Saúde. DIU e a saúde feminina

Segundo a lenda, as tribos nômades da Arábia e da Turquia colocavam uma pequena pedra no interior do útero das fêmeas dos camelos para evitar que estas engravidassem durante as longas travessias pelo deserto. Acredita-se que este artifício, utilizado pelos chefes das caravanas, deu origem ao DIU (?!).
Os primeiros estudos, em seres humanos, foram realizados por médicos alemães no início do século XX, cabendo ao ginecologista Ernest Gräfenberg – o mesmo que, anos mais tarde, descreveria o polêmico “ponto G”; daí o G, de Gräfenberg – publicar, em 1929, um relatório detalhado sobre o Durante os últimos setenta anos, os DIUs passaram por um intenso processo de aperfeiçoamento técnico, adotando inúmeros formatos (anel, espiral, “7”, “Y”, “S”, “T”, etc.) e sendo fabricados com os mais diversos materiais (prata, níquel, bronze, ouro, aço, plástico, etc.), estando catalogados, historicamente, mais de uma centena de modelos.

Modernamente, os DIUs pertencem a duas categorias, cada uma delas com características distintas: a que contém fios (ou anéis) de cobre e a que contém hormônios. No Brasil, são comercializados dois modelos com cobre: um em forma de “T” (T 380 A) e o outro, em forma de ômega (Multiload 375). O cobre, incorporado à estrutura, confere maior eficácia contraceptiva, pois os sais deste metal dificultam a viagem do espermatozóide até o óvulo. O dispositivo com hormônio – em nosso país, só existe o Mirena, que contém levonorgestrel - possui uma outra propriedade além da contracepção: a de atuar sobre o fluxo menstrual, diminuindo-lhe a intensidade e a duração, podendo até – em 20% dos casos, após um ano de uso - inibi-lo completamente. Os DIUs com cobre, dependendo do modelo/fabricante, devem ser trocados a cada cinco (Multiload 375) ou dez anos (T 380 A). O Mirena, por sua vez, deve ser substituído a cada cinco anos, período em que se esgota a sua ação hormonal.
A eficácia dos dispositivos
intra-uterinos (DIUs)
como contraceptivos é
muito alta:
99,6% para o "T" 380 A
e 99,9% para o Mirena.    

A colocação do DIU é um procedimento simples, realizado no consultório, e não requer anestesia. O período menstrual é o melhor momento para inserção, pois além de termos a certeza de que a paciente não está grávida (contra-indicação absoluta), o colo do útero está mais dilatado, o que facilita a introdução do dispositivo. Algumas pacientes queixam-se de uma cólica leve durante a inserção, sendo recomendável o uso de um analgésico/antiespasmódico uma hora antes. Uma vez colocado, a paciente deverá retornar ao consultório após a menstruação seguinte, para uma reavaliação clínica, ocasião em que serão marcadas as revisões posteriores.

As mulheres com história recente de infecção pélvica, doença sexualmente transmissível, cervicite ou sangramento uterino anormal (de causa não diagnosticada) devem ser criteriosamente avaliadas - e tratadas - antes de se candidatarem a este método. É importante lembrar que os DIUs não oferecem nenhuma proteção contra a AIDS (!).

Algumas usuárias do DIU com cobre podem apresentar um aumento das cólicas e do sangramento menstruais. Portanto, as pacientes que previamente apresentam esses sintomas devem optar por um outro método. Entre os efeitos colaterais do DIU com hormônio podemos citar: alterações menstruais, dor pélvica, dores nas mamas, dores de cabeça, alterações de humor (depressão), aumento de peso, acne e cistos de ovários. Estes sintomas, que afetam de 1 a 10% das usuárias do Mirena, são mais comuns nos primeiros meses de uso, diminuindo com a continuidade. A possibilidade de uma expulsão espontânea (até 5%, nos primeiros meses) ou de uma gravidez tubária (rara, 0,05%) devem compor o rol de informações prestadas pelo médico assistente.

Os estudos mais recentes confirmam que, entre os métodos anticoncepcionais reversíveis de longo prazo, o dispositivo intra-uterino é um dos mais seguros e práticos, apresentando índices de eficácia acima de 99%.

Fonte: http://www.drcarlos.med.br/artigo_020.html