, danos ao relacionamento já existente e danos à imagem de quem revela e é rejeitado para aqueles que souberem do acontecimento) e conseqüências psicológicas (frustração de expectativas e rebaixamento na auto-estima, por exemplo).
Não creio que seja adequado ficar em um lugar movimentado e começar a convidar os passantes desconhecidos para um encontro. Este tipo de convite pode ter vários tipos de conseqüências indesejáveis. Muitos daqueles que convidam e que aceitam este tipo de convite podem ser vistos como esquisitos, que não agem normalmente e, por isso, um tanto perigosos. Quem formula ou aceita este tipo de convite também pode ser visto como alguém “avançado demais”, “fácil” e “carente”. Estes tipos de percepções dificultam o estabelecimento de um relacionamento mais profundo que exija confiança e entrega ao parceiro.
Também evitamos comunicar nosso interesse porque existe uma crença difundida por aí de que é mais meritório receber uma declaração do que declarar um interesse amoroso. Para quem acredita nisso, mostrar-se interessado pode ser humilhante. Eu, pelo contrário, sempre admiro aqueles que expressam habilmente seus sentimentos e verificam se são correspondidos.

Como ser eficiente para iniciar relacionamentos amorosos

Quando sentimos atração por uma pessoa e gostaríamos de iniciar um relacionamento amoroso com ela, a determinação para descobrir rapidamente se há interesse recíproco e as habilidades para fazer isso de uma boa forma são essenciais para a eficiência deste empreendimento. Para agir com eficiência é necessário perseguir a resposta até ela ficar suficientemente clara. Estar suficiente clara não é conseguir uma declaração verbal taxativa da outra pessoa como “Aceito um encontro com você” ou “Não estou interessado em você”. A melhor forma de agir com eficiência é ir conseguindo pistas, cada vez mais esclarecedoras, do interesse ou do desinteresse da outra pessoa. Por exemplo, conversar sobre um assunto leve e começar a tocar a mão da pessoa. Este toque deve ser cada vez mais freqüente, mais demorado e mais carinhoso. Se a outra pessoa corresponder, os parceiros acabarão de mãos dadas, o que na nossa cultura geralmente caracteriza um relacionamento amoroso. Outra forma de obter esta resposta é criar um contexto que justifique um convite para um programa e apresentá-lo. Por exemplo, começar a falar de comida e convidar para um restaurante. Esta forma gradual de convites contextualizados permite que ambos salvem a cara no caso de uma rejeição e não contaminem as chances futuras de desenvolverem um relacionamento de outra natureza.

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Fonte: http://metadeideal.uol.com.br/diva/artigos/ailtonsilva/iniciar-um-relacionamento-amoroso-e-mais-facil-do-que-voce-imagina.html#rmcl