Cotidiano. Feminismo antes e depois da revolução francesa


Um movimento da magnitude da Revolução Francesa certamente não poderia ocorrer sem apoio e ativa participação de todos os setores da população: entre os revolucionários, é imprescindível mencionar a participação feminina. Mesmo depois de sua vital importância para o movimento, as mulheres são apresentadas como vítimas de uma injusta opressão, após a tomada do poder pela burguesia. A favor delas era preciso - diziam os revolucionários - proclamar uma igualdade com os homens. Entretanto, o que verdadeira e impressionantemente acontece, é que a chamada democracia, de fundo igualitário e de índole republicana, cria uma verdadeira exclusão das mulheres em diversos aspectos. Estas são impedidas de fazer política e, em 1807, perdem o direito de freqüentar a Universidade. A Revolução Francesa de 1789 declara uma série de direitos que deveriam valer para todos os cidadãos. Estes, porém, são basicamente os homens: o cidadão deve ser francês, do sexo masculino, proprietário de bens imóveis e com uma renda mínima anual elevada.
Apesar dessa série de fatores, é exatamente durante a Revolução Francesa que surge o primeiro exemplo de um movimento de mulheres.
Durante o movimento, muitas mulheres participam ativamente da luta contra a aristocracia. Por exemplo, são elas que lideram as passeatas que acabam levando o rei Luís XVI a abandonar o seu castelo em Versalhes. Em Paris, formam-se diferentes grupos de mulheres. Paralelamente à igualdade de direitos políticos em relação aos homens, elas reivindicam também mudanças na legislação conjugal, e melhores condições de vida. Entre as representantes femininas dessa marcante revolução, merecem destaque, certamente, os nomes de Claire Lacombe, Pauline Léon, Olympe de Gouges e Théroigne de Méricourt.
Depois da Revolução...
Como vocês puderam constatar nos parágrafos anteriores, as conquistas pretendidas pelas mulheres durante a revolução não foram alcançadas, nem mesmo com o estabelecimento de uma união política.No entanto, a vontade feminina de exercer cidadania e ser tratada igualmente aos homens pela sociedade permaneceu forte e contagiou as próximas gerações que com determinação e muita luta, conseguiram fazer com que suas vozes fossem ouvidas.
Educação da mulher
Uma idéia inédita de educação feminina aparece em 1892 com a inglesa Mary Wollstonecraft, uma das personalidades mais significativas do Feminismo.Em seu livro, "Defesa dos Direitos da Mulher" ela enfrenta a teoria de Rosseau, principal ideólogo da revolução, e defende a idéia de que a inferioridade da mulher deve-se única e exclusivamente a educação a elas oferecida, propondo, dessa forma, igualdade na formação intelectual entre os sexos.


Mão-de-obra feminina
Dado o contexto da plena instauração do capitalismo, o século XIX apresentou mudanças no processo de produção e adoção de mão de obra feminina. A justificativa para a diferença entre os salários de operários e operárias e para as longuíssimas jornadas de trabalho as quais as mulheres eram submetidas era que elas deveriam ter um marido que as sustentassem.

União em torno de um só projeto
Visando defender seus direitos, as operárias Jeanne Deroin e Flora Tristan buscavam união a classe trabalhadora masculina em torno de interesses comuns. Para tal foi elaborado por Deroin um projeto de União das Associações de Trabalhadores (o que dará origem aos sindicatos).


Infelizmente, os associados e suas líderes foram presos e inescrupulosamente houve a omissão, por parte dos homens, do fato de se tratar de um projeto feminino, a fim de não o desacreditar perante a sociedade. Protestos e reivindicações por melhores salários e folgas semanais foram violentamente sufocados pelas autoridades; passeatas, por exemplo, acabavam em prisões e espancamentos.
O Direito a voto e o movimento sufragista

O sufrágio foi o maior anseio feminino durante o século XX uma vez que o voto já se tornara universal para os homens e a participação política da mulher era fortemente combatida.

O movimento feminista que mobilizou quase 2 milhões de mulheres é chamado Sufragista e teve seu início em 1848 na Convenção dos Direitos da Mulher, ocorrida nos EUA. As sufragistas americanas só tiveram seu direito a voto concedido 72 anos depois.

Já na Inglaterra, o movimento foi parecido com o americano embora demonstrasse caráter violento. Suas participantes estiveram divididas em pacifistas e sufragettes, essas, radicais que promoviam destruição e desordem a fim de conseguir a atenção das autoridades. Enfim, conseguiram sua participação política em 1928 após darem muita dor de cabeça para o governo "Liberal".

Sufragistas Brasileiras

No Brasil, por sua vez, o movimento (a partir de 1910) teve como a imprensa como percursora dos ideais sufragistas, a fim de promover a mobilização da opinião pública. O primeiro estado a ter o privilégio de permitir o voto feminino foi o Rio Grande do Norte em 1927 e a partir daí outros estados aderiram, mudando suas constituições e quando, em 1932 Getúlio Vargas promulgou por decreto lei, a extensão da reforma constitucional para todo o país, o direito a voto pelas mulheres já era exercido em 10 estados.

Feminismo no pós-guerra
Após curto período de calmaria no que se refere às reivindicações femininas, a nova ideologia pós-guerra atribuía a mulher o conceito de "Rainha do Lar" e a trazia a desvalorização do trabalho externo praticado pelo sexo feminino. O que veio a ser ferrenhamente criticado pela teoria feminista que questiona tanto as desigualdades políticas, trabalhistas, civis como também as suas origens.

Movimento feminista atual
O movimento feminista, hoje, não luta mais pela aquisição de direitos iguais, pois já os conseguiu, mas sim pela justiça em seu cumprimento e contra a ideologia discriminatória vigente.