
Apesar do aumento da informação disponível, observamos que as mudanças de comportamento não ocorrem na mesma proporção. Cada vez mais as pessoas se perguntam por que não conseguem manter o peso “ideal”, a pressão e ansiedade controladas - culpam a dieta, a revista, a nutricionista que não é boa, o médico que não receitou o melhor medicamento, o boicote dos amigos, a falta de apoio da família, a falta de tempo. Esquecem-se do princípio mais caro ao êxito de qualquer tratamento: a autonomia.
A responsabilidade pelo sucesso do tratamento não é apenas do nutricionista ou do médico, ela é, sobretudo, do cliente. Isso mesmo, nem sempre, somos pacientes no cuidado da saúde, somos clientes responsáveis contratando um serviço e querendo bom tratamento. Os conceitos precisam ser revistos. É importante frisar que a parte que cabe ao nutricionista e a qualquer profissional da saúde é ajudar no processo motivacional e plantar as bases para o plano de ação que o cliente deve traçar para alcançar o objetivo principal, que é promover e tratar sua saúde.
As pessoas mudam porque seus valores apóiam a mudança. Vários são os caminhos possíveis: elas concluem que a mudança é o melhor a fazer; elas pensam que podem; elas pensam que é importante; elas estão prontas para mudar; elas acreditam que precisam mudar pela sua saúde; elas têm bom plano e apoio social/família adequado para a mudança. O nutricionista deve focar seu trabalho no cliente e entender qual é o gatilho que o levará a mudar seu estilo de vida, deve também apoiar sua autonomia, preencher lacunas e desfazer enganos acerca da terapia nutricional.
Assim, o foco central deve ser o cliente, nunca a dieta em si. O nutricionista tem papel importante na motivação dos clientes para a adoção de estilo de vida mais saudável, mas as estratégias eficazes envolvem mais que a tática de aconselhamento. A compreensão do problema e a disponibilização de informação relevante de modo não “confrontativo” pode aumentar a prontidão para mudanças. O medo de falhar é uma constante entre as pessoas, principalmente entre quem já realizaram muitas dietas sem sucesso e entre os doentes graves. Portanto, o papel do nutricionista volta-se para o encorajamento da autonomia e da confiança, tranquilizando, dando feedback, fornecendo habilidades e recursos necessários para o sucesso do tratamento. Importante: as recaídas fazem parte do processo e não devem ser supervalorizadas.
Em resumo, as dietas não funcionam porque as pessoas, em geral, não sabem o que querem, não podem ou não estão dispostas a realizar qualquer mudança em seus comportamentos alimentares e porque são resistentes. Torna-se urgente pensarmos a questão da educação em saúde e das técnicas que podem ser empregadas pelos profissionais para que os resultados almejados se tornem realidade - os cursos de graduação em Nutrição precisam se estruturar para lidar com a questão da motivação e as reais necessidades dos clientes.
Fonte: http://www.anutricionista.com/por-que-dietas-nao-funcionam.html - Perla Menezes Pereira - CRN3 14198 -
Comentários
Postar um comentário